[Exclusivo] Artistas comentam sobre a importância de festivais como o PicniK
Ir a festivais é uma experiência transformadora por si só. Seja pela imersão, poder conversar e conhecer gente nova, se desligar das pressões do dia-a-dia e porque não dizer: ter a oportunidade de sair de lá com um monte de bandas novas para adicionar na playlist.
Claro que headliners tem seu papel fundamental em chamar público e atrair a atração de milhares mas por experiência própria: o que eu mais gosto de festivais grandes ou de médio porte é justamente ir ao garimpo.
Sempre acabo voltando com alguma memória boa, afinal de contas como é urgente este contato humano e abertura para o diálogo. Em tempos onde muitos querem falar e poucos dão espaço para a construção de diálogos, um festival sempre ajuda para que nos conectemos.
E como estamos bem servidos de bons festivais no país, sejam eles novatos ou com mais de 20 anos de estrada, a cada dia vemos eles conseguindo reunir apostas e nomes já consagrados da música independente.
Recentemente até conversamos com um dos organizadores do Circadélica que em julho chega para mais uma edição em Sorocaba (SP). Além dos estreantes Festival Enxame (RS) que realizou sua primeira edição no ano passado, Festival Cena Cerrado (MG) que em Abril teve sua estreia, o mesmo caso do XXXBórnival (SP) – em maio.
Festivais não faltam pelo país como o Bananada (GO), DoSol (RN), Coquetel Molotov (PE), Se Rasgum (PA), COMA (DF), SIM São Paulo (SP), Coolritiba (PR), Febre (SP) entre outros que a cada dia que passa acabam se tornando parada obrigatória do circuito independente.
Festival PicniK
O PicniK Festival em 2018 chega a sua quarta edição. Realizado na Torre de TV de Brasília (DF), ele vem a cada ano que passa crescendo e chamando mais a atenção. No começo do mês foi revelado o line up do festival que promete agitar a capital do país nos dias 23 e 24/06.
Como podem observar no vídeo da edição do ano passado, o festival não se restringe apenas a música como da espaço para atividades culturais com direito a mercado de arte, moda e design, praça de alimentação, área vegana, espaço para discussões, espaço para lazer em família, teatro, espaço zen entre outras coisas. O evento é realizado com entrada franca.
Line Up
O line-up foi divulgado no começo de junho e impressiona pela mescla de novos nomes com outros que já vem se destacando nos últimos anos.
Tulipa Ruiz (SP) | Curumin (SP) | Anelis Assumpção (SP) | Garotas Suecas (SP) | BIKE (SP) | Joe Silhueta (DF) | RAKTA (SP) | PAPISA (SP) |Mescalines (SP) | Young Lights (MG) | Marrakesh ʘ (PR) | SUPERVÃO (RS) | André Sampaio (SP) |Leo (DF) | meu amigo tigre (DF) | Oxy (DF) | Cachimbó (DF) | Banda Augusta (DF) | Palamar (DF)
Claro que música não vai faltar e antes, depois e nos intervalos dos shows quem for poderá conferir os sets do DJ Ogunda-O. Além de projeções do VJ Penna.
Entrevistas
Para saber mais sobre as expectativas para o festival e fase que cada um está passando, conversamos com quem estará com a mão na massa daqui a pouco mais de uma semana. Demos ouvido aos artistas para comentar sobre a importância de eventos como esse, sobre o momento em que estão vivendo dentro de suas respectivas carreiras e como enxergam o atual cenário da música independente.
Tulipa Ruiz (SP)
“No momento estou vivendo duas turnês, a do TU e a do Dancê, que está chegando ao fim. Tenho preparado clipes desses dois discos e logo mais teremos os lançamentos todos em vinil, que é a minha paixão.
No segundo semestre começarei a pensar em disco novo. E por falar em disco novo, o cenário da música feita no Brasil exatamente agora está mais nutritivo do que nunca. A ligação dessa vasta produção com a crise que estamos passando tem tudo a ver, pois a arte é um lugar onde podemos gritar sem medo.
Atualmente temos muitas mulheres fazendo música em nosso país. Compondo, produzindo, tocando, cantando. Só esse ano temos discos muito fortes e atemporais, como o da Anelis Assumpção, da Elza Soares, da Maria Beraldo, da Ava Rocha. O que eu penso sobre o cenário independente da música atual? Graças as Deusas ele está mais forte do que nunca.”
