Novo Rock: Budang, ana paia, Varanda, Facada, throe, Emerald Hill, IORIGUN e muito mais!

 Novo Rock: Budang, ana paia, Varanda, Facada, throe, Emerald Hill, IORIGUN e muito mais!

Budang, destaque na editoria “Novo Rock” lançou o álbum “Magia” pela Deck. – Foto Por: @youknowmyface

A Novo Rock trará conteúdos em micro-resenhas do que de melhor tem acontecido no Rock Nacional. Singles, discos e novidades com o radar antenado do Hits Perdidos ganham o palco em um post informativo que acompanha sempre uma playlist!

Sobre o Novo Rock

“Novo Rock” é onde vivem as bandas e artistas que reinventam o gênero, cruzam influências e quebram rótulos. Se você quer saber por onde anda o rock em 2025, esse é o seu lugar. Lançamentos, listas e estreias exclusivas com a cara do agora de quem não parou no tempo das ondas das FMs. A cada nova lista serão adicionados 10 novos lançamentos, vamos juntos?


Novo Rock - Hits Perdidos - Budang - Magia (álbum : 2025) - Deckdisc_2_@youknowmyface-12
Budang, destaque na editoria “Novo Rock” lançou o álbum “Magia” pela Deck. – Foto Por: @youknowmyface

Novo Rock #6

Budang Magia

Dos nomes promissores do hardcore brasileiro, os catarinenses da Budang lançam seu álbum de estreia, Magia, pela Deck, com produção do Rafael Ramos. A intensidade é uma das marcas do registro, que em menos de 32 minutos apresenta 16 faixas aliando referências do hardcore old school, rock alternativo e até mesmo do grunge. Com riffs sujos, viradas, breakdowns, entre momentos mais cadenciados, referências de Cro-Mags, Turnstile, Slapshot, Agnostic Front, são notáveis. Eles ainda citam as lendas Ratos de Porão e Nação Zumbi como grandes influências locais.

Mas não pense que as linhas mais melódicas, e arranjos mais trabalhados, não fazem parte do instrumental do grupo assumidamente fã de grupos como Pixies, Sonic Youth e Angel Dust, esta última que conta com membro fundador do Turnstile.

A política, críticas à hipocrisia, bom humor, lutas sociais, romances e até mesmo uma releitura para Mamonas Assassinas (“1406”) aparecem ao longo do seu andamento. Um dos pontos positivos é ver a evolução estética e o maior cuidado com o acabamento da produção quando comparado às gravações anteriores. Com momentos de ‘motoqueiro louco’, o disco é uma boa trilha para quem sente falta de um hardcore que mesmo escrachado não deixa de perder sua mensagem. Boa trilha para andar de skate e com certeza se tivesse sido lançado na década de 90 iria direto para as trilhas das revistas Fluir ou 100% Skate.

throe Silver Blue

Com referências densas que passeiam pelo metal, shoegaze, post-rock, space rock, drone metal e ambient, o throe é o resultado dos integrantes do Huey, Vina (guitarra, programação e baixo) e Vellozo (baixo), com a Lōtico, Juliana Fernandes (bateria) e Guix (guitarra). Silver Blue é o sucessor de Throematism (2021) e está sendo lançado pelos selos Burning London Records e Deathtime Records.

O material enviado à imprensa sugere que fãs de grupos como Godspeed You! Black Emperor, Jesu, Isis, Nadja e Have a Nice Life irão compreender as texturas, estética e densidade emocional apresentada ao longo do registro que cria ambiências, trabalha timbres e possui narrativa cinematográfica.

O sentimento de desesperança, tons escuros e não linearidade da faixa título se contrapõe com a plasticidade da canção de ninar heavy metal, “Rêve” (sonhar em francês). São justamente as curvas sonoras e intensidade que fazem da dinâmica do disco interessante e ótima para quem gosta de pesquisar por timbres.

O post-rock e o space rock aparecem no retrovisor da imagética, “Birds”, que em suas linhas de guitarra etéreas conduzem o ouvinte em uma jornada de reflexão e temperança. Em “Giz”, o ambient e o drone metal vão de encontro, criando texturas que vão da tensão à calmaria. Sua progressão, por si, vai nos guiando de forma lenta e ao longo do seu andamento são adicionadas camadas de shoegaze que transformam a beleza dos acordes granulados em uma odisseia sensorial.

O registro foi gravado no Gotan Studio, em São Paulo, e mixado e masterizado por David Menezes (Ratos de Porão, Sérgio Sampaio, Bufo Borealis) no estúdio Rolo de Lata 77.

