[Exclusivo] Conversamos com Jonas Bender (Honey Bomb) sobre a 1ª edição do Festival Enxame

 [Exclusivo] Conversamos com Jonas Bender (Honey Bomb) sobre a 1ª edição do Festival Enxame

É de certa forma incrível ver como o ecossistema da música independente vai se orquestrando Brasil afora. Vemos muitos festivais nascendo a cada dia que passa, tendo como mote a cultura para auxiliar no amplo processo de transformação que a sociedade vive. Aos poucos vemos as iniciativas acontecerem longe dos grandes centros urbanos mas prezando sempre pela qualidade, experiência e debate cultural.

Apesar das dificuldades e da falta de apoio do governo que vemos nos nossos dias a união de coletivos, produtores, selos e networking ainda conseguem fazer com que seja sim possível ter como a arte a resistência.

Hoje vamos conhecer mais sobre o Festival Enxame. Direto da serra gaúcha o festival ganha sua primeira edição neste fim de semana e tem como um dos seus pilares a imersão cultural.

Isso que transparece desde a escolha do local, o Cheiro no Mato Eco Camping localizado na BR 116, Km 132 – Parada Cristal (veja como chegar). Assim a conexão com a natureza, artes e troca de conhecimentos e vivência sendo uma experiência a parte. É muito legal ver experiência assim ganhando essa proporção. Quem pôde conferir algumas edições do SWU no começo da década sabe como esse tipo de semente pode proporcionar grandes momentos de autoconhecimento e civilidade.

O festival está sendo organizado pela Paralela, do selo Honey Bomb, da produtora Tédio e do canal 1Quarto – Entretenimento Livre. Para esta primeira edição o line-up teve como preocupação contemplar além da música oficinas, workshops, feira e painéis. Para anunciar as atrações na semana passada eles divulgaram um vídeo.



A pluralidade da curadoria como podem perceber também é um dos grandes destaques desta do line-up do Festival Enxame. Prezando por artistas da região de cidades como Caxias do Sul, São Marcos, São Leopoldo, Porto Alegre e Pelotas mas também contando com outros de Curitiba (PR) e Brasília (DF).

A conexão com Brasília veio da troca de experiências, vivências e contatos com outro festival parceiro o Picnik – que teve sua terceira edição realizada no fim de junho na capital federal – e o selo Quadrado Mágico que fez com que fosse possível a vinda da Supervibe e o The Miguelitos (Miguel Galvão, DJ e diretor do festival).

E são dessas conexões mesmo que o cenário vai se fomentando. Na cidade de Sorocaba (SP) por exemplo vemos que a cada ano que passa o Festival Febre ganha força também prezando por essa troca. Mas sempre pensando em como deixar um legado interessante para a região. Pela conversa que tivemos com Jonas Bender (Honey Bomb) acredito que é por estes caminhos que o Festival Enxame deseja trilhar.

O espírito de coletividade pode ser visto no manifesto do festival:

“Acreditamos na arte e na cultura como ferramentas para alterar cenários sociais, despertar senso crítico e refinar a empatia. Acreditamos em um mundo inspirado na coletividade das abelhas, que, em meio ao caos aparente do vôo coletivo, seguem ordenadamente em direção ao mesmo objetivo.”

“O nosso DNA é colaborativo, é híbrido. Somos passageiros da nossa jornada até aqui, de todas as experiências. Somos música, dança, moda, carnaval, filme, rede, debate, cultura, resistência, conteúdo. Agora queremos ser também festival.”

É perceptível essa preocupação e isso é levado para que sua diversidade seja um dos pontos de destaque. Quem for poderá curtir desde um bloco de Carnaval do Bloco da Ovelha as ondas experimentais de grupos como a Musa HíbridaSupervão.

Além da Supervão outros artistas do selo gaúcho, Honey Bomb, como Cuscobayo e os psicodélicos da Catavento compõe o line-up. Estilos como o folk, o reggae e um time de DJ’s variados também colaboram para que o festival seja bastante abrangente e plural. Previamente o artista paraense Jaloo estava escalado para o festival porém o artista teve que cancelar sua participação por conta de uma data internacional.


