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Os 50 Melhores Álbuns Nacionais (2021)

Melhores Álbuns Nacionais (2021)

2021 é a quarta vez nos dedicamos a fazer listas de Melhores Álbuns do Ano no Hits Perdidos. Não será a única do site, além desta com escolhas do editor teremos também individuais dos colaboradores. A ideia é essa mesma trazer diversos pontos de vista e novas dicas para quem acompanha o Hits Perdidos.

A ideia não é polemizar ou dizer que um disco é pior por não estar na lista. Muito pelo contrário, estas listas tem a intenção de recapitular o que rolou por aí – e não foi pouca coisa.

Por aqui, por exemplo, foram ouvidos mais de 230 discos nacionais ao longo do ano. De estilos diferentes, com histórias peculiares, discursos e uma musicalidade que mostra um pouco sobre para onde a música brasileira está caminhando.

Listas são polêmicas por si só e no ano passado reunimos um time de jornalistas e formadores de opinião para dar seus pitacos sobre a confecção destas (Confira Aqui).

Melhores Álbuns Nacionais (2021)

Lista de Melhores Álbuns Nacionais de 2018 (Confira a Lista).
Lista de Melhores Álbuns Nacionais de 2019 (Confira a Lista).
Lista de Melhores Álbuns Nacionais de 2020 (Confira a Lista).

A lista de Melhores Álbuns Nacionais (2021) reflete um ano totalmente atípico e de muita dificuldade tanto para a classe artística como para a humanidade. Mais um ano marcado por uma pandemia e o distanciamento social fez com que a artes e outras formas de expressão fossem essenciais para trazer conforto, esperança e entreter. Após o segundo semestre com a chegada da vacina tivemos um fenômeno com muitos voltando a lançar no ritmo normal seus discos visando a volta das apresentações ao vivo no fim do ano e já mirando em 2022.

Nossa lista passeia por ritmos como instrumental, MPB, Rock, Eletrônico, Alternativo, Experimental, Hip Hop, Pop, R&B, Jazz, Indie, Funk e Reggae. Sem regras estabelecidas muitas vezes um crossover de estilos é visível.



50) Aquino e a Orquestra Invisível Os Prédios Cinzas e Brancos da Av. Maracanã



Listas de fim de ano são ótimas oportunidades de descobrir novidades. Da zona norte do Rio de Janeiro, a banda Aquino e a Orquestra Invisível faz uma promissora estreia com o disco Os Prédios Cinzas e Brancos da Av. Maracanã. O quarteto João Soto (vocais, baixo e teclado), João Vazquez (vocais e guitarra) e Leandro Bessa (vocais e bateria) teve o disco produzido por Sidney Sohn Jr (indicado duas vezes ao Grammy Latino que já trabalhou com nomes como Pepeu Gomes, Zeca Pagodinho, Milton Nascimento, IZA e Rapadura).

Para quem gosta de: Los Hermanos, Rita Lee, Lô Borges, Letrux, Fela Kuti e Mac DeMarco.

49) Olympyc LOVE



Os paulistas da Olympyc, banda formada por Samuel Fraga, Marcelle e Fabiano Boldo, lançaram o divertido segundo disco do projeto via selo Bananada. Com referências dos indie dos anos 2000 ao brega, do despojado aos beats eletrônicos, o resultado é uma trilha para aquela pista de dança que fomos privados por tanto tempo.

Para quem gosta de: CSS, Noporn, LCD Soundsystem, She Wants Revenge

48) Mulungu O Que Há Lá



Uma das ótimas novas bandas da safra pernambucana, Mulungu, vinha já apresentando seus singles – e clipes – ao longo do ano passado. Agora é chegada a hora de apresentar seu debut que conta com 10 faixas com direito a vídeos em libras para acompanhar e uma dose extra de psicodelia brasileira.

O disco inclusive traz participações especiais de diversos artistas pernambucanos também, como Luna VitroliraSofia FreireUnaHenrique Albino (nos sopros [flauta e saxofone]) e Felipe Castro. Em sua formação o trio Mulungu conta com Jader, nas vozes, Guilherme Assis, Violão, Guitarra, Sintetizadores e programações Eletrônicas, e Ian Medeiros (Mahmed) na bateria, e para o lançamento de O Que Há Lá.

Como norte, o álbum tem como tema central o existencialismo, este que ao longo da pandemia ganhou novos desdobramentos e reflexões por parte de todos os habitantes do planeta.

“É um disco existencial. É sobre aceitar – e a ordem que as músicas foram organizadas gira em torno disso, de aceitar os movimentos. Seja da vida, da música ou do disco, claro.”, diz Jader.  

Questionamentos sobre quem somos, o que queremos, qual o propósito do que procuramos e qual o tempo certo? acabam ganhando versos, riffs, curvas, imagens e melodias ao longo da obra. As respostas, claro, vão depender da experiência que o ouvinte terá após o play.

Sobre a experimentação, liberdade e a forma como foi produzido, eles comentam: “Trabalhamos com equipamentos eletrônicos, samples e bases eletrônicas pré-gravadas. Assim, a limitação de pessoas guiou a composição do disco”, afirma o vocalista Jader. 

Leia a Resenha Completa

Para quem gosta de: Boogarins, Catavento, Os Mutantes, Ave Sangria, André Prando.

47) eliminadorzinho Rock Jr.



Parece clichê mas nada mais natural que bandas formadas por jovens em seus vinte e poucos anos em algum momento se questionarem sobre os dilemas da vida adulta. Por mais que vivamos numa era onde a maturidade não se vê mais em um número e idade, e sim nossas experiências e aprendizados, essa passagem acaba “batendo” de uma forma ou outra e em tempos diferentes para cada um.

O período chamado por alguns de “adultescência” pode ser bastante conflituoso e a maturidade para lidar com os problemas traz consigo várias ciladas que a vida cobra naturalmente que esse ciclo finalmente se encerre. E é exatamente sobre esse ponto que o eliminadorzinho aborda em seu novo disco, Rock Jr. A famosa “bagunça do começo da vida adulta”, inseguranças, erros, aprendizados, nostalgia e pecados acabam ecoando entre guitarras distorcidas e letras que dissertam sobre essas passagens e locais que sentem saudade, como é o caso de “Pompeia” que faz referência a ver shows no palco do famoso Sesc paulistano.

A produção

Com produção de Luden Viana (EATNMPTD)Rock Jr. foi lançado via Cavaca Records. Após 4 EPs chegou a vez do álbum de estreia do trio formado por Gabriel Eliott (Voz e Guitarra), João Pedro Haddad (Baixo) e Tiago Souto Schützer (Bateria); e por aqui chegamos a falar anteriormente sobre o EP ao lado do mineiro Fernando Motta.

A grande novidade fica por conta do leque de referências que refrescou e deu ares de juventude sônica a experiência. Sim, o shoegaze, o emo, o grunge, o pop e o rock continuamos entre as referências que eles citam até como os veteranos da Yo La Tengo e Polara e bandas mais novas como Title Fight e os conterrâneos do Raça. Mas por outro lado eles abraçaram referências do punk e do hardcore e a justificativa foi ótima, foram atrás de trilhas de videogames, como Tony Hawk Pro SkaterFifaGTA e provavelmente Burnout, onde o leque de bandas passava pelos estilos e seus adjacentes.

Eles ainda citam que filmes e até o jogo Super Smash Bros, acabou influenciando na sonoridade. Depois dessa tem que ouvir para ver se encontra algum easter egg, não é mesmo?

Entre as temáticas eles comentam que passam por dilemas e conflitos mundanos como os aprendizados com os romances, amizades, convivência, tempo e a rotina. Conflitos estes que acabam permeando toda uma geração que ainda é jovem mas já tem certa quilometragem de experiências.

A banda parece mais a vontade quando arrisca tocando punk rock do que quando experimenta no shoegaze. Uma grata surpresa.

Leia a Resenha Completa

Para fãs de: Polara, Raça, Slowdive, Yo La Tengo, Cloud Nothings, Title Fight, Violent Soho.