Facada Truculence

Com 22 anos de estrada, seis discos de estúdio, o Facada (leia entrevista) é um dos principais nomes do grindcore brasileiro. O quarteto de Fortaleza (CE) formado por James (baixo e vocal), Danyel (guitarra), Vicente (bateria) e Ari (guitarra — overseas) lança Truculence pelos selos Läja Records e Black Hole Productions.

Durante a produção do álbum, o quarteto lançou o split Em sintonia com o fim do mundo, com a também banda de grindcore ROT, de São Paulo. Com 12 músicas e pouco mais de 15 minutos, o material tem previsão de ganhar versão em vinil no começo de 2026.

A experiência da audição é justamente combater todo teor reacionário dos nossos tempos, com direito a peso, letras politizadas e referências que passam por estilos como o crossover, grindcore, crust e hardcore, eles não pedem passagem e vão para cima feito um rolo compressor.

O disco foi gravado entre 2024 e 2025 no VTM Studio e VOID Studio com produção de Vanessa Almeida e Vicente Ferreira – o último assina a mixagem e a masterização.

“Por que Truculence e não Truculência? Porque quisemos dessa forma. Essa é a resposta quando se fala deste disco. Em um cenário em que as coisas raramente funcionam como deveriam, em que a educação e a decência são tratadas de maneira totalmente oposta e mesmo assim acha-se conveniente e normal esse abuso, em que pessoas usam da boa vontade das outras para se aproveitar, quando qualquer tentativa de diálogo é recebida com mentira e total desprezo pelo que se diz, temos mesmo que aceitar com condescendência?

Quando se usa o falso como método de propagação e o discurso ideológico para impor uma verdade que está longe de ser absoluta, temos mesmo que baixar a cabeça e tratar como se fôssemos um mero joguete de quem intima?

Talvez seja mais fácil aceitar e compreender tal comportamento, mas a que custo, já que a postura do outro lado é desprezivelmente ilimitada. Entender tem consequências. A verdade é entrelinha e chega desse papinho de tentar explicar ou remediar uma conversa inútil.

Quando as palavras não resolvem, a atrocidade toma forma pra resolver. Se não quer entender de um jeito, entende de outro. Sem escolhas. Veem-se as costas pra falsidade, a burrice e a conduta vil.

Cansados de sermos os razoáveis em todo esse processo, deliberamos que nossa tratativa será cruel: impelir, vindicar, forçar por meio da ignorância, agredir como forma de educação.

Ferocidade sem ver nem pra quê, mas com propósito. Podemos, sim, desprezar mentiras e desgostar de imbecilidades
faladas e convicções impostas. Enquanto muitos seguem usando essa retórica indigna e escusa de todas as maneiras, agora é a hora de agir com truculence. Afinal, paz demais não conforta.”, aponta a banda no manifesto do álbum.

ana paia Continuar

Dos lançamentos mais aguardados nos últimos anos por quem acompanha o segmento de bedroom pop e lo-fi indie rock nacional, ana paia, de Sorocaba (SP), apresenta seu álbum de estreia, Continuar. O lançamento acontece nesta quinta (16), mas, para dar um gostinho do que esperar do disco — que estará disponível nas plataformas —, trazemos de antemão nossas primeiras impressões.

Semanas atrás, o single “5h da Manhã” teve sua versão acústica divulgada previamente no canal de YouTube da artista. Na época, o quarteto contou que teve influência do emo dos anos 2000 e citou artistas como Jimmy Eat World, Pitty e clássicos dos anos 90, como Nirvana e Sunny Day Real Estate, como referências diretas. Reflexiva, a canção com estética lo-fi e três minutos de duração carrega o tom desesperado de quem busca pela reconciliação e tem medo de se distanciar ainda mais.



Agora, na audição completa do material, o quebra-cabeças parece se completar. É justamente essa “linguagem frágil de quarto” de artistas como Soccer Mommy, beabadoobee, Snail Mail, Japanese Breakfast, Jay Som, Alex G, aliada às referências da cena emo/shoegaze nacional de grupos como eliminadorzinho, Lupe de Lupe e gorduratrans, que faz tudo convergir no material — que, ao todo, reúne 13 faixas.

Continuar ainda conta com a participação de Vitor Brauer em “Interlúdio do Vitor” — artista que agrega com seu spoken word, fazendo uma reflexão sobre o ser jovem e ter sonhos, do “ser alguém” ao ser amado. Já Gabri Elliot, da eliminadorzinho, participa de “Brutal”, faixa que transita entre o desalento e o arrastar dos dias, com foco em guitarras noventistas.