André Sampaio (RJ)
“O disco Alagbe começa a dar feedbacks muito bons. As pessoas vindo já pedir músicas novas nos shows e também estamos indo a lugares e espaços que ainda não tínhamos tocado. A cena independente tem se fortalecido e mostrado alguns nomes que podem ocupar esse espaço entre o underground e o mainstream, fazendo um “pop mainstream com conteúdo”.
BaianaSystem, Criolo e Emicida são alguns dos muitos exemplos que temos e é o caminho que estou buscando para os próximos passos. No momento, estamos finalizando o segundo clipe do disco, da música “Coluna de Aço”, filmado entre Olinda e Rio de Janeiro. E também preparando algumas surpresas, fruto de muitas colaborações e intercâmbios que estão acontecendo desde que me mudei para São Paulo e com a música de groove mundial, passando pelo reggae e rap também.”
Marrakesh ʘ (PR)
O que propostas criativas como o PicniK Festival representam para artistas no momento atual em que vivemos, política e culturalmente?
“Propostas criativas como o PicniK viabilizam a oportunidade de tocar em lugares que talvez não abrissem portas para artistas independentes de outra maneira. No nosso caso, sendo de Curitiba, ficaria difícil conseguir tocar em Brasília por outro meio. Além disso, são eventos como esse que trazem contatos cruciais com outros artistas e produtores.
Festivais como esse, que surgem baseados na criatividade, são — ou deveriam ser! — fonte de inspiração para outros eventos, pelo forte investimento na produção artística e na entrega impecável ao público de Brasília. Somos muito gratos por participar de eventos como o PicniK, que nos fazem chegar aos ouvidos de mais pessoas da melhor maneira possível.”
Mescalines (SP)
“O momento do Mescalines é de renovação estamos entrando em uma nova fase com o Selo Quadrado Mágico, finalizando nosso segundo álbum que se chama Brazilian Voodoo Exportation e a ansiedade de por tudo isso pro mundo logo.
Nosso cenário independente continua aí do jeito que tá, tem crescido muito o número de bandas e isso torna o cenário muito mais amplo mas também com dificuldades em se manter, com muitas bandas de qualidade nosso trabalho tem que ser dobrado.
Tenho muito orgulho das bandas que estão aí fazendo um som genuíno botando a cara a tapa e conseguindo alcançar seus objetivos aos poucos. O único problema do nosso cenário é o próprio país atrasado que não apoia cultura, educação, hospital, informação e por aí vai… “, comenta o baterista Mariô
Oxy (DF)
“Fazer parte de Brasília é muito significativo pra gente. Tocar no PicNik, então, nem se fala! Seria pretensioso, porém, dizer que estamos trazendo coisa nova, mas ao mesmo tempo as bandas daqui vão muito além do estigma de pop rock brasiliense.
Aqui em Brasília tem produção de tudo quanto é jeito. O cenário alternativo brasileiro vem ganhando mais atenção, é onde embarcamos. Com as letras em inglês tivemos alguma repercussão internacional também, tocamos em rádios shoegaze no EUA e em Barcelona. Isso é muito louco.”, comenta a vocalista Sara Cândido
Joe Silhueta (DF)
“Pensando em como as pessoas parecem distantes – tanto umas das outras, quanto de si mesmas – e que o mingau (social, cultural) não tem dado liga – pelo contrário, anda ralo, insosso e raro –, a ideia de festival vem meio que pra ritualizar esse contato perdido/impedido.
Abrindo brechas na rocha da Realidade Cotidiana, libera o fluxo contido pela rotina mais travada e traz à tona um sentido profundo – que não quer ser esquecido.”
Y P U (DF)
A Y P U fará seu show de estreia no palco auxiliar do PicniK.
“A cena de Brasília tá vivendo um momento interessante, com várias bandas que vinham investindo em singles e EPs fechando albums completos, e por outro lado, o movimento parece mais uma resistência, tanto por parte dos músicos quando dos produtores. Tá rolando esse momento político esquisito e sinto que tá todo mundo meio sem lugar, em termos práticos e outros mais emocionais. A Y P U vem com um EP e uma série de vídeos, buscando um formato colaborativo com outros músicos e artistas plásticos, testando vários formatos de apresentação, dando espaço ao que fluir no momento.”, conta Gustavo Halfeld
Supervão (RS)
“Estamos quase finalizando nosso primeiro disco cheio. Serão 11 músicas provavelmente. Então estamos muito na pilha, vivendo tudo de corpo aberto pra absorver os sinais que pairam no tempo.
