Novo Rock: eliminadorzinho, Vivendo do Ócio, Vanguart, Carlinhos Carneiro, Naimaculada e muito mais!

 Novo Rock: eliminadorzinho, Vivendo do Ócio, Vanguart, Carlinhos Carneiro, Naimaculada e muito mais!

eliminadozinho lançou “eternamente” pela Cavaca Records e entra como destaque na editoria Novo Rock. – Foto Por: @pedefeijoao

A Novo Rock trará conteúdos em micro-resenhas do que de melhor tem acontecido no Rock Nacional. Singles, discos e novidades com o radar antenado do Hits Perdidos ganham o palco em um post informativo que acompanha sempre uma playlist!

Sobre o Novo Rock

“Novo Rock” é onde vivem as bandas e artistas que reinventam o gênero, cruzam influências e quebram rótulos. Se você quer saber por onde anda o rock em 2025, esse é o seu lugar. Lançamentos, listas e estreias exclusivas com a cara do agora de quem não parou no tempo das ondas das FMs. A cada nova lista serão adicionados 10 novos lançamentos, vamos juntos?


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eliminadozinho lançou “eternamente” pela Cavaca Records e entra como destaque na editoria Novo Rock. – Foto Por: @pedefeijoao

Novo Rock #4

eliminadorzinho eternamente

Quatro anos após Rock Jr., disco que colocou o trio no radar até mesmo da APCA, eliminadorzinho parece ter feito a sua “rockepopeia” no segundo álbum de estúdio, eternamente. É bem verdade que a guinada para o punk e seus gêneros correlatos no disco anterior foi o grande acerto. Agora eles resolveram dobrar a aposta.

Aquele grito juvenil e coração apaixonado, continuam intactos, só que mais amadurecidos no quesito pesquisa musical e no desenvolvimento das suas múltiplas narrativas. Política, questões de gênero, amor platônico, experiências sexuais, o fervor da timeline, e melodramas da vida adulta ganham versos divertidos e ironias ao longo da sua construção.

Ouso dizer que esse é o disco que tem parte 1 e parte 2 como um álbum produzido em outros tempos. Mas sem aquele conceito de Lado A e Lado B, e muito mais no conceito de álbum duplo. Tudo isso, devido às soluções sonoras, narrativas e duração das faixas. O material lançado pela Cavaca Records conta ao todo com 58 minutos de duração.

O ecoar de referências como Pavement, Hüsker Dü, The Replacements e até mesmo do post-punk de grupos como Gang Of Four e Siouxsie and the Banshees, aparece como uma continuação do sentimentalismo à flor da pele. Não é à toa que os ecos do emo de garagem do fim dos anos 90 que grupos aqui chamados de “rock triste” incorporaram em sua sonoridade também ganham lastro nesta jornada.

eternamente ainda tem seus momentos contemplativos que se revezam com a explosão. Esse é o caso, por exemplo, de baladas feitas para cantar junto como “Blondie (menina do cabelo amarelo)” e “Não me deixe no almoxarifado” – com letra de amor um tanto quanto ramoníaca – que em seu trecho final uma micro versão para “Dear Prudence”, dos Beatles, mas no estilo da versão do Siouxsie and the Banshees.

A distorção, o shoegaze aliados ao punk rock mais melódico dos Descendents e a psicodelia dos Doors, também aparecem ao longo da audição em “Vaivém”. Se fôssemos enquadrar o disco em um gênero, talvez o mais próximo seria o college rock.

Gênero musical dos anos 80, como uma tag comercial, categorizada por críticos para descrever aquela onda de bandas que bombavam em rádios de universidades, mas que não tinham espaço nas FMs. Geração que tinha nomes como R.E.M., Hüsker Dü, The Replacements, Pixies, entre outras. Bandas essas que competiam entre si para ver quem ia ser a maior banda em um mercado em que já na época tinha seus escolhidos. Garotos que gostavam de punk rock, rock’n’roll, country, entre outras coisas e não ficavam muito à vontade com essas prateleiras. Um mundo pré-Nirvana que foi uma consequência natural a todo esse movimento underground.

Mas voltando ao disco, momentos de melancolia, extravasar, questionamentos, olhar para dentro, experimentação e contemplação também se fazem presentes. “Sopa e Café”, por exemplo, soa como um grito de desesperado no escuro. “Você vai me escutar”, por exemplo, tem um baixo tão grave, de Stoner Rock, mas o drama de grupos emos de garagem como Latterman e com o espírito sujo, juvenil e insolente do Hüsker Dü.

