Lista

25 discos nacionais fora do hype do primeiro semestre (2024)

Discos fora do Hype para conhecer lançados no primeiro semestre (2024)

Meio ano se passou e provavelmente você se deparou com listas parciais de Melhores do Ano até aqui. Saiu até mesmo a lista da aclamada APCA com 25 discos. Nada contra essas listas, pois são importantes para ajudar com que artistas independentes tenham cada vez mais circulação… mas e os discos de artistas emergentes fora do hype deste radar?

Aqueles de artistas que tem potencial, mas que por estarem em uma fase inicial da carreira ou não terem os holofotes da mídia, acabam passando um pouco distantes. Seja por desconhecimento dos curadores, seja por não contemplar o background de quem a faz, seja por não ter um apoio promocional de grandes gravadoras ou distribuidoras. E tudo certo, mas nem por isso merecem ser esquecidos. Pensando nisso, decidi fazer a lista de discos fora do hype lançados nesse começo de 2024 como uma brincadeira.

Totalmente experimental, já que é a primeira vez que faço por aqui, então sugestões e críticas sempre serão bem-vindas. Se servir para você orelhar e ampliar seu repertório de artistas, ou até mesmo dar uma chance para aquele artista que você já conhece, mas não deu tanta moral na primeira audição, sinto que já consegui alguma coisa.

Como curiosidade, ao todo foram ouvidos até aqui 124 discos e 30 EPs, todos nacionais. Claro que gostei de muitos mais, mas pelo critério de estar fora do hype, limitei a elencar eles sob esse conceito. Outros do primeiro semestre que gostei muito, mas que os artistas já gozam de certo prestígio de popularidade, estarão na nossa aguardada lista de Melhores Álbuns Nacionais (2024) que sai em dezembro.



25 Discos fora do Hype lançados no primeiro semestre (2024)

Ao todo a lista com discos fora do hype conta com 22 álbuns e 3 EPs, sim, decidi não excluir estes trabalhos. Essa lista também não terá ordem de importância, por isso ela foi feita na ordem alfabética. Vamos lá!

Antônio Neves Deixa Com a Gente

Quando Antônio Neves lançou seu primeiro disco até mesmo alcançou listas de melhores do ano, mas o seu segundo é ainda melhor. Lançado pelo selo Mexxe, samba, gafieira, choro e jazz andam juntos em harmonia, muito obrigado. O universo do Vasco até mesmo conduz sua narrativa, vale a pena o play!

Anvil Fx Mulher Elefante (EP)

Se você gosta de post-punk, jazz punk, sintetizadores e todas as experimentações sonoras dos inferninhos dos anos 80, esse projeto vai cair como uma luva em sua próxima playlist. Apesar da mostra ser de apenas 3 músicas, você será teletransportado para uma garagem clandestina com luzes neon assim que ouvir.

Arthur Melo Mirantes Emocionais

O mineiro Arthur Melo faz um passeio ao passado no interessante Mirantes Emocionais com muita classe e revisitando a estética dos discos dos anos 70 e 80. Até mesmo a mixagem de Kassin encaixa como uma luva em um álbum experimental que brinca com guitarras e dissonâncias. Rock, MPB, experimental, tem espaço para tudo. Um pop retrô sem soar blasé!

Barona Quase Pronta Mixtape

Imagina um disco envolvente com muito flow que mistura ritmos tão em alta como drill, grime, house e trap, esse é o caso de Barona na mixtape Quase Pronta. Sem papas na língua ela fala sobre suas vivências, sem censura, com beats interessantes em pouco menos de 25 minutos.

Black Pantera Perpétuo

Se teve um disco de rock que chamou a atenção por explorar uma estética que não víamos com tanta frequência desde meados dos anos 2000 no cenário nacional foi o do Black Pantera. O trio mineiro mistura metal, crossover, funk metal, hardcore, new metal e um discurso de empoderamento negro com canções de denúncia social, política e emancipação em um momento de urgência. Altamente recomendado para fãs de Ratos de Porão e Devotos.