CAPA-OFICIAL-ENXAME-amarela


Confira a programação:

Palco Mel: 14h Mari Martinez & The Soulmates, 15h Salve Jurema (São Marcos), 16h Musa Híbrida (Pelotas), 17h Supervibe (Distrito Federal), 18h Não Alimente os Animais, 20h Natural Dread, 21h Cora (Curitiba), 22h Cuscobayo, 23h Catavento, 01h Supervão (São Leopoldo), 02h Descartes, 03h Nevoar.

Intervalos dos shows: DJ Set The Miguelitos (Picnik Festival Brasília)

Palco Molho (espaço da feira): 19h Bloco da Ovelha, 21h Seneris, 00h Baque dos Bugres, 04h Brasil in Sound.

Oficinas & Painéis:

13hs / Oficina: Dança Maracatu (Dança folclórica de origem afro-brasileira) >> Vanessa Carraro e Tonico de Ogun.

14hs / Bate-papo: R.I.P. Aula Chata (O novo papel do professor e do aluno para uma educação mais sensível e holística.) >> Bruno Feldens Queiroz (Reforma).

15hs / Case: Mulheres na Música (Como a produção feminina têm se organizado no cenário independente brasileiro.) >> Daniele Rodrigues (WE ARE NOT WITH THE BAND).

17hs / Painel: Deu Match (A música independente impulsionando marcas.) >> Mari Martinez (Marquise 51) >> Sarah De Almeida Brito (Puro Movimento) >> Mateus Bedin (Rider) >> Eduardo Panozzo (Buzz Music Content).



Os ingressos para o festival podem ser adquiridos através do Mais Shows ou do site da Ticket Mais (com ingressos em até 12x). Para mais informações confira o site oficial do festival.

Para entender um pouco mais sobre o evento conversamos com Jonas Bender Bustince (Honey Bomb), um dos organizadores do Festival Enxame.

[Hits Perdidos] Antes de mais nada eu gostaria que você contasse mais do trabalho da Honey Bomb e o atual momento do efervescente cenário de Caxias do Sul?

Jonas Bender: “O trabalho da Honey Bomb vem sendo desenvolvido desde a metade de 2013, quando nos juntamos num grupo de músicos, artistas visuais e comunicólogos ao mesmo tempo, pra criar um guarda-chuva que referenciasse os lançamentos das bandas que faziam parte daquele grupo de pessoas. A Paralela, uma casa que abrigou shows durante 3 anos, serviu como plataforma pras bandas criarem seu público.

Aí fomos fazendo e fomos aprendendo a como fazer. Saímos do estado, conhecemos gente do Brasil todo, seja tocando, seja produzindo ou seja participando de algo envolvido à música e seguimos nesse caminho. Caxias sempre teve potencial para ser um pólo de música autoral, mas faltava alguém que provocasse isso e tirasse um pouco as pessoas da zona de conforto do cover.

Acho que posso dizer que nossa geração teve papel importante nisso, em se reafirmar como alguém que tem a capacidade de produzir arte aqui e permanecer morando aqui e fomentando. Temos muitas dificuldades assim como qualquer cidade do Brasil. Aqui são quase 500 mil pessoas, mas é uma cidade ainda muito focada na industria, as pessoas são industriais, quase que robóticas. Tem um fascismo enraizado aqui, por isso acredito que a resistência seja tão prazerosa de fazer, a contracultura, a arte. É uma forma de transformar o cenário que vivemos. Nos unimos pra isso.”


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Catavento é uma das bandas do selo Honey Bomb Records a participar da primeira edição do Festival Enxame. – Foto: Divulgação

[Hits Perdidos] Até o momento quantas edições foram realizadas e como é feita a organização?

Jonas Bender: “Essa é a primeira edição, mas carregando um legado de 5 anos que viemos produzindo eventos e outros festivais como o Manifestasol que aconteceu até a 9º edição e teve sua última realizada em 2015. Nos juntamos em duas produtoras e começamos a planejar isso na metade dessa ano mesmo. Correria danada, mas que nos fez crescer a aprender muito. É o primeiro de muitos. Queremos agitar ainda muito mais esse região.”

[Hits Perdidos] A curadoria é bastante diversa, como ela é feita? Quais os destaques desta edição? Teve algum artista que era um sonho antigo?

