Na Linha de Frente: 10 shows nacionais que você deveria ter visto em 2018
Todo mundo na animação das listas de fim de ano. Por aqui por exemplo listamos os 50 Melhores Discos Nacionais, Os EPs que você deveria ter ouvido, a Playlist com 100 Hits Perdidos de 2018 e a lista de melhores do ano do Diego Carteiro. Mas agora comparecer aos shows eu vejo poucos, principalmente nos menores.
Se nos shows independentes temos dificuldades muitas vezes de somar público, mesmo os ingressos sendo do preço de uma cerveja num boteco, a intensidade e doação no palco das bandas é algo de se surpreender.
Neste ano procurei priorizar shows que nunca tinha visto antes e claro que acabamos vendo uma ou outra banda que se mantém ativa e representando. Foram festivais, shows, festas, audições, feiras e claro a paulista aberta.
Pude comparecer em 177 shows este ano. Como sei disso? Eu contei. Melhor do que isso: fiz questão de ao menos tirar uma foto ou vídeo de cada apresentação que presenciei em 2018.
E você pode acompanhar a retrospectiva completa no instagram do Hits Perdidos (Siga o Hits por lá!). Criei a Hashtag #HPD por lá e ia adicionando os números ao lado a cada apresentação.
A primeira, #HPD1, foi em um show na Casa do Mancha com a Bratislava, evento no dia 06/01 em que eu pude discotecar rock independente nacional, rap, ska, além de outras surpresas.
Listamos alguns shows que marcaram pela qualidade das apresentações e claro encorajamos vocês a enviarem suas próprias listas para a gente.
10) PicNik Festival (24 e 25 de Junho)
A experiência de viajar quase mil quilômetros para acompanhar o que tem de mais efervescente dentro da música independente já seria por si só algo para ser celebrado. Porém a oportunidade respirar 48 horas de música em um festival é algo muito maior do que isso.
É sobre pessoas, sobre trocas de vivências, conversas olho no olho, conselhos, cumplicidade, respeito, união, quebra de rotina, alegria, contestação, imersão, música, entretenimento, debates, descontração, passeios e intensidade.
Essa intensidade que faz com que nos sentamos humanos e que aproveitemos tudo da maneira mais sincera. Brasília que ficou marcada dentro da música brasileira como um dos grandes pilares do rock nacional dos anos 80 mostra nesta quarta edição do PicniK Festival que tem sim novos nomes e uma pluralidade de estilos.
O próprio line up soube mesclar nomes do Rock, MPB, música eletrônica, Psicodelia, “Grogue”, Hardcore, Pop, Kraut Rock, Rock Alternativo, Folk, Dub, Tecnopunk, Afro Beat entre outros estilos que se misturam e mostram como o novo cenário da música independente conta com muita diversidade – e qualidade.
Separei quatro apresentações como destaques:
Papisa
Confesso que sai emocionado do show da Papisa. Pude assistir anteriormente o show no formato solo apenas com a Rita. Porém no formato banda completa foi a primeira vez. Se eu pudesse resumir a apresentação em poucas palavras seria algo como: magnético, sensorial, vibrante e de arrepiar.
Originalmente o show não era nem para fechar a noite do sábado mas de certa forma com a lua cheia no horizonte, e toda aquela energia que ela nos traz, fez com que tudo se encaixasse. Não adianta, os astros sabem bem o que fazem.
Foi um show bonito e que consegue passar diversas sensações a cada elemento que entra nas canções. O teclado, as ambiências, texturas, percussão e até mesmo a energia potente da Theo na bateria deixa tudo pairando no ar. Gosto de como uma hora é algo mais puxado para o alternativo, outra hora é confidencial sem deixar de ter aquela alma rock’n’roll. Feliz de ver tudo isso em conjunção com o luar emanando energias ao fundo.
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Marrakesh
Acho que 9 entre 10 presentes no PicniK irá concordar que o show mais empolgante e pulsante da tarde do domingo foi o dos curitibanos da Marrakesh. Tanto é que fiz questão de falar para eles após o show como aquela entrega e energia tinha contribuído para que as músicas ganhassem ainda mais tempero.
Pude assistir uma apresentação deles recentemente na VOID, em São Paulo, e sabe quando o público não responde e a banda parece irritada com isso? Foi o que notei naquele dia. Não adianta, somos todos humanos e essa energia de resposta acaba gerando uma entrega maior ou menor.
