YMA é destaque na Indie Neon com o lançamento de "Sentimental Palace" - Foto Por: Gabriela Schmidt
A Indie Neon BR traz conteúdos em micro-resenhas do que de melhor tem acontecido no Indie Nacional. Singles, discos e novidades com o radar antenado do Hits Perdidos ganham o palco em um post informativo que acompanha sempre uma playlist!
A Indie Neon BR visa apresentar novidades de artistas contemporâneos aliados à identidade do Hits Perdidos com foco em artistas que usem artifícios como sintetizadores, experimentem texturas oníricas e flutuem entre gêneros correlatos ao Indie Rock e seus afluentes. Por aqui você encontrará sons alternativos fora do convencional empurrado goela abaixo todos os dias, nosso Lado B reunirá micro-resenhas, listas e playlists alimentadas aos poucos.
Do synthpop ao lo-fi de quarto, passando por dream pop tropical, post-punk revival e beats cheios de vapor estético — aqui é o lugar do underground.
Uma editoria dedicada ao indie brasileiro com sintetizador, identidade e com o espírito DIY (faça você mesmo). Pra quem faz som em casa, na garagem ou com estética além do lado esquerdo do dial — e quer ser descoberto por quem escuta além do algoritmo.
Apesar do nome, não confunda com a clássica banda de pós-punk dos anos 80. Fellini é o projeto solo da artista Andressa Fellini, conhecida por integrar o trio folk paulistano Corcel e o projeto eletrônico Baru Baru.
O EP de estreia como artista solo faz um mergulho por estilos que ganharam lastro na década de 80 como new wave, eletrônica, synthpop e dance punk. Ao todo o material reúne quatro faixas que encaixam perfeitamente na nossa editoria Indie Neon BR. Essa atmosfera de canções que saíram do íntimo do quarto, ganha frequências de uma pista nada convencional, com direito a programações, sintetizadores e onde ela narra sua própria história de superação.
“Perco o Ar” foi composta ainda no violão em 2021 e, segundo, Andressa ficou guardada por anos. “Enquanto eu mesma precisava respirar, amadurecer e me encontrar. Foram quatro anos de medo, mergulho em referências, tentativas, silêncios e coragem até me sentir pronta para expor algo que eu considero tão íntimo”, relembra.
“Não Dá”, segundo single a ser revelado, segundo a artista, foi composto ainda em 2020.
“Na época, eu ainda fumava um cigarro atrás do outro. A letra fala sobre desejo, insistência, sobre o poder que a gente entrega na mão do outro. O vício e o desejo são velhos conhecidos. Ambos insistem. Ambos sequestram nossos corpos. Do cigarro, eu larguei.”, comentou Andressa durante o lançamento da faixa.
A manauara, Corama, apresentou o segundo single do seu álbum de estreia. “resposta” é um indie pop mais soturno em que ela tem a companhia de Roberto Freire e Yasmin Moura (Jambu) na produção e captação da balada que envolve astrologia e conversas que cercam todos os relacionamentos. A estética escolhida lembra bastante a de YMA em Par de Olhos (2019).
“Eu sempre acabo voltando pro reverb, porque gosto de como ele cria esse espaço onde a voz parece respirar junto com a dor ou com o desejo. Em ‘se você não quer desaparecer’ (faixa lançada anteriormente com Matheus Who) a atmosfera fica suspensa, como se fosse um passo em direção à superação.
Já em “Resposta”, a mesma estética soa mais crua, íntima, como alguém que ainda espera ouvir algo que nunca chega. No fim, são músicas sobre relacionamentos, que vestem sentimentos, mas cada uma traduz de uma forma diferente, da paixão mais ingênua até a tristeza que te afunda. É quase como se o álbum fosse um diário, contado em capítulos que ainda doem de formas distintas”, conta Corama.
Dudu Okun é um duo de São Paulo formado por Rodrigo Martins e Thiago Alves que funde em seu som influências, desde a música eletrônica afro-diaspórica até o rock alternativo e o synthpop. O álbum de estreia, Sonhos no Campo Minado, segundo eles, é o resultado de um trabalho totalmente independente, desde a composição e gravação até a mixagem, masterização e concepção visual do projeto.
“Sonhos no Campo Minado é um trabalho composto por 10 faixas poéticas, dançantes e oníricas (com toques por vezes sombrios), que exploram as possibilidades do sonho, da rebeldia, da magia e dos mundos internos como caminhos para viver livremente em uma realidade muitas vezes sufocante e superficial.”, comenta Rodrigo.
