Indie Neon BR: Mundo Video, dadá joãozinho, Os Fadas, Papôla, azul azul e mais!

 Indie Neon BR: Mundo Video, dadá joãozinho, Os Fadas, Papôla, azul azul e mais!

Mundo Video e Dada Joãozinho lançam faixa em parceria. – Foto Por: Hick Duarte

A Indie Neon BR traz conteúdos em micro-resenhas do que de melhor tem acontecido no Indie Nacional. Singles, discos e novidades com o radar antenado do Hits Perdidos ganham o palco em um post informativo que acompanha sempre uma playlist!

Sobre a Indie Neon BR

A Indie Neon BR visa apresentar novidades de artistas contemporâneos aliados à identidade do Hits Perdidos com foco em artistas que usem artifícios como sintetizadores, experimentem texturas oníricas e flutuem entre gêneros correlatos ao Indie Rock e seus afluentes. Por aqui você encontrará sons alternativos fora do convencional empurrado goela abaixo todos os dias, nosso Lado B reunirá micro-resenhas, listas e playlists alimentadas aos poucos.

Do synthpop ao lo-fi de quarto, passando por dream pop tropical, post-punk revival e beats cheios de vapor estético — aqui é o lugar do underground.

Uma editoria dedicada ao indie brasileiro com sintetizador, identidade e com o espírito DIY (faça você mesmo). Pra quem faz som em casa, na garagem ou com estética além do lado esquerdo do dial — e quer ser descoberto por quem escuta além do algoritmo.


Indie Neon - Mundo Video Dada Joãozinho - Foto Por Hick Duarte
Mundo Video e dada joãozinho lançam faixa em parceria. – Foto Por: Hick Duarte

Indie Neon BR #5

Figueira …nesse lugar…

Fábio Figueira, conhecido por seus trabalhos ao lado da banda The Vain, apresenta seu EP de estreia sob o codinome de Figueira. “…nesse lugar…” tem co-produção de Diego Xavier (BIKE) e Daniel Fumega, da BIKE, gravou as baterias no EP de quatro canções. Assim como o projeto solo do produtor, a estética do Indie Rock dos anos 90 contempla o lançamento.

O material foi gravado no Estúdio Wasabi, em São José dos Campos (SP), e entre as principais referências estão Sonic Youth, Pavement, Dinosaur Jr. e Oasis. O músico comenta em release enviado à imprensa: “As músicas falam sobre encontros e desencontros amorosos do cotidiano.”

“Esse EP nasceu de um processo muito intuitivo. Eu queria traduzir sentimentos em guitarras altas, texturas distorcidas e melodias que grudam. É sobre transformar amor e caos em música”, revela Fábio.

A atmosfera do EP é bastante visceral, com toda angústia, intensidade e inércia das garagens de outrora. Suas letras são diretas, suas distorções deixam os sentimentos nebulosos na primeira camada. O ouvinte se identifica nas feridas ainda abertas da vida, entre frustrações, sonhos inacabados e o aceitar das mudanças. Esse lado mais cru e pungente acaba se relacionando com a realidade de projetos independentes, como, por exemplo, Ludovic, Firefriend, Gigante Animal e gorduratrans.

tristin vermelho

Formada em 2021, o EP de estreia da tristin, de Brasília (DF), apareceu em nosso radar em setembro. O som do grupo que tem na formação o guitarrista Blandu Martins (Oxy) explora uma variedade de gêneros musicais como o indie, pop punk, grunge, shoegaze, emo e stoner. Eles já adiantam que neste mês chegará o debut full-length do grupo, Anomalisa.

Essa mistura é perceptível nas canções que integram o EP e que estarão presentes no disco que tem a produção de Ricardo Pontes. O registro traduz bastante essa mistura de ritmos e foco mais denso na construção dos acordes que miram na maior parte do tempo em transmitir emoções intensas, deixando as palavras apenas como complemento para a sua narrativa.

O peso deles se contrapõe com a cadência, fazendo com que o som ressoe com um pop punk moderno como, por exemplo, o DZ Deathrays da Austrália, que ao ouvir você até sente referências de Queens Of The Stone Age na mesma proporção que de blink-182 e Nirvana.

André Sants “Na Contramão”

Com a aura cintilante e navegando nas ondas de um synthpop para lá de tropical, André Sants, de São João de Pirabas (PA), vai na contramão da lógica das paradas do pop. Com sintetizadores no primeiro plano, luzes piscantes e temática de perceber o seu verdadeiro valor, sua frequência encontra uma improvável pista de dança.

