Novo Rock: Karen Dió, Thrills & the Chase, Thee Dirty Rats, Budang, TEST + DEAF KIDS, Bike e muito mais

 Novo Rock: Karen Dió, Thrills & the Chase, Thee Dirty Rats, Budang, TEST + DEAF KIDS, Bike e muito mais

Karen Dió é destaque na editoria “Novo Rock” do Hits Perdidos. – Foto Por: Bridie Cummings

A Novo Rock trará conteúdos em micro-resenhas do que de melhor tem acontecido no Rock Nacional. Singles, discos e novidades com o radar antenado do Hits Perdidos ganham o palco em um post informativo que acompanha sempre uma playlist!

Sobre o Novo Rock

“Novo Rock” é onde vivem as bandas e artistas que reinventam o gênero, cruzam influências e quebram rótulos. Se você quer saber por onde anda o rock em 2025, esse é o seu lugar. Lançamentos, listas e estreias exclusivas com a cara do agora de quem não parou no tempo das ondas das FMs. A cada nova lista serão adicionados 10 novos lançamentos, vamos juntos?


Novo Rock - Karen Dío - Bridie Cummings
Karen Dió é destaque na editoria “Novo Rock” do Hits Perdidos. – Foto Por: Bridie Cummings

Novo Rock #3

Thrills & the Chase “No City Lights”

Os paulistanos do Thrills & the Chase disponibilizaram o single “No City Lights” com direito a uma live session dirigida e produzida por Roberta Fabruzzi. Para o vocalista, Calvin Kilivitz, a canção com arranjos mais limpos e mais unplugged, ressoa como uma cena pós-créditos do mais recente disco do grupo, Thrills After Dark, que completou dois anos do seu lançamento.

” ’No City Lights’ é o final da era do segundo álbum. Tudo termina onde começou, no jardim do Zé, invocando Teresa de Lisieux. A canção é um epílogo e também uma espécie de epitáfio, já que o futuro dos Thrills é um enigma a ser resolvido em breve e também como um quarteto… acho.”, comentou o músico durante o lançamento.

São justamente esses arranjos mais introspectivos que contemplam, sim, referências setentistas do grupo que mostram como naquele elo entre Led Zeppelin, Frank Zappa, T. Rex e Fleetwood Mac da cozinha deles, tem espaço para experimentação, seja por meio de arranjos mais melódicos, como também nas possibilidades de desdobrar vocais e ter um refino nas percussões.



Ottopapi “Perdi o Controle”

Velho conhecido do underground paulistano, Otto Dardenne é um dos responsáveis pelo selo paulistano Seloki Records, tendo integrado anteriormente as bandas Goldenloki e Gumes. Após encubar sua estreia solo por um bom tempo, o músico e produtor cultural dá o pontapé inicial disponibilizando os primeiros singles do álbum de estreia.

Ele que recentemente imitou Hayley Williams e por algumas horas permitiu que o público pudesse ouvir as faixas no SoundCloud. Nós ouvimos e sabemos o que esperar (em breve vocês poderão também conferir!).

“Perdi o Controle” é o primeiro single do disco solo de Ottopapi, produzido por Chuck Hipolitho (Forgotten Boys) e gravado no Estúdio Mameloki.

“‘Perdi o Controle’ tem um duplo sentido que me agrada muito, mas há outro que também adoro: o ‘não vou sair do quarto’. Num momento em que, depois dos estúdios de garagem, a música alternativa passou a ser gravada e produzida dentro dos quartos de uma geração, acho curiosíssima essa colocação vinda do Otto.

Tomemos o ‘quarto’ como metáfora do que é privativo e particular. E me soa irônico, porque é exatamente o contrário disso: ele vai sair do quarto sim, e vai direto para as cabeças. Estou tendo o privilégio enorme de trabalhar com essas músicas neste momento tão específico da carreira dele. Depois desse single maravilhoso, com esse clipe lindo, vem aí um disco que todos que já ouviram estão ansiosos para ver nas ruas — e nos quartos também.” — Chuck Hipólito.

O resultado é no mínimo divertido. E de certa forma, revisita um rock de quarto que nos leva direto para a garagem. Sem ironia, lembrando até mesmo a estética caótica, jovem e visceral do finado Jay Reatard que lançou o icônico Blood Visions (2006), que soa como um pedido de ajuda, e poucos anos depois partiu para outro plano.