Entrega não faltou em Brasília. Cold as a Kitchen Floor, primeiro álbum da banda lançado em abril ganhou toda outra visão para mim após assistir esta apresentação. Bem humorados, felizes, saltitantes e até com o guitarrista tirando onda em maior parte do show, eles fizeram com que tudo jogasse a seu favor. O single “Moonhealing” fez até uma senhora que estava na minha frente dançar, mágico!
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Young Lights
Estava ansioso para ver a Young Lights de BH ao vivo. A não tanto tempo assim resenhei o segundo álbum deles por aqui e estava instigado para saber como funcionaria no palco. Um álbum com melodias tão intimistas e músicas com um teor bastante pessoal poderia soar no palco de distintas formas.
Para minha grata surpresa Jay, João Paulo, Vítor e Gentil não ficam aquietados no palco. É suor, doação, força e potência o tempo inteiro. Jay empunha seu violão elétrico e assume o papel de showman, ele inclusive realiza diversas piruetas e saltos durante a apresentação. Se no disco algumas canções parecem baladas tristes no palco elas inflamam.
Tem espaço para tambor, tem espaço para riffs de guitarras shoegazer – e porque não dizer com pé cravado no post-rock e bateria pesada. Pude observar o público que no começo da apresentação parecia não conhecer muito a banda, entrar no ritmo e se cativar com o espetáculo. O vídeo abaixo reflete o ponto mais alto do show quando a banda toca seu hit “Understand, Man” e Jay convoca uma rodinha punk com ele em seu centro.
Rakta
É sempre uma grata oportunidade poder presenciar a transgressão que é uma apresentação da Rakta. Com pés no kraut rock, distorções, cânticos, berros, imersão, post-punk e um show de luzes, a energia sempre vai as alturas.
Ainda não tinha visto show delas desde o lançamento do EP Oculto Pelos Seres e o vinil de seu antecessor costuma tocar direto em casa quando preciso encontrar foco para os meus projetos.
Desta vez a banda veio com o Barata (TEST) na bateria, o que resultou em um show ainda mais explosivo e digno de encerrar o festival. Não foi preciso olhar muito para o canto do palco para notar que o organizador do festival, Miguel, estava em estado de catarse ao observar a apresentação.
Ficou curioso para saber mais sobre os shows que rolaram em Brasília (DF) em junho? Confira a resenha completa do Festival.
9) Garotas Suecas @ Festival Fora da Casinha (08/10/2018)
O clima era estava tenso no ar afinal de contas era véspera de segundo turno das eleições e a maioria dos presentes estava há semanas tentando virar voto. Durante toda a noite – que se estendeu até a madrugada – todos os artistas em algum momento se manifestaram contra o retrocesso.
O show do Garotas Suecas não poderia ser diferente. Irina por exemplo adentrou ao palco com seu boné do MST, seus teclados tinham adesivos do partido dos trabalhadores e a primeira canção da noite foi justamente a potente – e politizada – “Não Tem Conversa”. Já conseguindo captar o público desde o começo, as canções do mais recente álbum, Futuro do Pretérito, funcionaram bem.
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8) YMA @ Casa do Mancha (03/03)
Pude assistir a um show da YMA acredito entre 3 ou 4 vezes ao longo do ano mas foi a primeira apresentação que mais me marcou. Era show de lançamento de um de seus singles, que estarão presentes em seu álbum de estreia Par de Olhos (2019), e tinha conhecido recentemente via indicação da Joyce, do Cansei do Mainstream.
Inclusive o show foi dentro da programação musical que o CDM fez na Casa do Mancha ao longo do ano. Era de certa forma uma noite especial com direito a participações especiais. O som estava redondo e as luzes contribuíram para o clima intimista e dançante de seu show.
Aliás o apelo visual é um dos ingredientes do show que conta com sua famosa jaqueta rosa – e o uniforme de cores quentes (rosa e vermelho) de seus integrantes. “Vampiro” recaiu como um Hit Instantâneo.
7) Dingo Bells @ Auditório do Ibirapuera (21/04)
Arrisco em dizer que era o dia mais importante da carreira do Dingo Bells. Se apresentar no Auditório do Ibirapuera já é por si só uma grande responsabilidade, lançar um disco então, nem se fala. E foram lá e fizeram com muita elegância e classe.
