PicniK Festival terá shows especiais do Pato Fu no formato tradicional e apresentando o Música de Brinquedo.
Às vésperas de completar 30 anos de umas das trajetórias mais coesas, divertidas e porque não dizer, fofas da música brasileira, o Pato Fu embarca neste fim de semana para duas apresentações em Brasília.
Sendo uma delas apresentando o icônico, e criativo, Música de Brinquedo, dentro da programação do PicniK Festival (confira como foi nossa cobertura in loco em 2018) que retorna após 3 anos em edição especial de 10 anos com apresentação ao longo de seus dois dias de programação de nomes como Ava Rocha e Lee Ranaldo (Sonic Youth), Yonatan Gat, Anelis Assumpção e Curumin, Luedji Luna, Letrux, Academia da Berlinda, Karina Buhr, Rogério Skylab, Gui Held e BIKE, OZU, OXY, e YMA. Apenas para citar alguns nomes que se apresentam no festival candango que caprichosamente se instala em um picadeiro localizado neste ano na Praça Portugal.
Os Patos ainda realizam um show no formato tradicional comemorativo dos 30 anos no dia 25 (garanta seu ingresso).
Conversamos com a Fernanda Takai e o John Ulhoa (leia entrevista) em uma entrevista longa no melhor estilo Pato Fu de ser para saber mais sobre os dois volumes do Música de Brinquedo, curiosidades dos bastidores e (tentar) revelar ainda mais detalhes sobre os preparativos para as comemorações dos 30 anos da banda.
John Ulhoa: “Todo esse processo de me tornar um produtor – especialmente de minha própria banda, mas também de outros artistas – foi na verdade bem prazeiroso e instintivo. Fui acumulando conhecimento e equipamento desde minhas primeiras bandas, nos anos 80. Sempre fui o cara que lia os manuais e aprendia a mexer nos eletrônicos que apareciam.
Acho que uma grande virada se deu com a chegada da tecnologia que nos permitiu montar pequenos estúdios baseados no computador. Isso combina perfeitamente comigo, sorte minha! Não tenho fetiche por grandes equipamentos vintage, amplificadores valvulados, essas coisas. Gosto dos plugins. É provável que hoje em dia o computador seja o “instrumento” que melhor toco. Isso realmente ajuda demais a banda a ser auto-suficiente. A cada artista que produzo, aprendo um pouco mais, descubro novas sonoridades possíveis.”
Fernanda Takai: “Desde 1995 a gente já tinha em mente fazer algo com brinquedos um dia. Quando surgiu a oportunidade de fazer o Música de Bolso tínhamos algumas coisinhas guardadas e gostamos muito do resultado. Foi um mini-laboratório para as gravações que fizemos em 2009.”
Fernanda Takai: “Em toda viagem a gente ia visitar feirinha de artesanato, lojinha de aeroporto, loja de brinquedos em shoppings, olhávamos sites da internet… fomos juntando um monte de coisas sem nem mesmo saber se íamos usar. Quando as músicas foram escolhidas, a gente tirava tudo das gavetas pra ver o que podia emular os sons dos arranjos originais. Tentativa e erro. Alguns davam muito certo, outros não chegavam nem perto. Deu muito trabalho mas o resultado valeu a pena.”
Fernanda Takai: “As pilhas e baterias acabam muito rápido, alguns se quebram e não tem conserto ou mesmo não são encontrados de novo pra reposição. Trabalhamos sempre com a possibilidade de ter que substituir os instrumentos de última hora.
Além disso, todo o som é meio desafinado, só que coletivamente soa muito bem. O desafio é dominar a escala pequena dos brinquedos e miniaturas. Não é porque você sabe tocar “Palco” do Gilberto Gil no violão ou piano que vai sair tocando naturalmente. Tem que se dedicar.”
Fernanda Takai: “A gente queria que fosse divertido para todas as idades. Se a pessoa tá com criança ou não. Apresentar um repertório pop para os pequenos também nos interessava num mundo que se divide muito em compartimentos.
A gente escutou muita coisa que não era pra criança, ouvíamos juntos com a família toda. Hoje cada um fica com seu fone, numa escuta solitária e restrita na maior parte das vezes. É bom ver os sorrisos de todos na plateia. E ainda tem o Giramundo na linguagem universal dos bonecos, tornando tudo mais interessante.”
Fernanda Takai: “As crianças brincaram de gravar. Então mais legal que uma voz afinadíssima, é a voz que passa um momento de diversão, bem espontâneo. Foi tudo muito rápido, pois se ficasse cansativo, a gente não teria o envolvimento delas dessa forma mais leve.”
Fernanda Takai: “Nina hoje está cursando na UFMG, ela gosta mais da parte visual. O João tem feito vários vídeos com o Ricardo e tem tocado muito o baixo. É uma criança muito musical. Mas participar dos shows é a parte mais séria, pois tem que viajar, passar som, dar entrevista… uma exposição que não quisemos para as crianças dos dois discos. Ter os monstros do Giramundo como backing vocals vem pra manter as crianças na escola, com seus horários bem certinhos.”
