Jup do Bairro entrevista Apeles e vice-versa, lado a lado se apresentam no Balaclava Digital
O festival Balaclava Digital, parceria do selo Balaclava Records com a Heineken, começou na segunda-feira (19), e vai até o domingo (25), com uma série de entrevistas e debates, reunindo jornalistas, produtores, músicos, produtores de conteúdo entre outros profissionais. No fim de semana o evento contará com 12 shows, entre eles de artistas nacionais e internacionais, inclusive com colaborações inéditas entre artistas, entre elas o encontro entre Jup do Bairro e Apeles.
As transmissões já estão acontecendo na Twitch durante toda a semana e de forma gratuita. Além disso, de 26 a 30 de outubro, semana seguinte do festival, Fernando Dotta e Rafael Farah, sócios fundadores da Balaclava, vão dar início a uma série especial sobre as 10 edições do Balaclava Fest. Os 5 episódios serão exibidos no IGTV do selo comentando os bastidores das produções ao longo dos anos.
Entre os destaques temos artistas e convidados como Cansei de Ser Sexy, Mac DeMarco, Titi Müller, Lucas Silveira, Jup do Bairro, Sasami, YMA, Andy Bell, Mac McCaughan, Anthony Fantano, Josyara, Kiko Dinucci, Rachel Goswell, artistas do casting do selo paulista e muitas outras atrações que você pode conferir a programação completa no fim do post.
Entrevista: Jup do Bairro x Apeles
Prestes a realizar uma apresentação em conjunto no Balaclava Digital, Jup do Bairro e Eduardo Praça (Apeles) bateram um papo para contar mais detalhes sobre os backgrounds e visão sobre a arte.
Lembrando que o encontro vai ao ar no sábado, 24 de Outubro, às 21:00, pelo Twitch da Balaclava. Serão 3 canções: 1 da Jup do Bairro, 1 do Apeles e 1 leitura da Jup. Antes, na sexta-feira, 23 de Outubro, a Jup bate um papo com a Balaclava também no Twitch, às 18:00h.
APELES PERGUNTA PARA JUP DO BAIRRO
Com que idade e como você começou a frequentar a cena punk de SP? Se lembra dos primeiros shows que viu? Se sim, quais e como foram?
Jup do Bairro: “Meu pai sempre foi muito questionador, curioso e presente ao seu tempo. Lembro que nós meus primeiros flertes com o punk foi ainda muito jovem quando ele contava suas histórias, a importância do movimento… E eu vibrava muito com aquilo, ele realmente foi o meu anti-herói favorito. Em 2007, no ano em que ele desencarnou, foi um período muito complicado pra mim, um momento de muita insegurança, tristeza. Afinal, perdia muito mais que meu pai, mas um amigo fiel e parceiro.
Comecei a escrever, sem muitas pretensões, foi a forma que comecei a materializar os meus pensamentos. Nesse período, a zona sul estava com uma grande ascensão da cena punk e hardcore e foi quando tive meu segundo grande encontro comecei a conhecer o anarcopunk.
Ao mostrar meus textos e compartilhar meus pensamentos com aquelas pessoas que eu estava começando a me relacionar, foi quando me alertaram que aquele material poderia ser importante para outras pessoas e me apresentaram o fanzine, daí é quando eu começo a escrever meus pensamento e poesias.
Contudo comecei a frequentar, festivais, clubes, shows e não me lembro ao certo qual foi o primeiro, mas me lembro que eu era muito fã de Inocentes, Cólera, Garotos Podres, e batia cartão pra ver as apresentações de Dead Fish e não perdia o ABC pró HC, pois era a desculpa perfeita pra ouvir um emocore.”
Se você pudesse ter escrito qualquer música do mundo, qual seria?
Jup do Bairro: “Eu amo fazer parcerias, mas parcerias que façam sentido pra mim e que realmente me atravesse. Me encontrar com você (Eduardo Praça), foi além de um grande presente, um atravessamento gigante. Escrevi uma introdução para cantarmos juntos “A Alegria dos Dias Dorme no Calor dos Teus Braços” em uma única canetada justamente por ter pensado “eu poderia muito ter escrito isso aqui” pela contemplação.