A mistura entre o onírico do dream pop, o desespero confessional do emo, a fragilidade do lo-fi e a busca por melodias que ficam na cabeça — no melhor estilo diário pessoal — é o que direciona a construção do disco. Entre inseguranças, dores, memórias, busca por novos caminhos, acordes melódicos e sobreposições de violões e guitarras com distorção, amadurecer acaba sendo o elo que une sua narrativa de descobertas e aprendizados.

A faixa “Crescer”, por si só, funciona como uma espécie de fio condutor que sintetiza a mensagem central. Tudo isso sem se esconder atrás de um personagem, o que deixa tudo mais vivido e fácil de se identificar. O resultado também reflete a trajetória do projeto, que se iniciou como carreira solo de Ana e, ao longo do tempo, se tornou uma banda.

“É sobre sentir, errar, amar e seguir em frente. O álbum é um convite à reflexão, mostrando que, mesmo em momentos de dor e confusão, a vida continua. Este lançamento representa não só resistência, mas também uma reafirmação de um espaço onde sentimentos se transformam em som”, reflete a artista paulista.

Emerald Hill À Queima Roupa

Três anos após Cidade em Chamas (2022), o trio paraibano formado por Vitor Figueiredo (vocal, guitarra), Gabriel Novais (vocal, baixo) e Catarina Serrano (vocal, bateria), Emerald Hill, direciona desta vez a sua sonoridade para o post-punk e punk, mas sem perder a capacidade de alternar entre estilos como o emo, noise rock, power pop, jangle rock, shoegaze e o pop.

O espírito rebelde, e combativo, aparece desde a sua capa com direito a uma balaclava pró-Palestina. A contestação já aparecia no single previamente disponibilizado, “Dia de Cão”, que reflete justamente sobre largar sua cidade natal para tentar “vencer na vida” profissionalmente, uma crítica inspirada em vários amigos que seguiram esse caminho: entre seus percalços, sofrimento e algumas vitórias.

Embora aquele grito jovem ainda esteja entalado na garganta, é notório ver o amadurecimento das composições. “Santa Cecília” é uma faixa que além de trazer uma flauta, fala sobre arrependimentos em meio a um flashback de memórias. Em certos momentos, o espírito dark e cético do disco, tem seus lapsos de memórias e esperança, entre críticas, reflexões e dissonâncias.

É interessante esse desprendimento estético que seu andamento permite, “Mapa” é psicodélica, “Uma Ideia Antiga”, é um punk rock clássico. Ecos d’Os Replicantes e dos Titãs, transparecem em “Destruir o Capitalismo” que critica o mercado publicitário e exalta o espírito anarquista.  Já “Av. Sapé” é um misto entre power pop e post-punk com toda aquela aura dos Smiths. Camadas mais densas e Catarina assumindo os vocais são a novidade do disco e aparecem em “Você Não É Criativo” que ressoa como uma reflexão pessimista após uma sessão de terapia.

Thomas Almeida Tropical Mirage

O músico e compositor Thomas Almeida, de São Leopoldo (RS), é 50% do Juna, onde atua também como tecladista, disponibiliza seu primeiro material como artista solo, o psicodélico, Tropical Mirage. Gravado totalmente sozinho em seu estúdio caseiro, o registro lançado de forma independente reúne oito faixas que flutuam entre as ondas psicodélicas, o AOR e o Yacht Rock.

“As referências vão de The Beatles e Pink Floyd a Elton John, Steely Dan, Supertramp e The Doobie Brothers, refletindo meu interesse por harmonias elaboradas e texturas sonoras clássicas. O álbum evidencia uma abordagem pessoal e artesanal à produção musical, destacando o processo autoral e a busca por uma identidade própria.”, comenta o músico gaúcho.

Essa aura de “som antigo”, gravado com a tecnologia que temos disponível hoje em dia, onde podemos fazer milagres com um computador, nos leva para esse universo plástico, e radiofônico, de outros tempos. Em tempos onde vemos inteligências artificiais tentando emular as sonoridades escolhidas, e o apelo vintage aparecendo em mais um revival setentista, Thomas faz um caminho similar por referências que Kevin Parker percorreu em seus primeiros álbuns com o Tame Impala.

É interessante ver justamente como vai construindo sua obra, sejam pelas camadas, como também pelas teclas, guitarras e sobreposições sonoras. “Vanilla Sex”, por exemplo, carrega o refino estético que artistas como Bee Gees e Supertramp exploram com delicadeza. O groove da funk music num emaranhado psicodélico envolvente transparece em “Beautiful People”. O resultado é uma viagem sonora que irá prender para quem curte ouvir por horas seguidas a programação de rádios como Alpha Fm e Antena 1.

