Netão lança “Para Hélio” com mensagem de aprendizado pelo amor e pela dor, confira entrevista exclusiva

O cantor e compositor natural de Diadema (SP), Netão, atualmente se divide entre sua carreira de backing vocal da cantora Elza Soares e em ser também seu produtor executivo e técnico no show Planeta Fome (indicado ao Grammy Latino 2020).

O rapaz multi -talentoso chamou a atenção de Elza quando passava som e cantava as músicas do disco A Mulher do Fim do Mundo, em testes de microfones e brincando com a banda que na época era capitaneada pelo músico Kastrup.

Aos poucos foi sendo inserido como integrante do show de Elza Soares, acompanhado do cantor Rubi, que também fazia backing vocal ao lado da cantora desde o aclamado show do álbum A Mulher do Fim do Mundo (Grammy Latino 2017), seguindo nas turnês do disco Deus é Mulher até 2018.


NetãoFoto Por: Denise Ricardo

Netão “Para Hélio (pelo amor pela dor)”

“Para Hélio (pelo amor pela dor)” é uma canção que foi composta em 2013 por Netão na sua primeira tentativa de se lançar como cantor e compositor autoral. Ele enviou as guias de algumas musicas para vários artistas amigos que sentia conexão e, um destes artistas foi Hélio Ziskind.

A parceria não se concretizou e a canção foi gravada com titulo da pasta “para Hélio”,  resgatada por iniciativa do produtor cearense Luis Araújo, idealizador do Selo Jaraguá Records para inicio de um novo ciclo musical pós lançamento do primeiro EP Sob olhares, lançado em 2019 .

Contando com a participação de grandes músicos instrumentistas na faixa como Bob Mendes na rabeca, Magno Santos, nos teclados, Simone Sou, nas percussões, Guilherme Kastrup, na Bateria, Marcelo Sanches e Elton Nascimento, nas guitarras. Finalizada por Luis Araujo que gravou baixo e implicou novas sonoridades na produção musical feita à distância, com Netão conversando e coordenando pela internet,  devido à pandemia e a distância física SP > Cariri. 

A canção composta em 2013 encontrou seu momento para ser lançada agora pois aborda uma temática delicada e mais que relevante nesse momento no Brasil e no mundo. Uma cortina de fumaça lançada para confundir e  dividir as pessoas, um alerta para dar sentido a todo ser humano entorpecido por um radicalismo fascista instalado nos corações intolerantes como sementes que geram flores mortas que exalam ódio, dor e injustiça. 

“Para Hélio (pelo amor pela dor)” é uma semente de esperança que germinou e maturou durante 7 anos , florescendo para enviar luz e inspiração as mentes e corações que necessitam de paz para deixar em paz quem precisa respirar ares de esperança e oportunidades de justiça social e acolhimento. ” disse o compositor

Ouça: Netão “Para Hélio (pelo amor, pela dor)”



Entrevista: Netão

Como tem sido seus processos de criação musical na pandemia? Como tem sido sua rotina?

Netão: “Cada um encarou essa situação de uma forma, né? Tem os super produtivos que potencializaram seu tempo, para aprender, criar e desenvolver maneiras para continuar sua rotina mesmo que dentro de casa, tem os reflexivos que potencializaram seu tempo para se organizar internamente, tem os que não viveram e nem estão vivendo tudo isso (risos)…eu só não me encaixo no ultimo, me preocupei e ainda estou preocupado por mim, pelos meus pares (família, amigos e comunidade) com isso meu foco se diluiu em monte de momentos.

Confesso que estou bem a quem do que era como compositor, mas estou retomando gradativamente isso, é muito difícil pra mim escrever sobre temas que gosto de abordar no meio dessa tempestade sabe, tem gente que mete marcha e compõe horrores eu to mais é para horrorizado (risos)”

Você tem planejado e realizado seus lançamentos de tempo em tempos. Como é produzir música independente pra você atualmente?

Netão: “É sempre um desafio constante porém prazeroso, por não ter um núcleo fixo  de criação vou conduzindo tudo muito organicamente sabe, tenho muitos parceiros queridos que apoiam e dão cor as minhas criações e isso ajuda bastante, minha maior dificuldade por incrível que pareça é gerir a parte burocrática ser gestor de cada etapa as vezes da um “nózin” na mente, só que o legal disso é poder fortalecer os “parça” com o conhecimento adquirido.”

Você reside em Diadema (SP), conta pra gente como tem sido a quarentena para os artistas da região? Cite alguns pra gente conhecer.

Netão: “Por aqui estamos no mesmo processo de toda classe responsável e cautelosa com essa situação, temos artistas que mantiveram as atividades no formato de live como Levi Cintra, o Elcinho Deejay que além das lives mantém lançamentos todos mês de tracks originais produzidas por ele como a que vai ser lançada dia 14 intitulada Negrxs, outros lançando e preparando novo material e se mantendo ativos com lives como Beto Criolo, Onga Rupestre, Ana Cacimba, Gaby, Gabi d’Oyá, Brazilian jazz Máfia, Gracco e No Topo, o que todos eles tem em comum? São apoiados por espaços e produções independentes como 1100 studio, D studio coletivo 217 e margem entretenimento importantíssimos da cidade que movimentam e dão cor a nossa arte.”

Como se deu a o caminho de diretor técnico você se tornar backing vocal da cantora Elza Soares? O que mudou desde então?

Netão: “Quando Kastrup me chamou para ser roadie desde do processo de gravação do álbum Mulher do Fim do Mundo creio que nenhum dos envolvidos tinha dimensão da magnitude que se tornaria essa história, quando terminou o álbum Kastrup me ligou para fazer os shows e recusei pois tinha acabado de prestar consultoria e sido convidado a gerenciar uma casa noturna na Vila Madalena, na época topei pois queria muito viver essa experiência profissional.

