The Breeders: Os 27 anos do “Last Splash”

 The Breeders: Os 27 anos do “Last Splash”

Mensurar o impacto de um álbum é algo muitas vezes intangível. Muitas vezes ele dialoga com o momento, contexto que está inserido e como ele te influenciou nos mais diversos aspectos da vida. De valores a comprar discos, de ir aprender um instrumento a criar coragem para tomar uma atitude…ou simplesmente se sentir abraçado. A identificação é algo que acontece pelos mais diversos fatores e álbuns como o Last Splash, do The Breeders, carregam o que para muitos soa como genuíno, intenso e até mesmo doce.

The Breeders Last Splash

Lançado no dia 31/08/1993, o álbum completa nesta segunda-feira 27 anos. É o segundo álbum de estúdio da banda que um ano antes lançou o EP Safari (1992) via 4AD/Elektra Records. O fato de Kim Deal ser baixista do Pixies, ajudou com que seu projeto paralelo ganhasse uma notoriedade, conseguindo a posição 33 do chart 200 da Billboard, e no ano seguinte do seu lançamento alcançando o disco de platina. O disco foi produzido pela Kim ao lado do Mark Freegard.

Teve 4 singles, “Cannonball” que no Brasil ficou conhecido por seu videclipe na MTV Brasil, este que foi dirigido por Spike Jonze e Kim Gordon, “Divine Hammer” (que também teve vídeo dirigido por Jonze, Gordon, e Richard Kern, “Saints” e “No Aloha”.

Muitos começaram a dar a atenção para a banda ainda no primeiro disco, Pod, muito por conta de Kurt Cobain que amava o debut do The Breeders. Ele até mesmo disse certa vez ser “Um álbum épico que fará com que você jamais esqueça sua ex-namorada.”

O álbum é definido por alguns como noise-pop mas se pararmos para ver é um disco de punk rock. Sim, tem surf music, baladas, aura noventista das guitar bands e tudo mais. Certamente ele é o resultado de diversas demos, experimentações, ironias entre outras coisas como podemos ler em uma rápida pesquisa sobre os seus bastidores.

O Impacto Pessoal

Nasci em 90 então certamente não conheci o disco no momento em que foi lançado, nem 10 anos depois. Fato que para mim é completamente irrelevante. Aos 14 interessado pelo punk rock acabei descobrindo uma tal de Kim Shattuck através de uma banda chamada The Muffs. Nunca tive ídolos mas sempre que me perguntam sobre não deixo de citar: Kim Deal, Kim Shattuck e Kim Gordon.

Sim as Kim’s mudaram minha percepção sobre aquele punk cru e raivoso que eu descobri no início da adolescência. É até engraçado pensar que na época tive amigos que tiravam sarro por eu estar ouvindo bandas com vocais femininos, nunca liguei para isso – e depois de mais velho estes mesmos ainda vieram pedir indicações (risos).

Mas voltando.

Foi através do The Muffs que pude conhecer. O Pixies foi algo que veio logo depois. Assim como muitos eu acabei procurando todo material relacionado, são muitas bandas envolvendo as irmãs Deal. O que eu sempre gostei ao ouvir o The Breeders foi a sensação de se sentir no estúdio que o som que elas produziam fazia com facilidade. É longe de ser conceitual, não tem firula, é jovem, impactante, cheio de misturas mas não deixa de ser punk. Aliás ao meu ver o punk não deveria se limitar a fórmulas ou características meramente estéticas, e sim, a uma atitude.

….Last Splash

Na época eu tinha uma “brisa” de quando eu conhecia uma banda já veterana eu ouviria os discos na ordem mas por conta do Soulseek minha primeira experiência foi uma pastinha de EP’s e lá se foi Safari, super cru, super indie e visceral. Sempre gostei de ler e talvez por isso eu tenha começado a escrever, então eu meio que fiquei sabendo que o tal do disco que todo mundo amava era o Last Splash.

Sempre assisti aos clipes da MTV Brasil de madrugada e lembrei imediatamente que já conhecia “Cannonball”, afinal como esquecer daquele ruído da sua intro e sua linha de baixo toda imersiva. Aliás a Kim sempre teve isso, né? Você ouve qualquer disco do Pixies e você sabe quando ela tá tocando só pelo jeito doce e leve.

