Nuven faz feat com Ale Sater, do Terno Rei, em “Par de Ondas”
Gustavo Teixeira é a alma por trás do projeto eletrônico Nuven. Sempre buscando inovação, o músico parte para experimentações, mixagens, ambiências e tenta trazer sensações diversas para o ouvinte.
A cada trabalho o músico se renova e traz novidades com muito frescor. Muito disso por seu constante trabalho de pesquisa por diversos estilos e perfeccionismo nítido em que podemos notar novos detalhes a cada audição.
No dia 14/08 0 EP Hiperreal chegará às plataformas de streaming pelo selo Balaclava Records. Após o lançamento do primeiro single, “Instante“, Nuven apresenta apresenta “Par de Ondas”, faixa em parceria com Ale Sater (Terno Rei). Aliás é o terceiro single do projeto que ganha a participação do amigo de longa data.
“Com o Ale, já tínhamos feito duas faixas juntos antes, “Circulares” (single de 2015) e “Entre Águas” (álbum Partir de 2016).”, conta Teixeira
Nuven “Par de Ondas” (feat. Ale Sater)
O single “Par de Ondas” passeia entre o lo-fi, a eletrônica, o alternativo e faz com que o ouvinte navegue por suas camadas melancólicas e reflexivas. Os vocais de Ale Sater, do Terno Rei, passam distintas sensações. Um misto entre a fragilidade da vida e nossa busca pelo autoconhecimento e lugar no mundo.
Suas passagens vão trazendo variações em seu andamento que funcionam para guiar o ouvinte em meio a estranha sensação de estar perdido dentro de um grande labirinto.
Por conta da Quarentena, e a mudança de planos para o lançamento, a faixa acabou ganhando um acabamento que surpreendeu até mesmo os envolvidos no processo como relata Gustavo Teixeira em entrevista exclusiva para o Hits Perdidos.
A Parceria e os detalhes do EP
“A voz me inspirou a mudar os timbres que eu já havia escolhido, levando a intenção da faixa para outro lugar. Mudei os sons da bateria, os sintetizadores, o órgão virou piano e reestruturei tudo para que ficasse mais com um formato de canção”, conta Gustavo Teixeira (Nuven) sobre o processo
Segundo o músico o EP “evoca um sentimento de melancolia e fragilidade e, ao mesmo tempo, reflexão e esperança”, o que tem tudo a ver com nossos tempos tão estranhos e que nos trazem a sensação constante de insegurança. O lançamento contou com a produção e mixagem de Gustavo Teixeira e a masterização é assinada por Gialuca Girard.
O Videoclipe
Para a experiência imersiva ficar ainda mais completa, a faixa ganhou também um videoclipe dirigido por Nicolas Camargo. As cenas foram filmadas entre a cidade de Urânia (SP), e Aparecida do Taboado (MS); e trazem consigo uma narrativa existencialista.
A travessia individual de um viajante é ilustrada através de elementos do gênero Road Movie. Para ilustrar a jornada em busca do autoconhecimento, serviram como elementos: os cenários, os filtros, as cores e sua imensidão. Traduzindo assim em telas o ato da reflexão e simbolizando a difícil missão de encontrar-se em meio a multidão.
O clima de paz do interior ajuda a deixar a narrativa ainda mais profunda e mostra de maneira bastante sensível: a busca pela liberdade.
Ficha Técnica
Direção e Fotografia: Nicolas Camargo
Montagem: Tiago Feliciano
Personagem: Thiago Vinícius Souza
Assistente de câmera: Melmoarah Amaral
Cor e finalização: Marco Wey
Entrevista: Nuven
Conversamos com o Gustavo Teixeira para saber mais detalhes sobre a canção, videoclipe, processos, quarentena e o lançamento do novo EP via Balaclava Records.
Você estava já com o processo avançado do single quando veio a pandemia e tenho visto que isso acabou mudando o planejamento de diversos projetos. Muitos até dizem que o período tem sido ótimo para retoques mas péssimo para criar, por mais que cada um tenha o seu próprio flow em sua “Quarentena” particular.
No caso do EP que será lançado daqui a duas semanas como isso acabou acontecendo? Conseguiu trabalhar mais as ideias e acabamentos? Como foi o processo para você?
Gustavo (Nuven): “Quando veio a quarentena em março, eu estava no meio do processo de mixagem do meu EP, que no meu planejamento inicial era pra sair em Maio. Porém, estava um me sentindo meio frustrado com a mixagem dele e resolvi brecar o processo e tentar solucionar esses incômodos.
Com isso, reiniciei as mixagens praticamente do zero, comprei um curso de mixagem e aos poucos fui tentando melhorar em alguns aspectos técnicos.
Nas minhas produções, diria que a mixagem consome 70% do tempo gasto em uma faixa, e isso sempre foi um aspecto intimidante pra mim, então acabei aproveitando essa quarentena para focar bastante nisso e tornar o processo menos doloroso e mais efetivo.”
