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Echo Upstairs ecoa a crueza e a intensidade dos primeiros dias em “Il Mondo”

Il Mondo reflete os primeiros dias da Echo Upstairs

A Echo Upstairs foi formado em 2020 como um projeto paralelo de artistas de diferentes projetos. Ana Zumpano era baterista do Lava Divers; Gilbert Spaceh era guitarrista do Early Morning Sky, Mauro Terra tocava bateria na Early Morning Sky e Bigu Medine tocava em vários projetos incluindo a Oruã. Eles tinham várias prontas e resolveram batizar a banda só que no momento quando se organizavam para gravar o EP de estreia, começou a pandemia.

O primeiro single nasceu assim: um riff que tenho desde os 20 anos de idade que com a pandemia eu tive tempo de amadurecer. Gravei tudo em casa, voz, guitarras, bateria, sintetizadores e meia lua; o Bigu gravou a linha de baixo na casa dele”, relembra Ana sobre “Green Quartz” lançada em setembro de 2020

O segundo single “Clouds”, também foi gravado remotamente com a participação de Rafael Bulleto (Neptunea, Antiprisma) nos sintetizadores, Elisa Moreira e DW Ribatski (Bumbo Caixa) nos vocais. A faixa foi coproduzida por Dennis Guedes (The Outs). A faixa até ganhou um clipe feito pela Elisa Oieno do Antiprisma.


Echo Upstairs lança o EP “Il Mondo” – Foto: Divulgação

Echo Upstairs Il Mondo

Tês anos depois com algumas mudanças na banda, como a saída do baterista Mauro, e tendo durante a pandemia no formato duo, Ana e Bigu, fazerem lives com bateria eletrônica, apareceu Beeu Gomes, praticamente um novo integrante do projeto e ajuda na gravação e na produção do que viria a ser Il Mondo. Com a vinda de Bigu para o Brasil, Ana reuniu a banda e finalizou o EP. Tendo Bigu sendo responsável por algumas guitarras, sintetizadores e também pela mixagem. Já a masterização ficou a cargo de João Casaes.

Tínhamos começado a gravar com a Gabi Lima antes da pandemia, então as bases estavam encaminhadas, faltava gravar e produzir todo o restante

Estas músicas nasceram quando a gente começou a se encontrar. Eu morava na Vila Mariana (São Paulo) e tinha uma luthieria em casa. A gente passava domingos intermináveis tocando…quando retomei o processo de produção, fui buscar nos primórdios da banda e achei vários rascunhos, inclusive da primeira gravação de “in/out”. Era um domingo chuvoso, ficamos tocando essa música sem parar por mais de 1h com a chuva de noise no fundo…era tudo tão cru que fiquei até emocionada ao revisitar isso., relata Zumpano

A formação original conta ainda com a participação nos vocais de Amanda Butler (da Sky Down) e João Lucas Ribeiro em “Il Mondo” e “Beloved”. As outras duas faixas são ‘All the Stars’ e ‘in/out’. ‘All the stars’ foi a primeira música que a Echo Upstairs escreveu e uma das que eles mais tocavam em ensaios e nos poucos shows que fizeram. Essas músicas são bem a raiz da banda mesmo”, diz Ana. 

A faixa título acabou ganhando um videoclipe meio que acidental e Ana Zumpano conta detalhes: A primeira viagem foi para a Praia do Capricórnio (litoral de SP) quando ainda estava rolando a pandemia mas já era permitido se encontrar sem aglomerações. Gravamos uma live para a Casa de Cultura do Butantã e a viagem foi muito inspiradora; a praia foi um abraço em cada um de nós. Acordávamos às 4 da manhã pra ver o sol nascer e fizemos esses takes sem saber muito bem o que viria a ser…



Atualmente Ana é produtora musical e toca na Antprisma e na Retrato; Bigu está em turnê desde o começo de 2023 com o Oruã enquanto Gilbert criou a Outro Lado, uma marca de merchandise para bandas independentes. Eles procuram um novo baterista para poder voltar a realizar shows e também gravar mais músicas e quem sabe completar um álbum.

Entrevista: Echo Upstairs sobre Il Mondo

Conversamos com a Ana Zumpano sobre o novo EP, Il Mondo, além de claro, o momento de seus outros projetos.

O EP é o primeiro material mais completo da banda e já mostra uma mudança de sonoridade em relação aos dois singles lançados em 2020. Qual o conceito desse trabalho e quais possibilidades novas resolveram explorar?

Ana Zumpano: “O EP não tinha um conceito pré estabelecido, ele foi se formando no decorrer de todo o processo que foi iniciado antes mesmo da pandemia, antes até dos dois primeiros singles que foram lançados em 2020. As possibilidades também foram surgindo de acordo com as coisas que foram se desenvolvendo desde então. Num primeiro momento, o projeto de gravação do EP tinha outra cara. Convidamos a Gabi Lima para produzir as músicas com a banda, na época a gente alugava uma sala no Caffeine Studio e se encontrava uma vez por semana para levantar os sons que tínhamos decidido gravar.