São quase 40 minutos de disco e uma variação de faixas que te permite ouvir e re-ouvir muitas vezes. Talvez depois desse disco eu tenha cada vez mais indo para a garagem e deixado o punk rock um pouco mais de lado, abriu todo um mundo descobrir Guided By Voices, Pixies, Sonic Youth, Swervedriver, Sugar e tantas outras bandas.

O Espírito do The Breeders

São 15 músicas, sabe? E nem por isso o disco se arrasta. Tem variação, doçura, raiva, mistura entre acústico e elétrico, tem inocência e improviso e até mesmo um violino. Em algumas horas tem cara de demo, outras tem um sabor que reflete o morango da capa, é leve, em muitos momentos nostálgico…mas sem deixar de ser barulhento. Não é à toa que acabou se tornando um marco do rock alternativo dos anos 90.

O Show no Brasil

Teve o show de 2008 mas eu não pude ir e isso foi motivo de amargura por anos. Quando soube que a turnê de 20 anos do disco tinha datas confirmadas para o Brasil, comentei com alguns amigos, comprei o ingresso assim que saiu e me preparei para ouvir o disco todo. Foram alguns meses nessa sinergia.

Fui até tomando gosto por algumas músicas que não eram as primeiras a lembrar. Sei que para mim ouvir “Invisible Man” tocando ao vivo me deu um sentimento de “isso é real”?

O mais interessante para mim foi ver um lado das irmãs que eu não conhecida: elas são divertidas, espontâneas e se emocionavam a cada fim de música ao ver todos cantando e aplaudindo. Sai de lá com um poster em mãos que logo emoldurei e coloquei logo na frente da minha cama. Todos os dias acordo e lembro tanto do show como de todos esses anos e sentimentos que o disco envolve.

Hoje esse disco faz 27 anos, perdemos o fã e amigo da banda, Kurt Cobain com essa idade e talvez isso tudo tenha feito eu preparar o especial que vocês lerão a seguir.

Obrigado, The Breeders!


The Breeders Last Splash (1993)
Last Splash, do The Breeders, completa 27 anos neste 31/08/2020

Depoimentos

Colhemos no Facebook e no Twitter depoimentos de fãs do álbum. Perguntamos o como o álbum afetou sua vida e sobre a experiência ou memória afetiva ao ouvir. É interessante ver como a obra impactou a vida de cada um de uma forma distinta.

Carlos Eduardo Freitas (Combover)

“Já faz tempo, mas lembro bem como 1994 mudou minha vida. Eu tinha 14 anos e recém tinha descoberto o ‘meu’ rock. Digo ‘meu’ porque até então ouvia muito mais música por influência do meu pai. Viciei em Nirvana no fim de 1993 e, no ano seguinte, virei telespectador voraz da MTV, onde um novo mundo se abriu.

Entre um mar de novidades, nunca vou me esquecer daquele chamado abafado que abre ‘Cannonball’ e a inconfundível linha de baixo que praticamente carrega a música. Depois veio ‘Divine Hammer’, um pop-rock com uma roupagem – ao menos na minha cabeça – 60’s nas melodias. Era rock, mas era pop. Era delicado, mas ao mesmo tempo pesado. Virei fã na hora. Logo comprei o disco, numa das minhas idas semanais à Galeria do Rock, e viciei.

Anos depois, já na faculdade de jornalismo, usei ‘S.O.S.’ como abertura de um programa de rádio que apresentei para a conclusão da matéria de radiojornalismo. Me apaixonei pelo vocal da Kim e, baixista que sou e recentemente tinha começado a tocar, pelos baixos.

Curiosamente, só descobri que a Kim tinha tocado em uma outra banda anos depois – e, sinceramente, os Pixies sem ela não têm a mesma graça, por mais apaixonado que eu seja por eles. Vi dois shows com a Kim Deal, um com a Kim Shattuck e um com a Paz e com a Kim sempre foi melhor. ‘Last Splash’ é um dos meus discos favoritos dos anos 90 e, porque não, da vida.”