Bruno Berle No Reino dos Afetos 2

Confesso que não sou grande fã do primeiro álbum de estúdio, mas o segundo acredito que Bruno Berle conseguiu encontrar uma estética interessante. O músico de Maceió (AL) dá um salto na qualidade da produção, deixando seu R&B lo-fi mais encorpado de elementos. Programações, samples, baterias eletrônicas e sintetizadores aparecem de formas criativas para contar suas histórias dialogando com a música global.

Recomendado para quem gosta de Bebé que lançou um dos discos mais interessantes do ano até aqui.

Chococorn and the Sugarcanes Siamês

Essa lista foi feita para discos como esses alcançarem o devido reconhecimento. Não é sobre estar pronto, é sobre o caminho muitas das vezes que fazem a gente enxergar a guinada das bandas no cenário independente.

Apesar de rotulado como emo caipira e ter toda a influência do midwest emo, não se restringe a isso e dialoga também com aquela geração de bandas do rock alternativo estadunidense do fim dos anos 80 e começo dos anos 90.

A banda de Santa Bárbara D’Oeste (SP) claramente ainda tem muito do que evoluir, mas já mostra que tem um caminho para explorar. E ter banda não é sobre isso?

Crizin da Z.O. Acelero

Mais uma vez a QTV lançando um disco experimental que você não sabia que deveria ouvir. O projeto mistura funk carioca, cruzando os territórios do samba ao rap, do punk ao gabba, da música do Oriente ao pagodão baiano, sem limites para a provocação sonora como parte da estética. Ironia, lifestyle, futurismo distópico, provocação e altas doses de adrenalina fazem parte deste lançamento. Depois me conta o que achou!

Dead Fish Labirinto da Memória

Você deve estar perguntando, o que Dead Fish, uma banda consagrada, faz por aqui? Simples, esse disco não tem sido valorizado o tanto quando merece. Nele eles voltam as suas raízes de uma forma diferente da agressividade política do elogiado último disco lançado na combustão do governo Bolsonaro.

Eles olham para as próprias raízes, das histórias da infância, para as amizades, o amadurecer mas sem deixar de lado a crítica social. Tudo isso de forma pulsante e sem perder a urgência que os levou até aqui.

El Presidente Beleza Tem Cura

De um projeto solo idealizado por João Mario, El Presidente hoje em dia pode ser considerado um supergrupo de Sergipe já que sua formação atual além de João conta com Gabriel Perninha (The Baggios), Fábio Aricawa (Cidade Dormitório) e Gagau. Altamente recomendado para quem gostar de rock psicodélico e da neo-psicodelia.

Falha Falha

FALHA é o novo projeto de Victor Meira, da Bratislava e Godasadog, onde explora experimentações com elementos de indie e synthpop e abraça o universo da ficção científica, religiosidade e o futuro distópico.

O lo-fi e o hi-fi em choque de uma forma interessante com direito a história que abrange um novo planeta e até mesmo a inteligência artificial. A literatura, de autores como Arthur C. Clarke, Asimov, Philip K. Dick, Ursula K. Le Guin, Aldous Huxley e George Orwell também marca presença.

Glover. Dessa Vez é De Verdade (EP)

EPs de estreia sempre são momentos onde tem muita expectativa por mostrar suas primeiras composições e o universo do midwest emo de bandas como American Football aparece no radar do grupo paulista que capricha na mixagem do EP Dessa Vez É De Verdade. Divertido, dramático, com energia da juventude e bem executado. Daqueles 15 minutos que passam rápido para gente querer ouvir mais.

Gracinha Corpo Celeste

De vez em quando aparecem discos no radar que não chegam por lugar nenhum. Esse foi assistindo vídeos no youtube, me interessei e logo que saiu o disco me surpreendi positivamente com um trabalho que fala sobre temas sensíveis como a solidão. De São João de Meriti (RJ), mas radicada em Natal (RN), a artista trás em suas músicas a vivência como mulher negra e lésbica, viajando pelas ondas do indie pop, psicodelia e dream pop sem perder a brasilidade.

Irmão Victor Micro-Usina

Há anos que o gaúcho Irmão Victor lança discos interessantes e um tanto quanto dadaístas, sempre a margem do reconhecimento que deveria ter. Seu repertório tem doses de ironia, bom humor, arranjos sofisticados e experimentais, ora pops, ora esquisitos que geraram um reconhecimento interno da cena. Micro-Usina saiu pelo selo paulistano Seloki Records e faz uma viagem psicotrópica por assim dizer.

