Novo Rock: Molho Negro, Sophia Chablau e Felipe Vaqueiro, Oruã, Indigans e muito mais!

 Novo Rock: Molho Negro, Sophia Chablau e Felipe Vaqueiro, Oruã, Indigans e muito mais!

Molho Negro lança seu novo álbum, “VIDAMORTECONTEÚDO”, pela Deckdisc. – Foto Por: Caio Brito 

A Novo Rock trará conteúdos em micro-resenhas do que de melhor tem acontecido no Rock Nacional. Singles, discos e novidades com o radar antenado do Hits Perdidos ganham o palco em um post informativo que acompanha sempre uma playlist!

Sobre o Novo Rock

“Novo Rock” é onde vivem as bandas e artistas que reinventam o gênero, cruzam influências e quebram rótulos. Se você quer saber por onde anda o rock em 2025, esse é o seu lugar. Lançamentos, listas e estreias exclusivas com a cara do agora de quem não parou no tempo das ondas das FMs. A cada nova lista serão adicionados 10 novos lançamentos, vamos juntos?


Molho Negro na Casamarela, foto divulgação do novo álbum que será lançado em 2025 - Foto Por Caio Brito
Molho Negro lançará seu novo álbum pela Deck. – Foto Por: Caio Brito

Novo Rock #5

Zepelim e o Sopro do Cão Arquibancada Sol

De Campina Grande (PB), a Zepelim e o Sopro do Cão pelo selo DoSol apresentou novo álbum, Arquibancada Sol. Ao ouvir, é impossível não voltar no tempo lembrando de nomes do rock brasileiro como Sheik Tosado, Planet Hemp, Raimundos, Nação Zumbi, Charlie Brown Jr., O Surto, Devotos, O Rappa e tantos que escavaram essa rota no país ainda nos anos 90. Esse território de misturar punk, hardcore e rap com críticas sociais e memórias das vivências no interior conversará certamente com um ouvinte que sente falta deste rock que populava as FMs de outros tempos.

Não é à toa que ecos de Suicidal Tendencies, Beastie Boys, Pennywise, Rancid, Seaweed, Rage Against the Machine, Fugazi e tantos outros grupos que popularizaram essa cultura suburbana pelo mundo acabam aparecendo nas escolhas sonoras e estética do trabalho. Para quem tem saudade deste som de porão de rock, o disco é um prato cheio e essa mesma sensação temos quando ouvimos discos de grupos como Black Pantera.

Sophia Chablau e Felipe Vaqueiro Handycam

O encontro entre Sophia Chablau e Felipe Vaqueiro já vinha ganhando forma nos últimos anos e agora conhecemos o trabalho criado em parceria. NOVA ERA/OHAYO SARAVÁ chega pelos selos RISCO (Brasil) e Cuca Monga (Portugal) com direito à banda com o baixista Marcelo Cabral (Metá Metá, Elza Soares, Criolo) e do baterista Biel Basile (O Terno).

O próprio resgate das Handycams e o apelo analógico de sair das redes para viver e construir suas próprias memórias da juventude: acaba servindo como fio condutor da narrativa do disco que soma as estéticas dos dois projetos encabeçados pelos artistas com características que vão do cru do violão a delicadeza de elementos pontuais, ambiências e que reverenciam a pluralidade da música brasileira. Esse lado nu, sem medo de perder o rumo e construir algo novo, é que faz da exposição algo genuíno. Entre São Paulo e Salvador, eles somam as referências para criar algo novo, feito uma intersecção dos que se dispõem a se encontrar pelo caminho. De jovens artistas da nova música brasileira que não veem limites para onde pode ainda ir.

É possível ver experimentações e uma densidade no campo político-social com realidades que estão próximas, mas nem sempre entram de forma tão explícita nas composições em suas bandas. Temas que extrapolam o calor das redes e que entram na derme da realidade enfrentada por nós no espectro coletivo.