O palco enorme da casa não os acovardou e souberam usar de todos seus elementos. Com som perfeito, luzes em destaque, telas e projeções, foi um show à parte. Nervosos no início eles foram se soltando e dominando o palco. Na época até escrevi sobre na resenha do show (+ disco).
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“Fiz questão de não ouvir o álbum antes de vê-los ao vivo. É bem verdade que ele está disponível nas principais plataformas digitais desde o dia 11/04, mas quis ir até o Auditório do Ibirapuera, palco tão imponente, para apreciar o álbum ao vivo.
Pude observar na face dos presentes uma grande expectativa naquele quase lotado auditório. Na última vez que estive lá foi para ver o Wilco em uma apresentação histórica, com direito a banda pedir para que os fãs quebrassem qualquer tipo de protocolo – e viessem para a frente trocar a energia.
O palco daquele lugar assusta, é bem verdade mas assim como tocar em um CCSP ou Sesc Pompeia lotado, é uma emoção diferente. Eu imagino para aqueles três meninos que sabem por tudo que passaram, ao longo da trajetória, chegar ali e ver tudo acontecendo o quão significativo é. Tanto é que eles só conseguiram relaxar após três canções. Completamente normal, humano e de verdade.
Tocar um disco de cabo a rabo é um desafio por si só, ainda mais sabendo que esses três últimos anos desde seu lançamento fizeram com que as referências, perspectivas, visões de mundo – e até mesmo o momento político do país – fizeram com que eles repensassem seu som e suas composições.
Como dialogar com um mundo em tempos onde queremos fugir para as colinas? Como observar um horizonte com tantos escândalos e ódio gratuito sendo despejado na timeline? Como lidar com o impasse de ideias e intolerância? Como encontrar um norte?
Talvez seja isso que o trabalho de artistas com uma sensibilidade a mais consegue tocar, com sutileza, metáforas, senso crítico, senso de humor e um pouco de rebolado. Alguns dizem que os movimentos e acontecimentos podem ser detectados com certa antecedência mas nem sempre estamos prontos para lidar com tudo isso, muito menos as vezes traduzir isso como o ecoar das vozes de uma multidão.
Seria muito pretensioso eles falarem que vão por esse caminho mas no fundo percebemos que eles tentam sim sentir o que está acontecendo e transformar isso em pop. Tanto é que no show vemos uma rica mistura de elementos no palco como um trio de metais, piano, integrantes se revezando em instrumentos e até mesmo telas – e sombras – com projeções para que sejamos imersos a energia de introspecção do registro.
Conforme o show foi se desenrolando eles foram se sentindo cada vez mais a vontade com o público. Sobre a qualidade do espetáculo desde o primeiro segundo não há o que querer procurar defeito, o entrosamento e a liga são evidentes.
Uma grata surpresa é o bom uso dos metais (coordenados por Julio Rizzo, Gustavo Müller e Renato Dall Ago) que conseguem criar as texturas de soul / funk / jazz que quebram toda a dinâmica de um show normal. Afinal de contas, não era um show normal e sim o grande lançamento de um disco.
O novo álbum sabe brincar bastante com isso, traz batidas, tem hip-hop e mergulha na eletrônica. Acredito que seja uma maneira acertada de tentar dialogar com novos públicos e não é algo inocente. Basta ver as playlists do Spotify e o que mais bomba entre a molecada mais nova. É lo-fi hip-hop, EDM, Rap, Hip Hop e muitos sintetizadores. Eles mesmos assumem influências de artistas como D’Angelo e Radiohead no novo trabalho.
Porém no show o que me marcou mais foi essa harmonia e interação entre os integrantes. Conforme o tempo foi passando eles foram se soltando e até mesmo faziam dancinhas desengonçadas no improviso. Eles realmente estavam se divertindo e pareciam estar de volta ao pátio do colégio.
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É nítido o alívio quando entram na primeira faixa do disco anterior no show. Se soltam e talvez por estarem mais acostumados com o antigo repertório, se divertem e interagem com o público.
A dinâmica da banda é algo muito interessante a se observar Rodrigo Fischmann (Bateria e Voz) e Felipe Kautz (Baixo e Voz) chegam até a trocar de lugar durante a apresentação, Felipe se mantem no baixo mas senta no banco da bateria e Rodrigo assume os vocais em certo momento. Este lado versátil contribui para que o show fique longe de ser cansativo e o grande trunfo da banda é justamente o poder das composições e o entrosamento nos vocais.