André Guimarães (Nietts)

“Meu contato real com música deve ter uns 20 anos. No início bateu aquela euforia adolescente de encontro, onde logo eu comecei a mergulhar no Grunge e Rock Alternativo dos anos 90. Já existia internet, mas poucas pessoas tinham acesso. Geralmente de classes mais altas, o que obviamente nunca foi o meu caso. Por isso, meu consumo de música era todo através de mídia física. Todo o dinheiro que eu ganhava da minha avó, já que eu morava com ela, era gasto com CDs.

Eu era viciado em Nirvana. Por isso só comprava CDs de bandas que tinham alguma relação. Lembro que eu ia para a Merci Discos, que é uma loja bem tradicional no Rudge Ramos, em São Bernardo do Campo e às vezes passava horas por lá, vasculhando tudo.

Numa dessas idas, eu encontrei o Last Splash e na hora me lembrei da relação de The Breeders com Nirvana, pois eu li nessas revistinhas de banca que eles já haviam tocado juntos. Comprei!

Eu nunca entendi muito a expressão “Ouviu o CD até furar”, porque o ‘Last Splash’ não furou, então isso não existe. Foi um dos primeiros CDs que eu tive e um dos que eu mais ouvi na vida. Lembro que eu era vidrado em ‘No Aloha’, de colocar no Repeat.

Minha primeira banda se chamava Breeding por referência à Breed do Nirvana e aos Breeders. E na época fiz uma música chamada “I don’t like dirt”. É um trecho de ‘Mad Lucas’.

Esse disco foi muito importante para a minha formação musical. Hoje em dia eu ouço com muito carinho e nostalgia.”

Juliana Giamboni, de Sorocaba (SP)

“Eu tinha uns 15 anos e estava num bar na minha cidade, na pista de dança quando começou rolar aquele som diferente, esquisito e ao mesmo tempo gostoso, dançante e empolgante, e quando entrou o vocal e ouvi que era uma menina que cantava, aquilo me deixou ainda mais encantada. Era ‘Cannonball’, dancei, dancei e dancei até a música parar, então, descobri que era The Breeders. Depois peguei o cd emprestado com um amigo, o Mário do WRY, e foi difícil devolver… gravei em fita K7 e continuei curtindo!

‘The Last Splash’ era um CD que quase nunca saia do meu CD player e estava sempre no replay. Era a trilha sonora antes de sair de casa enquanto me arrumava para ir curtir a noite com os amigos. Realmente foi um álbum transformador, inovador e que marcou a minha adolescência, sempre empolgante e que me deixava animada e feliz, com aquela vontade de curtir a noite e dançar com amigos!

Anos depois tive a oportunidade de ver o show no Astória, em Londres, e nunca pulei tanto. Reviver a lembrança de ouvir aquelas músicas, ali ao vivo me levou a loucura e me senti novamente com os meus 15 anos de idade! A emoção foi a mesma daquela época…sem dúvida é um disco muito especial e ouvir novamente para escrever esse texto, mexeu com minha emoção! Me trouxe a sensação que vive em uma época tão legal…saudades!”

André Buda (Internova Radio Web)

O ‘Last Splash’ me remete a uma época de amizade. Na época do lançamento do disco, eu não conseguia receber o sinal da MTV Brasil em casa e só lá, os singles “Cannonball” e “Devine Hammer” eram executados porque eram ousados demais para o já engessado rádio em FM.

Então, eu e mais uma galera nos reuníamos na casa do Adriano, o único amigo do grupo que conseguia captar o péssimo sinal em UHF da emissora no Rio de Janeiro e, enquanto nos atualizávamos sobre o que rolava no canal, rolavam altos papos sobre música. Daí, toda vez que ouço esse álbum, me lembro daquela época despreocupada da vida, movida a campeonatos diários de jogos de botão tendo videoclipes como trilha sonora.”

Glauco Ribeiro (Lava Divers)

“Eu já conhecia as The Breeders por causa do clipe de ‘Hellbound’, música do Pod, que passou no Lado B. Já era viciado em Pixies. Por ser baixista, gostava das linhas simples e deliciosas da Kim.

Mas foi com ‘Cannonball’ que ela ganhou meu coração. E nem baixo mais ela tocava!
Gravei o vídeo numa fita VHS e assistia milhares de vezes. Eis que minha irmã ganha de presente pelo aniversário de 15 anos uma viagem pra Disney.