Jota.Pê Se Meu Peito Fosse o Mundo

Com seu pop suave que mistura uma série de ritmos brasileiros, como o samba-rock, Jota.Pê (ÀVUÀ) consegue impressionar por sua versatilidade e canções que ficam na sua cabeça com facilidade, além claro, dos arranjos. O material tem faixa com Gilsons, parceria com João Cavalcanti e uma releitura de “A ordem natural das coisas” do Emicida.

Labatú Past Months (EP)

Sabe aquele indie rock dançante dos anos 2000 mas que dialoga com a psicodelia? É para esse lugar com o EP com 6 faixas do Labatú nos leva. Leve, divertido e de fácil assimilação, daquelas que encaixamos numa playlist para relaxar depois de um dia exaustivo. Sabe Copacabana Club? Para essa mixtape, ou melhor dizendo, playlist.

O EP 01 do Paira também podia encaixar nessa lista, então se não conhece ainda eles, leia a resenha.

Lauiz Perigo Imediato

Na maioria das vezes a música surge da inquietação de produzir. Ela, diferentemente de outras atividades, não precisa ter regras ou preceitos. Ela precisa pulsar e chegar em algum lugar onde gere conexão. Mesmo que seja por explorar universos paralelos, gerar entretenimento, nos tirar daquela letargia que a rotina de compromissos e reuniões coloca, por sua vez, os reles mortais em situação de estafa. Ela pode também ser divertida e nos teletransportar para cenários e lugares que achávamos que nunca íamos conhecer e desfrutar.

Esse é o cenário perfeito para introduzir o universo nonsense, quase dantesco, e repleto de referências do Spaghetti Western, presente no segundo disco de Lauiz, Perigo Imediato. O músico, que integra a banda paulistana Pelados, onde também assume as teclas e os beats, disponibiliza o sucessor do Disco Rosa do Lulinha (2022), e com uma dose debochada de ironias, e esporas, mas sem colocar aquela bota horrorosa da Havan da Joelma, navega pelos cenários áridos do country estadunidense.

Lauiz também já trabalhou em discos e faixas de bandas como Últimos dias disso, Celacanto, Sophia Chablau, Besouro Mulher, João Barisbe, Cambaia e Marina Melo, tanto como engenheiro de mixagem quanto na produção.

Através da Matraca Records, o disco conta ao todo com 8 faixas. O material reúne participações de seus colegas de Pelados, Theo Ceccato, Helena Cruz e Vicente Tassara, e o baile de secreto rodeo town fica completo com feats de YMA, Farme e João Barisbe.

Leia a resenha completa

Malu Maria Nave Pássaro

Em março foi lançado o disco Nave Pássaro, produzido pela cantora e compositora Malu Maria em parceria com o músico, multi instrumentista e produtor cearense Dustan Gallas (Cidadão Instigado). O terceiro disco da cantora natural de Ilhabela (SP) conta com 9 faixas com referências da música eletrônica, da MPB, do rock e de outros estilos.

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Os Fonsecas Estranho Pra Vizinha

Se você acompanha o rock subterrâneo de São Paulo, já deve ter se deparado com Os Fonsecas. O quarteto formado por Caio Colasante (guitarra), Felipe Távora (vocal), Thalin (bateria) e Valentim Frateschi (baixo), está junto desde 2019, e tem tentado explorar diversas sonoridades, tendo seus membros feito parte de projetos bem diferentes por si só.

Estranho pra Vizinha, tem um pouco de tudo que viveram, eles contam que a estética nonsense tem referência até mesmo do teatro. As gravações se iniciaram ainda em 2022, sendo um disco já pós-pandêmico, por sua natureza.

O interessante do novo material é justamente a parte de pesquisa estética que tem como ponto em comum justamente a música dos anos 70. Do jazz, do progressivo, do psicodélico, da música eletrônica, tudo aflorou na música pop naquela década e eles novos absorvendo e fazendo sua própria releitura faz disso tudo algo ainda mais interessante.