Do desconhecimento às descobertas, das intermitências à curiosidade, do vulnerável ao subjetivo da vida, o disco recai como uma leitura de um diário de um jovem adulto tentando traduzir uma série de sentimentos que se transmutam e ganham novas significâncias temporais a cada nova vivência destravada. Daquelas que nem sempre as lentes, sejam elas analógicas ou digitais, conseguem registrar. O caos e a fúria de viver tudo à flor da pele… esquecendo de apertar o REC ou tentando performar para as redes em troca de likes.

Entre o lúdico, o visceral e a ingenuidade indo de encontro com a aspereza do amadurecer, o álbum serve como um abraço coletivo a quem se arrisca a viver tudo de peito aberto, independente das consequências. Da mesa com cadeira de plástico do bar a tardes analisando filmes de Glauber Rocha, vivendo as primeiras paixões e querendo mudar a realidade vil em seu entorno, essa dinâmica ganha até mesmo um tom nostálgico de quem já é adulto há algum tempo, mas, ao mesmo tempo, encapsulou memórias de tempos mais simples.

Oruã “Casual”

O Oruã, grupo confirmado no Lollapalooza Brasil, está prestes a lançar seu quinto álbum de estúdio, SLACKER. O disco, inclusive, chegará via K Records às plataformas digitais no dia 24/10.

Quem tinha assistido à participação deles na live da KEXP já tinha conferido um SPOILER (assista). Guitarras distorcidas, vocais melódicos no melhor estilo Boogarins, cadência, contemplação e espírito garageiro psicodélico fazem parte da canção que tem como inspiração o acordar de todo dia.

“’Casual’ foi uma faixa que fizemos na estrada durante nossa turnê pelos Estados Unidos em 2023. Viajamos juntos por um longo tempo. A letra simplesmente reflete as emoções do dia a dia e o eterno mau-humor matinal. A arte da capa do single foi criada por Ana Zumpano, nossa amiga e colaboradora de longa data, e agora nossa baterista. ‘Casual’ aborda nossa essência indie rock com guitarras distorcidas e sonhos perdidos nas melodias.”, revela Lê Almeida.

MASTROBISO “Boyzin”

Com atmosfera do rock dos anos 90, MASTROBISO usa do bom humor para cutucar a dinâmica dos flertes nas redes. É com boas doses de escárnio, guitarras que agravam a tensão, e uma série de clichês rebatidos, que a dinâmica escolhida nos lembra até mesmo as letras ácidas, e postura, do duo inglês Wet Leg.

“’BOYZIN’ é uma composição totalmente inspirada em um flerte que não teve grande êxito. Busquei retratar a figura do homem sem iniciativa, algo que nós, mulheres heterossexuais, temos observado com frequência nos dias atuais. À medida que nos empoderamos e reconhecemos nosso próprio valor e direitos, acabamos nos tornando muita ‘areia para alguns caminhões’.

Na internet, costumamos brincar dizendo que estamos no mapa da fome‘. Ainda assim, minha intenção foi abordar o tema de maneira leve e divertida, explorando também esse meu lado tipicamente escorpiano. Adoro flertar, sou intensa”, revela Mastrobiso que além de cantora é influenciadora, atriz e DJ.

A faixa ganhou um videoclipe dirigido por Ana Mariana e foi gravado diretamente de uma pista de skate. Seu álbum de estreia será lançado ainda em 2025 pela Deck.



End Of Pipe Silence Equals Death

Com referências de bandas como Strung Out, Bad Religion e Pennywise, os catarinenses do End Of Pipe lançaram pela Repetente Records o EP Silence Equals Death. São quatro faixas com a atmosfera construída ainda na década de 1990 no imaginário coletivo a partir de uma leva de bandas de punk rock melódico/hardcore californiano que ganhou o mundo.

Com peso, letras contundentes que clamam por justiça social, riffs que trazem referências do skate punk e do metal, sing-a-longs e energia que encoraja o ouvinte a entrar na roda.