Essa sensação aparece em vários momentos, de maneiras diferentes, mas confesso que sempre que ouço “Naquela Mesa” de Nelson Rodrigues e “Preciso Me Encontrar” penso que não poderia ter escrito, mas gostaria.”
Sua obra é repleta de temas hiper reais e vivenciados, que trazem as pessoas para dentro do seu mundo. Existe algum tema que você não tenha abordado que gostaria de abordar em próximas composições?
Jup do Bairro: “Em “CORPO SEM JUÍZO – EP” eu destrinchei muito sobre o corpo físico, o corpo social e inventado sob dores e delícias. Agora tenho muita vontade de dialogar com a física, tecnologia, bancos de dados, memórias… Sou fascinada por ficções científicas e teorias futurísticas. Pode ser que em algum momento eu traga esses elementos para o meu trabalho também.”
JUP DO BAIRRO PERGUNTA PARA APELES
A Ludovic foi formada em 2000, momento em que o rock nacional estava em grande ascensão. Nesses 20 anos, quais foram os maiores impactos que você conseguiu perceber no cenário musical e o que vislumbra para os próximos 20?
Apeles: “De fato, na época em que o Ludovic estava ativo, o rock nacional estava em outro momento, não que agora ele não esteja presente, mas de fato era um outro tipo de protagonismo. Uma das coisas que mais me chamam a atenção é o poder estético e criativo da tecnologia.
Antes, sem todas as facilidades que temos para produzir música em casa, você ainda precisava ensaiar e se encontrar com sua banda, produzir de forma orgânica, isso de certa forma colocou o rock e a cena musical em um fluxo criativo muito diferente.
Acho massa experimentar e fazer uso da tecnologia como ferramenta de inovação sonora, mas sinto falta dessa rotina orgânica de ter uma banda no começo do anos 2000. Eu acho que o uso da tecnologia vai ser ainda mais presente, já existem discos feitos com inteligência artificial por exemplo. Eu fico dividido, sinto falta do tête-a-tête, embora gosto muito de experimentar sonoramente.”
Em meio a uma guerra cultural, o veneno de ser artista no Brasil, a busca por streamings que mais faz os artistas trabalharem para as plataformas do que o contrário, uma desanimadora… o que ainda te faz acreditar na música?
Apeles: “Belos pontos, realmente essa corrida contra os streamings pode ser realmente nociva para a comunidade criativa, eu mesmo me peguei algumas vezes refém disso e precisei repensar minha relação com tudo isso. O momento em que decidi fazer música sabia que isso seria uma força sobrenatural que estaria fora do meu plano de controle.
Quando penso na quantidade de adversidades que viver de música e arte nos traz e que mesmo assim estou lançando música e criando nos últimos 20 anos, sei que tudo é muito maior que essas dificuldades. Tenho minhas crises existenciais mas no geral sou muito grato e feliz por ter a oportunidade de me entregar ao mundo dessa forma.
O privilégio de se expressar artisticamente é enorme também, como por exemplo, nossa parceria foi de longe uma das oportunidades mais empolgantes que tive em tempos!”
O que você tem escutado no momento e com quem gostaria de colaborar artisticamente?
Apeles: “Tenho escutado muita coisa diferente, sem repetir muito. Vou dizer 3 tracks que ouvi e me acompanharam nos últimos meses. Ryuchi Sakamoto “Andata (Electric Youth Remix)”; Fellini “Ambos Mundos”; The Cleaners From Venus “The Crystals and Ronettes”.
Confesso que uma das artistas que queria colaborar era você, e realizei essa vontade, estou muito feliz e honrado. Passando para um plano internacional, tem duas cantoras que ouço muito e que sonharia em colaborar de algum jeito, U.S. Girls e uma cantora nova britânica chamada Sinead O Brien.”
Programação Balaclava Digital:
22/10
Debate: Novas formas de gerar conteúdo musical audiovisual com TikTok, Instagram e Twitch
Comandado por Alex Correa (Digital Marketing Manager na T4F), Roberta Guimarães (TikTok), Wladimir Winter (Head of Content and Partnerships da Twitch) e Pedro Antunes (ex-editor-chefe da Rolling Stone Brasil e criador do Tem um Gato na Minha Vitrola), irão debater sobre artistas tendo que se reinventar nas novas redes e como transformar a avalanche de informações recebida diariamente nas timelines das redes sociais em algo benéfico.