É dessa natureza que vai da atitude de nomes como Iggy Pop e Mick Jagger ao equalizar do eletropunk que a primeira mostra do disco abre os terrenos mais insólitos e pujantes inerentes aos inferninhos da sua cidade natal. A perda de controle, a urgência, a impulsividade e a juvenilidade apresentam as garras em meio a guitarras, distorções e com aquilo que mais gostamos nesse tipo de rock: não se levar a sério.



homeninvisivel distantes

homeninvisivel, quarteto de São Paulo formado por Vinícius Lemos (Baixo/vocal), Felipe “Hari” Martins (Guitarra/vocal), Lucas Barbosa (guitarra) e Felipe “Tucca” Costa (bateria), lançou no dia 11/09 o EP distantes com referências que vão do post-hardcore passando pelo shoegaze, emo e o rock alternativo. O material foi gravado por Dan e Fe Uehara, guitarristas do Bullet Bane, no estúdio Toth, em São Paulo.

Solidão, angústia, isolamento, tristeza, frustração e melancolia fazem parte da narrativa que discorre justamente sobre conexão e relacionamentos. Entre os processos de negação, sofrimento, libertação e de cura.

Com arranjos que nos direciona para o apanhado do que rolou nos anos 90, a criatividade em mesclar ambiências nos levam para a sonoridade de nomes como Superheaven, que tem sido resgatado pelos mais jovens após um viral inesperado no TikTok. O sentimento de destemperança, conflitos e o lamber das feridas para recomeçar, assim como já cantava CPM22 no fim dos anos 90, transparecem ao longo da audição.

Karen Dió “Cut Your Hair”

De Santos para o mundo, a trajetória da cantora, compositora e multiartista, Karen Dió, é daquelas que nos alegra em ver após acompanhar o trabalho dela desde os primeiros dias. Prestes a desembarcar no Brasil para show em festival no Allianz Parque, a artista realiza show na Casa Rockambole, no dia 07/10, mas antes disso disponibilizou o single “Cut Your Hair”.

A faixa, homônima ao hit do Pavement, foi lançada pelo selo Hopeless Records, tem como temática a liberdade, a resistência e ressoa como um manifesto contra os padrões. Cutucando com astúcia o ego inflado de muitos que integram a indústria, seus versos deixam claro o tom de desabafo. Ramoníaca por natureza, os power chords da canção deixam ela perfeita para abrir a roda e permitir stage divings.

Punho de Mahin “Ei, Mulher!”

Lançado em pleno palco do The Town, a banda Punho de Mahin nas últimas semanas começa aos poucos a apresentar o novo álbum. No melhor estilo do punk 77, direto ao ponto, “Ei, Mulher!” celebra a existência da mulher negra na sociedade que frequentemente a invisibiliza e a oprime. Seus versos até mesmo encorajam as minas a irem para a roda!

“Funciona como um espelho sonoro. Ela reflete para a mulher negra uma imagem de poder, beleza e resiliência, combatendo estereótipos negativos. É uma ferramenta que encoraja, um instrumento de cura que reconhece a dor para superá-la, e uma celebração da vida, da cor, da poesia e do valor inestimável das mulheres negras. Ela não apenas fala sobre elas, mas fala para e com elas” – apontou a vocalista Natália Matos durante o lançamento.

O disco que sairá em breve foi produzido por Clemente Nascimento (Inocentes, Plebe Rude) e é o primeiro lançamento em parceria com a Deck e ganhou um clipe ao vivo gravado no SESC Pompeia.



Budang “Magia / Budangól”

De Florianópolis (SC), a Budang tá no nosso radar tem há bom tempo com referências que vão de Bad Brains, Cro-Mags a até mesmo os contemporâneos do Turnstile. Após quatro EPs, sendo o último com o grupo paranaense Jovens Ateus, eles devem lançar em breve seu primeiro álbum de estúdio pela Deck.

Eles contam que foram até o Estúdio Tambor, no Rio de Janeiro, para a gravação e a primeira amostra é o single duplo “Magia/Budangól” que preza pelo minimalismo, peso e atitude hardcore repleto de viradas e bateria frenética. Com letra sobre as raízes e ressoando como um cartão de visitas, a chance de apresentar seu som para um novo público parece estar sendo aproveitada.

“Budangól” é como se fosse uma continuação de “Magia” e, por terem a mesma vibe, sempre são tocadas juntas, como afirmam os integrantes.

“É o mesmo riff, mas a bateria muda a levada e vira outra coisa. A letra fala tipo isso, nós somos de Floripa mas estamos por aí, tocando. Ela fala sobre nós, tipo uma música de apresentação da gente e do rolê” – comentou o guitarrista Vinícius Lunardi durante o lançamento.



Thee Dirty Rats The Kids Menu

Gravado e mixado por Davi Rodriguez de Lima no Estúdio Aurora, com assistência de Carlos Freitas, o novo mini-EP do Thee Dirty Rats chega via Mandinga Records.

