Juliano Abramovay e a Música do Mediterrâneo
O músico e pesquisador, Juliano Abramovay, há 6 anos estuda sonoridades do Leste do Mediterrâneo, em particular a Grécia, a Turquia e o Oriente Médio. Talvez você conheça ele por conta dos projetos Grand Bazaar e Orkestra Bandida, ou por ter sido músico da banda da Luiza Lian.
O interesse fez com que ele há 5 anos mudasse para a Holanda. Onde fez mestrado na área e se tornou professor de Música Otomana na Universidade de Artes Codarts, em Roterdã. Por lá também integra o Quarteto Mundus.
Seu álbum de estreia, Amazonon, ainda carrega influência, claro, da música brasileira. Ele inclusive foi gravado pelo Gui Jesus Toledo (selo RISCO) no Estúdio Canoa, em São Paulo. O registro, inclusive, foi lançado no dia 18/09 via selo Pequeno Imprevisto (Cao Laru, Lucas Gonçalves, Luiz Gabriel Lopes).
Em Amazonon, Juliano Abramovay toca violão, alaúde e violão sem traste – este último, criado pelo músico turco Erkan Ogur na década de 70.
“Para nós brasileiros, a primeira imagem que nos vem à cabeça quando nos deparamos com a palavra “Amazonas”, é a Selva Amazônica. Na Grécia, por outro lado, a primeira ligação é com o mito grego das Amazonas, uma tribo de mulheres guerreiras. E a conexão entre estes dois nomes se deve ao fato de um invasor espanhol ter sido atacado por uma tribo de mulheres guerreiras no Brasil, ter se lembrado da mitologia grega, e este nome ter ficado.
São conexões curiosas, quase acasos que acontecem e que se solidificam nas identidades. Isto me interessa como músico: ir atrás dessas pontes imaginárias”, conta Juliano Abramovay que além de pesquisador é professor na Holanda
As referências armênias e turcas aparecem nas faixas “Karcigar Pesrev”, “Ussak Saz Semai” e “Aparani Par”.
“Estas músicas usam um sistema de afinação diferente do ocidental e ritmos irregulares que são pouco comuns aqui no Brasil, como o 9/8, 10/8. Um dos desafios do disco foi apresentar o ritmo ao Ricardo Zoyo (contrabaixo) e João Fideles (bateria) que fizeram um trabalho incrível de criar a partir destes sistemas complexos”, comenta o músico
Além das parcerias Juliano traz um pouco da música brasileira em faixas como “Anzol”, de sua autoria, e “Modinha”, de Gabriel Levy, mostrando a leveza da nossa MPB. O disco ainda tem a participação de uma musicista grega.
“Eu estava curioso para ver como seria a junção entre esses músicos, pois a música do mediterrâneo tem uma tradição muito rica e diferente da nossa em muitos aspectos. O processo foi mais fluido do que eu imaginei, fizemos alguns ensaios e gravamos tudo em um dia”, relembra Juliano Abramovay sobre a participação da musicista grega Chrysanthi Gkika com a sua lyra ou kemenche, uma espécie de violino que se toca com a unha do dedo.
O registro é bastante característico justamente por conectar sonoridades que para muitos soará como novidade mas que mostrará como na música existem diversas possibilidades criativas, entre arranjos, notas e outros instrumentos.
No disco ele tem a companhia de Chrysanthi Gkika (lyra), Ricardo Zoyo (contrabaixo), João Fidelis (bateria). Celio Barros foi o responsável pela mixagem e masterização do trabalho que teve a arte elaborada por Maria Cau Levy.
Pela primeira vez ele revela as influências do disco que permeiam sua pesquisa através de um post feito com exclusividade para o Hits Perdidos.
Confira as dicas, descobertas e se apaixone também pela música do mediterrâneo.
Percussionista israelense, é um dos destaques de sua geração. Faz uma interessante combinação entre ritmos complexos mediterrâneos e ritmos tradicionais indianos.
Um dos principais mestre da música clássica otomana, vem de uma importante família de músicos turcos. Toca a flauta Ney, um dos pilares da música clássica otomana.
O músico grego é um dos mais versáteis de sua geração, tendo projetos relacionados à música tradicionais grega, música renascentista e música experimental. Gravou seus últimos álbuns pela aclamada ECM.
Músico turco, é um dos importantes nomes da música tradicional. Tocou bastante com o famoso músico francês Renaud Garcia-Fons.
Pianista de jazz armênio, criou uma linguagem própria a partir da fusão entre música tradicional armênia, jazz e diferentes estilos como o heavy metal.
Harris também toca a flauta Ney. Ele é especialista na música tradicional da região, colocando influências de Jazz e música experimental em suas composições.
Nascido na Irlanda, é um pioneiro no resgate da música modal da região nos anos 70-80. Criou o Labyrinth, centro de estudos em Creta onde grande mestres se encontram e dão aulas. Toca um instrumento singular chamado Tarhu, além de lyra, rabab, alaúde e saz.
Kelly é instrumentista e compositora e toca a lyra de Creta com cordas simpatéticas, instrumento que foi re-criado por Ross Daly.
Multi-instrumentista catalão, toca uma infinidade de instrumentos de cordas dedilhadas; alaúde, rabab, violão fretless, lauto de Creta… Criou uma linguagem própria a partir destes instrumentos.
Violinista excepcional, é um grande improvisador na música tradicional, tendo feito gravações com importantes nomes.
Michalis toca Tarhu e Yail Tanbur, instrumentos de arco particular, com um som bastante melancólico.
Grupo baseado na Holanda, faz uma fusão entre diferentes sons mediterrâneos e dos balkans
Percussionista alemão, estudou a fundo a música indiana e a música do mediterrâneo.
Alaudista de sonoridade singular, conhecido por produzir uma sonoridade singular no seu instrumento.
Um dos destaques da nova geração de instrumentistas.
Christos toca a flauta ney e, além de ser especialista na música modal, também se aventura pela música experimental
Aluna de Sokratis Sinopoulos, é um nos nomes proeminentes da nova geração na Lyra.
Charris toca lavta e lauto de creta, trazendo interessantes composições para o repertório da música tradicional.
Violinista e cantor excepcional, é conhecido por suas belas improvisações.
Foi ele quem inventou o violão fretless na década de 70, removendo os trastes de um violão clássico, para poder tocar os microtons presentes na música mediterrânea. É uma enorme influência para todos os músicos que transitam entre jazz e música tradicional.
O mais importante nome da nova geração de violão fretless, Cenk mistura elementos do flamenco e do jazz em sua música.
Evgenios é mestre no Yail Tanbur, mas também é um grande cantor e tocador de lavta.
Um excelente alaudista, é um dos destaques de sua geração.
Cantor e compositor cipriota, traz elementos líricos para suas composições, que com frequência carregam tom nostálgico.
This post was published on 30 de setembro de 2020 12:37 pm
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