Já se aproximando do fim da apresentação eles saúdam o público presente e ensaiam uma saída. Apenas ensaiam porque logo após um copo d’água eles retornam com mais algumas músicas, agora sem peso algum nas costas eles aproveitam até o último momento a estadia no palco. Pedem para o protocolo ser quebrado e os fãs chegam mais perto para cantarolar as faixas restantes.
No retorno o palco é aberto e podemos ver o verde e as luzes do Parque Ibirapuera logo atrás do Dingo Bells. Pude reparar que naquele momento havia uma família levando o cachorro para passear e lamentei o fato de que “Eu Vim Passear” tenha sido tocada cerca de 15 minutos antes deste momento. Encaixaria de maneira perfeita.
O show se aproxima de seu final e eles fazem um discurso emocionados contando mais de sua trajetória, o começo, agradecendo a toda equipe que fez deste sonho realidade e recebendo aplausos de todos os presentes. Estava estampado na cara deles a felicidade de ter concluído com sucesso aquele show de lançamento.”
6) Cinnamon Tapes @ Centro Cultural São Paulo (14/10)
Um dos shows mais bonitos – e repleto de sororidade – aconteceu no dia 14/10 na sala Adoniran Barbosa – localizada dentro do complexo do Centro Cultural São Paulo. Feito ninfas e sereias, a Cinnamon Tapes se apresentou com direito a formação plural e uma série de convidadas muito especiais.
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Emanando energias espirituais, o show trouxe a força da água, das crenças, do oculto e da religiosidade para o CCSP. As luzes em tons claros deixaram a fotografia do momento ainda mais imersiva. Em sua parte final teve até uma roda com mais de 10 mulheres no palco, cantando em Acappella e nos proporcionando um momento único repleto de emoção.
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O show apresentou canções do álbum Nabia (Setembro / 2017), este que foi produzido por Steve Shelley (Sonic Youth) e gravado em Hoboken (NJ – EUA). Esse sentimento de união, pensamento positivo e de ninguém soltar a mão do outro foi muito importante nesta data realizada logo após o primeiro turno das eleições (Confira a um vídeo da apresentação). O medo por alguns momentos virou conforto.
5) Astronauta Marinho @ Jazz Nos Fundos
(Sim São Paulo – Noite Tratore – 07/12)
Estava curioso para assistir a uma apresentação da Astronauta Marinho (CE). Não é de hoje que queria vê-los e a distância geográfica, resultado das raras vindas para São Paulo, acabava dificultando. Mas foi durante a SIM São Paulo que finalmente tive a chance.
A apresentação foi realizada dentro da Noite Tratore realizada no Jazz Nos Fundos. Com foco na música instrumental por lá também pude prestigiar a apresentação das bandas Atønito, projeto que conta com Cuca Ferreira (Bixiga 70), e Hiroshima Bunker, que fizeram shows também de altíssimo nível.
Delicado, o show acontece de maneira ainda mais fluída que seu ótimo disco lançado em 2018, Perspecta. O quarteto cria toda uma atmosfera própria e sabe conciliar o peso com a leveza. Não é muito difícil ficar hipnotizado.
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4) Molho Negro @RockALT Fest, Associação Cultural Cecília (08/04)
Que o Molho Negro faz um dos melhores shows da atualidade dentro do cenário de rock alternativo no Brasil não é nenhuma grande novidade mas até este ano eu não tinha tido a oportunidade de assistir a uma apresentação da banda.
Foi logo no RockALT Fest, organizado pelos irmãos Helder e Jaison Sampedro, que os vi pela primeira vez. A tarde ainda contou com shows do Huey, Muff Burn Grace, Lava Divers e Dum Brothers.
O show é intenso e tira onda com o “rock bunda mole”. Relembra até o espírito do hardcore durante as apresentações. Algo debochado, cheio de malabarismo, algo que o Fugazi fazia com maestria.
Em certo momento o baterista desmonta parte de sua bateria e vai para a galera, assim como o vocalista João Lemos que o acompanha. Logo depois ele convoca a todos para um bate cabeça generalizado causando, por sua vez, um pouco de caos para os presentes. Divertido, caricato e por certas horas espontâneo…é esse o espírito do show dos paraenses.