“A música fala sobre fins de ciclos, recomeços, autoestima e crescimento pessoal”, revela o músico.

Synx “Desaguar”

O quarteto goiano, Synx, composto por Renata Servato (voz, synth e guitarra), Pedro Mendes (guitarra e voz), Matheus Campos (baixo e voz) e Lucas Radí (bateria), estreia no casting da Monstro Discos com o single “Desaguar”. Tendo início em 2020, a Synx transita neste som entre o onírico do dream pop, shoegaze, o spoken word e o slowcore.

Eles revelam que para alcançar a sonoridade utilizou recursos analógicos e digitais, como o compressor artesanal Maletomp, fabricado por Lisciel Franco, e microfones de fita da Oldbox, para dar esse efeito de música de outros tempos. É justamente nas curvas sinuosas que o brilho da música que parece muitas vezes estar em fade out, recurso que o Mazzy Star usava muito, que a sensação entre a fragilidade e o desespero ajudam a preencher seus vazios.

Lugar Algum “Não Volta”

Com uma levada mais pop, assim como o Terno Rei costuma explorar em seus dois últimos discos, sob os ecos do rock dos anos 90 e a sensação iminente de nostalgia, o trio de Maceió (AL), Lugar Algum, apresentou o single de estreia, “Não Volta”, uma canção de coração partido.

“A música foi composta no final de 2023 entre setembro e outubro, pouco tempo após o início da banda. Em janeiro de 2024 foi gravada uma demo da canção, que foi disponibilizada através do YouTube e SoundCloud. E finalmente, em outubro de 2024, “Não Volta” foi gravada e finalizada em estúdio, contando com algumas alterações em comparação com sua demo.”, revela a banda.

A faixa ainda conta com a participação de Bruno Araújo (guitarra e violão) e Thiago Araújo (produção e vocais). Jair Donato assina a engenharia de som.

Mundo Video, dadá joãozinho “Dourado”

Daqueles encontros que a gente gosta, é a melhor forma de falar sobre “Dourado”, parceria do duo carioca Mundo Video e o niteroiense dadá joãozinho. Com DNA de misturar ritmos, é inevitável não saber o que esperar desses encontro, mas o que podemos adiantar para você que ainda não escutou é que tem um pouco de rock, funk, soul, MPB e jazz, com direito a metáforas e jogos de palavras que nos remetem a ecos da vanguarda paulista.

Para quem conhece e estuda a música brasileira encontrará vários easter eggs e referências a clássicos em seus versos: “Olho por olho / falhou a lei antiga / ainda me perguntou se eu era ouro de tolo / eu disse por você eu me faço / dourado como mel / doce como caí do céu.”

Perigo, romance, inconstância, quebra rítmica e viagem astral são algumas das paisagens criadas no imaginário do ouvinte, em meio a teclados, guitarras, bateria jazzística, entre outras firulas.

OS FADAS “MAMATA”

Première nesta terça (07) com o novo single d’OS FADAS que sai pelo selo Before Sunrise Records e que estará presente em um futuro EP do quarteto programado para o primeiro semestre de 2026. “MAMATA” continua a odisseia do que eles chamam de “rock regressivo com ondas”.

“MAMATA é a intensificação do medo de castração dos negacionistas e feminicidas, contra os quais a letra evoca a força assassina da mãe, da mata e do seio. Recortando termos e temas de ampla circulação no espaço público brasileiro dos últimos anos, como a própria denúncia de “mamata”, a canção é capaz de inverter toda a caretice e conservadorismo em desejo de aniquilação desse mesmo reacionarismo. Tudo isso seria muito chato e pesado não fosse pelo fato de que a música tem como pilar o ludismo e a ironia.”, revelam os integrantes.

Feito um grito de fúria em meio a um cenário político devastador, a música provoca de forma teatral criando camadas e texturas da mesma forma intensa e quase tribal de clássicos como Fresh Fruit for Rotting Vegetables (1980) dos Dead Kennedys. Entre mamatas, dinheiro na cueca, discursos armamentistas e ironias, a faixa protesta de forma inteligente denunciando um passado recente da nossa história que ainda tem cicatrizes abertas e suas consequências no nosso cotidiano. Os batuques lembram até mesmo a visceralidade de clássicos da música brasileira como Cabeça Dinossauro (1986), dos Titãs.