Pedro Pastoriz “A Mesma Lua”

O compositor e cantor gaúcho radicado em São Paulo, Pedro Pastoriz, conhecido por seus trabalhos ao lado do Mustache e os Apaches, disponibilizou em plena noite de superlua (07/10) o single “A Mesma Lua”. Esta, que foi gravada pelo Veredas Áudio e estará presente em seu quarto álbum de estúdio.

Em sua banda o músico conta com Otávio Cintra (contrabaixo, coros) e Rubens da Silva (guitarra). Na faixa, ele ativa a aura cancioneira de nomes como David Bowie e o espírito forasteiro de Bob Dylan com narrativa que atravessa séculos de história ao redor da protagonista, a superlua.

IORIGUN “PUDESSE”

Embalada na nostalgia e com ecos do post-punk, a banda baiana IORIGUN lançará em 2026 seu disco de estreia. Após apresentar “NÃO VAI VALER A PENA”, “PUDESSE” é a segunda mostra do que está por vir.

Esse lado reflexivo aparecerá ainda com mais força no disco como ressalta o vocalista. O aprendizado com os descompassos das relações, entre desejo, conflitos e incertezas, ganha teclados e atmosfera do pop/rock oitentista.

“Essa música versa sobre as nuances de se relacionar com o outro. É uma música sobre amores efêmeros, projeção e desejo. Mas a sonoridade é como uma cama que você deita confortável pra pensar sobre tudo.

Foi uma das músicas que surgiu de forma mais natural, a letra saiu bem rápido e o instrumental também. Ela evidencia o nosso amor por uma boa melodia dançante.” – conta o vocalista e guitarrista Iuri Moldes

Drenna “Só o Tempo Irá Dizer”

O indie rock, o pop e o post-punk também aparecem com força em “Só o Tempo Irá Dizer”, do power trio formado no Rio de Janeiro, Drenna. A origem da canção veio justamente de um desabafo.

“É questionadora, mas também abre espaço para silêncios e reflexões, uma verdadeira montanha-russa emocional, onde cada detalhe sonoro puxa o ouvinte para dentro da narrativa.

Queremos que cada pessoa se enxergue em algum ponto da canção: numa dor, numa luta, ou num incômodo com o mundo em que vivemos. É uma música para quem precisa gritar e também para quem precisa silenciar e simplesmente escutar.

Essa é daquelas músicas que carregam muito da nossa essência. A gente sente que ela tem uma força diferente, porque nasceu de um lugar muito sincero. Dá frio na barriga, mas é aquele frio que lembra porque seguimos fazendo música: para compartilhar sentimentos que não cabem só na gente. Estamos ansiosos e curiosos para ver como ela vai reverberar nas pessoas, porque sabemos o quanto já reverberou em nós.”, afirma o grupo formado no Complexo do Alemão.

Varanda Rebarba

Para celebrar o aniversário de um ano do álbum de estreia, o quarteto de Juiz de Fora (MG) apresenta o EP Rebarba. Com cinco faixas gravadas no Estúdio LadoBê que servem como um complemento de Beirada. Podem ser chamadas de “sobras de estúdio”, as faixas foram revisitadas e finalizadas neste ano, amplificando a narrativa do disco que ganhou destaque no cenário independente em 2024. O material ainda conta com participações de Lauiz (beat de “Cores no Céu”) e Pedro Fioravante (piano em “Espelho”).

“Não Me” brinca em seus versos com o termo que dá título à faixa, em tom de desesperança com o acordo, como uma carta de despedida. Com a mesma atmosfera e arranjos delicados, “Espelho” segue o tom confidente, entre descompassos, um dueto de vozes, dissonâncias, sentimentos em conflito e arranjos delicados feito as canções do Beirut.

Já “Cores no Céu”, com beats delicados, cantos que descrevem paisagens, um emaranhado de saudade, mudança na bagagem e sonhos vivos, ganha forma no horizonte, entre guitarras que berram e distorções psicodélicas. “Sol” faz a ponte entre o rock alternativo e a MPB, com destaque para os versos ritmados, tensão nos vocais, experimentação, reverbs e ecos do post-punk do Television.

Feito um clássico lado B, “Ela Já Me Ama” fecha o EP como aquelas faixas que ouvíamos antigamente após aqueles minutos de silêncio de um disco no walkman. Gravada ao vivo, e com imperfeições, ela nos transporta para o estúdio feito um sarau. Destaque para a mixagem e cacofonias esquizofrênicas presentes em sua segunda parte que a deixam um tanto espacial.

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