Talvez o maior aceno para a cena musical alternativa atual brasileira está na despretensiosa e lo-fi “Alguma hora você vai tirar a roupa do varal”. Com uma dose de humor para falar sobre as dificuldades inerentes ao dia a dia de um casal médio vivendo às margens das garras do capitalismo. Uma reflexão sobre as mazelas do sonho médio e suas armadilhas da rotina. O recalcular da rota aparece na sequência com “Tá Legal/Se Lembra” feito um pedido de desculpas escrito num guardanapo após uma discussão.

Dizem que manter seu espírito jovem é o segredo para manter uma banda por tanto tempo e o manifesto, “Chap chap chuap pop”, é daqueles que mostra isso em sua essência. A faixa, inclusive, tem talvez as linhas mais interessantes de guitarra, daquelas que vai levantar o público quando tocada ao vivo, como se fosse por alguns instantes um Space Rock, mas sem deixar de ser punk.

Vivendo do Ócio Hasta La Bahia

A Vivendo do Ócio apresentou o quinto álbum de estúdio, Hasta La Bahia, com participações especiais de nomes como Paulo Miklos, Jadsa e Martin Mendonça (Pitty). O material foi gravado em Salvador e produzido por André T.

“Esse disco é um convite para se mover, ousar e criar. Queremos mostrar que a Bahia segue sendo um importantíssimo polo criativo e inovador”, comentam os integrantes.

O pontapé inicial de bons singles aparece logo na segunda faixa, “Baila Comigo” que tem o ex-vocalista dos Titãs participando.  Entre os destaques está, “Vai Voar”, que traz quarteto de cordas com músicos da Orquestra Sinfônica da Bahia e arranjo de Jorge Solovera. “Não Tem Segredo”, faixa com Jadsa, é daquelas que junta a natureza das referências de grupos como The Strokes, psicodelia e o encontro com a potência da música brasileira.

O flerte com ritmos caribenhos aparecem fortes em “Onda do Nepal” e “Eu Ainda”, já o espírito Indie Rock de pista de dança desemboca na solar “Se Me Deixar Eu Vou Lá”. O ecoar dos rock oitentista inventivo transborda em “O Lobo da Estepe”, single mais interessante do disco com direito até a homenagem aos batuques do Olodum, conta com a participação de Martin Mendonça.

As Beattas “Dona de Casa Rock”

As Beattas, se define como um duo folk indie psicodélico, formado por Michelly Barros na voz e pandeirola e Greco Blue (ex-Os Azuis, Turba e A Última Gangue) na guitarra e voz. Entre as referências para o projeto eles citam The Velvet Underground, All Seeing Dolls e Mazzy Star para o colo de Os Mutantes (com Rita Lee) e Trio Esperança.

E no melhor estilo rockabilly, apresentou o single de estreia “Dona de Casa Rock” com direito a homenagem a Gene Vincent e uma série de ironias ao longo da sua letra ácida. A respeito da origem da banda eles bradam: “As Beattas apresenta-se como antítese dessa “nova mpb” pelos palcos da cidade.”

Carlinhos Carneiro feat. Catto “Hotel Ritz”

Nunca é tarde para novos começos. É esse o espírito da nova empreitada de Carlinhos Carneiro, ícone do rock gaúcho, ao lado da Bidê ou Balde, que está prestes de apresentar seu primeiro álbum solo.

Após a pausa do importante grupo gaúcho, em 2016, Carlinhos se desdobrou em uma série de projetos paralelos como o Bife Simples, Império da Lã, além de parcerias com artistas amigos e incursões no teatro. O momento da fundação d’Os Excelents Animais veio justamente em 2023, ao revisitar o repertório da Bidê no palco do Bar Opinião, para marcar 25 anos de carreira, reuniu músicos de diferentes trajetórias.

Os Excelents Animais são formados por Lucas Juswiak (baixo) e Guilherme Schwertner (bateria), que integraram a fase final da Bidê ou Balde; Iandra Cattani (backing vocal), com trajetória ligada ao teatro e à dança; Maurício Chaise (guitarra), integrante do Locomotores e colaborador de nomes como Júpiter Maçã, Wander Wildner, Frank Jorge e Duca Leindecker; Andrio Maquenzi (guitarra), da banda Superguidis; e Fu_k The Zeitgeist (teclados). 

O trabalho, inclusive, chega às plataformas digitais no dia 6 de outubro, mesmo dia que lança ele ao vivo em show no Teatro Túlio Piva, em Porto Alegre. Álbum foi gravado com a banda Os Excelents Animais e produção de Fu_k The Zeitgeist e a primeira faixa a ser revelada em Premiere no Hits Perdidos, “Hotel Ritz”, carrega também o nome do debut na carreira solo.