46) YOÙN BXD in Jazz



“O rock, o blues e o jazz se encontram no mesmo lugar e eu me encontro aqui” é a frase que ecoa na introdução de BXD in Jazz, disco de estreia do duo fluminense YOÙN. Narrativa que dialoga com Bluesman, do Baco Exu do Blues, e Abaixo de Zero: Hello Hell, do Black Alien. A busca ritmica e potência nos lembram também o poder catalisador do trio curitibano Tuyo em Pra Curar (2018).

De Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, o duo YOÙN é composto por Shuna e Gian Pedro que já antes mesmo de lançar seu primeiro disco já vinham impressionando com o quão conectados com o espírito urbano, o swing e a identidade já era perceptível, seja em suas apresentações nas ruas como nos primeiros materiais oficiais a serem divulgados.

Para sua estreia eles contam com a produção musical é de Júlio Raposo, Lux Ferreira e Thiago Dom em coprodução com a equipe JOINT – Carlos do Complexo, Dudu Kaplan e Junior Neves.  Já a direção musical é de Júlio Raposo em parceria com os artistas Shuna e Gian Pedro e a produção executiva pelo selo carioca JOINT e Pedro Bonn. Leo Gandelman também contribui para o debut em uma das faixas.

Para fãs de: Trip Hop, Trap, Jazz, Soul, R&B.

45) Febem JOVEM OG



Com produção de CESVR, JOVEM OG, quinto álbum do Febem é um dos grandes lançamentos do rap / grime em 2021. Com 10 faixas o material conta com participações de Djonga, Jean Tassy, Tasha & Tracie, Smile, Kyan, Mu540 e Vulgo FK.
Os conflitos do dia-a-dia são retratados sob a ótica do rapper, passando pelas vivências da periferia como nas mazelas presentes grandes centros urbanos ao preconceito e racismo velado. O ótimo flow da nova parceria com CESVR e as parcerias com nomes como Djonga e Tasha & Tracie se destacam ao longo de seus pouco mais de 28 minutos.

44) Taco de Golfe Memorandos



Em sua estreia pela Balaclava Records a Taco de Golfe, de Sergipe, continua trazendo para sua cozinha o math rock e o jazz com pitadas de rock alternativo em Memorandos. Depois de um ano tenso e cheio de conflitos o disco ganhou até mesmo contornos que despertam a tensão do momento dentro do processo de sua feitura. Alexandre Damasceno (bateria) e Gabriel Galvão (guitarras, baixo) canalizaram tudo isso em um álbum ainda mais minimalista que Nó Sem Ponto II (2020) que entrou em nossa lista de Melhores do Ano naquele ano.

Um bom álbum para se aventurar em uma trilha, correr na esteira ou até mesmo para se concentrar e canalizar a energia durante a rotina do dia-a-dia. Interessante vai ser assistir eles ao vivo com um disco com essa proposição, já que o duo cria asas no palco mostrando toda sua técnica e intensidade.

Para fãs de: Mahmed, Kalouv, EATNMPTD, Astronauta Marinho

43) Guilherme Arantes A Desordem dos Templários



Imagine-se na seguinte situação: Uma viagem de quatro meses pelo interior da Espanha se estende por mais de um ano por causa da pandemia de Covid-19; junto a isso, surge um problema de saúde, mais especificamente uma cervicobraquialgia que lhe gerou dores agudas no corpo por meses; e pra deixar tudo ainda mais complicado, você descobre que sua mãe está nos seus últimos momentos de vida. Foi sob esse contexto difícil que Guilherme Arantes fez seu mais novo disco, A Desordem dos Templários. Como ele mesmo diz, “tirando leite das pedras”, o cantor e compositor paulista acabou compondo um álbum épico, fortemente influenciado pela cultura hispânica e portuguesa com o qual tem convivido diariamente, e marcado pela nostalgia das suas raízes no rock progressivo. O disco foi lançado no dia 28 de julho, dia em que o artista completou 68 anos de vida.

Em “A Desordem dos Templários”, Guilherme quis retomar o sonho de sua antiga banda de rock progressivo e MPB, a Moto Perpétuo, que esteve em atividade nos anos 1970. Assim, o novo álbum do artista conta com músicas como “A Razão Maior”, canção romântica e suave que lembra muito as músicas de Elton John (a propósito, Arantes é conhecido por ser o Elton John brasileiro); a faixa-título, que une épico-progressivo e baião, com visível influência de artistas como Zé RamalhoAlceu Valença e Geraldo Azevedo, na intenção de fazer, segundo o artista, um “rock cangaceiro”, e com sucesso; “Estrela-Mãe”, música com piano e cordas, com arranjo de Arthur Verocai, com um Q de Tom Jobim, dedicada a sua mãe, Hebe; “A Cordilheira”, um synth-pop instigante que conta com três versões: em português, em inglês e instrumental; e Kyrie, faixa instrumental que certamente é uma das que melhor apresenta o clima medieval do disco. Guilherme afirma que A Desordem dos Templários foi inspirado no álbum Tubular Bells, de Mike Oldfield. 

Além de Verocai, também fizeram parte do disco os músicos Alexandre Blanc, Luiz Carlini, Ivo Carvalho, Willy Verdaguer e Gabriel Martini. A ilustração da capa é de Daniel Miguez. Ainda não há previsão de show de lançamento, mas o artista já tem apresentação marcada para julho de 2022 em Nova York.

Leia a Entrevista completa feita por Ananda Zambi

42) Blubell Música Solar Para Tempos Sombrios



A Bluebell lançou não apenas um disco mas também um livro de crônicas intítulado Música Solar Para Tempos Sombrios (ybmusic, Lyra das Artes) O material reúne parcerias com Ná Ozzetti e Suzana Salles, em “A Nata Sou Eu”, Zélia Duncan, em “Blues do Pijama”, além de canções em português e em inglês.

Para quem gosta de: Jazz, samba, MPB

41) Mbé ROCINHA



Com selo de qualidade QTV, o carioca Mbé, lança o ácido, crítico e experimental, ROCINHA. Cantos indígenas do Xingu e de pigmeus da África Central, falas de ativistas como Lélia Gonzalez e Maria Beatriz Nascimento; o free jazz do baterista holandês Han Bennink; a voz de Clementina de Jesus; acordeons do interior de Pernambuco gravados por Mário de Andrade; a arte sonora vanguardista do japonês Rie Nakajima; os tambores do candomblé mineiro, versos de Jean-Paul Sartre, participações de nomes como Juçara Marçal e Lcuas Pires fazem parte do universo do lançamento. Um disco importante tanto pela pesquisa como por seu discurso.

40) Jonathan Ferr Cura



Um dos discos mais delicados e intensos de 2021 é Cura (Slap) do pianista Jonathan Ferr. A música como cura é o mote do álbum que quem sabe entrará em cursos de musicoterapia. O urban jazz, o funk, o blues, o R&B, o soul e o rap acabam entrando como elementos dentro da sua narrativa que reverencia os antepassados. Entre as parcerias o disco ainda conta com a prosa de Serjão Loroja e feats com Jaques Morelenbaum e Viviane Mosé.

Para quem gosta de: Amaro Freitas e Zé Manoel.

39) WRY Reviver



WRY é uma verdadeira entidade do rock nacional e eles até se consideram meio alienígenas por produzirem esse tipo de som por aqui. Viveram muito tempo em Londres, por lá puderam por 7 anos estar perto dos principais ícones contemporâneos do rock alternativo. Foi mantendo a constância e qualidade a cada material que os sorocabanos presenteiam os fãs com seu sétimo álbum de estúdio, Reviver.

Com sonoridade que reverencia estilos como shoegaze e pós-punk mas não se limitando a isso. Aliás estamos perto dos 30 anos das comemorações de 30 anos de clássicos de grupos como Lush (Spooky, em fevereiro 2022My Bloody Valentine (Loveless alcançou a marca no dia 04/11). Eles aproveitam o momento para lançar um álbum que poderíamos até chamar de um disco de B-Sides mas que talvez isso não fosse justo. São ao todo 10 canções inéditas na principais plataformas que por um motivo ou outro acabaram não entrando nos discos e EPs da vasta discografia dos paulistas.