“A música é um alerta para nos mantermos unidos e lutar por algo verdadeiro em tempos difíceis. Nos calarmos pode nos levar à morte, no sentido de gerar arrependimentos pela falta de ação”, destaca a End of Pipe.

Molho Negro “Ficar Morto Vende”

Angústia, cicatrizes do capitalismo, ansiedade e mil pensamentos na mente, inspiram “Ficar Morto Vende”, primeiro single do trio de Belém, Molho Negro. O quinto álbum de estúdio sairá pela Deck e marca a entrada do baterista Antonio Fermentão.

O descontrole do que acontece no entorno, a mente pulsante e outras consequências do existir se refletem ao longo dos versos. Tudo isso recheado de guitarras, elementos de tensão, desespero e aura apocalíptica. Uma mistura entre mais um “dia normal” e o fim de mundo.

“Um alarme tocando no fundo, que você simplesmente não tem como desligar, o cheiro de fumaça num consultório que todo mundo ignora em conjunto, o mundo acabando sem ter muita coisa que a arte consiga fazer em relação a isso. Mas pode ser que as pessoas tenham outra interpretação, pode ser que a minha ansiedade tenha tomado o controle e essa angústia toda é falta de sono. Vai saber”, comentou João Lemos durante o lançamento.

Novo álbum foi gravado o Estúdio Costella, em São Paulo, com produção de Gabriel Zander em parceria com eles.

Backdrop Falls “Choose to Fight”

Com quase 10 anos de atividade, a banda de punk rock Backdrop Falls, de Fortaleza (CE), apresenta seu novo single “Choose to Fight” tendo como temas centrais a superação e autodescoberta. Com peso, a faixa explora camadas de guitarras, vocais rasgados, breakdowns, berros e melodias.

Daquelas faixas que poderiam entrar na trilha de jogos como Tony Hawk’s Pro Skater e que agradarão fãs de bandas como Rise Against, Four Year Strong e Strung Out.

“Com ‘Choose to Fight‘, queremos que as pessoas sintam a mesma energia que colocamos em cada nota. É uma música sobre seguir em frente, sobre não ter medo de errar e de lutar pelo que realmente importa.

Se você gosta de música boa, feita por pessoas reais, com muita energia, precisa escutar essa banda. E quando você escutar esse papo de que o rock morreu, ou não tem bandas novas fazendo algo de bom, mostre essa banda para esta pessoa!”, comenta Matheus Collyer.



Indigans Quarto Quieto

O álbum de estreia dos catarinenses da Indigans, Quarto Quieto, chega com 12 faixas e com temas densos presentes no cotidiano de um jovem, entre a autodescoberta, o isolamento e a depressão. Com estética indie, a banda de Porto União (SC) formada por Alex Mattia (guitarra e voz), Thiago Mattia (bateria e voz) e Guilherme “Takezo” (guitarra e voz), traz sua intensidade nos detalhes, entre uma melodia mais complacente, o desolamento e a explosão dos sentimentos.

A escolha da palheta mais acinzentada cria no imaginário do ouvinte reflexões diferentes, em “Todas As Escolhas Eu Errei”, por exemplo, a crítica vai até mesmo para bandas que fazem de tudo para se encaixar comercialmente e acabam soando igual. Já “Fugir de Casa” reflete sobre as escolhas de vida com guitarras mais voltadas para o shoegaze, lo-fi e vocais mais rasgados que consolidaram o Grunge. O título une com clareza canções que discorrem sobre frustrações, processos internos e servem como pequenos desabafos em pílulas… entre o vazio, a invisibilidade e a vontade de encontrar uma luz no fim do túnel.

Circus “Reclusão”

Do Rio de Janeiro, a Circus chega aos 10 anos de atividade e aproveita para disponibilizar o single “Reclusão” com influências de Linkin Park e Bring Me The Horizon. Faixa estará presente no novo álbum de estúdio da banda que será lançado em 2026.