Lovestain The Absence

A one man band, Lovestain, é o projeto de Ciro Trevisan que lançou seu primeiro EP no começo de outubro totalmente independente. Entre as referências do projeto ele cita nomes históricos do rock alternativo, entre eles Elliott Smith, Cat Power, Codeine, Red House Painters e Jeff Buckley.

“Estou buscando explorar a estética mais melancólica e introspectiva que surgiu no rock alternativo dos anos noventa.”, comenta o artista que assina a execução de todos os instrumentos na gravação.

É justamente dessa melancolia e desalento que a condução da progressão dos acordes e ambiências transmitem. Tudo isso com estética lo-fi e refino nos arranjos que de fato nos levam para este universo introspectivo, nublado e de desespero. Mas não pense que ele se repete em fórmulas ao longo do material, a cada faixa ele mostra uma faceta nova do vasto campo de influências que mesmo transitando por gêneros distintos carregam o mesmo sentimento.

Emo noventista, lo-fi, rock, folk, entre outras escolhas estéticas acabam aparecendo ao longo das 6 faixas que dialogam bastante com o universo criativo de artistas como Tim Kinsella e Kevin Seconds.

azul azul azul azul

Fazia um bom tempo que não ouvia falar da azul azul que lá em 2019 lançou o interessante EP Formas de Voltar Para Casa. Uma pandemia e muita coisa depois chega a vez de conhecermos o álbum de estreia do quinteto alagoano.

“As canções deste disco surgiram logo na sequência do primeiro EP, com uma pré-produção feita em 2020 e que depois, entre 2024  e 2025, deu lugar a uma gravação completamente nova. E isso aconteceu porque a gente mudou de ideia nesse período, entramos em contato com referências estéticas diversas e daí foi fazendo sentido abrir mão dessa pré, sabe? Decidimos embarcar numa gravação totalmente nova e do zero e isso foi vital para o disco tomar a identidade sonora que apresentamos agora”, explica Mateus.

Ao todo o material reúne oito faixas em composições que se dividem entre Mateus Magalhães, Igor Cavalcante, João Gomes e Mateus Borges (Cães de Prata) que tem como tema central a ideia da juventude.

“Outra coisa que a gente mantém viva no álbum é a verve da literatura, que pautou muito o EP e segue aqui também. É algo que interessa toda a banda e que estará sempre presente em nossos trabalhos”, revela o vocalista.

Das canções mais solares, a mudança de referências é perceptível, eles revelam que o norte passa por gêneros musicais como  shoegaze, dream pop e pós-punk. O que de certa forma gera mais diálogo e referências com a cena de rock alternativo brasileira, mas sem perder o apresso pelas texturas e identidade do grupo de Maceió. Essa verve poética, fez com que as narrativas também tivessem um crescimento ao longo das suas oito faixas que exploram vivências inerentes a esta fase marcada pelas descobertas e experimentações.

Papôla Esperando Sentado, Pagando Pra Ver

De Recife (PE), a Papôla lançou um disco que te ganha logo na faixa que abre. Esperando Sentado, Pagando Pra Ver conta com 10 faixas e tem como referências a atmosfera oitentista de ritmos como city pop japonês, dream pop, new wave, a música brasileira e o rock experimental. Suas sonoplastias, arranjos e ecos dão toda uma aura pop deliciosa e o apreço pelos detalhes criam toda uma narrativa entre o sublime e o ordinário… feito uma orquestra em busca do seu caminho em direção ao amanhã.

No campo das temáticas a banda explora o retrato das aventuras, dramas e jogos amorosos vividos numa cidade grande, com vista para o mar e para a solidão, mas sem medo de se deixar levar e viver.

Essa dicotomia do dia a dia, entre os encontros e desencontros, o solar e o apagar das luzes, os carnavais e a azaração… aliados à prosa, o tropeço, o torto, a malemolência, a solidão e a luta constante pela validação e sobrevivência transparecem ao longo da sua narrativa de um sonhar acordado. Daqueles discos que você consegue dançar, se envolver, se emocionar e voltar para a pista.

“A gente decidiu soltar essas canções aos poucos, primeiro porque somos bem ansiosos, risos. Então, à medida que íamos gravando, fomos soltando também, até pra testar como iria chegar nas pessoas. E, além disso, percebemos que os singles também foram movimentando outras coisas, como shows, por exemplo.

Esse ano tocamos no Recife, Rio de Janeiro e São Paulo, só com o alcance dessas músicas. O disco chega com um terreno preparado já”, revela o vocalista Beró.

Playlist: Indie Neon BR

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