De repente pandemia e todo esse momento triste e difícil que a gente vem se recuperando até hoje. Durante a pandemia nós lançamos dois singles. Com o isolamento social, comecei a me aprofundar nas produções musicais e gravações caseiras. Nesse processo, acabei produzindo e gravando o primeiro single, que foi todo gravado num iPhone 4. Depois produzi “Clouds”, já estava mais familiarizada com os programas de gravação e consegui, a distância, contar com a colaboração dos meninos nessa música.

Antes de começar o isolamento, tínhamos gravado baixo e bateria lá no BTG Studio. Essas gravações ficaram guardadas, com o agravamento da pandemia não conseguimos gravar as guitarras e vocais, a Gabi mudou de país e o projeto do EP ficou pausado. No ano passado resolvi retomar a produção dessas músicas, num novo cenário, agora com um mini estúdio em casa, comecei a retomar esse trabalho de forma bem livre para finalizar as músicas sem nenhuma obrigação com o planejamento do passado.”

No campo das referências o que sentem que neste momento pegou mais forte?

A troca com as pessoas envolvidas. Voltei a gravar o EP nesse momento de retomada da vida e dos projetos, então sinto muita influência dessas outras vertentes musicais para além do shoegazer.

O processo de finalização das faixas tendo bases prontas antes da pandemia na visão de vocês teve quais ganhos?

Ana Zumpano: “Captamos baixo e bateria num estúdio muito bom, com ótima qualidade de gravação. A base estava sólida, eu não tinha pretensão de mudar a estrutura das músicas. Então vi ali um ponto de partida para começar a trazer as camadas de guitarras, sintetizadores, vozes, percussão e o que mais surgisse no caminho. Foi só ganho na minha visão, na verdade, ter isso pronto, foi o elo que me manteve conectada a esse ep, e a essa vontade de finalizar o trabalho.”

Como sentiram que a mudança de formação contribuiu para a nova dinâmica da banda?

Ana Zumpano: “Sinto que a banda está com a formação flutuante. O Mauro, baterista, realmente saiu da banda e de seus outros projetos musicais. Quando a gente pensou em colocar outro baterista no lugar dele, rolou a segunda onda da pandemia e, sem a previsão de shows, deixamos isso para outro momento.

Nessa retomada de gravação do EP, eu conheci o Beeau Gomez e ele se juntou comigo para finalizar as músicas. Estávamos trabalhando em outros projetos juntos e essa afinidade musical foi fundamental para que as músicas tomassem essa nova cara. O Bigu está voltando de uma turnê internacional de mais de 5 meses, iremos nos encontrar para montar o show de lançamento do EP, ainda não sei bem quem vai compor a banda nessa fase, mas já já teremos essa noção.”

O domingo chuvoso do dia da gravação acabou contribuindo mesmo que indiretamente para a atmosfera do EP?

Ana Zumpano: “Com certeza, tanto que se tornou uma memória importante pra mim. Esse EP de quatro músicas é na verdade a raiz da Echo Upstairs. A maioria das canções apareceram nessa época do início da banda, nesses encontros dominicais de criação, e a chuva era algo recorrente que se misturava ao fuzz dos pedais contribuindo para essa estética lo-fi e etérea das canções.”

A capa é o resultado de colagens, quem fez e como foi esse processo de escolha das fotos?

Ana Zumpano: “Eu fiz a capa sem saber que era a capa. Esse EP vem cheio de significados e sincronicidades, nada planejado. Já faz uns anos que me conecto e estudo tarot e a carta do mundo sempre se faz presente nas minhas leituras. Me encantei pela colagem e essa foi a primeira que eu fiz. Tinha ganhado alguns livros de amigos colagistas e comecei a experimentar, quando de repente me deparei com esse escrito “il mondo”.

Finalizei a colagem com esse escrito e guardei. Estava com outra capa em mente, que também era uma colagem, só que não minha, mas na hora de mandar a capa pro selo e relembrando todos os processos de finalização das músicas, olhei pra colagem do “il mondo” e pensei: essa vai ser a capa. Agora, pega essa visão: Dia 21, sai o disco. Qual é o número da carta do mundo no tarot? 21. Enfim… eu não acredito em coincidências.”



Além da Echo Upstairs, a Ana também tá tocando no Retrato e no Antiprisma. Como tem sido essa produção em alta escala e o que pode contar de novidades dos outros projetos?

Ana Zumpano: “Eu trabalho com o Antiprisma faz uns bons anos. Estamos saindo do processo de produção das músicas do novo disco e gravamos recentemente a primeira leva de 4 canções. Juntamente com o Beeau, lancei a Retrato, estamos fazendo alguns shows, lançamos o primeiro videoclipe, uma live session e no final do ano sai o disco com 8 faixas que será lançado pela Transfusão Noise Records.

Eu e Beeau tocamos com o Antiprisma, e o Victor e a Elisa do Antiprisma tocam com a gente na Retrato. A partir da experiência de somarmos musicalmente nos projetos uns dos outros, criamos o espetáculo “REFLEXVS” no Centro da Terra. Foi uma noite única e atemporal que vai se repetir pelos teatros de são paulo até o final do ano. Paralelo a isso, estou começando a gravar as outras músicas da Echo Upstairs que vão fazer parte do disco. Pro EP “il mondo” penso num disco 10 polegadas, vai dar certo.”

This post was published on 21 de julho de 2023 10:00 am

Rafael Chioccarello

Editor-Chefe e Fundador do Hits Perdidos.

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