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3) EDGAR @ Festival No Ar Coquetel Molotov São Paulo (30/10)
Na sexta-feira 30/11 foi realizada a primeira edição do festival No Ar Coquetel Molotov em São Paulo. Com 15 anos de história a edição pernambucana neste fim de ano levou para Recife um grande elenco com direito a atrações internacionais. Hoje vamos contar um pouco sobre a estreia em terras paulistas.
Em noite chuvosa mas com bom público presente na The Week, balada conhecida da Lapa (Zona Oeste), Karina Buhr, Alessandra Leão e Isaar, Boogarins, Edgar, Baco Exu do Blues, Maria Beraldo, Tuyo e Coletividade NÁMÍBIÀ mostraram porque tem se destacado dentro do mercado de música independente.
Para trazer um pouco do clima de Recife para a terra da garoa além da programação musical – e bons drinks – quem foi pôde conhecer a feira Polvo que contou com diversos expositores. Um ponto bastante positivo foi a pontualidade e dinâmica dos palcos.
Divididos em três espaços, era acabar um show que se iniciava em questão de minutos outro a poucos metros. Apesar da chuva que castigava São Paulo, não houve problemas com o som.
Confira aqui a resenha completa do festival
“Mas quem colocou a noite no bolso mesmo foi o rapper paulista EDGAR. Após lançar o ótimo Ultrassom, produzido por Pupillo (Nação Zumbi), o guarulhense foi indicado ao Prêmio Multishow de Música Brasileira nas categorias “Revelação” e pelo single “Exú Nas Escolas” – parceria com Kiko Dinucci – em que faz participação em canção de Elza Soares, ele chegou com moral para se apresentar no palco “alternativo” da The Week.
Representando não só o rap nacional mas todo seu hibridismo atual em que incorpora elementos folclóricos, visto que entrou vestido de uma espécie de “Bumba Meu Boi futurista” com direito a soltar bolhas de sabão e um visual de deixar até mesmo o cantor Falcão com inveja, EDGAR em poucos minutos já conseguiu hipnotizar o público presente.
Com beatmakers que seguram a pressão, ele solta suas rimas, provocações e desconstrói pensamentos conservadores a cada prosa. Esperto ele sabe domar a platéia e pede a todo momento para tirarem o pé do chão. Em certo momento olho para o fundo do salão e vejo Maria Beraldo se divertindo com a apresentação do MC.
Isso nos mostra um pouco do ambiente do festival que era movido pela sentimento de harmonia e coletividade, estes tão necessários em um momento político marcado pela vanguarda do atraso.”
2) Glue Trip @ Centro Cultural São Paulo (18/10)
A Glue Trip tem despontado tem já alguns anos, tendo até entrado na playlist de Neopsicodelia brasileira por aqui no começo do ano, mas por serem de João Pessoa (PB) são raras as oportunidades de poder assistir a um show da banda.
Tendo já realizado turnês por Japão, França e Singapura, eles tem realizado trabalhos consistentes como o ótimo Sea At Night, que até entrou na nossa lista de Melhores do Ano, eles se apresentaram já no fim do ano no majestoso palco da sala Adoniran Barbosa (CCSP), sob a curadoria de Alexandre Matias.
Grande noite, casa cheia! Público jovem que sabia cantar todas as músicas e desde o começo do show já contagiava a multidão. A resposta era ótima e acredito que isso ajudou bastante na experiência psicodélica proporcionada pela catarse coletiva.
O show ainda contou com teclados repletos de efeitos, pedais de distorção, solos de bateria bem executados e manifestações políticas contundentes. Já que as consequências das eleições estavam sendo sentidas à flor da pele. Estava todo mundo precisando de um abraço. O Bis foi pedido e atendido, grande espetáculo, ótimo público e sintonia.
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1) Apicultores Clandestinos @ Festival Cena Cerrado (14/04)
“Quem vê tudo pronto e dando certo no final não imagina o trabalho que dá.” Essa frase encaixa bem com o que foi a primeira edição do Festival Cena Cerrado. Realizado na semana passada entre dia 9 e 15 de abril, em Uberlândia (MG), o festival reuniu palestras, debates, workshops, DJ SETS e claro: shows, muitos shows.
