Meu Nome Não É Portugas abraça a calmaria em “Perdi Minhas Pernas em Shangri-La”

 Meu Nome Não É Portugas abraça a calmaria em “Perdi Minhas Pernas em Shangri-La”

“Perdi Minhas Pernas em Shangri-La” está sendo lançado pela Cavaca Records. – Foto Por: Yasmin Kalaf

Perdi Minhas Pernas em Shangri-La é o segundo álbum do Meu Nome Não É Portugas

Rubens Adati que atende em seu projeto solo sob a alcunha de Meu Nome Não É Portugas lança neste 10/10 influenciado pelo ‘ma’, não-conceito que existe no Japão e propõe uma relação com o espaço e o tempo através das possibilidades do silêncio e das pausas. O álbum, cuja proposta é explorar ambiências, destilar timbres e não se prender a sonoridades, está sendo disponibilizado em um dia da abertura do mais importante portal do ano pela Cavaca Records com Premiere no Hits Perdidos.

“Quando o portal 10/10 se abre indica que chegou a hora de enfrentar o seu despertar espiritual. Isso significa que você alcançará a luz necessária para tal em seus projetos planejados e ainda não realizados. Ou também que é necessário colocar uma energia de atitude para que a ideia tome forma. Tudo em prol da Prosperidade.

Assim, você será capaz de atingir um estado mais elevado de consciência, tendo total conhecimento de si mesmo (a).

O dez é considerado importante porque simboliza o sentido da totalidade e de uma conclusão.

O 10 é um número é respeitado há séculos, pois representa a porta aberta para a eternidade, já que sua energia é norteada pelo princípio da mudança, que diz que nada é permanente na vida.

Também é a letra hebraica Yod ou o número de Deus, da perfeição, da criação e da plenitude.”, neste dia a meditação e pensamentos nesse sentido são altamente recomendados


meu nome não é portugas - Perdi Minhas Pernas em Shangri-La - Foto Por Yasmin Kalaf
“Perdi Minhas Pernas em Shangri-La” está sendo lançado pela Cavaca Records. – Foto Por: Yasmin Kalaf

Meu Nome Não É Portugas Perdi Minhas Pernas em Shangri-La

Ao todo, Rubens trilhou um largo caminho até Perdi Minhas Pernas em Shangri-La. Foram cerca de 4 anos para ele ganhar a luz do dia, o material foi gravado ao longo de 2 anos. Tempo de maturação que contribuiu para a riqueza de detalhes que vão das camadas sonoras, a escolha de notas e acordes. Se no anterior as raízes estavam imersas na MPB e no alternativo, neste ele explora em seu indie pop elementos de diferentes estilos, entre eles rock, R&B, dub, psicodelia e a supracitada MPB.

“Uma das minhas atividades como produtor é entender qual sentimento está se procurando expressar através de uma música e como eu poderia musicalmente potencializá-lo”, comenta Adati

Foi esse exercício realizado com calma em seu próprio estúdio, o Inhamestúdio, que fez com que tudo fosse lentamente lapidado e construído dentro do mesmo ambiente. Tudo isso com direito a convidados. O que transforma de um projeto tão solo e íntimo, um projeto coletivo.

Participam desta jornada BAL, Lou Alves (Walfredo em Busca da Simbiose), Thiago Klein (Quarto Negro), Pedro Lacerda (Glue Trip), André Bruni (Bruno Bruni), Henrique Kehde (Monstro Extraordinário), Chico Bernardes, Teco Costilhes, Thomas Hares (Céu, Jards Macalé) e Bruno Ragnole.

O músico conta que as sete foram compostas durante a gravação. Outro detalhe, se antes o violão com um caderno de letras foi o propulsor do primeiro disco, neste segundo tento isso não ocorreu. Ressignificando todo método de criação e possibilitando ainda mais colaboração. Algo similar o que Nando Reis fez em seu recém-lançado disco triplo.

“Foi tudo gravado aqui, com pequenas exceções, então é como se o espaço conectasse as faixas, saiu tudo de um mesmo lugar e conseguem ser diferentes mesmo assim”, explica Rubens.

Todos os artistas que colaboraram no processo foram guiados por Rubens, que assina todas as composições, a produção e os processos de mixagem e masterização, este último realizado no estúdio DoZe em colaboração com Italo Macedo.