Foi a primeira vez que tive total autonomia para por a prova toda minha expertise, no processo descobri que o negócio tinha alguns entraves que não se alinhava com meu viéz tanto pessoal quanto profissional, assim que falei com Kastrup ele disse:

– Agora chega né! Ja foi lá viveu o que tinha pra viver, bora pra estrada que preciso de você nessa (risos)…. partimos para estrada e no meio do caminho apareceu a preocupação de dar auxílio vocal para Elza a banda fazia as vezes mais não de forma tão contundente quanto precisava, eu sempre passava o som do microfone dela e nessa brincadeira meu irmãozão Fernando Narcizo (técnico de PA) junto com Kastrup incentivaram fazer o apoio vocal para Elza, oque no inicio era somente para o monitor dela  feito da coxia, virou texturas vocais dentro do show e que depois de forma muito bonita o romântica pelas mãos de Rubi fui levado ao front stage, abraçado e apoiado por todos da banda, técnica, diretoria e principalmente por Elza.”

A faixa “Para Hélio (pelo amor, pela dor)” traz uma nova parceria com o produtor Luiz Araújo da Jaraguá Records, como se deu essa aproximação artística? Há novos singles vindos por aí?

Netão: “Nessa quarentena fui convidado para algumas entrevistas, uma delas foi a live “Pesi e café” do cantor e compositor Lucas Pesi do Crato (CE), nessa live tinha como convidado Luiz Araújo que é do Cariri (CE), depois da live eu e Luiz conversamos bastante e afinidade foi instantânea, ele propôs fazermos algo juntxs e no nos nossos bate papos apresentei “Para Helio (pelo amor, pela dor)” canção composta em 2013 em parceria com meu irmão de vida Elton Nascimento, rabeca gravada em 2013 por Bob Mendes e posteriormente bateria por Kastrup, percussão de Simone Sou, guitarras de Elton Nascimento e Marcelo Sanches e teclado de Magno Santos, junto com produção musical onde ele toca Baixo veio o convite para lançarmos por seu selo, fiquei muito feliz com o convite e afinidade musical que temos.”

Quais são suas maiores referências musicais e sonoras no seu trabalho musical?

Netão: “Naná Vasconcelos, Elza Soares, Tim Maia, Beto Criolo, Nirvana, Racionais Mc`s, Elcinho Deejay, Tincoãs, Cinematic jazz orquestra, congadas, maracatus, folia de reis, Kastrup, Simone Sou, Banda Dona Zica. Rap, samba, pagode, funk music, rock and roll, jazz e tudo que toca o coração.”

Mais sobre Netão:

Atuando como roadie e diretor de palco desde 2002, teve a oportunidade de viajar para diversos países e cidades do Brasil conhecendo e absorvendo culturas e conhecimentos que deram e dão sustentação para sua música.

Trabalhou com diversos artistas como Arnaldo Antunes, Palavra Cantada, Tom Zé, Naná Vasconcelos, Elza Soares, Mutantes, Ná Ozzetti, Tereza Cristina, Marcelo Jeneci, Tulipa Ruiz, entre muitos outros; e conheceu muitos festivais nacionais e internacionais como TIM Festival, Istambul Jazz Festival (Turquia), Festival Polônia Carioca (Brasil, Polônia), Copa da Cultura (Alemanha), Banlieues Bleues Festival (França), Festim (Portugal), roskilde festival (Dinamarca), primavera sound (Portugal e Espanha), Afro-latino festival (Bélgica), la mar de música (Espanha), festa Ovar (Portugal), Rock in Rio, Balaclava Fest.

This post was published on 30 de novembro de 2020 11:46 am

Cris Rangel

Poeta, arte educadora e multiartista. Produtora cultural há 21 anos, indignada e sincericida por natureza. Gosta de abraços demorados e é aficcionada por música e toda arte que subverte ao óbvio. Ama brincar, rir de si mesma, inventar coisas e fazer planos mirabolantes para os amigos que admira. Tem mania de dividir conhecimento sobre o setor fonográfico e novidades. Diretora Criativa da Lyra das Artes. A&R do selo Lyra Noise. TDAH polivalente. A verdadeira Lôca do Play.

Posts Recentes

Crumb destaca a beleza da introspecção em meio a curvas psicodélicas no aniversário do Cine Joia

Da última vez que pude assistir Lila Ramani (guitarra e vocal), Bri Aronow (sintetizadores, teclados…

25 de novembro de 2024

The Vaccines lota o Cine Joia em retorno ao Brasil embalado pela nostalgia

The Vaccines é daquelas bandas que dispensa qualquer tipo de apresentação. Mas também daquelas que…

22 de novembro de 2024

Joyce Manor revela segredos e curiosidades antes de embarcar para a primeira turnê no Brasil

Demorou, é bem verdade mas finalmente o Joyce Manor vem ao Brasil pela primeira vez.…

13 de novembro de 2024

Balaclava Fest tem show virtuoso do Dinosaur Jr. e cada vez mais “brasileiro” do BADBADNOTGOOD

Programado para o fim de semana dos dia 9 e 10 de novembro, o Balaclava…

12 de novembro de 2024

Supervão passa a limpo o passado mirando o futuro em “Amores e Vícios da Geração Nostalgia”

Supervão evoca a geração nostalgia para uma pistinha indie 30+ Às vezes a gente esquece…

8 de novembro de 2024

Christine Valença coloca tempero nordestino no clássico folk “John Riley”

A artista carioca repaginou "John Riley", canção de amor do século XVII Após lançar seu…

7 de novembro de 2024

This website uses cookies.