Leia a Resenha Completa

38) Índio da Cuíca Malandro 5 Estrelas



Índio da Cuíca reverencia o samba das décadas de 70 e 80, com influência de Luiz Carlos T. Reis (Fundo de Quintal, Beth Carvalho, Zeca Pagodinho…) mas ainda conta com o adendo da mistura trazendo elementos de outros ritmos como vassi pra Ogum (que é um toque do candomblé), calango, bolero, capoeira e até mesmo o funk carioca, mostrando toda evolução e facetas da música popular. Um baile onde a cuíca chora com muita elegância.

37) Domenico Lancellotti Raio



Domenico Lancellotti, carioca radicado em Lisboa, em seu terceiro disco Raio traz parcerias com Alberto Continentino (baixo, guitarra e synth), Bem Gil (violão), Bruno Di Lullo (guitarra, baixo, piano, synth, teclados e violão), Danilo Andrade (teclados), Joana Queiroz (clarinete, clarone e piano) e Piotr Zabrodsky (órgão, teclados e piano). Tendo espaço para a bossa nova, jazz, eletrônica e para outros ritmos brasileiros em um disco bastante criativo e repleto de possibilidades.

Para Fãs de: Marcos Valle

36) Flora Matos Flora de Controle



Já no fim do ano a rapper brasiliense Flora Matos aparece com seu novo álbum Flora de Controle. Voltado para as pistas e com reflexões amorosas, ela apresenta 8 faixas inéditas e duas versões extras. O registro também é bastante colaborativo e teve diversos produtores, Th4I produziu quatro tracks que estão no álbum: “Chá de Maçã”, “Chei de Gata”, “Finge Que Me Odeia” e “17 Mina”.

As versões paralelas de “Chá de Maçã” foram produzidas por Pedro Apoema e Suntizil. O DJ Chris Beats produziu a track “Ser Sua”. Como curiosidade fica pela parte que ela conheceu a maioria dos produtores a partir de um desafio de produtores realizado no Instagram.

35) Thiago Elniño Correnteza



Um dos grandes discos do ano no rap é do inventivo Thiago Elniño. Correnteza é potente e cheio de munição para tocar em temas sensíveis, muito flow, ancestralidade, afeto, luta, democratização, sagacidade e versos que de resistência. Sant, Luciane Dom, Mingo Silva, Daiana Damião, Caio Prado e Zé Manoel realizam parcerias no disco do MC fluminense.

34) Supercolisor Viagem Ao Fim do Mundo



Viagem ao Fim da Noite foi produzido por Ian Fonseca e Jérôme Gras que se multiplicam em funções, Ian, por exemplo assina também a engenharia de áudio, já Jérôme, os arranjos. A co-produção foi realizada pelo guitarrista Henrique Meyer. 

O disco foi gravado nos estúdios InvernFamily MobGramofoneAnimalCordel e Veredas, entre São Paulo e Curitiba. Já a mixagem e a masterização foram realizadas por Bruno Giorgi no estúdio O Quarto (Rio de Janeiro). Você pode conferir a extensa ficha técnica no site oficial do Supercolisor.

Além da participação de Maurício, a banda ainda conta com feats com Maurício a Tuyo (“Um e Meio”), Leo Fressato (“Sempre”) e Victor Meira, da Bratislava (“Incêndios”). Ao descrever o disco Ian filosofa e diz “A vida no hoje desesperadamente permeada do ontem e do amanhã.”, o Supercolisor busca também se reinventar musicalmente e também como comunicadores.

Confira a Resenha Completa

33) Felipe S Espelhos



O cantor e compositor pernambucano Felipe S (Mombojó) lançou em Outubro seu segundo trabalho solo, Espelhos. Com participação de Juçara MarçalOtto, Lucas Afonso, Barbarelli, Felipe Pacheco, o disco é o mais experimental de sua carreira e como curiosidade fica pelo fato que para chegar as 8 faixas finais foram gravadas ao todo 13. Arquetipo Rafa, Mestre Nico e Habacuque Lima (produtor do álbum) acompanharam Felipe na criação e gravação das percussões do registro. A mixagem ficou por conta de Arthur Dossa da banda The Raulis. A masterização foi feito por Arthur Joly.

“Nesse disco eu quis construir as músicas de uma forma minuciosa. O fato de não botar um prazo para o lançamento foi para buscar esgotar a lapidação da produção. Escolher as músicas que eu mais gosto tentando criar uma unidade entre elas. Desde o começo tentei criar uma sonoridade com poucos instrumentos e também quis trazer o minimalismo para o projeto gráfico. Minha ideia para a capa era criar um símbolo que fosse fácil de reproduzir, não à toa o disco pra mim são músicas de lamento pois reflete bem esse período que vivemos.”, conta o músico.

32) Angélica Duarte Hoje Tem



Paulistana radicada no Rio de Janeiro, Angélica Duarte é cantora, compositora e poeta. A artista lançou seu álbum de estreia Hoje Tem com direito a participações especiais de Letrux e Juliana Linhares, passeando pelo rock, jazz, ska, blues, ópera, pop e MPB, de Caetano. Ela assina a produção ao lado de Lourenço Vasconcellos.

“O disco tem muitos momentos, mas principalmente dois eixos: o pessoal e o social. Hoje tem vem com muitas histórias que vivi e canções mais existenciais, com questionamentos e reflexões que tenho tido sobre as relações humanas e sobre o momento político do país”, releva a artista sobre as temáticas abordadas no disco

31) Bárbara Eugênia Crashes n’ Crushes



No apagar das luzes de 2021, neste sábado (04/12), a Bárbara Eugênia lançou de surpresa o agridoce Crashes n’ Crushes. Seu quinto trabalho solo é o mais minimalista da sua carreira e tem todos os ingredientes deste período pandêmico. Este é o segundo lançamento da artista no ano, anteriormente sob o codinome de Djane Fonda ela lançou uma série de singles com uma proposta eletrônica, e claro, entrevistamos a artista (confira).

Diferentemente dos seus trabalhos anteriores, neste disco mais pautado na canção, na palavra, ela lança sem banda. O material foi registrado durante sua estadia em Portugal e tem todo o apelo místico por trás; a data escolhida, inclusive, é justamente sábado de lua nova e eclipse solar em sagitário. A natureza também norteando a atmosfera de seu quinto álbum de estúdio.

Gravado em Lisboa, o disco é composto por músicas criadas entre 2015 e 2021, já que passou o último semestre da pandemia na Ilha de Açores. Rico em harmonias e em possibilidades sonoras, instrumentos como celesta, theremin e um bandolim vietnamita, executados pelo músico português Noiserv e Bianca Godói, baterista em TUDA (2019), que também assina a coprodução do disco com a cantora, enriquecem as texturas do lançamento.

Além das composições autorais, o registro ainda conta com “Estrela da Noite”, versão da original de Jorge Mautner, e “Sambinha”, de Peri Pane e arrudA. Indo atrás de referências do country do lendário Hank Williams e de elementos delicados que criam corpos celestes para o experimento da audição. O disco tem potencial para encantar até mesmo fãs de Phoebe Bridgers Fiona Apple. Tendo espaço para faixas em inglês e em português.

Confira a resenha completa

30) Juliana Linhares Nordeste Ficção



A cantora e atriz potiguar Juliana Linhares, vocalista da Pietá, lançou o incrível Nordeste Ficção. Mostrando a pluralidade de cenários, discursos e trilhas que contemplam a região. As festividades também marcam presença dentro da obra. Há espaço para política, teatralidade, participação do sanfoneiro Mestrinho (“Balanceiro”), de Letrux, de Tom Zé (“Aburguesar”), Zeca Baleiro (“Meu amor afinal de contas), Chico César (“Embrulho e A lambada da lambida”) entre uma pluralidade de ritmos como o xote, forró pé de serra, frevo, dub e MPB. A produção é assinada por Marcus Preto.

