MURAIS, de Hélio Morais (PAUS, Linda Martini), lança debut e o músico nos ajuda a montar lista com bandas portuguesas
Na última sexta-feira (16/04) o músico Hélio Morais lançou seu primeiro disco solo, projeto batizado como MURAIS. Experiente, ele também é baterista das excelentes bandas portuguesas PAUS e Linda Martini. Além disso ele comanda o estúdio HAUS, é agente de artistas e produtor.
Ao lado do PAUS, inclusive, ele esteve no Brasil na última edição presencial da SIM São Paulo que aconteceu em 2019 e o show no showcase com artistas portugueses foi um dos grandes destaques do dia.
A Estreia do MURAIS
O disco homônimo, MURAIS, lançado em parceria com a Sony em Portugal e Primavera Sound, no resto do mundo, conta com a produção de Benke Ferraz (Boogarins) que produziu o trabalho à distância.
Além disso a relação com o Brasil ficou ainda mais estreita com direito a participações especiais de nomes como baiano Giovani Cidreira e o pernambucano PAES – ambos que já trabalharam com Benke anteriormente.
O desafio em si era produzir música pop, algo que o disco cumpre com excelência e alcança lugares onde o músico ainda não havia explorado até então. Mas nem por isso ele deixa de ser experimental e com uma identidade cravada em sua mixagem. Nele ele expande sentimentos e explora sensações que ao longo da vida todos iremos sentir. Daqueles discos que você tem a certeza que ganhará novas compreensões com o passar dos anos.
“Desde que um piano, usado na tour européia do Sufjan Stevens em 2010, foi parar na sala de ensaios da Linda Martini, que tenho me divertido com a ideia de fazer canções simples, sem grandes pretensões.
Abordei o instrumento da mesma forma que o fiz com a bateria, através da qual o público conhece o meu trabalho; de um modo naïve/punk. O importante, para mim, era encontrar estruturas que me permitissem dizer as coisas que queria cantar.”, reflete o português Hélio Morais (MURAIS).
O Toque Brasileiro e as emoções à flor da pele
Sobre a parceria com o músico do Boogarins ele comenta:
“Às vezes é mais fácil partilhar intimidade com estranhos. E estas canções sempre foram muito íntimas para mim, no sentido em que me vejo colocado num lugar desconfortável, mas onde quero estar. Foi assim que, quando estive com os PAUS no Brasil, em Maio, decidi mostrar as canções ao Benke, que não sendo um estranho, tinha o distanciamento que achava necessário para ouvir o que tinha gravado. E foi assim que esta aventura começou a se tornar real”, relembra Morais sobre a experiência audaciosa
A faixa “Marialva” conta com a participação de Giovani Cidreira e Paes, por sugestão de Benke, e foi inspirada no primeiro disco do Adult Jazz. “Quando estávamos finalizando as estruturas das canções do disco, o Benke achou que a voz do Giovani Cidreira ficaria muito bem na música. Não precisou me convencer. Giovani é um dos artistas que mais me emocionam. A sua interpretação é genuína e toca-me muito. Nem queria acreditar que ele toparia participar na música. Fiquei muito feliz com o resultado final”, conta o músico
A canção ganhou um clipe dirigido por Ana Viotti e filmado em Lisboa ainda durante a pandemia. A produção catalisa o sentimento de solidão inerente ao momento.
Já em “Oi Velho” conta com um sample de “Espelhoz”, canção presente no disco Wallace (2019) de Paes. Em “Catatua”, por exemplo”, o piano ganha terreno e justifica a história citada de Sufjan Stevens.
Nas intermitências e incertezas do momento que o mundo vive, o disco cria ambiências e convida o ouvinte para uma prosa mais sentimental ao pé do ouvido. Se ressignificando e criando novas narrativas para mentes que se controlam para não perder o prumo.
Ouça o disco do MURAIS no Spotify
Especial Bandas Portuguesas
Por aqui já fizemos listas dos países: Austrália (Parte 1 | Parte 2), França, Palestina, Noruega, Turquia, Japão, Canadá, Países Comunistas, Holanda, Coréia do Sul, Inglaterra, Irlanda, Peru, Colômbia (e de Videoclipes), Artistas Africanos, Porto Rico e Espanha.