“A música, bem como a arte no geral, é importantíssima para o processo de autoaceitação e para a saúde mental. ‘Reclusão’ fala exatamente sobre isso: a prisão interior e a tentativa de libertação”, explica o baixista Lucas Mendes.

Solidão e desamparo ganham metáforas na composição que mediante o caos tenta encontrar a paz. O mal silencioso que corrói, entre os receios e a ansiedade, ganha a alternância entre o peso e a calmaria, fórmula que consolidou grupos como Deftones que chega a uma nova geração através do TikTok — e na sonoridade amplificada por grupos contemporâneos como BMTH, Spiritbox, Architects e Sleep Token.

“‘Reclusão’ é provavelmente nossa melhor composição em grupo em mais de dez anos de banda, por isso foi escolhida como porta de entrada para o disco. Pra mim, é uma mistura de Deftones, Circa Survive e Linkin Park, afirma o vocalista Bernardo Tavares.

Contando Bicicletas Aprendi o Truque

Os cariocas da Contando Bicicletas voltam com álbum de inéditas após 8 anos. O sucessor de Se Quer Aventuras (2018), Aprendi o Truque, traz consigo as cicatrizes do tempo, entre uma pandemia, ressignificações, pesquisa, aperfeiçoamento, mudanças, fortalecimento de relações e amadurecimento. O disco tem a produção de Patrick Laplan (Gabriel Ventura, Duda Beat) e reúne ao todo 9 faixas.

“Colocar esse disco no mundo foi resultado de muita perseverança, mas é principalmente uma prova da amizade verdadeira e profunda entre nós. Teria sido muito fácil a gente se afastar e deixar as outras partes de nossas vidas tomarem a frente, mas a gente ama tanto fazer música junto que criamos o espaço para fazer isso sempre que possível”, reflete Mateus, guitarrista e saxofonista.

“Não Me Faz Bem”, primeiro single a ser apresentado, e segunda faixa no disco, tem linhas, e camadas, oníricas que contrastam com a frustração e descontrole presentes em seus versos. Feito um joguete da natureza que músicos tantas vezes exploram com destreza. Mesmo sendo composta ainda em 2019, eles jamais imaginariam que ela pudesse refletir justamente o terrível momento compartilhado pela humanidade nos anos seguintes, o que a deixa marcante e o ciclo do seu lançamento, singular.

“Doce Até Demais” é um reflexo de tudo isso, como o desafogo faz parte do processo, entre as descobertas e redescobertas que a vida nos permite. Reflexões e letras que expõe dilemas sobre como lidar com a liberdade e o descompasso do cotidiano transparecem no mar de emoções que o disco atravessa. Essas quedas e reviravoltas que a vida dá aparecem, por exemplo, em “Vai Ser Sempre Assim” que fica entre as melodias trabalhadas do math rock e a beleza solar do power pop.

“Os temas das canções vão desde esse desejo por proximidade e amizade até outros desafios do início da vida adulta, com a conclusão de que se soltar e abraçar a vida vale a pena, além do reconhecimento de que com todos os altos e baixos da vida estamos em constante construção, na dupla catártica de conclusão”, comentam os integrantes a respeito das composições.

Linhas de sopro ajudam a amplificar a tensão e tom melodramático da sua narrativa que em certos momentos vai pro modo desplugado. É justamente na simplicidade do minimalismo que conduz o ouvinte a se atentar para a profundidade das letras.

Com riqueza de arranjos, entre grooves, timbres e dedilhados que flertam com o universo do rock alternativo, aliado a uma aura cancioneira, referências do indie e da música brasileira transparecem ao longo da obra. Algo que grupos como Los Hermanos também compartilham em sua essência.

“Outra Vez”, segundo single a ser oficialmente lançado, é uma ótima faixa para encerrá-lo justamente por condensar mensagem, proposta artística, linguagem e a densidade dos detalhes que compõem seu instrumental. Definitivamente, um disco para se ouvir em dias nublados, quando se busca por esperança sem que para isso tenha que tirar os pés do chão.

Playlist: Novo Rock

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