29) Linn da Quebrada Trava Línguas



Trava línguas, segundo álbum da carreira de Linn da Quebrada, traz o redescobrimento pessoal e reflexões da artista. O novo álbum taz novas sonoridades e experimentações. O projeto tem sua produção musical dividida em três mãos: as dela, da DJ e produtora BADSISTA e da percussionista Dominique Vieira.

Após o lançamento de grandes sucessos, como Enviadescer (2016), e de seu primeiro álbum, Pajubá (2017), que na época foram ovacionadas pela crítica e pelo público, Linn da Quebrada viveu grandes transformações em sua vida profissional e pessoal. Nascida na periferia de São Paulo, a artista ultrapassou barreiras com a sua música e relata como seus trabalhos anteriores a conduziram para o lançamento de Trava Línguas. Ela foge do óbvio, traz parcerias para somar, se reinventa e mostra como o pop do futuro pode ser bem diferente das grandes premiações de música.

Confira entrevista exclusiva

28) Fresno Vou Ter Que Me Virar



O nono álbum de estúdio, Vou Ter Que Me Virar, tem um pouco de tudo que eles podem oferecer, tanto esteticamente como em sua plasticidade e gama de possibilidades que podem ser exploradas. Thiago Guerra até define como “Rock, direto, livre e com muita vontade”, mas vai muito além disso. O disco inclusive chega as plataformas digitais justamente depois de uma série de lançamentos que o antecederam chamado INVentário.

No campo estratégico e contra o algoritmo, podemos fazer um paralelo de Vou Ter Que Me Virar com a estratégia do disco de Anitta, no qual consegue a cada faixa explorando diferentes estéticas e estilos, contemplar diferentes nichos de público. Algo poucas vezes utilizado dentro do rock brasileiro. Desta forma eles reinventam sua própria forma de fazer pop conseguindo reunir parceria com nomes como Lulu Santos na love song, “Já Faz Tanto Tempo”. Faixa que tem aquela atmosfera do Fun., uma linha de guitarra leve e esperançosa e uma batida pop que deixa Lulu bastante confortável. Pronta para a rádio e para dialogar com alguém pouco familiarizado com o rock do grupo mas que cantarola quando toca o feat. de Gotye com a Kimbra.

A faixa título “Vou Ter Que Me Virar”, por exemplo, mostra a maleabilidade pop de Lucas nos vocais aliada a um instrumental que dialoga com a perspicácia pop de produtores como The Weeknd e Giorgio Moroder.

O disco não para de te surpreender e logo na segundo música, “FUDEU!!”, você sente como tivesse ouvindo um disco de alguma banda que funda Punk Rock com doses de Stoner Rock, sim, num disco da Fresno. Politizada, a faixa critica a epifania e o descontrole das redes – e ainda dá uma cutucada no presidente e sua turma.

“Casa Assombrada” já tem uma roupagem lo-fi e R&B que já podíamos ver no disco anterior, sua alegria foi cancelada (2019), mas aliada com um refrão pop-punk que facilmente irá grudar na sua cabeça. “ELES ODEIAM GENTE COMO NÓS”, revela o lado mais dançante do disco, trazendo para si elementos do post-hardcore mas sem esquecer do mergulho na música eletrônica que os acompanha já há algum tempo. Mais uma música que clama por esperança em tempos confusos, sombrios e cheio de inseguranças que assola o brasileiro médio…..

Confira a Resenha Completa

27) LEALL Esculpido a Machado



LEALL lançou um dos mais contundentes discos de rap do ano, em seu disco de estreia, Esculpido a Machado, ele narra, sem censura, as histórias de sua área e desnuda a violência e pobreza nas mais de 6000 comunidades do país. Temáticas como o racismo estrutural, a desigualdade social e a esperança por tempos melhores permeiam o álbum do rapper da zona norte do Rio do Janeiro. O grime com trap e o boombap fazem parte das sonoridades exploradas no lançamento que tem participação de VND, além de produções musicais assinadas por Luna, Putodiparis, Badibi, DIIGO, Tarcis, Nagalli e VHOOR.

“O Rio de Janeiro é a cidade que eu cresci, aqui estão as minhas melhores e piores experiências. Mas acho que o disco cabe na perspectiva de outros lugares. é sobre a violência que está em todo Brasil”, explica. 

26) Duda Beat Te Amo Lá Fora



Do pop, passando pelo reggae, experimentando pela música eletrônica, se aproximando ainda mais do brega, viajando nas ondas synthpop e abraçando até mesmo o forró, Te Amo Lá Fora foi lançado ainda no meio de 2021. O disco tem produção de Tomás Tróia, parceiro e colaborador de longa data da artista, e Lux Ferreira (Mahmundi, Felipe Vellozo).

A “sofrência” do disco anterior ganha novos tons, produções encorpadas e camadas graças a boas colaborações com diversos instrumentistas de renome como Patrick Laplan (Los Hermanos, Castello Branco). O registro ainda tem feats com Trevo, a flautista Aline Gonçalves e Cila do Coco. Um disco que ganhou belas peças audiovisuais como “Nem Um Pouquinho” e “Tu e Eu”.

25) Edgar Ultraleve



O sempre inventivo e com um arsenal de narrativas, Edgar, mantém a boa fase como compositor em Ultraleve (Deck). O guarulhense pode trabalhar ao lado do produtor Pupilo em um disco com discurso ainda mais afiado, e politizado, que em seu material anterior.

Com direito participação até mesmo de Elisapie, indígena esquimó habitante no Canadá, que participa do disco cantando em sua língua nativa; já Kunumi MC rima em guarani na faixa final “Que a natureza nos conduza”. Outras lutas aparecem ao longo do disco que aborda a violência social, a repressão policial, a desigualdade e o racismo.

24) Mineiros da Lua Memórias do Mundo Real



Elias Sadala (guitarrista), Diego Dutra (baixista, teclas/samples, vocal e diretor de todos os clipes da banda), Jovi Depiné (baterista, teclas/samples e artista visual responsável por todas as capas) e Haroldo Bontempo (teclas e vocal), optaram por produzir seu segundo álbum de estúdio através de uma plataforma online.

Memórias do Mundo Real foi composto, gravado e produzido à distância pelos quatro integrantes dentro da plataforma coletiva SoundTrap que permite criar projetos musicais e compartilhá-los para que várias pessoas possam trabalhar nas faixas ao mesmo tempo, de maneira remota.

Além disso eles fizeram de certa forma um “laboratório digital” em busca por novas texturas, referências estéticas e experimentações. Aproveitaram o momento ideal para colaborar com diferentes artistas, da prolífera cena de hip hop mineira, que a cada ano que passa revela novos nomes de peso para o cenário nacional, com Nabru e Pessa, a artistas de rock alternativo que optaram por produzir em escala seus projetos artísticos, como é o caso da catarinense Helena Cagliare (La Leuca). Se no novo mundo dos Mineiros da Lua não existem fronteiras, o disco reúne ainda participações do compositor chinês Jason Qiu na faixa “A Torre”, a compositora colombiana Aniya Teno, todos na faixa “De Peito Aberto”.

O registro ainda reúne, “No Caminho Pra Piedade”, é um conto musicalizado escrito por Vitor Borges. Mostrando como a coalizão entre linguagens e diferentes universos fazem parte do DNA do quarteto. O álbum foi mixado por Diego Dutra e masterizado por Felipe Fantoni; e é um lançamento Seloki Records.

Confira a Resenha Completa

23) Rodrigo Amarante Drama



Boas melodias, experimentações e melancolia permeiam o novo disco de Rodrigo Amarante (Los Hermanos, Little Joy). Com distintas referências, que extrapolam fronteiras, ele canta até mesmo em francês, e inglês, ao longo do disco que traz um olhar para dentro em um momento tão singular da história da humanidade.