É justamente essa mistura entre batuques, minimalismo, flertar com estéticas do post-punk, darkwave e a poesia gótica, que fazem do experimento algo que funde universos como manifestação artística. Das guitarras frenéticas às lamúrias, do dançante ao introspectivo, das críticas ao capitalismo ao esoterismo, do macabro à rebeldia, o imaginário ganha cenários na mente de quem escuta. Seja ele um castelo do século XV, como uma pista de dança de novelas como Vamp (Globo, 1991) ou um cenário futurista pós-apocalíptico, como o de Blade Runner (1982). O interessante está justamente pelo casamento entre a densidade, o eletrônico e o experimental de juntar tudo isso.
De Fortaleza, a Infinita Madrugada apresenta seu segundo EP, Madrugada Vazia, com 7 faixas e pouco mais de 22 minutos. Com aura radiofônica, frequências oitentistas, entre o indie, o pop e o R&B, como eles mesmos definem, a estética dançante esconde letras recheadas de melancolia.
Não é difícil ao ouvir a faixa título imaginar um carro antigo andando pela cidade, entre flashes da cidade, memórias e noites viradas adentro de forma desordenada. Ecos de referências de artistas que surfam nesse revival, como Capital Cities e 1975, podem ser avistados no retrovisor.
As percussões, por exemplo, criam camadas mais tropicais, em “Fora do Ar”, que tem um tom mais de desabafo sobre as relações interpessoais. “Vai Embora” deixa tudo um pouco mais acústico, mas não abre mão do lado cintilante, e da precurssão criativa, sendo uma das mais confessionais e diretas do registro.
A que mais explora os sintetizadores e experimentos nesse sentido é “Lençóis Azuis”. Dentro do storytelling proposto, guia o ouvinte pela rodovia que permeia o disquinho em direção à sua curva final. A canção ainda faz uma pequena homenagem a “Céu Azul”, do Charlie Brown Jr., em seu riff derradeiro. Quem encerra mesmo é “Amar de Preto” que conta com teclados e um ar de arrependimento, ou delírio, dependendo do ponto de vista do interlocutor. O EP tem uma narrativa, de fato cinematográfica, e até por isso ganhou quatro videoclipes para acompanhar.
Natural de Brasília, Choraz apresenta seu segundo álbum de estúdio, Lua. O próprio artista comenta que a paleta de cores que envolve o disco é o preto e o branco. Misturando post-punk, pop rock e o rock nacional, a levada nostálgica de quem provavelmente ouviu muito Legião Urbana e Cazuza é notória.
Quem mergulhou no som do Terno Rei, de Gêmeos para cá, compreenderá provavelmente a frequência nostálgica proposta no instrumental do trabalho. O músico se expõe, entre memórias, decepções, sentimentos remoídos, cenários urbanos e desilusão.
‘“A lua que forjou meu coração” define esse novo momento e ciclo. Lua representa profundidade, sinceridade e vulnerabilidade”, comenta Choraz.
De Divinópolis (MG), Rafa Bicalho teve seu primeiro álbum, Cena 1, lançado pelo selo Bolo de Rolo – subsidiário do selo Rockambole. Agora é a vez do produtor musical apresentar o single duplo, “América do Sul (Vazia)”/“Problema Seu”.
O primeiro chega acompanhado por uma curiosidade já que surgiu de um exercício de composição sugerido por João Ferreira (Daparte). Nem ele poderia imaginar que este pequeno movimento mexeria em tantas memórias, anseios, saudades e sentimentos adormecidos. Com riff marcante, linha de baixo que lembra “Sunday Morning” (Velvet Underground), vocal confessional, atmosfera lo-fi pop, efeitos e contemplação, a faixa que apesar de tudo é bastante solar – assim como a América do Sul – ganhou um caminho bastante próprio como ele mesmo relata com direito a metais e abstração.
“Uma vez um amigo, o João [Ferreira], me mostrou uma coisa que ele costumava fazer: traduções livres de músicas gringas como uma forma de exercício criativo. Em julho deste ano resolvi tentar escrever uma tradução bem livre de “For The First Time”, do Mac DeMarco. Fui mexendo em tudo que continuava muito parecido com a letra original até ela descolar da música do Mac e, pela primeira vez, escrevi uma letra sem saber como seria a melodia.