Era a minha chance de ter o CD, que depois chegou a ser lançado no Brasil.
Eu ouvi tanto esse disco, que “Drivin On 9” (a única que não tinha a letra no encarte), virou música favorita de toda a família.

Faz pouco tempo que descobri se tratar de uma versão. E é melhor que a original!
Cheio de clássicos (“New Year”, “Cannonball”, “Divine Hammer”, “Do You Love Me Now”, “I Just Wanna Get Along”, “Saints”), com guitarras no talo e vozes doces.
Um disco rápido, sem firulas, muito divertido, quase grunge e tem até surf music!!! Fave da vida, lógico!”

Alef Roquentin

“Com certeza ‘Cannonbal’. A estética sonora dessa música, a forma como se inicia, primeiro com um tilintar de baquetas de encontro ao aro da caixa – imagino – que se junta ao baixo e bateria logo em seguida, complementado com um riff de guitarra que cria toda aquela aura pop/punk/displiscente, me ganhou logo de cara.

Lembrando que cheguei no conceito a partir de um ponto que muita gente também deve ter chegado: Kurt Cobain e sua persuasão artística que nos faz olhar para onde ele esteve olhando, para ver se bate a inspiração também.

Primeiro Kathleen Hanna e seu Bikini Kill, depois chegando a Black Francis e se apaixonando por aquela baixista de nome Kim, Kim Deal era esta. E só então se deparar com esse trampo maravilhoso das irmãs chamado The Breeders.”

Marco Antônio Barbosa

“Esse disco foi a trilha sonora do ano de 1993 pra mim e pros meus amigos, em Niterói… eu era DJ na época e tocava praticamente todas as músicas do CD nas festas (até as lentas!). A gente pirava até na cor do CD — um rosa que parecia recheio de biscoito de morango — lembro que uma amiga dizia que tinha “vontade de morder” o disco. Além dos hits, a favorita da galera era “Flipside”. Até hoje rola nas festinhas, quando a gente se reencontra.”

Mario C T Silva (WRY)

“Eu lembro de comprar o cd da The Breeders Já quando saiu em 1993. Eu tava no primeiro ano da minha vida com banda, com o protótipo do WRY. Lembro que o disco virou hit de sábado na única baladinha de Sorocaba na época, o Satanácia.

Não tenho dúvidas que esse álbum exerceu grande influência no indie brasileiro que ainda se formava na época. Meu sonho era tocar esse cover, mas achava mega difícil (risos).”

Pedro Melo (Pedro Olem & Seus Problemas)

“Na minha linha do tempo The Breeders precede o Pixies e ‘Canonball’ foi a minha primeira experiência com bandas de garotas. Nessa época eu consumia música na (M)TV. Gostei de cara, pop, shoegaze e punk (receita básica em 93’) belas melodias e um violão! ‘Last Splash’ é punk sem ser repetitivo, pop sem ser piegas e shoegaze sem ser chato.

Meus destaques para “No Aloha”, “Do You Love Me Now?” e “Mad Lucas”. O The Breeders, aleatoriamente, me abriu as portas do L7, 7 Year Bitch, Bikini Kill e todo movimento Riot Grrrl, tá aí a grande importância dessa banda na minha formação.”

Sofia Amaral

“Kim Deal. Por causa dela conheci o ‘Last Splash’, atualmente um dos meus álbuns favoritos e, com certeza, vai ficar nessa posição durante muito tempo. Com 14 anos tive contato com a faixa “Cannonball” em um filme romântico, mas nem sabia de quem era e do que se tratava.

Sempre curti muito vocais femininos e indo atrás dessa representatividade no rock, acabei me deparando com esse álbum. Nossa, aí que tudo começou. Fiquei maravilhada, horas escutando “No Aloha” com aquela guitarrinha no começo e a bateria logo em seguida…”Mad Lucas” com aquele começo fenomenal.

Às vezes coloco o ‘Last Splash’ na sequência, fecho os olhos e só aproveito esse momento, esqueço de tudo e todos. Arrepio na alma completamente.”

