Fernando Catatau revela faixa a faixa exclusivo do seu primeiro álbum solo

 Fernando Catatau revela faixa a faixa exclusivo do seu primeiro álbum solo

Fernando Catatau lança álbum solo no palco do Teatro do Sesc Pompeia – Foto Por: Jamille Queiroz

Cantor, compositor, guitarrista, produtor musical e artista plástico, Fernando Catatau é fundador da banda Cidadão Instigado e uma das figuras mais icônicas do cenário independente brasileiro. Com mais de duas décadas de carreira ao lado do grupo, ele lança seu primeiro álbum solo.

O contexto se dá após voltar para Fortaleza depois de 15 anos morando na capital paulista, a retomada as origens inspirou o disco que levou 4 anos para ser elaborado. A imersão na cidade e na cena artística, das festas de Reggae ao underground pós apocalíptico trazem uma diversidade de cenários, nostalgia e vivências.

Na sexta-feira (25/02), Fernando Catatau lança seu disco no palco do Sesc Pompeia, em São Paulo, e os ingressos já estão disponíveis no site do Sesc. R$40 (inteira), R$20 (meia e credencial plena). Para aquecer os motores para a apresentação, o músico preparou um faixa a faixa exclusivo para os leitores do Hits Perdidos. Confira!


Fernando Catatau lança álbum solo no Sesc Pompeia - Crédito Jamille Queiroz
Fernando Catatau lança álbum solo no palco do Teatro do Sesc Pompeia – Foto Por: Jamille Queiroz

Faixa a faixa por Fernando Catatau

1) Raios na imensidão

Lembro que quando comecei a compor essa música eu já estava morando há um tempo em Fortaleza. No começo ela era bem mais rápida e isso me incomodava. Resolvi dedilhar ela no violão pra ver como ficava e foi aí que começou a fazer sentido. O dedilhado criava vários harmônicos e eu os relacionava com raios. A partir dessa idéia a letra foi saindo e abordando temas bem pessoais. Nela eu chamei a Vivi Rocha Jones que é minha amiga terapeuta sonora para gravar um Gongo e trazer esses raios pra música e o Cristiano Pinho que é um dos maiores guitarristas que eu conheço e que sempre foi o grande ídolo da nossa galera de Fortal. Nossa conversa de guitarras no final é viagem cósmica demais.

2) Completamente apaixonado

“Completamente apaixonado” surgiu em um momento em que eu estava escutando muita música pop como, Kali Uchis, Lana Del Rey, Chela… Nela tem a participação da Yma que é uma cantora Paulistana que eu amo. Nós nos tornamos amigos e um tempo antes das gravações eu participei de um show dela tocando essa música. No meio dos processos da gravação ela foi me visitar no estúdio e eu na hora convidei ela pra gravar. Já era fim do expediente e ela entrou e gravou de primeira. Uma voz que parece vir das profundezas da mente. Se garantiu demais!

3) Os monstros

Os monstros é da primeira leva que compus ao chegar em Fortaleza. É uma reflexão sobre a minha relação com os outros seres. Me imaginei nascendo em uma granja e em como seria minha vida, e de meus amigos e familiares crescendo nesse lugar. Vivendo uma vida de repetições e esperando a hora do abate. Tentei criar uma ambientação que trouxesse esse sentimento. Chamei a Thais de Campos que é minha amiga artista visual e sonora incrível e grande parça desses anos que morei em Fortal para fazer percussão de ambiência e Synth, e a ídola Melindra Lindra da banda Glamourings para fazer as vozes de malassombro. As duas trouxeram essas ambientações mais darks que a música pedia.

4) Não há mais nada a dizer

Essa é uma das últimas canções que fiz pro disco. Gosto muito da forma que ela ficou. O baixo do Dustan Gallas e a bateria do Samuel Fraga marcando colados em um loop eterno e daí vem o refrão super romântico e emocional. Muito bonita a interpretação da galera! Aqui tem a participação da também ídola Tina Reinstrings da banda Glamourings nos vocais. Nossas vozes chegam a se fundir de tanta sincronia. No meio da música tem o solo de Sax mais incrível de todos os tempos (na minha opinião) do meu amigo Marcio Resende. Amo esse som!

