Thunderbird apresenta em disco solo “Música feita por amigos músicos antifascistas para divertir”
Thunderbird – Foto: André Peniche
Nascido em São Paulo no dia 8 de abril de 1961, Luiz Thunderbird é apresentador, VJ, músico, podcaster, youtuber e radialista. Considerado por muitos uma enciclopédia musical, ele possui projetos como Devotos de Nossa Senhora Aparecida, desde 1986, e por curtir tanto o nome do carro Ford Thunderbird acabou adotando o apelido.
Thunderbird tinha tudo para ser um cirurgião-dentista, onde provavelmente seria infeliz, mas a comunicação e a televisão acabou mudando o seu destino. Conhecido por seu trabalho na MTV, seu senso de humor, conhecimento musical, habilidade como entrevistador e jargões, ele não para de acumular projetos. Seja como músico ou como comunicador.
Os Projetos do Thunderbird
Sua primeira banda foi a Cannabis Sativa, ainda na década de 80, pouco depois veio a Devotos. Já foi baixista do Jupiter Maçã e é um acumulador nato de projetos como Aerosol, Tarântulas e Tarantinos, Pork-a-Light, Flaming Birds, Los Beatles Forevis, Fuck Berry and the Followers, Sub Versões e Oldsmobile Special Edition.
Após o fim da MTV Brasil, a eterna da Abril, não parou e hoje apresenta o podcast Thunder Radio Show na Central 3, onde continua a trazer novidades, músicos, políticos e críticos em um papo super alto astral. E também o canal de Youtube Thunder Music Vision, onde podemos aprender muito sobre o mundo da música e suas curiosidades.
Thunder até mesmo já dirigiu um documentário sobre a Lucinha Turnbull e ele mesmo contará mais detalhes em entrevista exclusiva feita para o Hits Perdidos.
A Grande Novidade!
No fim de maio Thunderbird apresentou o single “A Obra”, faixa que estará presente no primeiro disco que assina solo. A canção é uma versão repaginada da faixa do Sexo Explícito e ganhou um baixo pulsante com um levada punk jazz à la Patife Band, inclusive ela ganhou um videoclipe feito no melhor estilo Quarentena.
A faixa está presente em Pequena Minoria de Vândalos que sairá pelo Selo Freak. Disco music, punk rock, eletro rock, funk, jazz, sopros rasgados, instrumentos bizarros e versões revisitadas de canções acabam equalizando perfeitamente ao momento político nacional atual.
Trabalho feito com a participação de amigos como Odair José, Pedro Pelotas (Cachorro Grande), Lucinha Turnbull, Julito Cavalcante (BIKE), Zé Mazzei (Forgotten Boys) e Ricardo Kriptonita.
Como Thunder afirma na entrevista “Música feita por amigos músicos antifascistas para divertir, entreter e embalar a todos.”
Ficha Técnica de “A Obra”
Luiz Thunderbird (vocais, kazoo, efeitos e arranjos), Daniel Brita (trompete e arranjos), Gustavo Boni (baixo, guitarra base), Marco Polo Pan (guitarra solo) e Caio Lopes (bateria).
A produção é assinada por Daniel Brita e Luiz Thunderbird. O disco foi gravado no dia 15 de dezembro de 2019 no Estúdio Lamparina. Teve mixagem realizada por Daniel Brita e Luiz Thunderbird e foi masterizado por Lamps Lampadinha em Los Angeles.
Entrevista: Thunderbird
Para a entrevista realizamos uma espécie de Roda Viva do Hits Perdidos. Participaram da elaboração das perguntas Ananda Zambi, Diego Carteiro, além do editor do Hits Perdidos, Rafael Chioccarello. O resultado deste bate-papo descontraído você confere logo abaixo.
O primeiro single de seu disco solo, “A Obra” é uma versão da banda dos anos 80 Sexo Explícito composta pela dupla incrível John Ulhoa e Rubinho Troll que no Pato Fu continuaram a parceria em diversas composições (como em “Mamãe Ama É O Meu Revolver”, “Mamã Papá” e “O Mundo Ainda Não Está Pronto”).
A música que continua atualíssima, ganhou uma versão que soa bem experimental entre o punk jazz, algo que bandas como o Minutemen ou até mesmo a querida Patife Band fariam. O que te motivou a regravar a faixa?
Thunderbird: “Na verdade, a música foi composta pelo John, o Rubinho e o Marompas, baixista da S.E. na época. Antes de fazer os arranjos e ensaiarmos por uma tarde, promovi uma imersão nos sons do James Chance.
Sim, acho que o baixo modular acaba lembrando a sonoridade da Patife mesmo. A intenção era fazer o ouvinte dançar, mas com toda a estranheza possível. Acho que atingi meu objetivo.”
O que te fez sentir necessidade de gravar um disco novo? Quais foram suas principais referências para a concepção dele? Qual a mensagem que o Thunderbird hoje quer passar?
Thunderbird: “Eu gravaria um disco novo dos Devotos de Nossa Senhora Aparecida, mas resolvemos aguardar até 2021, quando a banda completará 35 anos de existência. Faremos esse disco no ano que vem.