Flavia Biggs (The Biggs | Girls Rock Camp Brasil)

“Fui ouvir hoje de novo pra tirar a prova e é isso mesmo!

Este disco me emocionava e emociona ao ouvir as microfonias e distorções entrando nas horas certinhas! Já na abertura as duas primeiras faixas apavoram, a rock de pista “Cannonball” que quando toca em qualquer pixxtinha até hoje põe quem conhece ou não pra dançar!

Um verdadeiro clássico. Sempre achei as irmãs do The Breeders “super cool” por não performarem feminilidade clássica. Acho bad ass!”

Edson Kah (Gestor e comunicador da Rádio Armazém)

“Eu já amava a Kim Deal, desde o baixo inigualável do “Doolittle” dos Pixies, até a sua voz doce e hipnótica em “Gigantic”. Mas foi quando “Cannonball” virou hit nas rádios e na MTV em 93, que tudo virou paixão. Foi a porta aberta para toda a minha geração conhecer ‘Last Splash’, que na minha opinião é disparado um dos melhores discos dos 90’s.

Ouvindo esse disco, fica nítido que ela era uma grande parte na composição dos Pixies. Era! Agora tínhamos uma Kim exclusiva e autoral! Lembro de ouvir “Flipside” infinitas vezes, porque eu não compreendia como uma música instrumental era tão viciante. O baixo pulsante sempre esteve vivo em Kim, o exemplo é a primeira faixa do Lado B (sim eu ouvia e ouço o vinil), “I Just Wanna Get Along”.

Mas foi por causa de “Divine Hammer” e “Drivin’ on 9″ que Kim virou uma crush da adolescência, era a beleza em estado bruto como artista/compositora. A minha conexão de ouvinte/fã foi selada quando descobri que eu e Kim nascemos no mesmo dia, 10 de Junho. Como diz a lógica: “a história foi escrita para ser contada”, e ‘Last Splash’ será para sempre lembrado, ao longo dos anos.”

Helena Hennemann (Quarteta)

“Lembro muito bem da primeira vez que eu ouvi o ‘Last Splash’, foi num discman, num intervalo da aula no ensino médio. Um colega que morava em outra cidade tinha comprado diversos CDs em uma loja de aluguel de discos, que estava fechando. Um deles era o ‘Last Splash’. Ele me lançou o CD e disse que eu ia gostar.

Era uma época que toda emoção da minha vida numa cidade do interior do RS era baixar mp3 e trocar ideia sobre música no Mirc e no ICQ (tô velha, risos). Então eu já conhecia um tanto de Pixies, sabia quem era a Kim Deal e tinha assistido o clipe de “Cannonball” na MTV.

Eu tinha banda na época, mas minha participação era bem tímida. Nessa época comecei a conhecer mais bandas com protagonismo feminino, que até hoje transformam minha percepção do que eu mesma posso fazer na música.
Bem mais tarde, em 2013, quando morava no Rio de Janeiro, tive a oportunidade ver o The Breeders tocando o ‘Last Splash’, no aniversário de 20 anos do disco. Foi foda, inesquecível. <3

Na Quarteta fazemos uma versão de “I just wanna get along” e inclusive, a Katiane Romero tem uma história incrível de encontrar uma integrante do The Breeders antes de um show delas, no qual inclusive é falado no palco que conheceram a Kate, que ela tem um “adorable accent” e mencionam a Quarteta…”



Saron Liddle, de Londres (UK)

“Difícil lembrar exatamente mas o ‘Last Splash’ do The Breeders foi um dos discos que me fez querer a música over and over again. E  tocava em bares era aquela correria para a pista!”

Luís Otávio (ViShows)

“A capa já dava vontade de morder, os vocais lindos emoldurando canções com aberturas e encerramentos criativos, e refrões roqueiros e melódicos para assobiar junto.”

Martim Batista (Zefirina Bomba, Single Parents)

“O ano era 1999, terceiro ano do ensino médio. Eu, tocando baixo há pouco anos, havia montado uma banda para tocar Eric Clapton no festival da escola. O professor, que tocava em uma banda de blues, havia topado ser o nosso vocalista, mas um dia antes do primeiro ensaio fez a sugestão acima e me entregou a tal fita.