O duo de garage rock, formado por Rat Caesar (cigar-box, vocais) e Fernando Hitman (bateria, vocais), mantém a atmosfera que nos dá saudade das icônicas apresentações grupos como The Sonics, The Cramps, Los Saicos, The Fuzztones, Guitar Wolf, Thee Michelle Gun Elephant e tantas outras preciosidades. Davi Rodriguez além de gravar ainda contribui no material adicionando teclados e percussão.

Bike Noise Meditations

A Bike é uma das bandas que acompanhamos a trajetória há quase uma década. De maneira ousada, para o mercado independente, a cada lançamento eles preparam uma nova surpresa. Seja no formato inusitado, de lançar um disco em quartos, como também em explorar sonoridades ainda não experimentadas antes. É nesse ponto que Noise Meditations acerta. Barulhento, imagético, astral, pesado, o mergulho é denso e de certa forma também reverencia suas origens.

Não é por acaso que a mistura de música indiana, krautrock, jazz, psicodelia nordestina e noise nunca fez tanto sentido dentro da discografia até aqui. Essa guinada mais catártica noise expansiva é o que já vinha me chamado a atenção nas apresentações que pude ver. Esse até então descompasso estava só guardando o que estava por vir.

Para mim, é o registro mais intenso e acertado do grupo até aqui. Tem momentos de cadência, inventividade e viagem cada vez mais disruptiva. A mistura entre Sonic Youth e Lula Cortês & Zé Ramalho, nunca fez tanto sentido, e as possibilidades sonoras provenientes disso com certeza elevarão a transgressão sonora que eles produzem quando sobem num palco. Claramente, eles estão em seu melhor momento como compositores e arranjadores. É como se tivessem sido literalmente picados pela cobra-coral que é inclusive a protagonista na sexta faixa.

“A ideia era uma sonoridade que fosse guiada por ruídos e drones acompanhada de batidas e percussões repetitivas que dessem a ideia de música para meditar no caos. Fizemos letras curtas para que fiquem na cabeça como pequenos mantras”, explicou Julio durante o lançamento. 

Toda essa energia vibracional se explica até mesmo no processo de gravação que aconteceu em um único dia no estúdio El Rocha, em São Paulo. Essa busca incessante pelos timbres, natureza punk e ruídos faz toda a diferença no exercício de imersão que o disco te convida. “Passamos metade da diária montando, microfonando, timbrando os equipamentos e depois gravamos duas vezes cada música, pegamos a melhor versão e partimos para a mixagem e para a masterização”, completa.

TEST + DEAFKIDS Sem Esperanças

Duas bandas do cenário de música extrema que mais gostamos fizeram um disco em parceria, e claro, isso não ia passar batido. O álbum colaborativo do TEST e DEAFKIDS, SEM ESPERANÇAS, além de ser disponibilizado no Bandcamp, também está sendo lançado em vinil pela Rapid Eye Records (Alemanha), All Music Matters (Brasil) e em CD pela Cospe Fogo (Brasil). Por aqui, inclusive, Carlo Bruno Montalvão realizou uma entrevista às vésperas dos shows no SESC Avenida Paulista (leia).

Ruídos, texturas, ambiências, experimentalismo e intensidade. É o que a junção entre noise, death metal, industrial, punk e outros ritmos permitem nesse projeto. O encontro entre o tribal e o moderno, o brutal e a cadência, o urgente e o visceral, que faz com que a experiência sonora seja bastante interessante para quem gosta de sonoridades além da superfície. “Cegueira” e “Dança Insana” irão agradar fãs de projetos como Cavalera Conspiracy e The Prodigy.

Firefriend Fuzz e Blue Radiation

O Firefriend pegou todo mundo de surpresa e lançou ao mesmo tempo, dois novos álbuns simultaneamente, Fuzz e Blue Radiation. Cada um, claro, com sua diferente atmosfera e conceito. A banda que conta em sua formação com Julia Grassetti (baixo e vocais), Ricardo Cifas (bateria), Pinhead (synths e teclados) e Yury Hermuche (guitarra e vocais), em alguns dias embarca para uma turnê no Reino Unido. Inclusive, em breve por aqui você lerá uma entrevista com a banda.

O disco foi gravado em apenas 4 dias em dezembro do ano passado e amplifica o universo deles com guitarras etéreas repletas de psicodelia, camadas e despertando diferentes sensações, estas muitas vezes até mesmo antagônicas. Rock’n’roll, neopsicodelia, free jazz, proto-punk, tudo isso entra nas sonoridades exploradas do grupo que tem referências artistas como The Velvet Underground, Spacemen 3, Sonic Youth e The Brian Jonestown Massacre. Permita-se viajar!

Playlist: Novo Rock

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