E o cenário atual tem ajudado. Parece que ele de fato existe, muitos festivais, selos, bandas, casas de shows, produtores, assessorias… tudo focado na música independente/emergente. E o Picnik é exemplo forte pra todos projetos no país, desde o line up até a divulgação e o modo que se estrutura são maravilhosamente empolgantes. Pensa numa alegria transcendente em poder participar disso esse ano.”, conta Mario Arruda
Sã (GO)
“A Sã está vivendo da música. Disco lançado com grana de cache e em turnê pelo Brasil com uma banda e todo backline num carro 1.0. Difícil? Perrengue? Achamos isso um sonho realizado. Uma vez que você realmente vai e faz, daí é independente. E isso soa como liberdade aos nossos ouvidos. É o que basta para a música continuar tocando”, conta Danilo Xidan
BIKE (SP)
“Festivais como o PicniK são essenciais para que novos artistas cheguem num público maior, que provavelmente não iria num show em um local underground. Trabalhar com cultura no Brasil continua sendo um ato de resistência, e dependendo do conteúdo até uma forma de protesto.”, comenta Julito Cavalcante
O que o Organizador tem a dizer?
Também conversamos com o organizador Miguel Galvão para saber mais sobre o PicniK e o novíssimo selo Quadrado Mágico.
[Hits Perdidos] Qual o maior desafio em produzir eventos independentes e como tem sido a evolução?
Miguel Galvão: “O desafio maior é conseguir conviver em harmonia com essa condicionante sistêmica do crescimento/expansão constante existente em nossa cultura. Até que ponto conseguimos fazer isso (ou até que ponto vale a pena fazer isso) sem perder a qualidade, coerência e autonomia?
É um jogo bem complicado, ainda mais em épocas de crise econômica e moral como a que estamos vivendo. Vejo que nossa evolução é bem no esquema formiguinha, muito trabalho, muito chão e muita transpiração, com foco em sempre estar promovendo um encontro que antes de mais nada ficássemos felizes de estar sendo convidados a participar como público, em criar oportunidades para as pessoas terem vivências únicas e inusitadas.”
[Hits Perdidos] O selo Quadrado Mágico e o PicniK andam de mãos dadas?
Fale mais sobre o selo, história, desdobramentos, lançamentos e futuro.
Miguel Galvão: “Sim, o Quadrado Mágico é um desdobramento natural do PicniK. É por onde conseguimos somar expertises adquiridas em nossa caminhada, como marketing, networking, planejamento estratégico etc, com artistas amigos que botamos fé e que queremos vê-los desbravando rumo a indefinidos e saudáveis horizontes.
Para o PicniK Festival, puxamos a sardinha para vários projetos com que estamos trabalhando e aproveitamos para dar certo destaque em nossa programação: último show do Bike antes de sair para turnê Europeia e lançamento do disco em Brasília, shows de lançamento do disco novo do Mescalines e Oxy, pré-lançamento do Joe Silhueta e Cachimbó… e um espacinho para nossa aposta experimental sem passar mal Palamar!
Exclusivo
Sei que vocês estão ansiosos para descobrir os horários do festival. A programação completa será revelada apenas na quarta-feira (20/06). Mas o Miguel nos revelou em primeiríssima mão o horário de uma das atrações mais aguardadas do festival.
Então vamos lá!
A cantora santista, Tulipa Ruiz, subirá no palco do Picnik Festival no sábado (23) às 19:30h. Este SPOILER você só confere aqui. Agora é esperar a quarta-feira e já ir se preparando para curtir um fim de semana repleto de boa música.
Saiba mais sobre o PicniK Festival
Serviço
PicniK Festival
Arte – Moda – Música – Dia – Bazar – Festa – Sorrisos – Comidinhas – De graça
Data: 23 e 24 de junho de 2018 (sábado e domingo)
Local: Torre de TV
Horário: das 13h às 22h
Acesso gratuito
Classificação indicativa livre
Obs: a partir das 16h será necessária a doação de 1 kg de alimento ou 1 livro ou 1 agasalho para acessar perímetro do evento (Instituições beneficiadas = Abrace e Ler Liberta).