A experiência sonora

Todo reflexo desta jornada de olhar para o processo, entre o silêncio e sabendo explorar as pausas ao seu favor, acaba ecoando ao longo das 7 canções presentes no material. Sinto que Perdi Minhas Pernas em Shangri-La tem um apreço pelas possibilidades, entre timbres, texturas e ambiências que cria. Em momentos em expansão e em outros no relaxamento.

“Primitiva” que tem a participação de BAL, nas vozes, vai do ruído da correria de uma grande cidade, entre o tráfego e a desconexão com seus alicerces espirituais a uma sonoridade mais tribal. Algo similar ao que grupos como Khruangbin, Vulpeck e Los Bitchos se propõe em sua essência de contemplar a paisagem e suas inúmeras possibilidades de se conectar ao entorno offline. Não é à toa que a frase “enjoy the ride” é ecoada ao longo do seu andamento.

“Céu e o Mar”, em que Lou Alves empresta a sua voz, continua pairando no horizonte, entre as incoerências do cotidiano, cita o personagem Jack Strafer. Um oficial britânico que se tornou prisioneiro de guerra em um campo de prisioneiros comandado pelo capitão Yonoi. Ele interpretado por David Bowie no filme “Merry Christmas Mr. Lawrence” (1983).

A quebra de paradigmas e escolhas estéticas

A quebra de proposta sonora vem na espacial, sensorial e contemplativa “Eu Voltarei” em que o músico revela uma nova faceta. Explorando sintetizadores e teclas, ela deixa o protagonismo para a voz do músico se libertar do concreto e abraçar o mar. Entre efeitos e paz na imensidão, a faixa navega entre a calmaria e o azul acima de nossas cabeças.

“Pantufas” foi o primeiro single a ser revelado e com direito a uma série de participações especias (Pedro Lacerda, Andre Bruni e Henrique Kehde). Nela a soul music e sua magia ganham terreno, mas sem perder a densidade de contemplar o espaço e o tempo.

O desconectar, a brisa, seja ela do mar ou do seu cachimbo, o despertar para a expansão dos horizontes e o mergulho em si se confunde com a agitação do cotidiano. Este em que mesmo nos momentos de lazer a cabeça parece não se desprender dos afazeres. Ah, o capitalismo.

“Perdi Minhas Pernas Em Shangri-La” faixa título deste disco cintilante que te envolve na sombra de um guarda-sol, serve como um respiro, feito um momento de meditação e elevação do ser.

Se mar calmo não faz bom marinheiro e a ressaca do mar é uma das únicas certezas no oceano, a faixa que leva o nome do adjetivo para os olhos de Capitu tem a participação de Chico Bernardes. E ganha justamente o tom mais vanguardista do músico paulistano. Entre delírios, amores e confissões.

Quem encerra o disco é “InhamestudioLoveSong”, uma homenagem ao espaço onde não só o disco foi concebido mas também onde o músico desenvolve seus projetos com outros músicos da cena. Sendo desta forma seu porto seguro. Novamente com atmosfera tribal, e explorando ritmos que se conectam com a ancestralidade, ela se enverada pelo dub, hip-hop e o jazz, combinação esta que não tem erro para uma Good Trip, não é mesmo Blundetto?

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Ficha Técnica

“Primitiva”
Samples, Bateria, Sintetizador, Caxixi, violão e baixo – Rubens Adati
Vozes – BAL

“Céu e Mar”
Bateria, Guitarras, Baixo, Sintetizador, Efeitos e Voz – Rubens Adati
Voz – Lou Alves

“Eu Voltarei”
Bateria, Baixo, Guitarra, sintetizador e vozes – Rubens Adati
Pianos e Efeitos – Thiago Klein

“Pantufas”
Baixo, guitarras, sintetizador e voz – Rubens Adati
Bateria – Pedro Lacerda
Teclas – Andre Bruni
Congas – Henrique Kehde

“Perdi Minhas Pernas Em Shangri-La”
Baixo, Guitarras e sintetizador – Rubens Adati
Bateria – Henrique Kehde

“Ressaca”

Violão, Guitarras, piano elétrico e efeitos – Rubens Adati
Bateria, bateria eletrônica e efeitos – Henrique Kehde
Baixo – Teco Costilhes
Voz – Chico Bernardes

“InhamestudioLoveSong”
Baixo, sintetizadores, programação, efeitos e vozes – Rubens Adati
Bateria – Thomas Harres
Saxofone – Bruno Ragnole

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