Davi Rodriguez de Lima, baterista da Ecos Falsos e da Orange Disaster, lança nesta sexta-feira (27/03) seu álbum de estreia. Fantasma é um pouco de tudo mas não deixa de fazer uma viagem interna profunda. Entre suas referências encontramos garage punk, noise rock, nowave, psicodelia, blues, jazzpunk, industrial e protopunk. Ufa!
O resultado é um tanto quanto experimental, barulhento e transgressor. Com uma estética longe do comercial o álbum é o resultado dos anos estudando música em Frankfurt, Alemanha, local onde vive desde 2012.
A solidão, o distanciamento, a adaptação ao novo país e a vontade de tocar acabam transparecendo ao longo da obra em cada um dos seus nuances. Até mesmo o frio do industrial / eletrônico se faz presente. Fato é que o registro parece por horas expurgar alguns demônios internos.
O lançamento está sendo disponibilizado na Alemanha via Sulatron Records (Sun Dial, Electric Moon, ZoneSix) e no Brasil através do selo Aurora Discos (Pin Ups, Combover, Orange Disaster, Quarteta).
Fantasma é o resultado de um trabalho solitário e cheio de processos internos. O registro reúne oito faixas, experimentação, dores, saudade, ruídos, perfeccionismo e sentimentos conflituosos. O disco nasceu da parte prática da tese de mestrado de Davi em Sound Design.
“Trabalhar sozinho tem seus altos e baixos. Autocrítica, solidão e pressão caminham lado a lado de liberdade, independência e confiança. O tempo de trabalho vira uma mistura de neurose e paciência.”, relembra Davi Rodriguez de Lima
“Usei barulhos de canteiros de obras a latas de leite. E, quando nada funcionava, socar uma janela resolvia”, conta o músico sobre suas técnicas um tanto quanto peculiares
O disco abre com “Fantasma” que vem se aproximando através de sussurros, chiados e perturbação, até que entram as guitarras trazendo ainda mais a sensação de aprisionamento e desconforto. Ela derrete em frequências que nos remetem a grupos como Jesus And Mary Chain só que numa verve ainda mais psicodélica, feito o cruzamento das experimentações entre The Flaming Lips e Sonic Youth. Feito uma marching band shoegazer, a faixa parece marchar em direção do obscuro quando se encerra de forma abrupta.
“Tamed” já começa mais estridente feito uma música do Stooges, Ty Segall ou The Oh Sees e vai ganhando elementos e distorções ao longo da balada garageira. Seu vocal rouco lembra até mesmo a ira de Black Francis e Mark Arm.
Já “Off Track”, faixa composta em parceria com Júlio César Magalhães, traz um arsenal de guitarras e uma cacofonia feito Big Black e Butthole Surfers, não pondo limites par a experimentação…ainda há espaço para os metais. Feito Funhouse (1970). Algo que se repete depois em “Grey Times” de forma ainda mais abrupta, abrindo os portões da garagem, de grupos como Black Rebel Motorcycle Club ,e resgatando um pouco do espírito do MC5.
“Eternal Children” tem um lado dark a lá Nick Cave e mergulha de cabeça nos fardos e sobrecargas da vida. Ela vai corroendo o ouvinte ao longo da audição sua levada de jam session. “Neblina Rosa” parece voltar ainda mais no tempo em uma levada sessentista letárgica, fazendo o blues ir de encontro com a psicodelia.
Na reta final “Banalized” traz a energia e coloca o pé no fuzz, destilando acordes com uma levada garage punk agressiva e cheia de cacofonias. Se você gosta de The Cramps e The Cravats provavelmente vai se animar com essa faixa jazz punk.
Mas quem fecha é “Filho”, faixa garage rock em português. Daquelas que parecem um recado imortalizado para seus filhos. Na reta final seus acordes cortam feito canivete entre experimentações e psicodelia.
Conversamos com o Davi Rodriguez de Lima para saber mais sobre o contexto do disco, referências, mudança, estudos, isolamento e muito mais.
Davi Rodriguez de Lima: “Os círculos de amizade começam do zero, você tem uma sensação de reinício constante, mas a saudade continua ali, lembrando do que você deixou pra trás e de quem também, por consequência sua, te deixa pra trás. Porque a vida de todo mundo segue, com você ali ou não. Você é relembrado constantemente de que as pessoas podem viver sem você – os amigos novos não tiveram você ali por décadas, e os amigos antigos que seguem a vida sem você.
Davi Rodriguez de Lima: ” O mais importante foi lidar com tudo isso e produzir alguma coisa que me deixasse satisfeito no final. Mas claro que ter o apoio e a confirmação de pessoas que você admira e respeita também ajuda: o disco vai ser lançado em vinil pela Sulatron Records, do David Schmidt (Electric Moon, Sula Bassana, Zone Six).
Acabei conhecendo o David por conta do meu trabalho como engenheiro de som. Ele ouviu o disco ainda na fase final de mixagem e curtiu o bastante pra topar lançar em vinil. A prensagem inicial é de 300 cópias em vinil colorido 180g, com 50 delas em edição especial – com encarte, adesivo, e dedicatória. No Brasil, fiz uma parceria com o Carlão Freitas da Aurora Discos (Estúdio Aurora) pro lançamento digital. Agora é esperar o dia 27/03 pra ver se eu existo mesmo (risos).”
This post was published on 27 de março de 2020 11:14 am
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