O refrão “e a América do Sul é tão vazia sem você aqui” é uma imagem que gosto muito e acho que a inspiração para isso veio de outras situações da vida, desde a partida da minha avó na mesma época, até uma conversa com minha namorada sobre passarmos o ano novo em continentes diferentes. No geral, é sobre todo tipo de perda, saudade ou incompletude que a gente sente durante a vida e sobre aprender a fazer as pazes com isso, sejam elas passageiras ou não.”, relembra o mineiro.
Já “Problema Seu” caminha por um território mais próximo do pop/rock com vocais marcantes e tom confessional. Uma balada de um coração abalado que não quer se desnortear… mas que sente que esse caminho já não tem volta.
O fluminense Elvis Gomes, guitarrista e compositor da banda Ventilador de Teto, se aventura a lançar seu primeiro EP solo. Sob o codinome de Piat Falio, o EP Trânsito não poderia chegar com o trocadilho mais pronto no nome. Apesar disso, o sentido é muito mais literal e se refere às vivências entre idas e vindas pela baixada fluminense.
O que aparece de forma clara em “26Km”, que marca o caminho, entre os cenários e pensamentos que o acompanham diretamente de uma janela do ônibus. A estética minimalista lo-fi indie rock de apartamento, com teclas e arranjos que contribuem para dar o tom melodramático, também ajudam a materializar de forma acessível essa identidade suburbana de quem existe entre as travessias do cotidiano.
Entre sentimentos remoídos, aprendizados, sensação de inércia e valetas, “Só Mais Uma Vez” fala desses desequilíbrios, tentativas e acertos de quem levanta todas as manhãs. O tom de desabafo, entre reflexões e lamúrias, o retorno para a casa retratado no EP por alguns momentos soa como uma sessão de terapia. “Se Salvar” é das mais explosivas e carrega as angústias e sofrimento de quem vem de longe tentar a sorte em uma cidade como o Rio de Janeiro. O trecho “Eu vou fechar os braços embaixo do Cristo Redentor / e só eu posso me salvar” é ecoado aos quatro cantos da baía de Guanabara. Já as batidas de funk carioca em “bemmal” não deixam de reverenciar a região em uma pequena homenagem.
Desde a década de 90 ativo, o Anvil FX segue subvertendo e experimentando. O projeto capitaneado por Paulo Beto que explora sonoridades como synth punk e minimal wave, sempre usando a arte como objeto de contestação, agora chega com nova formação e um EP na bagagem.
Com Bibiana Graeff (vocal principal, efeitos eletrônicos), Paulo Beto (sintetizadores, programações), Apolônia Alexandrina (vocais, percussão eletrônica, sintetizadores), Tatiana Meyer (vocais, sintetizadores), Silvia Tape (vocais, guitarra) e Mari Crestani (baixo, sax alto), apresenta o EP, Celebração da Aberração, via Palatável Records.
Com ironias, críticas contundentes, natureza transgressora e questionando os rumos dos padrões estéticos e psíquicos de nossos tempos, entre comportamentos erráticos, manipulação e capitalismo em sua essência se afloram em “Celebração da Aberração”, escrita por Apolônia Alexandrina. Já os questionamentos sobre a idiotização que a Inteligência Artificial traz junto ganha versos sagazes na teatral “AI IA”. Quem fecha o pequeno EP é “A Minha Voz Na Sua Cabeça” e segundo Paulo Beto e Bibiana, compositores da faixa, afirmam que ela “investiga como as vozes são capturadas, classificadas e, muitas vezes, silenciadas.”.
Seis anos após Par de Olhos, YMA chega com seu segundo álbum de estúdio, Sentimental Palace. Com narrativa cinematográfica, Yasmin utiliza com recurso um hotel metafórico para retratar temas como o desejo e a obscura decadência do mundo. Entre o mistério, o fúnebre, o oculto e os anseios, as curvas sonoras e a estética, para deixar a experiência ainda mais intensa, ganham arranjos ainda mais oníricos.
“Percebo que, de 2019 pra cá, tudo mudou num ritmo vertiginoso: o mundo, as relações, o corpo, o jeito de estar presente. Fazer esse segundo disco foi uma maneira de me compreender no meio do caos”, reflete a artista.
O material que conta com 11 faixas e 36 minutos de duração, é um lançamento Matraca Records e tem participações especiais de Lucas Silveira (Fresno), Jup do Bairro e Sophia Chablau. Entre os instrumentistas o disco reúne participações de nomes como Fernando Catatau, Marcelo Cabral, Gabriel Milliet, Vitor Wutzki, João Barisbe, entre outros.