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Papisa Amor Delírio

Depois de Fenda, Papisa muda a frequência em Amor Delírio em disco que tem até mesmo feat com a Luiza Lian. Nele ela questiona o amor romântico sob um olhar sobre as próprias relações e de outras pessoas. Da angústia passando pela ilusão e a desilusão… do quente ao frio. Não entregando as respostas de bandeja mas propondo o exercício. A psicodelia e a experimentação eletrônica ganham ainda mais corpo nesse novo trabalho que sai da sua zona de conforto de diferentes formas.

Paula Cavalciuk Pangeia

O novo disco de Paula Cavalciuk é repleto de histórias e transformações na vida pessoal da artista. O material foi gravado entre março e abril de 2022, período em que a artista completava o último trimestre de gestação de sua filha. O pop e o rock alternativo aparecem com mais protagonismo neste novo registro, mas sem perder sua leveza e raízes brasileiras. Até mesmo o jeito orgulhoso caipira, não fica de fora, a viola se faz presente.

Entre os contextos do disco, suas perspectivas sobre a intensidade de tudo que está a sua volta permeou o trabalho, desde a maternidade, a quarentena pandêmica, os problemas sociais das metrópoles e a ânsia por lançar um trabalho novo depois de tanto tempo.

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Thalin, Cravinhos, VCR Slim, iloveyoulangelo e Pirlo Maria Esmeralda

Para mim esse é um dos grandes discos de 2024 e eu vi pouquíssima gente comentando sobre, pois é. O selo Sujoground juntou Cravinhos, Thalin, VCR Slim, iloveyoulangelo e Pirlo e nomes como DonCesão, do trapper tchelo rodrigues, yung vegan, Servo, RUBIQuiriku e Marília Medalha nas participações em um projeto grandioso que potencializa a união. A mistura estética que engloba vários ritmos além do rap, e colagens sonoras, me impressionou por si só. Assim como a sua narrativa que te prende do início ao fim.

“O o álbum conta a história do eu lírico Maria Esmeralda, que não se passa nos dias atuais. Entendemos a narrativa e a cronologia ao longo das faixas, onde se mescla a estética do cinema marginal, puxando a MPB e o conceito da ruptura cultural, com uma nova roupagem, a união entre o nostálgico e o novo, utilizando elementos tenros nas produções musicais.”, contam os integrantes do projeto

The Self-Escape Save My Name

Referências de Two Feet, alt-J, The Weeknd e Polyphia são algumas que orbitam o univero do recifense Felipe Buarque em seu projeto The Self-Escape, que mistura rock, pop, música eletrônica, beats, e progressoões em Save My Name. Cenários cinematográficos, transposições sonoras e colagens acabam englobando o universo do projeto que capricha na produção.

Romances, lidar com traumas, ansiedade, luto, despedidas e amadurecimento entram nas temáticas. O registro ainda tem a participação de Pupillo (Nação Zumbi).

Taxidermia Vera Cruz Island

Quem volta a dar as caras por aqui é o duo Taxidermia, formado pelos baianos Jadsa e João Milet Meirelles (Baiana System) que enfim lançam seu primeiro disco explorando sintetizadores e frequências sonoras experimentais eletrônicas. Não bastasse o arsenal do duo, eles ainda chamaram para colaborar nas faixas do seu primeiro disco, Vera Cruz Island, nomes como Bruno BerleIara RennóYan CloudTuyoRei LacosteToriPedro BienemannChico CorreaVírus e Vuto.

Umnavio ~linhas tortas~

Lembro de ouvir Umnavio ainda bem novo quando estava começando a navegar pelo universo do rock alternativo brasileiro. Ainda com o rótulo de banda emo que acho que pouco encaixa nesse novo trabalho. Fato é que não cheguei a ouvir o álbum de 2020, então quando esse disco chegou para mim neste ano foi como voltar para 2009.

O disco em si é curto mas reflexivo, com arranjos e melodias interessantes, flutuando entre o math-rock, indie, midwest emo, post-rock e porque não dizer, pop rock. Em uma fase muito mais madura nas produções de quando eram jovens mas sem perder aquele mesmo espírito de narrativas que permeiam as vivências do cotidiano em pequenos desabafos. Daquelas dicotomias da vida.

E você, quais discos fora do hype sentiu falta na lista?

This post was published on 11 de julho de 2024 9:47 am

Rafael Chioccarello

Editor-Chefe e Fundador do Hits Perdidos.

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