Eu que nunca tinha ouvido falar em Guitar, levei o k7 pra casa, coloquei no som e CLICK! Pixies, Sonic Youth, Superchunk, Fugazi saíam das caixas de som, e o meu sentimento era de que aquilo era o que eu sempre quis ouvir sem saber que era isso que eu queria ouvir.

Os dias seguintes foram de pesquisas para conhecer mais sobre minhas recém descobertas bandas preferidas.

– Poxa, o Pixies e o Fugazi acabaram?

– Ah, a baixista do Pixies tem uma outra banda? The Breeders, legal, eu conheço essa “Cannonball”…..

Na mesma semana uma visita à galeria do rock renderam alguns CDs: Death to The Pixies, 13 Songs, Dirty, Goo e o Last Splash…Se tem algo que eu não consigo decidir são as minhas bandas preferidas. Costumo brincar que existem umas 50 bandas no meu top 5. Sou absolutamente viciado em todas elas e em dezenas, talvez centenas, de discos.

Mas uma coisa eu posso afirmar sem sombra de dúvida: Last Splash foi o disco que eu mais ouvi na minha vida. Ele é a combinação perfeita daquilo tudo que havia me arrebatado na primeira audição daquela fitinha K7: distorção, estranheza, alternância entre vocais gritados e doces, tudo envolvido em melodias pop.

O começo torto de “New Year”, seguido do hit inacreditável e viciante de “Cannonball”, a ansiedade de ver “No Aloha” engatar, a letra dilacerante de “Do You Love Me Now”, o instrumental dançante de “Flipside”, a doçura pop de “Divine Hammer”, o baixo marcante de “Saints”, o violino de “Drivin’ on 9”, não tem uma música que eu pule nesse disco, ou que me enjoe, definitivamente entraria na minha lista de discos para uma ilha deserta.

Desde então eu fui atrás de tudo o que as irmãs Deal produziram ou se envolveram: Pixies, Breeders, Amps, Kelley Deal 6.000, The Last Hard Men, Solo Séries. Todos projetos com músicas excelentes, discos acima da média. Mas nada se compara a perfeição atingida com o Last Splash. E aquela banda com meu professor, lá do começo da história? Ela tocou no festival de música da escola daquele mesmo ano. No repertório teve Pixies, Sonic Youth, Superchunk, Fugazi, Ramones, The Stooges… e teve “Cannonball”.”

Jana Biggs, Londres (UK) (ex-The Biggs, ex-Netas da Demência e ex-Brutalistas)

“Me lembro a 1 vez que The Breeders cruzou meus olhos, foi num fanzine que eu adquiri num show de bandas alternativas. Eu já era fã do Pixies e já tocava baixo então sabendo que The Breeders era um projeto paralelo da Kim Deal me fez ainda mais curiosa para ouvir a banda.

Na matéria do Zine tinha uma foto preto e branca do álbum ‘Last Splash’ e as palavras “Barulho e Mágico”.  Não demorou muito para eu comprar uma fitinha na Galeria do Rock em SP.

Dessa vez era colorida e pude ver que era um coraçãozinho. Foi amor imediato. ‘Last Splash’ me causou um tremendo impacto e me levou para um extraordinário Mundo Mágico.

Canções como “Cannonball” e “Divine Hammer” me hipinotizaram. Mas o álbum inteiro tem muito a oferecer, ” Invisible Man” por exemplo é uma canção lindíssima com um jeito shoegaze fatídico e “Just wanna get along” uma canção curtinha, envolvente e sedutora com rifs surf punk.

Este álbum é único, um presente para os esquisitos, um hino para os indies. Um álbum que tem Coração e Alma, graças a Kim Deal pelas letras cheias de estórias e traumas. Com a adição da irmã gêmeas Kelley Deal, a banda se tornou ainda mais encantadora, cativante e com uma fortaleza feminina única que só se encontra em The Breeders.

Obrigada ‘Last Splash’ por sua existência.Ja se passaram 27 anos e eu continuo adorando, admirando e respeitando muito esse Álbum. Mesmo depois de anos eu continuo sentindo aquele arrepio na Espinha e a vontade de dançar loucamente delirando no mundo subnatural mágico das Sisters Deal.’

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