Violinos, violas e violoncelos tocados por Danny Bensi aparecem, por exemplo, em “The End”. As variações entre canções mais calmas, assim como em Cavalo lancado há 8 anos, e outras mais pops trazem o equilíbrio para o álbum; tendo até espaço para um samba torto em “Eu Com Você”).

22) Duda Brack Caco de Vidro



A cantora, compositora e poeta gaúcha Duda Brack apresenta seu segundo álbum solo, Caco de Vidro. Com boas composições, alternâncias de ritmos e narrativas que vão do feminino ao embate político, o disco tem produção de Gabriel Ventura, participações de Baianasystem, de Elisio Freitas, Ney Matogrosso, de Cuca Ferreira (Bixiga 70), Maycon Ananias, Lucio Maia (Nação Zumbi) e Hypnotic Brass Ensamble. Passando pela brasilidade, spoken word, jazz, pop, cumbia, folk, funk, pagodão e até mesmo o rock. O material ainda tem uma versão para “Sueño con Serpientes”, de Mercedes Sosa.

“É um disco extremamente feminino e também feminista”, diz a artista, na carta de apresentação.

21) Chico Chico & João Mantuano



Depois de trabalhar ao lado de Fran, em Onde?, Chico Chico lançou dois discos em 2021, um deles ao lado de João Mantuano, cantos, compositor e violinista carioca, que desde 2017, integra a banda 13.7 ao seu lado. Com produção de Felipe Rodarte e mixagem Raphael Dieguez, o álbum foi gravado no Estúdio Toca do Bandido (Rio de Janeiro) e conta com 12 faixas, algumas já disponibilizadas previamente.

“Esse é o resultado de três anos de trabalho numa banda que acumula quase 20 anos de amizade e um pouco mais do que isso de vivência em nossas individualidades urbanas. Por vezes doce, quase sempre ácida. Esse disco é sobre isso”, conta Chico Chico

O disco é um grande deleite para quem gosta de uma produção encorpada e que permite com que a cada audição nos atenhamos a um detalhe ou camada do instrumental. Basta ver como consegue ir do blues, passando pela percussão do axé, ao funk com facilidade, sem deixar de lado a MPB, arranjos delicados, teatralidade e a poesia de lado. Por muitas horas ele empolga justamente por isso, por conta das possibilidades e campos que abre. Tem swing, tem introspecção, paisagem, cores e fúria.

A gama é tão vasta que exige do ouvinte uma atenção redobrada ao mesmo tempo que traz narrativas isoladas a cada faixa. Não é nada careta. Tem espaço para as teclas, notas altas, groove de baixo pegado, percussão versátil. Os sentimentos também acabam à flor da pele, indo do lado mais intimista, passando pela tensão a euforia. Já a mixagem usa e abusa das camadas e desta forma consegue seu principal objetivo: trazer sensações para a experiência. Sua narrativa traz várias referências de paisagens e da música – e poesia – carioca contemporânea.

É aquele disco que sabe ser técnico e agradar a crítica ao mesmo tempo que é pop – e permite uma série de possibilidades de novos arranjos no momento que for executado ao vivo. Ou seja uma caixinha de chocolates pronta para apreciar. A ressalva que fica é que o álbum poderia ser mais curto. O registro começa explosivo mas na parte final parece perder um pouco o gás.

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20) Bonifrate Corisco



No dia 9 de Julho o músico Pedro Bonifrate, conhecido por seus excelentes trabalhos ao lado da lendária banda indie brasileira Supercordas, lançou o álbum Corisco pelo selo norte-americano OAR Recordings (BoogarinsGuaxeCarabobinaWRY, etc). O lançamento reflete sobre universo material que o cerca para refletir sobre questões existenciais. O material foi mixado por Diogo Valentino e masterizado por Dan Millice.

A crueza é uma das marcas do registro psicodélico lo-fi em que ele mesmo revelou, em entrevista ao Hits Perdidos, que gravou sozinho todas as baterias de verdade e cerca de 90% dos sons de teclado são do Casio MT400v. A passagem do tempo e relações humanas, de maneira orgânica e poética, são apenas algumas das temáticas do disco que também reflete sobre os encantos, e mistérios, do cosmos, e temas sensíveis para a memória do nosso país, como o desastre do Museu Nacional.

O registro que traz a beleza pela sua complexidade, tanto de narrativas, como em sinais, ainda tem parceria do músico que vive na zona rural de Paraty com a paranaense Betina. A cada nova audição você reparará em um detalhe novo em sua produção e talvez esse seja o grande trunfo de Corisco.

19) Liniker Indigo Borboleta Azul



Indigo Borboleta Anil é um marco dentro da carreira de Liniker justamente por ser seu primeiro disco como artista solo, uma verdadeira prova de fogo por si só. Talvez por isso a cantora elevou o sarrafo e decidiu mostrar toda a sua capacidade em variar notas, tons e permitir novas sonoridades para incorporar suas narrativas. Samba, MPB, soul, funk, R&B, hip hop, jazz, samba-rock, pagode e blues, tem um pouco de tudo dentro do novo campo imagético do trabalho.

O álbum ainda conta com participações especiais de Milton Santos, Tássia Reis,  MahmundiVitor HugoDJ NyackTulipa Ruiz, Orquestra Jazz Sinfônica, Letieres Leite (R.I.P.) e Orkestra Rumpilezz.

18) Céu Um Gosto de Sol



A cantora Céu apresentou seu primeiro disco como intérprete, depois de muito tempo tendo essa vontade, e quando pôde fazer, convocou um time de peso, tamanha é a magnitude da ficha técnica que compõe o disco de releituras. Com produção assinada por Pupillo, o disco é o resultado do impacto da pandemia em sua vida. A faixa título, por exemplo, foi feita com a ajuda de Pupillo, seu marido e produtor, e de Edgard Poças, seu pai.

O guitarrista Andreas Kisser (ao violão) e o tecladista Hervé Salters, são apenas alguns dos músicos que a acompanham ao longo das canções. “Teimosia”, gravada originalmente por Antonio Carlos e Jacofi, teve a companhia de Russo Passapusso (Baianasystem), já a divertida versão para “Deixa Acontecer”, do grupo Revelação, teve a parceria com Emicida. Releituras de composições de Fiona Apple, Milton Nascimento, Sade, Rita Lee, The Beastie Boys, João Gilberto, Jimi Hendrix, Maurice Albert, João Pernambuco, Alcione também entram no repertório.

17) João Donato & Jards Macalé Síntese do Lance



Um dos grandes encontros da música brasileira em 2021 definitivamente é a existência de um disco em parceria entre João Donato e Jards Macalé, expoentes da música brasileira, da vanguarda a bossa, passando pelo jazz e outros ritmos que só momentos como este proporcionam para o ouvinte de música brasileira. Esse é o espírito de Síntese do Lance (Rocinante).

“É um caleidoscópio sonoro que alivia as tensões. A cada audição, aparecem outros detalhes. Estou feliz”, afirma Macalé

16) Sophia Chablau e Uma Enorme Perda de Tempo Sophia Chablau e Uma Enorme Perda de Tempo



Fúria, caos e luxúria se encontram na “anarquia organizada” de uma das gratas surpresas da efervescente cena independente brasileira. A banda Sophia Chablau e Uma Enorme Perda de Tempo lançou em abril seu álbum de estreia através do selo RISCO (Luiza LianO TernoAna Frango ElétricoMaria Beraldo) teve a produção de Ana Frango Elétrico e foi gravado em 2019 no Estúdio Canoa por Gui Jesus Toledo.

Em sua formação o grupo paulistano conta com Sophia Chablau (voz/guitarra), Téo Serson (baixo), Theo Ceccato (bateria) e Vicente Tassara (guitarra/teclados). O debut reúne ainda as participações de Lucinha Turnbull, conhecida por ser a primeira mulher guitarrista do Brasil, Fabio Tagliaferri (viola-de-arco), João Barisbe (sax) e Arthur Merlino (contrabaixo).