Além da parceria com o Ale, Hiperreal também terá participação do Eduardo Praça (Apeles) queria que comentasse mais sobre como se desenrolaram os processos, o andamento das faixas, trocas de referências e a conexão no momento de gravação.
Gustavo (Nuven): “O desenrolar das participações foi super tranquilo em ambos os casos, são dois artistas talentosos que além de serem amigos próximos, tornaram o processo todo muito fácil. Com o Ale, já tínhamos feito duas faixas juntos antes, “Circulares” (single de 2015) e “Entre Águas” (álbum Partir de 2016).
Já com o Edu, foi a primeira vez que trabalhamos juntos. Eu já tinha gravado um arranjo no primeiro álbum do Apeles mas com o Nuven já vínhamos conversando sobre fazer algo há tempos, até que deu certo agora.
“Par de Ondas”: mandei umas 3 ideias instrumentais que tinha no HD pro Ale, ele escolheu uma e alguns dias depois veio aqui em casa para a gente gravar. Não foi nada muito direcionado ou com alguma referência específica em mente, pelo contrário, com ambos fiz questão de deixá-los livres pra ver o que saía.
A gravação com o Ale foi umas duas semanas antes do início da quarentena. Ele veio, gravou os takes, estruturamos um pouco melhor e depois foi mais uma questão de eu rearranjar a faixa que era instrumental, tirar coisas, colocar outras, mudar timbres e tentar fazer a voz e o instrumental fazerem parte do mesmo mundo.
Nuven “Janela” (feat. Apeles)
“Janela”: Já a faixa com o Edu, gravamos em Dezembro, um pouco antes do Natal. Começamos a ideia a partir de um beat que eu fiz e, no dia mesmo, ele fez um esboço de uma letra e gravamos em casa para registrar a ideia.
Depois disso, a mesma coisa, arranjei melhor a estrutura da música, troquei alguns timbres e as vozes finais ele gravou quando estava em Berlim. Depois, o processo foi similar com a do Ale, fazer com que a voz e o instrumental fizessem parte do mesmo mundo.
Ouvindo o single consigo perceber bastantes colagens e um detalhe na mixagem para trazer sensações.
Quais artistas e trabalhos de engenharia de som acabaram servindo como referência para chegar no resultado que gostaria? Em relação aos elementos, quais ferramentas ou drivers curtiu brincar durante o processo?
Gustavo (Nuven): “Me inspiro muito em diversos estilos musicais diferentes, tanto dentro da música eletrônica como em outros gêneros.
Me interesso muito por síntese sonora e manipulação de áudio. De uma maneira geral, meu som é uma mistura entre sequenciar sintetizadores e criar beats via software, transformar samples de diversas fontes ou mesmo gravações que faço com meus sintetizadores e guitarras em algo novo, seja mudando a tonalidade, colocando a gravação em reverso, mudando a velocidade dos samples, processando ou colocando efeitos.
Tento captar a espontaneidade e experimentação do momento em que estou criando e, depois, organizar e explorar o material gerado de uma forma que se torne em uma composição que tenha um formato de “começo, meio e fim”.
Citando alguns trabalhos de artistas que são referências mais diretas para o meu som e que tenho ouvido ultimamente, diria; Clams Casino, Patricia, Drip-133, nthng, Shlohmo, Four Tet, Alix Perez, Occult, Akasha system, Knxwledge, Gigi Masin, Jim-E Stack, Lapalux, Mall Grab, Congi, Tourist, markus homm, Baltra, Freddie Joachim entre outros.”
O clipe também mostra uma autodescoberta em sua narrativa. Esse será o conceito central do EP? Conte mais sobre o roteiro e a sensação que gostariam de transmitir tanto com faixa e como com vídeo?
Gustavo (Nuven): “O clipe foi dirigido pelo meu Nicolas Camargo, amigo que admiro muito o trabalho como fotógrafo, tanto que as fotos que se tornaram as capas dos singles e do EP são todas dele.
Quando ele sugeriu a ideia de fazer um clipe e comentou a respeito do roteiro que havia pensado para “Par de Ondas”, na hora me identifiquei com o que ele tinha em mente.
O clipe traduz bem a sonoridade dessa faixa, mas o EP acabou ganhando um conceito mais amplo. A participação do Apeles por exemplo, já vai para outro lado. Acredito que a música eletrônica acaba me expandindo a possibilidade de trabalhar em diversos conceitos mesmo que dentro de um mesmo material e como na maioria do tempo eu produzo tudo sozinho, tendo a ficar experimentando o máximo de possibilidades o possível para não me entediar.
O nome do EP Hiperreal veio depois que as músicas já estavam prontas, foi um termo que me despertou a atenção e de alguma forma traduziu a sensação do EP para mim.”
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