Jonas Bender: “Nesse ano optamos em trabalhar artistas que tem se destacado em 2017 por trabalhos lançados e que estão circulando, além da Descartes que há algum tempo não se apresenta ao vivo. O Bloco da Ovelha é um projeto da Tédio e da Paralela, a conexão que temos com o Picnik de Brasília e com o selo Quadrado Mágico nos fez trazer a Supervibe e o The Miguelitos (Miguel Galvão, DJ e diretor do festival). O Jaloo infelizmente cancelou duas semanas antes devido a causas extras.”

[Hits Perdidos] A edição deste ano acontece no Cheiro de Mato Eco Camping, qual a atmosfera que esperam para o dia?

Jonas Bender: “O lugar lá é mágico, tem uma natureza linda rodeando os espaços todos e um rio ao lado. Conexão com a natureza, instalações de arte, com a música e com toda forma de expressão humana.”

[Hits Perdidos] Para você quais festivais mais admira e vê como referência na hora de montar o Enxame, e porque?

Jonas Bender: “Somos muito parceiros de festivais como Morrostock, Pira Rural, Acid Rock, Bananada, Coquetel Molotov, Meca, Picnik, então cada um deles acaba influenciando o Enxame de alguma forma. Aqui em Caxias, tínhamos o Manifestasol que serviu como legado pra continuarmos fazendo isso aqui na região. Além disso curtimos muito festivais do exterior como Desert Daze na Califórnia, Music Wins na Argentina e Primavera Fauna no Chile.”


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A vinda da Supervibe (Distrito Federal) foi possível através da parceria com o Picnik de Brasília. – Foto: Divulgação

[Hits Perdidos] Além dos shows o festival conta com oficinas, cases, bate-papos e painéis. Como é feita essa curadoria e qual abordagem é o foco destas atividades?

Jonas Bender: “Sim, teremos papo com a Dani sobre a igualdade de espaço na música para as minas, um papo sobre o futuro do ensino e outro sobre a relação de marcas com filosofias bacanas com artistas e bandas independentes. São conversas atuais que queremos desenvolver nessa edição.”

[Hits Perdidos] Para você que além de produzir o festival ainda toma conta de um selo bastante relevante: como enxerga o momento que a música independente tem vivido no país? Quais artistas destacaria e admira o trabalho e quais selos aprecia a curadoria?

Jonas Bender: “Vejo uma cena muito rica e diversa em qualidade e profissionalismo. Todos estão evoluindo juntos e se conectando de formas muito inteligentes. Admiro o trabalho de dezenas de selos pelo Brasil que nos inspiraram. Balaclava, 180 de Passo Fundo, Marquise 51, Ué Discos, RISCO, é tanta gente e amigo fazendo um trampo genial que nos motiva a continuar fazendo e fazendo mais.”

[Hits Perdidos] Para quem está começando um selo independente quais as dicas e ensinamentos que gostaria de passar a frente para que se desenvolva um ecossistema mais justo e sustentável do universo independente.

Jonas Bender: “Tenha uma relação sincera com seus artistas, conheça outros selos, quebre a cabeça para achar o modelo que mais se adequa com seu perfil de pessoa e preze pela arte. O mercado se adequa ao que é único e autêntico.”


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A Cora de Curitiba (PR) representa a PWR Records no line-up do Festival. – Foto: Divulgação

[Hits Perdidos] Algo muito bacana que pude acompanhar com frequência no ano passado foi o medium do selo (https://medium.com/@honeybombrecords) que assim como da Bichano se propunha a dar dicas e fazer um panorama rico e informativo do mercado. É uma preocupação que tem? Para você qual o papel de um fomentador cultural e o que precisa ser mudado no segmento no Brasil?

Jonas Bender: “Sim, esse trabalho foi realizado pelo Eduardo Panozzo, um eterno pesquisador que além de atuar na área de geração de conteúdo e comunicação, também toca baixo na Catavento e é co-fundadador do selo. Ele cuida atualmente da Buzz Music Content. Acho que o cenário independente atual tem conquistado cada vez mais espaços e tem formado cada vez mais público. Tamo no caminho certo.”

Playlist Festival Enxame no Hits Perdidos

Para fechar o post sobre o festival que acontece neste sábado (04/11) preparamos uma playlist para aquecer contento sons dos artistas e bandas que participam desta primeira edição. Na capa temos a banda Supervão, aperte o Play!

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Playlist Festival Enxame


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