Confira a programação completa:
MERCADINHO ARTE, MODA E DESIGN
Mais de 120 expositores de arte, moda, decoração, plantinhas, e mais, mostrando o lindo rosto da economia criativa candanga!
PRAÇA de ALIMENTAÇÃO
Chefs renomados, jovens talentos e os melhores foodtrucks da cidade comprovando a diversidade, qualidade e riqueza da gastronomia brasiliense.
ÁREA VEGANA
Quitutes saborosos para recompor energia de maneira saudável. Pavilhão organizado em parceria com a FALA – Frente de Ações pela Libertação Animal.
ESPAÇO SEMÂNTICAS* powered by PERESTROIKA
Discussões e novas ideias a respeito de temas que passam por grandes evoluções na atualidade. Programação em breve.
ESPAÇO KIDS
Brinquedos infláveis, pula-pula, acrobacias e oficina de perna-de-pau.
ESPAÇO MARANDUBINHA*
Área dedicada a recepção de famílias com crianças pequenas dentro do PicniK, mediação de Dayla Duarte e Adriana Bertolucci.
13h e 17h: roda de leitura para crianças
14h e 15h: roda de leitura especial bebês
16h: roda de conversa entre mães
ESPAÇO MINI-ARENA*
Peças de teatro, circenses e de comédia no espaço mambembe do PicniK. Programação em breve.
ESPAÇO ZEN*
Oxigênio para sua existência! Programação em breve.
ESPAÇO DE CURA
Entregue sua alma, corpo e mente para nossos terapeutas! Receptivo por A Ponte, programação em breve.
PISTA DE DANÇA powered by Claro Musica*
➔ Sábado 23/06: Muita percussão, groove e batidas calientes com a AFREAKA!
➔ Domingo 24/06: o projeto SINTRA assume a curadoria dos DJs apresentando sonoridades herméticas, aeroespaciais e monocromáticas, evoluindo do ambient e trip hop ao techno.
FANTÁSTICA FÁBRICA DE BANDAS STAGE*
➔ Sábado 23jun
17h Banda selecionada na seletiva Fábrica
18h Commodities
19h Marcianita
20h Y P U *Premiere novo projeto Gustavo Halfeld e cia* (DF)
21h Boca Braba Hardcore (RS)
➔ Domingo 24jun
17h Banda selecionada na seletiva Fábrica (19/6)
18h Azura
19h Sã (GO)
20h Matheus Mota (PE) + Munha da 7 Top Trio
21h O Inimigo (SP)
Antes, nos intervalos e após os shows a trilha fica pelas garotas do soul Cinthya Sodré e Camila Borges.
LOUNGE CLARO NO PICNIK
Aqui você poderá recarregar a bateria de seu amigo celular, tirar uma foto estilizada e participar da campanha #1copoamenos, levando para casa um copo personalizado da edição.
ESPAÇO VERDEJANDO*
Promovido pela Rede Globo, será a base para o público ter contato com ações socioambientais dentro do PicniK. Nele, serão ministrados oficinas de hortas domésticas (em parceria com a Novacap) e serão doadas mudas de plantas.
CENTRAL ACESSIBILIDADE*
Teremos logo na entrada principal do evento um receptivo especial para portadores de deficiência auditiva e visual: serão disponibilizadas facilitadores e visitas guiadas pelo evento.
REST MY BIKE*
Vir de carro não está com nada, style mesmo é vir de bicicleta! Para facilitar a vida de nossos ciclistas, teremos um guarda-bikes gratuito dentro do evento, com possibilidade de realizar também pequenos serviços de manutenção oferecidos pela Bike Tech.
ACONTECE PICNIK*
Encontro voltado para capacitação dos agentes que fazem parte da rede de economia criativa local. Será realizado antes do evento, data e programação a confirmar. Vagas limitadas, inscrições pelo e-mail.
* Atividades gratuitas
Para participar como expositor clique aqui.
Para participar das atividades entre em contato aqui.
Para Mais Informações
Contato: (61) +55 61 9 9800-7980
Obs: proibida entrada de bebidas, sobretudo as alcoólicas, no perímetro do evento.
Lei de Incentivo à Cultura
Realização: Neves e Rodrigues
Parceiros/Apoio: Faquini Fotografia, Peigon e Cultura FM 100,9MHz
Cerveja oficial: Brahma Extra
Patrocínio: NET Claro
Incentivo: Secretaria de Cultura GDF