Eu senti necessidade de fazer algo diferente dos Devotos. Algo que já havia experimentado com o Pork-a-light em 2005. Gravamos o disco que ficou apenas pra gente ouvir. Acho que o Michel Kuaker (engenheiro de som daquele disco) está remasterizando o disco. Poderá ser relançado em breve.
Quando me decidi pelo primeiro disco solo, optei por convidar vários produtores diferentes, incluindo eu mesmo como co-produtor das faixas. Eu adoro gravar, mixar, ver a música crescer e tomar forma.
Consegui uma parceria com o Freak Estúdio, selo que está lançando esse disco. É um conjunto de fatores que fazem com que me sinta muito feliz de estar conseguindo lançar um trabalho novo em plena pandemia; As referências são do rock, do punk, do eletrônico, dos sub-gêneros disco-punk, pós-punk, avant-funk, punk-jazz, essa prateleiras interessantes.
A mensagem é clara! Música feita por amigos músicos antifascistas para divertir, entreter e embalar a todos.
“Pequena Minoria de Vândalos” tem participações de Odair José, Pedro Pelotas (Cachorro Grande), Lucinha Turnbull, Julito Cavalcante (BIKE), Zé Mazzei (Forgotten Boys) e Ricardo Kriptonita.
Como aconteceram essas participações? Como vê a importância da mistura de gerações no resultado final?
Thunderbird: “Todos os discos dos Devotos tiveram participações de amigos. Nesse disco, tem novos amigos como o Odair, por exemplo. Pelotas está no último disco dos Devotos.
Zé Mazzei integra os Devotos desde 2016. Ricardinho é Devoto desde 2008. Lucinha é parceira recente, até formamos um trio com Tonho Penhasco. Julito é um dos respeitáveis representando da psicodelia no Brasil. Foi natural e prazeroso ter esses amigos comigo.”
Você dirigiu um documentário sobre a Lucinha Turnbull, considerada a primeira guitarrista mulher do Brasil. Como é sua relação com Lucinha?
Thunderbird: “Acompanho a Lucinha desde o disco “Atrás do porto…”da Rita Lee. A gente ouviu muito a Lucinha e nem sabe. Com Gil, Moraes, Caetano. Eu havia encontrado com ela e marcamos uma participação no Thunder Radio Show, meu podcast.
Foi sensacional! Quando me convidaram para dirigir um doc na UOL, com o Zé Mazzei, a minha sugestão foi de ser sobre a Lucinha. Em 15 minutos, acho que conseguimos contar uma história bonita de uma artista excepcional.
Tem punk, tem Funk, tem eletro, tem jazz, tem new wave, tem Beatles, tem MPB, sinto que tem um pouco de tudo dentro do que apresenta em seus discos, uma vibe um tanto titânica de incorporar a cultura pop.
Como descreveria sua trajetória musical e o que busca agregar quando aperta o REC? A jam session seria o norte de tudo?
Thunderbird: “A minha vontade de ter uma banda vem da infância, quando ia aos ensaios do grupo instrumental do meu pai. Ele me deu um violão quando eu tinha 6 anos. Dali em diante, meu destino estava traçado: música. Minha música reflete o que eu ouvi, ouço e ouvirei. Sempre!”
Thunderbird: “Acho que eu consegui uma boa sequência cronológica no livro. Eu senti a necessidade de contar minha história. Acho que o que importa está ali.”
Tem algum “Conto de Thunder” que se destaca, que você gostaria de citar?
Thunderbird: “Todas as vezes que encontrei Rita Lee e ela foi maravilhosa comigo. Foram algumas, tudo está no livro.”
No livro você ainda conta sobre os altos e baixos passados ao longo da vida, a música sempre estando presente, de alguma forma ela te ajudou a superar os conflitos? Sinto que você tem uma relação muito passional com a arte, qual a importância dela na sua vida?
Thunderbird: “A música sempre esteve presente! Sem a arte, eu seria um cirurgião-dentista muito triste.”
A MTV teve um papel fundamental em apresentar bandas para pessoas de todo o país, deixando um legado incrível. Como você observa as mudanças da comunicação desde então e a forma de descobrir música após o fim da MTV?
Por onde procura se atualizar das novidades? Ultimamente tem muitos artistas sendo revelado até mesmo pelo Tik Tok, o que para muitos parece uma loucura, e você, é adepto das novas mídias?
Thunderbird: “As mudanças são inevitáveis. Acho que me adaptei bem às novidades. Tenho meu podcast, Thunder Radio Show. Tenho meu programa no Youtube, Music Thunder Vision. Eu me informo através da TV, do jornal, da internet, do Spotify. Eu não sossego por opção.”
Se você não fosse apresentador musical, quais assuntos gostaria de tratar?
Thunderbird: “Cinema.”
Pude assistir sua live com o Alexandre Giglio do Minuto Indie em um papo super descontraído no qual comentaram mais sobre o novo álbum do tão querido The Strokes.
Quais são as novas descobertas que tem te empolgado? E quais discos tem gostado de revisitar?
O que podemos esperar do Thunderbird no futuro? Quais são suas expectativas para o futuro do Brasil pós-pandemia?
Thunderbird: “Quero continuar meus projetos de podcast, youtube, fazer shows, quero dirigir um documentário, escrever mais um livro.”
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