Entrevistas: Marcos Boffa e Titi Müller
Marcos Boffa, um dos mais importantes produtores de festivais de música e shows internacionais no país, e Titi Müller, apresentadora do Multishow desde 2013, ex-VJ na MTV Brasil entre 2009 e 2013.
23/10
Debate: Diversidade de gêneros e raças no cenário independente
Isis Vergílio (colunista da ELLE, Marie Claire, Geledés e Harper’s Bazaar, produtora da filósofa Djamila Ribeiro e do grupo As Bahias), estará a frente do debate que irá discutir sobre a representatividade de mulheres, negros e LGBTQIA+ na cena artística.
Como palestrantes na mesa estão Lucas Manga (produtor do Festival Bananada e empresário da Pabllo Vittar), MEL (cantora e apresentadora, ex-Banda Uó) e Paola Wescher (Popload, Festival GRLS!).
Entrevistas: Ash Kenazi e Jup do Bairro
Ash Kenazi, artista queer e drag, baterista co-fundadora da banda inglesa Happyness, e a multifacetada cantora, educadora, performer, atriz e ativista do movimento LGBTQ+ Jup do Bairro, serão as pessoas entrevistadas no dia em que o tema do festival é sobre diversidade.
24/10 e 25/10 – Shows
Durante o final de semana do festival Balaclava Digital (24 e 25/10) o público poderá assistir encontros musicais inéditos, entre eles Scalene + Josyara, Apeles + Jup do Bairro, Giovani Cidreira + Jadsa, Kiko Dinucci, Brvnks e Fabiano do Nascimento, além dos internacionais Andy Bell (RIDE e Oasis), SASAMI, Melkbelly, e Mac McCaughan do Superchunk. Os detalhes com a programação e horário dos shows será divulgado em breve.
Entrevistas: Anthony Fantano e Mac DeMarco
Por fim, Anthony Fantano, youtuber americano, crítico de música, conhecido por seu canal relacionado à música no YouTube, The Needle Drop, e o canadense Mac DeMarco serão os entrevistados desse dia do Balaclava Digital.
Shows:
ÀIYÉ + Odradek
Andy Bell
Brvnks
Apeles + Jup do Bairro
Fabiano do Nascimento
Giovani Cidreira + Jadsa
Josyara + Scalene
Kiko Dinucci
Mac McCaughan
Melkbelly
SASAMI
Walfredo em Busca da Simbiose + YMA
Debates e Entrevistas:
Alex Correa
Ana Garcia
Anthony Fantano
Ash Kenazi
Cansei de Ser Sexy
Ciro Hamen
Coy Freitas
Edimar Filho
Isis Vergilio
Juli Baldi
Jup do Bairro
Kassin
Kiko Dinucci
Lucas Manga
Lucas Silveira
Mac DeMarco
Marcos Boffa
Matt Wilkinson
MEL
Michelle Cable
Monica Agena
Paola Wescher
Pedro Antunes
Rachel Goswell
Roberta Guimarães
Titi Müller
Tomás Bertoni
Vanessa Brandão
Wladimir Winter
Ynaiã Benthroldo
Zé Ricardo
Campanha Social
Durante toda a semana de realização do projeto, será promovida uma campanha de doação dedicada a profissionais do backstage no Brasil, duramente afetados pela pandemia da COVID-19 e que necessitam de auxílio financeiro com urgência.
Todo o valor arrecadado será destinado a um grande grupo de profissionais que fazem parte dos bastidores de eventos, como engenheiros de som, equipes técnicas, roadies e produção de campo que habitualmente atuam em shows e festivais musicais que, infelizmente, estão suspensos desde março. Durante a transmissão dos conteúdos do Balaclava Digital, será exibido na tela um código QR Code que facilitará ao público as doações para a causa.
SERVIÇO:
Balaclava Digital
Datas: 19 até 25 de outubro
Horário: Segunda à sexta: 18h às 22h / Sábado e domingo: 17h30 às 22h
Local: Canal da Balaclava Records na Twitch (Twitch.tv/BalaclavaRecords)