“Um hotel, onde cada porta guarda um tema, mistérios, demônios. Compor o disco foi como mapear esse território psíquico: abrir portas, observar o que estava ali e depois fechar com algum tipo de resolução. Ou não”, afirma YMA.
Essa narrativa, se estendeu também para o ambiente do estúdio: “O processo de criação do disco foi quase inteiramente dentro do estúdio, que acabou virando um lugar de passagem. Um hotel também, onde cada hóspede chegava com sua própria bagagem sonora”.
A natureza surrealista do exercício proposto ao longo do álbum reflete desde a forma como decide introduzir o ouvinte em seu universo particular. Entre vozes, ecos, receios, dissonâncias, transformações internas, perda de controle e temperança. Essas ondas temperamentais ganham contornos, entre corais, ambiências, questionamentos, quebras de paradigmas e universos paralelos. Essas texturas, experimentos sonoros que não se prendem a estilos, ambiências que criam imagens, entre o desespero e a vontade de fugir, dão toda a tônica de uma cabeça inquieta que vê o “hotel” em certo momento em chamas.
“2001”, single revelado previamente, é daqueles que ao longo da audição ganha ainda mais protagonismo dentro da sua construção. Com sentimentos que ficam ainda mais aflorados, linhas de metais e um grito por ajuda em meio a um apocalipse. Já “LA FEMME” parece até mesmo uma homenagem à estética do grupo fundado pelo guitarrista Sacha Got e pelo tecladista Marlon Magnée, de Biarritz (França), sendo repleta de suspense, densidade e delírios.
A busca pela conexão aparece em (“dentro de mim”), referências a Platão e à ficção, com cenário apocalíptico como plano de fundo para falar sobre decepção reluzem em “Te quero fora”, parceria com Lucas Silveira (Fresno). Jup do Bairro foi escalada para “Lagosta, Ostra”: uma das mais intensas, experimentais, provocadoras e futuristas presentes ao longo da obra.
“Jup é a nossa grande poeta do pós-apocalipse — sou apaixonada pelas coisas que ela escreve, na performance, na voz. Essa faixa é a mais porrada do disco. Contracenar com ela nesse banquete entre o luxo e o lixo foi a cereja do bolo”, explica a artista.
O que se contrapõe com o olhar mais lo-fi presente em “Rita”, faixa que tem a companhia de Sophia Chablau e destila sobre males modernos, como ansiedade e pessimismo. O disco fica flutuando entre o tangível e o intangível, o real e o imaterial, esta é a forma que YMA encontrou para falar de devaneios e temas tão pesados do nosso cotidiano. De forma que fosse mais leve, porque de pesados já bastam os rumos da humanidade e a rotina que sufoca.
A produção musical e a mix são de Fernando Rischbieter e a master de Pedro Vinci. O produtor Lauiz, da banda Pelados, assina a produção da faixa “dentro de mim” e a coprodução de “fritar na areia!!” e “Lagosta, Ostra”.
Daqueles encontros que a gente gosta, é a melhor forma de falar sobre o EP Sustos, parceria do duo carioca Mundo Video e o niteroiense dadá joãozinho. Com DNA de misturar ritmos, é inevitável não saber o que esperar desses encontro, mas o que podemos adiantar para você que ainda não escutou o primeiro single que abre o registro, “Dourado”, é que tem um pouco de rock, funk, soul, MPB e jazz, com direito a metáforas e jogos de palavras que nos remetem a ecos da vanguarda paulista.
Agora o EP chega completo justamente para juntarmos as peças desse quebra-cabeça envolvendo suspense e mistério. Nele, as emoções, a dança, o erotismo, as ameaças e os conflitos transbordam numa linguagem com toda a atmosfera cinematográfica. Rock, trip hop, rap, soul, poesia, versos ríspidos e intensidade — tudo acaba deixando esse romance fora da curva ainda mais vívido. Sustos é a prova viva de como a cidade cinza e o trip hop do Tricky ganham novas roupagens em um encontro improvável.
O niilismo ganha ainda mais força em “Planos (O Amor Constrói, O Amor Destrói)”, um hip-hop moderno com ecos da garagem e do universo dos videogames — que acompanha o Mundo Video desde os primórdios. “Rock N Roll” consegue fazer uma ponte entre a beleza plástica do Spiritualized e o som das ruas. Dark, combativo, disruptivo e quase macabro, o groove acaba cadenciando e deixando tudo ainda mais em sinergia com o cinema noir.
This post was published on 24 de outubro de 2025 8:00 am
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