O turbilhão de criatividade, referências, cruzamentos de universos entre a poesia, o cinema, a música, as artes plásticas e o cotidiano, alimenta o caldeirão de uma forma onde até mesmo o caos parece organizado. A empolgação, e o fino trato com a produção artística, faz com que o disco ganhe novas narrativas; e delicie o ouvinte com diferentes melodias e pontos de vista. Entre delírios, luxúria, caos e fúria.

No instrumental a verve jovem do rock triste vai de encontro a distorção do Sonic Youth e a magia dos Mutantes e Velvet Underground que somada a MPB radiofônica, e outras formas de expressão, acaba criando todo um universo para o ouvinte quase tátil – onde é possível ouvir, sentir e até mesmo se permitir viajar. Entre o absurdismo, as homenagens, o espírito rebelde, a catarse, a ironia e a delicadeza, o material traz os muitos lados da nossa personalidade à tona.

Magia essa que faz com que tenhamos a impressão como se o registro estivesse dividido em atos teatrais, em entrevista exclusiva para o Hits Perdidos, a banda revela que a intenção era o disco ter Lado A e Lado B para mostrar tanto o lado pop como o dissonante. Uma “anarquia organizada” que consegue abranger diferentes ouvintes.

Confira Entrevista Exclusiva

15) Marina Sena De Primeira



Depois de 7 anos como artista independente, e já tendo destaque em projetos da cena mineira como Rosa Neon e A Outra Banda da Lua, além de somar parcerias em discos de Jean Tassy (Amanhã, 2021) e Hot e Oreia (Crianças Selvagens, 2020), Marina Sena lançou seu álbum de estreia solo. O tão comentado De Primeira (Alá / Quadrilha) foi registro produzido em parceria com Iuri Rio Branco (Flora Matos, Davi Sabbag).

Pagode baiano, funk, samba, R&B, MPB, reggae e brega parecem equalizar ao longo das faixas do registro que possuem algo que o brasileiro ama: refrões fáceis de cantar e a famosa “sofrência”. É justamente da sua voz anasalada, e tons que alcança durante o disco, que ela se destaca do padrão normal do pop. E se isso for uma tendência, que venham mais artistas que saiam dos inúmeros clichês reproduzidos em discos mainstream.

A sequência “Me Toca”, “Pelejei”, “Por Supuesto” e “Cabelo” estarem logo no começo do disco, mostram como muitas vezes uma boa escolha na ordem cria todo um cenário multifacetado para o ouvinte. Assim como outros lançamentos de 2021, como o álbum do FBC & VHOOR, Baile, o poder do TikTok como parte da estratégia de divulgação não pode ser mais ignorado pelos artistas independentes. Isso se reflete no sucesso em streaming de faixas como “Por Supuesto”, de Marina Sena, e “Se Ta Solteira”, do rapper conterrâneo.

14) Papangu Holoceno



Com toques sofisticados de rock progressivo, sludge metal, doom, experimental e literatura nordestina os paraibanos do Papangu fizeram talvez um dos discos mais emblemáticos do rock pesado brasileiro em 2021. O álbum elaborado por Marco Mayer (baixo, synth e voz), Hector Ruslan (guitarra e voz), Raí Accioly (guitarra, voz) e Nichollas Jaques (bateria e voz), é o resultado de 7 anos de maduração, ou seja, vale a pena estruturar composições e maturar, algo totalmente na contramão do que os “gurus da indústria” tentam diariamente empurrar para os artistas independentes. O disco traz participação especial de Torstein Lofthus como baterista, além de Uaná Barreto, Benjamin Mekki Widerøe e Luís Souto Maior.

13) Bemti Logo Ali



Discos são sopros de sonhos, de sentimentos emoldurados, de noites mal dormidas, de esperança por novos caminhos e possibilidades. O músico mineiro Bemti foi agraciado com a oportunidade de colocar seu filho preferido no mundo, foi através do edital Natural Musical que Logo Ali pode ganhar a luz do dia. Ele não mediu esforços, desde a elaboração, coesão de parcerias, narrativa e coalizão de vivências que para um menino humilde do interior de minas outrora fora um sonho distante.

E para isso ele foi atrás do álbum ideal, como o projeto contemplado foi atrás da sinergia, tanto na escolha dos nomes como na preparação e direção artística. Com produção a 6 mãos ele se juntou a Luis Calil (Cambriana) e Pedro Altério para direcionar um álbum que muitas vezes se confunde com um filme, uma peça ou tudo ao mesmo tempo. Não dá para dizer que não é um projeto ambicioso mas dá gosto de ver a delicadeza e empenho em justificar cada camada, coerência, ousadia e melodia.

Além de Fernanda Takai, o disco conta com participações especiais do paraense Jaloo, da baiana Josyara, do artista português Murais  (Linda Martini) e do duo paulistano ÀVUÀ. Entre os musicistas convidados estão Helio FlandersPaulo Santos (do grupo Uakti) e Marcelo Jeneci, que co-produziu, toca e canta vocais de suporte na faixa “Livramento”. Já nas composições, há colaborações com artistas como Roberta Campos, Barro, Nina Oliveira e Pedro Altério, membro do 5 a Seco.

Outros destaques entre os músicos ficam por conta da baterista Bianca Predieri (Jadsa), da violista Kinda Assis (Teko Porã) e de Cauê Lemes, que toca piano de cauda e fez a pré-produção do disco. A mixagem do disco é assinada por Luis Calil e a masterização é de Florencia Saravia-Akamine. Logo Ali foi majoritariamente gravado nos estúdios Ilha do Corvo em Belo Horizonte (com Leonardo Marques) e Gargolândia em Alambari (com Thiago Baggio, engenheiro de som indicado 5 vezes ao Grammy Latino).

Entre as influências ele cita nomes como Milton Nascimento, Bon Iver, Arcade Fire, Baleia, Phoebe Bridgers, Tulipa Ruiz, Moses Sumney, Joni Mitchell, Björk, entre outros. Para quem pode acompanhar o indie do começo dos anos 00 é simplesmente um deleite ir identificando os caminhos, linguagens e escolhas artísticas mirando neste universo.

Confira a Resenha Completa + Entrevista Exclusiva

12) Caetano Veloso Meu Coco



A ansiedade pelo lançamento de Meu Coco era grande, afinal o músico baiano não lançava um álbum de inéditas desde Abraçado de 2012, e logo o primeiro single divulgado foi “Anjos Tronchos”. Redes sociais, Carlos Drummond de Andrade, Billie Eilish, Trumps e Bolsonaros, tem espaço para tudo para um artista que faz questão sempre de estar ligado ao presente, como tantas vezes fez durante sua longa carreira. Entre algoritmos e sambas, ele sabe prender o ouvinte com a acessibilidade pop de suas composições – e excelentes parceiros no instrumental. A produção é assinada por Caetano ao lado de Lucas Nunes, integrante da banda Dônica.

11) Rico Dalasam Dolores Gala Guardião do Alívio



Com narrativa emocionante e lançado acompanhado de um filme, Rico Dalasam faz um disco importante tanto pelos versos como pela mensagem atemporal do disco. Os conflitos, as dores, o acolhimento, a afetividade, a libertação, as conquistas e o alívio; tem um espaço para tudo isso dentro da narrativa sob a perspectiva de tudo que já teve que enfrentar, e presenciar, ao longo de sua jornada pelo plano terrestre. O material teve colaborações de nomes como Mahal Pita (BaianaSystem), Dinho Souza, Chibatinha (ÀTTØØXXÁ), Moi Guimarães e Netto Galdino.

10) Bebé Bebé



Um dos discos mais esperados de 2021 era a estreia de Bebé com seu disco homônimo. De Piracicaba (SP), ela que canta desde muito pequena e, aos 8 anos, participou de uma turnê do SESC e Sesi, continuou a maturar sua música e mostra logo no primeiro registro autoral ser uma das novas grandes promessas da música brasileira nos próximos anos. O R&B, Neo-soul, o Jazz e até mesmo o Bedroom Pop aparecem como elementos da sua música.