O sonho nasceu já há alguns anos quando Arthur Rodrigues (Cena Cerrado / Cachalote Fuzz) passou a ser um dos agitadores culturais do triângulo mineiro. Persistente ele é o responsável por trazer para a cidade, inúmeros artistas e bandas. Muitos deles hoje em dia com destaque e reconhecimento nacional como é o caso da Carne Doce (GO) e Almirante Shiva (DF).
Entre acertos e erros ele foi entendendo como funciona o ecossistema do cenário alternativo e dentre suas produções é um dos responsáveis pelo coletivo e selo Cena Cerrado Discos. Este que movimenta o cenário da região e já lançou algumas coletâneas que até já divulgamos por aqui.
A Praça da Tecelagem virou o palco para os shows da sexta-feira (13) e a programação tinha como o foco o punk rock e adjacentes. O line up do dia era inclusive poderoso com a Light Strucks (MG), Pulmão Negro (MG) e Apicultores Clandestinos (SC).
Estava louco para poder ver finalmente um show dos Apicultores Clandestinos. Os catarinenses pegaram 15 horas de estrada desde sua cidade natal, localizada no interior de Santa Catarina, para realizar o show. Inclusive trouxeram mel e pingas com a iguaria para distribuir aos finais de cada música para os presentes.
Eles que são apicultores de verdade e utilizam de seus trajes durante as apresentações. O que cria uma atmosfera ímpar e que facilmente quebra o gelo com o público desde seu primeiro contato.
Acompanho o trabalho do quarteto já a algum tempo e o trabalhos que saíram pelo selo Reverb Brasil. Inclusive eles recentemente participaram do tributo aos Dead Rocks com uma versão homenageando os músicos são-carlenses.
São doze anos de banda mas o trabalho que ganhou mais destaque dentro da apresentação foi o disco mais recente Astronauta do Campo (2015) que conta com ótimas canções como “Fui Abduzido”, “Polka do Sergey” e a homenagem a Wander Wildner em “Eu tenho uma camiseta escrito Eu já sabia”.
Você não consegue tirar os olhos do palco por um segundo, se vê obrigado a dançar e entrar na onda. Não é difícil ver a resposta do público que transforma o ambiente em uma praia tropical.
Misturando surf rock, garage rock e psicodelia, hora cantado e outrora instrumental a vontade é de que o show não se encerre tão cedo. Tamanha é a energia cósmica no ar. Coincidindo com o fim da geração elétrica do show, eles encerram o espetáculo em meio a um curto elétrico. Fim a altura da elétrica apresentação, era a faísca que faltava!”
Confira a resenha completa do festival
Menções Honrosas
Foram 177 shows assistidos e chegar a apenas 10 significa deixar outros ótimos de fora. Por isso estabeleci que deveria ter um espaço para menções honrosas.
Lava Divers e Sky Down @ Centro Cultural São Paulo (13/07)
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Catavento @ Centro Cultural São Paulo (16/08)
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Giallos @ Associação Cultural Cecília (07/06)
https://www.instagram.com/p/BjvoLDXH7Md/?utm_source=ig_share_sheet&igshid=1cjikyb7i4go2
Francisco, El Hombre @ Casa de Francisca (18/05)
https://www.instagram.com/p/Bi8ROhKHS7f/?utm_source=ig_share_sheet&igshid=16us0pgz7fwud
Joe Silhueta @ Centro Cultural São Paulo (17/08)
https://www.instagram.com/p/BmmN1ZGFWa7/?utm_source=ig_share_sheet&igshid=1hmbe3oxk3dy5
https://www.instagram.com/p/BmmQqFYl68K/?utm_source=ig_share_sheet&igshid=1f45q4brd6jcc
Laranja Oliva @ Family Mob (16/03)
Para não dizer que não falei dos gringos…
Gorillaz @ Jockey Club (01/04)
Wavves @ Frabique (18/04)
Thee Oh Sees @ Audio Club (30/10)
Deep Sea Arcade @ Terraço do Centro Cultural São Paulo (SIM São Paulo) (07/12)
-> Confira a lista de shows de 2016
-> Confira a lista de shows de 2017
1 Comment
[…] esteve presente na Locomotiva Sessions, de Piracicaba (SP), foi o Molho Negro de Belém (PA). O registro foi gravado ao vivo no estúdio LAB Sound e por lá eles tocaram […]