“Essa foto me fez pensar em um disco que recebesse canções guardadas e inéditas, como se fossem hóspedes convivendo no mesmo espaço. É ficção, cotidiano absurdo e memória, tudo junto, com um quê de cinema e de sonho”, explica o cantor sobre a foto e Marcelo Franco Bonifácio, que registra a fachada desgastada do antigo Hotel Ritz, no centro da cidade.

Assim como outros músicos, Carlinhos ao longo do tempo compôs músicas que não se encaixavam nas propostas musicais, algumas delas foram guardadas na gaveta por muitos anos e agora tem o momento ideal para dar vazão. Entre as referências do single, além do imaginário degradante, o absurdismo e a ficção, feito o Hotel Chelsea no imaginário nova-iorquino, estão também influências de célebres como David Lynch, Pavement, Cronenberg e Kleber Mendonça Filho.

Para dar toda a dramaticidade do surrealismo presente na faixa, Catto, que lança também hoje o videoclipe para “Para Yuri Todos Os Meus Beijos” (confira) foi convocada para a canção, inclusive, em um recente videoclipe (“Eu Te Amo”), coincidentemente um hotel decadente aparece como cenário apocalíptico.

Os sopros em sua construção dão todo o ar de mistério e o resultado do dueto traz consigo todo suspense para a trama. Entre enredos interrompidos, retratos incompletos, memórias empoeiradas, embates e conversas sem fim. Um rock burlesco, repleto de imagens mentais, dissonâncias, entre delírios, tragos e desabafos. Essa natureza tão New York Dolls que sempre soube revisitar ícones obscuros do passado e quebrar amarras com as normas de conduta. Vendo no outro um pouco de si, fazendo do ordinário seu palco, e desta forma, se tornando estranhamente pop.

DRAMMA “Amor Blasé”

Formado pelos integrantes da Cigana, de Limeira (SP), a DRAMMA é uma das novas bandas de rock alternativo do interior de São Paulo e agora apresenta seu single de estreia, “Amor Blasé”. Na formação eles contam com Caique Redondano (rabolaser), Matheus Pinheiro (mat), Pedro Baptistella e Felipe Santos, e o projeto ganha uma nova identidade.

O nublado da letra ganha guitarras estridentes, referência que vão do shoegaze ao psicodélico, um tom dramático e curvas suaves que dão vazão a toda a carga emocional da jornada. O trivial dos altos e baixos do cotidiano, aliado ao clarão das memórias turvas, aparecem na faixa que confunde o ouvinte com o que seria real e o que seria apenas fantasia.

“A letra que atravessa memórias nebulosas, evoca sentimentos de desencanto e confunde o real e o imaginário.”, comentam os integrantes.

Review antecipado: Meia-noite nas plataformas!

Nabrup “De Ponta Cabeça”

“Uma leitura psicanalítica do luto em forma de música”, é assim que Nabrup define “De Ponta Cabeça”. Com natureza pop/rock radiofônica, a artista discorre a passagem de forma sutil e com respeito a quem está passando por momentos difíceis. Em seus versos, passa pelas etapas inevitáveis que novos ciclos iniciem…. após lidar com o trauma. Entre a rotina, ausência, raiva e força para criar novos elos.

“É uma canção intensa e visceral que mergulha na fase da negação do luto, segundo a psiquiatra Elisabeth Kübler-Ross. Transformo dor e desordem emocional em música que conecta vulnerabilidade e força. A letra expõe o caos interno de quem vê o mundo virar ao avesso diante da perda, mas encontra na arte uma forma de ressignificação.”



Vanguart “A Vida É UTrem Cheio DGente Dizendo Tchau”  e “Estação Liberdade”

Oceano Rubi chegará às plataformas no dia 17/10 pela Deck, mas antes,  Vanguart disponibilizou um single duplo contendo “A Vida É Um Trem Cheio De Gente Dizendo Tchau” e “Estação Liberdade”.

A primeira segundo Hélio Flanders é sobre despedidas: “Parece nos relembrar que a vida está em constante movimento, que tudo e todos irão passar e cabe a nós aproveitar os momentos na estação ou tomar o trem e também partir”.

