Maré Tardia lança álbum que parece trilha de Tony Hawk’s Pro Skater — Punk, surf e caos!
Maré Tardia lança seu segundo álbum de estúdio “Sem Diversão Pra Mim” – Foto: Divulgação
De tempos em tempos, surgem bandas que soam como verdadeiras trilhas sonoras perdidas de Tony Hawk’s Pro Skater. Já aconteceu com os californianos do FIDLAR e do Wavves, e agora o Brasil entra no páreo com força: o som cru e enérgico da Maré Tardia, banda de Vila Velha (ES), é mais uma ótima pedida para fãs de punk rock, pós-punk, surf music, shoegaze e aquela nostalgia carregada de atitude.
O segundo álbum do grupo, Sem Diversão Pra Mim, foi gestado ao longo de três anos e chegou ao mundo via Deck Disc, com produção de Alexandre Capilé (Sugar Kane, Water Rats) e Gus Lacerda no Estúdio Costella, em São Paulo. A formação conta com Bruno Lozorio (guitarra/voz), Gus Lacerda (guitarra/voz), Canni (baixo/voz) e Vazo (bateria). A faixa que dá nome ao disco também foi a primeira composta em conjunto pelos quatro integrantes.
As letras mergulham nos dilemas do jovem adulto: vícios, incertezas, crises existenciais e a eterna busca por reconhecimento. A capa, pintada à mão pelo artista capixaba Gustavo Moraes, completa a estética visceral e honesta do projeto.
Recomentado para fãs de Yamasasi

Maré Tardia Sem Diversão Pra Mim
Com pouco mais de 30 minutos e 10 faixas, Sem Diversão Pra Mim é direto ao ponto. Em “Leviatã”, riffs ríspidos, vocais melódicos e uma atmosfera punk se misturam a uma vibe tropical de surf rock. O som ganha dramaticidade com uma sirene ao fundo — referência certeira aos lendários Dead Kennedys.
A balada roqueira “Já Sei Bem” traz um lado mais FIDLAR com pitadas líricas à la The Fratellis, enquanto a faixa título carrega o desejo juvenil por caos e liberdade. “Tarde Demais” soa como se Agent Orange, TSOL e Yuck tivessem colidido em um porão suado de garagem — nostálgica, suja e intensa.
“Azur” flerta com o dream pop lo-fi, ideal para uma descida de skate na serra do mar, com seus pedais de guitarra e vibe Wavves. Já o single “Nadavai” é um confronto entre razão e instinto. Segundo Gus, a faixa aborda “discordar de si mesmo, lutar contra vícios e hábitos nocivos”.
Com nome ousado, “Ian Curtis” mistura post-punk e surf rock, uma reverência ao ícone do Joy Division. Riffs afiados e tensão existencial fazem da faixa uma homenagem carregada de personalidade.
“Junkie Food”, cantada por Canni, é pura energia hardcore com espírito motoqueiro e refrão repetido à exaustão — perfeito para pular no mosh. Em seguida, “Não Se Vá” desacelera com camadas de shoegaze, bossa nova e contemplação dramática. O encerramento fica por conta de “Nunca Mais”, que dissolve expectativas e fecha o disco em tom de aceitação melancólica.
Maré Tardia encontra seu som — e ele tem cheiro de mar, cerveja quente e noites sem fim
O disco Sem Diversão Pra Mim acerta ao canalizar a energia crua do punk de garagem e combinar com o sentimentalismo indie e o clima praieiro — tudo isso com a espontaneidade que faria bonito na trilha de Tony Hawk’s Pro Skater.