O álbum teve produção em parceria com o baterista Sergio Machado Plim, músico conhecido pelo trabalho como colaborador no Metá Metá e parceiro de artistas como Tulipa Ruiz e Emicida. Os timbres e sua capacidade de utilizar sua voz como instrumento durante as faixas, mostram como tendo apenas 17 anos ela tem uma infinidade de caminhos a serem percorridos dentro da música. O material tem parcerias com nomes como Ana Frango Elétrico, Fabriccio, Vitor Milagres, Lello Bezarra e Felipe Salvego (irmão e um dos parceiros de composição).

9) Baianasystem OXEAXEEXU



Após dividir o álbum em três atos, “Navio Pirata”, “Recital Instrumental” e “América do Sol”, OxeAxeExu foi lançado em abril. A versão final ainda teve a surpresa da faixa “Brasiliana”, que tem participação de Chico César e Mintcho Garrammone. O projeto que reúne ao todo 20 faixas ainda conta com colaborações de nomes como BNegãoCéuClaudia ManzoLiz ReisTonho MatériaMakavelli, Carolaine, Thiago França e Jaymitta.

A proposta do álbum OXEAXEEXU que foi produzido por Daniel Ganjaman se tornou uma viagem por mares desconhecidos, mas sem abandonar as raízes deixadas em terra. Salsa, samba-reggae e ijexá, entre outros gêneros musicais latino-americanos se misturam no navio pirata do grupo baiano.

8) Jadsa Olho de Vidro



Após lançar o EP Taxidermia Vol. 1 ao lado de João Milet Meirelles (BaianaSystem) a ansiedade pelo disco que sairia em breve pela Natura Musical e Balaclava Records só aumentou e em março todas as expectativas foram confirmadas: Olho de Vidro, álbum de estreia de Jadsa, entrou automaticamente em nossa lista de Melhores Álbuns Nacionais de 2021.

Pelo fato do disco ser um trabalho de construção entre 2018 e 2019 podemos ver o cuidado nos arranjos e frequências ao longo das suas 14 faixas. Com direito a referências a Bahia, e sua rica música, mas também com homenagens a vanguarda paulista, o álbum de Jadsa consegue mesclar diversos ritmos, múltiplas camadas sonoras e participações especiais muito bem desenvolvidas. Jadsa recria o seu pop do seu jeito e não tem medo de soar rock, MPB, incorporar o reggae ou ir beber nas frequências do samba.

Com produção musical de João Meirelles (BaianaSystemInfusão), “Olho de Vidro” traz, além das participações de Ana Frango Elétrico e Kiko Dinucci (ambos em “Raio de Sol”), e Luiza Lian (em “Lian”), a presença das cantoras e compositoras Josyara e Raíssa Lopes (Obinrin Trio); da tecladista Aline Falcão, do violoncelista Filipe Massumi e do baterista Sérgio Machado. Da banda base, gravaram com Jadsa o baixista Caio Terra, a baterista Bianca Predieri, as cantoras Marcelle e Marina Melo e o percussionista Filipe Castro.

O disco foi gravado em 2019 no Red Bull Studios por Funai Costa (mixagem e masterização) e Alejandra Luciani (engenharia de som) e tem produção executiva da empresa baiana Giro Planejamento Cultural em parceria com Rafaela Piccin.

Confira o faixa a faixa exclusivo preparado pela própria Jadsa

7) Gio Nebulosa Baby



Giovani Cidreira, que assina sua nova fase como GIO, sempre teve muito a dizer e também a desconstruir. Em Nebulosa Baby (Risco), seu segundo disco, o cantor baiano transcende em um disco experimental, conceitual, afrofuturista, ancestral, periférico e com raízes nordestinas. Assim como seus últimos lançamentos Mix$take (2019), Estreite e MANO*MAGO (2020), além da produção de Benke Ferraz, dos Boogarins, o músico propôs expandir os horizontes e a sua criatividade.

Sem medo de se arriscar e se permitir, ele traz samples, efeitos, delays, misturas e diversas participações especiais. Ousado por natureza, a experiência de ouvir ressoa um tanto quanto antropológica, onde ele deixa clara desde a sua introdução a energia cósmica, o poder dos encontros e suas raízes como força motriz.

Eletrificado pelas ondas eletrônicas minimalistas, ele expande seu conceito e conectando ritmos, pessoas e nos transportando para diferentes lugares.

“As gravações orgânicas se fundem de tal maneira aos recursos eletrônicos e às intervenções de efeitos de mixagem de Benke e Gui Jesus, que não dá pra saber exatamente quem é quem dentro dos elementos dispostos.

A canção, com forte ligação à MPB setentista continua ali ainda melhor abraçada pela sonoridade mais contemporânea ligada ao R&B, hip hop e indie rock. As influências do disco vão de Jup do Bairro (que participa da faixa que abre o disco) a Tyler The Creator, misturados a Roberto CarlosClube da Esquina e Blood Orange. Caminho pro futuro sem esquecer do que me formou musicalmente, nada fica pra trás.”, pontua GIO.

Ao todo o disco conta com 14 faixas e as participações de Jup do BairroLuiza Lian se encontra com Dinho (Boogarins), Luê performa junto à Maglore e Ava RochaObinrin Trio canta junto com Alice CaymmiJosyara tem um solo, Jadsa é presença forte no disco e Vandal entra no álbum por meio de sampler feito por Benke.

Parte das músicas foi gravada no estúdio da Red Bull Station em São Paulo, por GIO (voz, pianos e violão) acompanhado pelos músicos Ynaiã Benthroldo (Boogarins – bateria, bateria eletrônica, Lucas Martins (Maglore – baixo e sintetizador), Filipe Castro (percussão), e Cuca Ferreira (Bixiga 70 – sax). Alguns overdubs foram adicionados em casa pelo cantor e Benke.

“As letras continuam existencialistas e descrevem experiências vividas cotidianamente e que nos marcam profundamente, mas agora com um tom mais sério e mais direto, ao passo que começo a escrever sobre racismo, drogas, solidão da população negra, a exemplo de Joias.”, revela GIO

Confira com exclusividade no Hits Perdidos um bate-papo com os artistas que fizeram participações especiais no disco

6) Tuyo Chegamos Sozinhos em Casa



Ver um projeto de uma vida se solidificar é por si só algo bonito de observar. Ainda mais quando vemos a jornada, e cada etapa, aos poucos ser contemplada com muita luta e verdade. A evolução como parte de um processo que se reflete logo após o play da parte 1 de Chegamos Sozinhos em Casa que foi sendo lançado pela Natura Musical.

O segundo álbum da Tuyo é um retrato do exercício de introspecção ao mesmo tempo que abre um leque para muitas possibilidades que ainda não tinham explorado. Isso se somando com a densidade dos temas escolhidos por eles, que passa por assuntos como o pertencimento, o amadurecimento, a identidade, o não lugar que ocupam seja no mercado como na sociedade, as vivências e o que vem depois do caos (a pergunta de um milhão do momento).

Lio Soares, Lay Soares e Machado passeiam por frequências, com muita leveza e com direito a produção de nomes como Janluska, Jvck, Bruno Giorgi e Lucas Silveira (Fresno). O material foi dividido em duas partes, depois ainda ganhou uma versão deluxe definitiva.

A parte 1 do disco conta com feats com Luccas Carlos (“Sonho da Lay”), Lucas Silveira (“Pronta pra Cair”) e Jonathan Ferr (“Toda Vez Que Eu Chego em Casa”). Na parte 2 com feats com RDD (“Do lado de Dentro”), Lenine (“Fracasso”), Drik Barbosa (“Tem Dias”), Shuna e Jonathan Ferr (“Pouco Espaço”).

A densidade do trabalho já vinha sendo apresentado através dos singles – e os clipes que os acompanham. O mergulho profundo em sentimentos próprios e emoções coletivas, mostram como a identidade, as raízes e senso de comunidade global são fio condutores do campo criativo da Tuyo.

“A nossa vontade é a de chegar no fundo do poço da alma do outro. Achamos uma forma de fazer isso de um jeito mais seguro e saudável”, diz Lio

O amadurecimento, que eles chamam de “Adulticimento”, também serve como extensão de uma banda que quer crescer junto com seu público até mesmo na narrativa dos seus discos, algo interessante quando colocamos os lançamentos do trio em uma timeline.