Já “Estação Liberdade” é “uma espécie de canção autorreferente, uma canção que se despede, para depois se reencontrar em outra forma. É de certa forma um caminho que a própria banda fez, após a pandemia e um hiato de tempo indeterminado que se seguiu”. Mais folk, assim como as referências constantes na carreira como Bob Dylan e Walt Whitman, ela faz alusão ao ciclo de despedidas que a vida contempla.

É desta forma que eles acenam ao público, feito um abraço ao público após um período de tempo distante. Pop, encantador, refrescante e com a força das melodias, e da poesia, que sempre os acompanhou.

Samwise “Medidas de Emergência”

Representando o pop punk em nossa lista a Samwise, que integra o cast da Repetente Records, disponibilizou “Medidas de Emergência” no melhor estilo New Found Glory. O dilema de precisar deixar coisas para trás para seguir em frente em paz é a temática da música que traz consigo um tanto de apego a memórias do passado.

O grupo é formado por integrantes que já passaram por grupos como There’s No Face, Y2K, San Peter, Lunática, Quinto, bandas que ainda nos anos 2000 tiveram seus lançamentos disponibilizados por selos como Urubuz Records, Nitroala Records e Barulho Records.

Naimaculada A Cor Mais Próxima Do Cinza

Arte é algo para ser incômodo, que te cutuque e provoque. Nem sempre ela é polida, segue normas ou reflete o ponto de vista médio. É justamente nesse lugar que Cor Mais Próxima do Cinza, estreia do Naimaculada, se enquadra. O caos urbano, entre seus ruídos, acizentado, entre desigualdades e dissonâncias, se reflete ao longo do material que não se prende a estilos. Rock, Jazz, MPB, Hardcore/Punk e Psicodelia se diluem nos córregos poluídos da cidade ao longo da sua narrativa.

Até por isso, sentir-se um peixe fora d’água, como citado em “Não É Sobre Peixes”, faixa que tem vocais que nos lembram até mesmo Barão Vermelho, faz crítica ao vazio que grandes metrópoles podem causar a quem não se encaixa nos moldes alheios. “Quatro Quina” com baixo reverberante e referências que vão de ecos da Vanguarda Paulista ao Crossover, coloca o dedo na ferida para discorrer sobre o cotidiano deturpado e normalizado da cidade.

Em “A Arte é Culpada”, eles fazem até mesmo uma paródia com os versos ecoados na Semana de Arte Moderna para criticar a estrutura do funcionamento das redes e a realidade do cenário underground. Melancolia, desaforo, embates, crises e poesia, tudo isso tem espaço na estreia dos paulistanos que durante o disco olham para diferentes cantos e gritos da cidade.

“São Paulo é uma cidade cinza, onde ninguém se importa com ninguém”, comenta o guitarrista Samuel Xavier que integra o grupo formado em 2022.

Memórias de Ontem “Translúcido”

Por aqui também aparece o álbum de estreia do trio mineiro Memórias de Ontem. Gabriel Campos (voz e guitarras), Alice Eskinazi (bateria) e Camila Nolasco (baixo), compõe a formação, e o debut, Translúcido, reúne ainda participações especiais de nomes da cena mineira, como João Carvalho (El Toro Fuerte), Clara Bicho, irmã de Gabriel, e Clara Borges (Paira), além da paulista, Marília Jonas (Jonabug).

“As músicas são sobre situações de desconforto em vários aspectos da vida, mas no final das contas procurando tirar algo de bom disso. Em geral, é sobre ser sincero consigo mesmo. Eu não sou uma pessoa muito vocal. Não acho que sou tímido, mas sou reservado. As músicas são um espaço pra eu buscar ser sincero comigo mesmo, porque com os outros eu já sou. Tem coisas que eu escrevo que eu nunca falaria numa fala normal.”, reflete Gabriel Campos.

O material vai beber em diferentes fontes, desde o bedroom pop, passando pelo rock alternativo, shoegaze, e até mesmo o rock psicodélico mais pesado, como na estridente, “Aroma”. Guitarras que parecem cantaroladas, no melhor estilo Pavement, transparecem na melódica, e sem medo de soar pop, faixa título que tem a participação de Clara Bicho. “Cortando Mato”, vai beber justamente de ritmos mais psicodélicos e da nossa música brasileira, o que a deixa estruturalmente interessante… quebrando tempos e dando toda a dramaticidade que lhe é exigida.

Já no campo das letras, um eu-lírico mais introspectivo, feito um narrador onisciente, aparece em cena. Até por isso, o título recai bem. É desse desconforto, de quem vive, somatiza, reflete e muitas vezes se vê sem onde extravasar aquelas palavras… que o conforto na música parece servir como uma porta esperando para ser aberta.

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