Foi conversando com o Hélio Morais (MURAIS) que decidimos trazer para vocês um especial com artistas e bandas portuguesas. Ele mesmo nos conta um pouco mais sobre os projetos e apresenta ao público brasileiro com exclusividade para o Hits Perdidos. Para trazer a mistura entre Brasil e Portugal, a jornalista e assessora de imprensa, Thais Pimenta, também elenca artistas que chamaram a sua atenção.
1) Filho da Mãe
“Há poucos artistas que nos conseguem tocar da forma que o Filho da Mãe toca. Quase sentimos que estamos a ser expostos à intimidade deste guitarrista de Lisboa. É um virtuoso, mas prefere dar-nos intensidade. Desconcerta-nos e emociona-nos.”
2) Capitão Fausto
“São claramente a banda do momento, em Portugal. Têm uma base de fãs do indie muito grande, mas apelam também a um público muito vasto e mais mainstream. São agitadores e porta-estandertes de uma geração.”
3) Fado Bicha
“O nome é auto-explicativo. São fado, são bicha, são política, são disrupção, são amor livre, são muito importantes. E são importantes porque nós podem salvar a todes; todes quantes acreditam num mundo plural e inclusivo. Além de tudo isto, são um estrondo ao vivo.”
4) Vaiapraia
“Dizer que Vaiapraia é punk lgbt seria demasiado redutor. Vaiapraia é a vida feita música. É urgente e é libertador. É demasiado importante para ficar somente no punk. O último disco foi produzido por Adriano Cintra (CSS).”
5) Filipe Sambado
“Filipe Sambado é um des escritorxs de canções mais activos em Portugal. Consegue trazer elementos de música mais tradicional para uma pop actual. É um artista que questiona expressões de género e a própria tradição.”
6) PAUS
“Os PAUS são uma banda portuguesa que já correu o mundo. Fizeram parte da estrutura do Primavera Sound e continuam a editar discos com uma cadência muito forte. Em 10 anos lançaram 5 álbuns e 3 eps. Em 2019 gravaram um ep em São Paulo, com Kastrup, Dinho Almeida (Boogarins), Maria Beraldo e Edgar.”
7) Linda Martini
“Se tivesse que haver um paralelo entre Portugal e o Brasil, os Capitão Fausto estão para O Terno, como os Linda Martini para os Boogarins. É uma banda com uma legião de fãs muito grande e conta já com 18 anos de carreira. Tal como Capitão Fausto com a geração dos 20’s, os Linda Martini têm uma importância muito grande na geração dos 30.”
8) Surma
“Uma artista com um universo muito próprio e envolvente. A sinceridade com que nos faz chegar a sua música é um privilégio que temos. Aos poucos tem vindo a construir o seu espaço.”
9) Maria Reis
“A Maria Reis é uma das artistas mais activas e representativas da sua geração. Faz parte da editora Cafetra, que tem trazido inquietação e criatividade. O último ep foi produzido por Panda Bear.”
10) André Henriques
“O André é vocalista de Linda Martini e um dos letristas mais importantes da actualidade. Neste disco de estreia deixou a guitarra eléctrica e trouxe-nos um conjunto de canções guitarra clássica que nos transporta para estórias com que nos conseguimos relacionar e emocionar.”
11) B Fachada
“B Fachada é, também ele, um dos mais importantes escritores de canções da actualidade e um letrista incrível. Influência boa parte dos cantautores portugueses actuais.”
12) Catarina Munhá
“A Catarina Munhá consegue plantar equidade nas cabeças mais distraídas, sem darem conta. É uma artista com uma sensibilidade enorme nas letras que escreve. Será uma das grandes escritoras de canções deste país. Ainda só editou um disco.”
Bônus
Pedimos para a jornalista e assessora de imprensa Thais Pimenta que atualmente vive em Portugal para apresentar outros artistas e bandas portuguesas que vem chamando a sua atenção.