Confira a resenha completa da Parte 1 do Disco

5) Badsista Gueto Elegance



Rafaela Andrade é produtora musical, DJ, musicista e agora também cantora BADSISTA, uma das maiores potências da sua geração lança o sofisticado Gueto Elegance que contempla suas raízes periféricas e seu lado Nerd de pesquisadora musical. Com remixes para artistas como Pitty, Bivolt, Edgar, Teto Preto além da produção do EP Corpo Sem Juízo da Jup do Bairro e dos aclamados discos da Linn da Quebrada (Pajubá e Trava Línguas); Rafaela ainda criou uma festa (Bandida) e conseguiu abrir portas nos exterior tocando até mesmo no Glastonbury e no cultuado Boiler Room, se tornando uma das DJs mais relevantes do nosso país.

Inventivo e alcançado lugares aonde antes não tinha explorado, o álbum reúne participações de artistas como Cronista do MorroMC YallahJup do BairroRey SapienzRHRLari BXDAshira e Ventura Profana; além de revelar composições mais intimistas indo do trap ao eletrônico e pela primeira revela para o mundo o seu lado cantora.

“Tem muita influência de UK garagedancehall, um miami bass meio pokémon, mais quebrado e breakbeat. Talvez as pessoas se decepcionem por não encontrar funk ou a vibe pistona tuntz tuntz, mas desta vez eu tô indo por onde não fui ainda. A intenção é lançar O ÁLBUM, aquele que você escuta e fica: C*RALHO QUE DAORA”,  conta Rafaela

Confira a Resenha Completa + Entrevista Exclusiva

4) FBC Baile



Quando anunciada a parceria entre FBC e VHOOR a expectativa era alta. Afinal de contas FBC conquistou o posto de ser uma das maiores referências do prolífero e inventivo Rap Mineiro tendo na conta 16 anos de estrada e dois discos aclamados (S.C.A. – 2018 e PADRIM – 2019); já o beatmaker VHOOR acumula na bagagem parcerias com artistas como Esculpido a Machado e 40o.40, dos cariocas LEALLSD9, de tracks do disco do Hot e OreiaCrianças Selvagens (2020) – além de ser versátil em trazer referências de grime e do drill, do funk e da percussão afro-latina para seus beats.

A mistura deu liga e faz de Baile um dos discos mais interessantes do ano justamente por captar um espírito nostálgico que parece ser o zeitgeist do momento após dois anos marcados por muito medo e desconfiança.

É justamente do espírito dos bailes funks marginalizados nos anos 90 e que caíram no gosto popular na década de 2000 que o disco flutua trazendo referências que passeia pelo miami bassgangsta rap e uma era onde o BPM era mais desacelerado mas que as letras com seus refrões chiclete e beats pulsantes envolviam do jovem da comunidade ao playboy. Claro que a denúncia social e o respeito pelas mulheres no baile acabam de certa forma atualizando toda nostalgia para nossos dias de uma forma bastante educativa mas sem perder o espírito de malandragem e azaração.

Para guiar o ouvinte FBC e VHOOR trazem junto do disco um storytelling que facilita a audição.

“BAILE” se desenvolve com o relato da história do personagem Pagode: pai de família, morador da favela, trabalhador, que frequenta o baile da UFFÉ. A história começa quando, na saída do baile, Pagode é surpreendido pela polícia, que o prende acreditando que uma arma encontrada por perto pertence a ele quando, na verdade, foi escondida por Paulinho, que dissimula, assiste a cena e nada faz.

Ainda na narrativa do projeto, já com Pagode livre, meses depois ele retorna ao baile e encontra um antigo amor platônico, Jéssica. Os dois conversam, riem e dançam todas as vezes que se encontram, até a noite em que Pagode encontra a encontra fazendo passinho com outra pessoa. Paulinho, o “falador”, vive de pequenos golpes e receptação de cargas, até o fatídico dia em que atrai para a favela a operação policial que mata a filha de Jéssica.

A trágica história revive a atmosfera dos anos 90 onde raps e melôs evidenciavam o cotidiano dos moradores dos subúrbios, abordando temas como a violência e a criminalização de seus jovens, a mistura entre a realidade estadounidense do Miami Bass e a brasileira acaba dando origem ao que conhecemos popularmente como funk carioca.

Confira a resenha completa

3) Amaro Freitas Sankofa



O compositor e pianista pernambucano Amaro Freitas fez um dos discos mais sensíveis e atemporais de 2021, Sankofa. Seu terceiro álbum de estúdio, Sankofa, foi lançado pelo selo londrino Far Out Recordings, e revolve memórias ancestrais afro-brasileiras. No registro ele tem a companhia dos músicos Jean Elton (baixo acústico) e Hugo Medeiros (bateria e percussão). Aos 29 anos, ele reverencia os povos africanos ao longo das faixas, trazendo a tona histórias de vários séculos e o legado com muita sensibilidade e versatilidade. O Jazz-rock e o neo-soul acabam aparecendo ao longo do disco que cresce a cada audição revelando uma nova camada para o ouvinte.

“Trabalhei para tentar entender meus ancestrais, meu lugar, minha história como homem negro. A história dos povos originários, das diversas etnias que ocuparam este território, de como somos plurais. O Brasil não nos disse a verdade sobre o Brasil”, comentou no texto de apresentação do trabalho.

2) Don L Roteiro Pra Aïnouz, Vol. 2



O disco de rap do ano é do Don L, simplesmente pelo poder de construção de pontes, de gerar diálogos e a capacidade de transpor o poder da coletividade ao ouvinte. Roteiro Para Aïnouz, Vol. 2. explica o Brasil que deixou de ser ouvido logo em seu começo com a potente “Vila Rica”, ótima parceria com o conterrâneo Matheus Fazeno Rock. Suas experiências como migrante em São Paulo acabam ganhando relatos sensíveis, como por exemplo, “A todo vapor”. As parcerias, inclusive, são cirúrgicas em um álbum que reúne nomes como Gio, Tasha & Tracie, Frabriccio, Alt Niss, Terra Preta e Luiza de Alexandre. Talvez a melhor maneira de apresentar esse trabalho seja justamente te aconselhando ouvir mais de uma vez, pois o ouro vive nos detalhes, e referências, que vão ficando cada vez mais evidentes a cada nova audição.

1) Juçara Marçal Delta Estácio Blues



O disco brasileiro do ano é dela: Juçara Marçal. O segundo disco solo da artista caxiense, tem produção musical de Kiko Dinucci e procura criar edificações, a partir de lascas, destroços. Tudo isso sob o viés da artista enquanto mulher negra no Brasil. Racismo, negritude, feminino, ancestralidade surgem em versos contundentes, sem nunca perderem de vista a poesia. O material reúne parcerias de composição com Tulipa Ruiz, Siba, Rodrigo Campos, Maria Beraldo e Douglas Germano, além de participação de Catatau na faixa que assinam juntos. Ogi compôs o single “Crash”.

O disco ainda conta com o bônus de uma releitura de “La femme à barbe”, de Brigitte Fontaine e Jacques Higelin. Inventivo, torto em sua proposta sonora eletrônica fora da caixinha, e na procura por novas possibilidades de ritmos, o álbum te desafia mostrando um novo viés sobre o pop – sem de deixar de olhar para o Brasil profundo. Revolucionário em sua essência, ele é daqueles discos que certamente marcarão esse período nebuloso onde além de procurar por respostas: precisamos de atitudes urgentes para possíveis recomeços.

PLAYLIST: Os Melhores Álbuns Nacionais (2021)

É claro que uma lista com 50 Melhores Álbuns Nacionais (2021) ia contar também com uma playlist no Spotify para você conhecer tudo!

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This post was published on 16 de dezembro de 2021 11:02 am

Rafael Chioccarello

Editor-Chefe e Fundador do Hits Perdidos.

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