Fernanda Takai: “Aventuras de Alice pode ser reencenada a qualquer época, é um espetáculo atemporal e muito plural em termos de sons e técnicas. Desde o primeiro show de lançamento de disco, tivemos a participação do Giramundo. Ficamos amigos e sempre pensamos em coisas pra fazer juntos. Temos um outro projeto audio-visual em fase de produção, em breve poderemos dar mais detalhes.”
Fernanda Takai: “O MDB2 é mais ousado em termos de repertório. Tem Raimundos, tem música de duplo sentido do Genival Lacerda… acho que são figuras muito presentes pra gente. Usamos tudo que acumulamos com o MDB pra fazer os arranjos, já dominávamos mais a técnica, novos instrumentos entraram, outros se foram. Nada traumático.
As vozes no segundo disco foram de filhos de fãs e amigos, pois os nossos cantores mirins do anterior já eram adolescentes. Acho que em termos de diversidade das canções dialoga bem com o primeiro que tinha Zé Ramalho, Pizzicato Five, Ritchie…”.
Fernanda Takai: “Ainda não. Tá demorando, né? Mandei recado pelo Marcos Pinheiro, do Cult 22. Acho que agora vai! He he.”
Fernanda Takai: “Várias coisas, mas algumas não podemos revelar de todo. Já temos canções novas, uma série de shows especiais, o novo projeto audio-visual com o Giramundo… aos poucos vocês vão descobrir. Como o tempo passa rápido! Quando nos contaram do tributo, ficamos em choque. Quem seriam essas pessoas malucas? Mas foi tão bacana ouvir cada uma das faixas… obrigada mais uma vez.”
John Ulhoa: “Já li muito quadrinho. Os autores da Mad como o Al Jaffee, Don Martin, Aragonés… Robert Crumb, Bill Waterson de “Calvin e Haroldo”, a lista é longa… Sem falar nos brasileiros, especialmente o Henfil, a Laerte, Jaguar e o pessoal do Pasquim, Angeli, Glauco e por aí vai…”
Fernanda Takai: “Meu preferido todos sabem: Ruído Rosa. Mas acho que todos foram importantes na construção de nossa história musical. Cada um deles é uma polaroid daquele nosso momento.”
Fernanda Takai: “Acho que temos uma história bem coerente com o som que fazemos. Há momentos bem pop e outros bem indie. O mais importante foi passar por tudo isso respeitando uma democracia interna nossa. Escolhemos juntos esses caminhos e acho que conseguimos ter uma qualidade sonora cada vez maior tanto em estúdio quanto ao vivo.”
Fernanda Takai: “Acho que às vezes nos sentimos velhos, outras não… já fomos vanguarda na internet lá atrás. Hoje se trabalha muito através das redes sociais, mantendo viva uma ideia ou lançando outras novas.
Essa presença digital é importante mas não pode ocupar toda a nossa existência. Viver de forma mais reservada ainda é válido, então buscamos um equilíbrio. O certo é que nada substitui o momento ao vivo!”
Fernanda Takai: “Essa dobradinha numa mesma cidade do show em formato normal e o de brinquedo em sequência, é inédito. Acho que muitos fãs sonham com isso e Brasília vai ter essa chance. Espero que os dois shows sejam uma grande celebração dessa banda improvável que é o Pato Fu. Temos o Xande Tamietti de volta e só isso já está sendo incrível pra banda e pro público. Estamos felizes por participar do Picnik pela primeira vez!”
Nota do Editor:
Fica aqui um agradecimento especial ao Pato Fã Fabio Shiraga que contribuiu com uma série de perguntas enviadas para a entrevista.
PicniK *Festival*
Arte – Moda – Música – Dia – Bazar – Festa – Sorrisos – Comidinhas – De graça
25 & 26 de junho de 2022 (sab e dom) | a partir das 13h @ Praça Portugal (prox emb EUA)
Obs: a partir das 16h, é necessário 1kg de alimento.
Instituição beneficiada: Mesa Brasil.
Pato Fu | Música de Brinquedo . Luedji Luna . Letrux
Medicine Singers + Yonatan Gat + Convidados Especiais. Ava Rocha e Lee Ranaldo
Anelis Assumpção + Curumin . Academia da Berlinda . Karina Buhr
Rogério Skylab . Bike + Gui Held. Dessa Ferreira e Ìdòwú Akínrúlí
Puro Suco . Akhi Huna . Maria e o Vento . Aguaceiro . Pedro Aleex
Yma . Oxy . Ozu . Amnesiac Kid . Cachalote Fuzz
Aurora Vênus . Corujones . Moscoles . Pratanes . Cientista Perdido . Os Gatunos
This post was published on 24 de junho de 2022 3:15 pm
As Melhores Live Sessions | Dezembro (2024) O Que São Live Sessions? Live Sessions tem sido um…
"charlie" chega acompanhada de um videoclipe dirigido pela dupla Gabriel Rolim eDaniel Augusto Após uma…
M-V-F- Awards 2024 reúne 25 categorias, entre nacionais e internacionais, que seguem para votação do…
Retrospectiva 2024: 100 Hits Perdidos de 2024 A retrospectiva do Hits Perdidos de 2024 chega…
215 Discos Brasileiros que Você Deveria Ter Ouvido em 2024 Recentemente postamos uma lista com…
55 EPs Nacionais lançados em 2024 Em tempos onde o formato de compartilhamento da música…
This website uses cookies.