5) Nada acontece

Nada acontece surgiu em uma residência artista em que eu, Juliana R e Giovani Cidreira estivemos juntos por 3 dias criando vários sons no Sesc Paulista. No final nos apresentamos para uma galera com o material feito lá. Eu já tinha minhas partes de “Nada Acontece” e resolvi jogar pra galera parar ver no que dava e deu bom demais! A letra é como um recorte dos sentimentos desses últimos anos. Da nossa vida em sociedade. No começo o arranjo era bem diferente. Cheguei a me apresentar algumas vezes com esse arranjo anterior mas no minuto final das gravações resolvi mudar tudo e ficou como ficou. Curti muito a atmosfera dela! Aponta para um caminho diferente e mais próximo do que quero chegar com minha música.



6) Luz do fim de tarde

Luz do fim de tarde traz um sentimento muito forte em relação as minhas raízes. Ela carrega uma melancolia que vem lá do passado e que chega ao meu presente numa tentativa de abrir espaço para outros sentimentos. Ela marca minha parceria com Dustan Gallas que é meu chapa eterno de aventuras musicais e de Varjota (Bairro em que crescemos) e tem novamente a participação da Thais de Campos que canta lindamente essa melancolia no final da música.

7) Tempos Sombrios

Devo ter feito essa no começo de 2019. Foi também dessa última leva de músicas que fiz pro disco. Ela ambienta bem como eu estava me sentindo na época. Um peso enorme nas costas mas com uma vontade muito grande de achar caminhos melhores pra minha vida. Pros arranjos eu lembro que cheguei com algumas referências que passavam por Peter Tosh, The Congos, Grace Jones, e ficou bem dentro do que eu esperava. Convidei o Uirá dos Reis, que é meu grande amigo e parceiro pra escrever uma poesia pra parte final da música e que me trouxe essa preciosidade. Uirá é poeta, ator, cantor, diretor e várias outras coisas mais. Um grande artista!

8) A fraternidade

Essa faixa foi criada para a trilha sonora do filme “O Clube dos Canibais” do meu chapa, Guto Parente. Ela inicialmente tinha sido gravada em um formato mais acústico com a voz do Cristiano Pinho. Como ela acabou não entrando no filme eu trouxe ela para o disco. Queria que ela tivesse um tom mais dramático para ambientar melhor o que a letra pedia e sugeri para o Dustan fazer o arranjo dela no piano. Ficou darkzêra demais!

9) Nostalgia

A “Nostalgia” é uma música que foi composta pra ter um arranjo de voz e violão. Era meio folk e até entrarmos no estúdio ela ia ser gravada assim. Acabou que no meio do processo tudo mudou e ela ficou bem mais etérea. Acho que a letra pedia isso e preferi caminhar pra um lado que não tivesse muito a marcação dos instrumentos. Me inspirei em alguns sons do Nick Cave pra esse arranjo. Meio que inspirado nos últimos trampos dele. O resultado ficou bem massa.

10) Sinceramente

Em “Sinceramente” eu trouxe vários elementos sentimentais e nostálgicos do meu passado para o presente. Queria o Sax 80’s a la “Careless Whisper”, o violão de nylon romântico, aquelas cordas grandiosas, tudo como cenário pra falar sobre o amor. O amor das parcerias reais e o o que cultivamos por nós mesmo. Acho que nessa letra eu devo ter conseguido deixar para trás um saco de ranço que eu tava guardando. Curto a imagem dela (da música) de por do sol na beira mar com agua de cocô, maresia e boa companhia.

11) Quando o dia amanhecer

Eu escolhi essa música para ser a ultima pois curto muito a “Vibe alto astral” dela e era assim que queria terminar o disco. A ordem foi feita em Forma de U como os ciclos da vida. A gente as vezes tá bem e de repente chegamos ao fundo do poço e precisamos ter muita força pra se levantar. Visualizando esse U, pra mim é possível acreditar que as coisas podem melhorar.

Em “Quando o dia amanhecer”eu jogo essa possibilidade pra roda da vida. O arranjo foi inspirado em alguns artistas de Zouk que gosto muito. Celia Delver, Harry Diboula, dentre outros, que foram figuras que conheci através do Manoel Cordeiro. Vi uma vez ele falando numa entrevista sobre o Zouk e fui pesquisar. Pirei! Daí quando terminei o arranjo a primeira coisa que fiz foi chamar ele para participar. O Manoel é um grande ídolo pra mim e é uma honra poder ter a presença dele no disco. Guitarra brasileira truezêra!

Fernando Catatau – Fernando Catatau (2022)


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