13) Bruno Pernadas
Bruno Pernadas é compositor, produtor e multi-instrumentista de Lisboa e trabalha com diversas bandas como Minta & Thr Brook Trout, Real Combo Lisboense, Suzie’s Velvet, Julie & The Carjackers, Tape Junk, Kikagaku Moyo (do Japão), The Sun Ra project (como mentor e arranjador) e Montanhas Azuis.
Ele não tem medo de ousar e misturar em seus trabalho solo referências que vão do folk, passando pelo ambient, eletrônica, jazz e hip hop, como por exemplo, em seu disco How Can We Be Joyful in a World Full of Knowledge (2014).
14) Tiago Nacarato
Tiago Nacarato é um cantautor da cidade do Porto com raízes brasileiras e contato com a música desde cedo. Ele já participou do The Voice português e já colaborou com o rapper Marcelo D2 na faixa “Cadê Cascais”. Seu álbum de estreia, Lugar Comum, foi lançado em 2019.
15) Luís Severo
Luís Severo é um cantautor de Lisboa que versa sobre amores e desamores. Uma curiosidade fica pelo fato do músico ser também formado em sociologia. Suas primeiras músicas foram publicadas quando tinha 10 anos ainda no Myspace, já seu álbum de estreia foi lançado em 2015.
16) Benjamim
Em 2020 o músico português Benjamin lançou seu quinto disco de estúdio, Vias de Extinção. Além e cantor e compositor, o músico é produtor de artistas e bandas portuguesas como Flak, Lena D’Água, Joana Espadinha, Cassete Pirata, Márcia e Noiserv, entre outros.
17) Selma Uamusse
Selma Uamusse nasceu em Moçambique mas foi viver em Portugal aos 6 anos de idade tendo vivido sua vida toda no país. Ela acompanhou artistas como WrayGunn, Cacique’97, Gospel Collective e Rodrigo Leão antes de partir em voo solo quando em 2018 lançou seu debut, Mati.
Para a lista não ficar tão extensa, e quem sabe ter uma segunda parte, trouxemos mais três bandas portuguesas para somar a lista.
18) Ditch Days
Para os fãs de indie e dream pop a Ditch Days é uma excelente pedida. Também de Lisboa o som é bem viajante e em inglês. A estreia da banda veio com o disco Liquid Springs que busca resgatar a sonoridade dos anos 90. Em 2020 veio o segundo disco, Office Space.
19) The Lengendary Tigerman
The Legendary Tigerman é o nome do projeto do músico Paulo Furtado conhecido por integrar as renomadas bandas Tédio Boys e Wraygunn. Até 2014 ele tocava no palco sozinho guitarra, harmônica e bateria, além de utilizar microfones para efeitos, pedais de percussão, instrumentação eletrônica e até mesmo kazoo. Até então já foram sete álbuns, sendo o último, Misfit, lançado em 2018.
20) Norton
De Castelo Branco, a Norton é um banda de rock alternativo em atividade desde 2002 e até o momento já lançou cinco álbuns de estúdio, sendo o último Heavy Light (2020).
21) You Can’t Win, Charlie Brown
Em atividade desde 2009 a You Can’t Win, Charlie Brow também é uma banda assinada com a Sony de Portugal. Para quem gostar de psicodelia e rock alternativo, é uma excelente dica.
22) The Dirty Coal Train
Representando o garage punk em nossa lista temos a clássica The Dirty Coal Train com seu áspero som que nos lembra até mesmo a selvageria do The Cramps. Em 2020 o duo português celebrou seus 10 anos de carreira.
Gostaram da lista com bandas portuguesas? Faltou algum projeto? Conta pra gente nos comentários. Quem sabe em breve montamos uma segunda parte.
Bandas Portuguesas: Playlist no Spotify
Claro que não íamos fechar o post sem uma playlist com bandas portuguesas do post para você seguir e escutar no Spotify.
1 Comment
[…] “Salve, então era para o álbum ter sido gravado em março de 2020 após a Tour que faríamos em Portugal mas a pandemia chegou com tudo e desestabilizou o mundo […]