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Lollapalooza Brasil: Turnstile e Caribou brilham, Wombats tem show interrompido e Strokes decepciona no primeiro dia

Marcado originalmente para o fatídico mês de março de 2020: o Lollapalooza Brasil trouxe consigo uma maré de esperança sendo o primeiro festival de grandes proporções a ser realizado após mais de 2 anos de sofrimento para o mercado da música ao vivo. Com line-up sofrendo bastantes alterações da edição de 2020 (para a de 2022), o festival chegou a ficar sob atenção devido aos números da COVID-19 no país. A poucos dias da sua realização o governo do estado de São Paulo liberou o uso de máscaras em locais abertos, o que deu ainda mais fôlego para que fosse possível viver a experiência como acontecia antes da pandemia.

É bem verdade que a péssima gestão sanitária do governo federal fez com que muitos músicos não quisessem vir ao país, além disso o Lollapalooza sofreu algumas baixas de última hora com as quedas dos shows do King Gizzard & the Lizard Wizard e Jane’s Addiction, por conta do coronavírus (substituídos de última hora por Two Feet e The Libertines), e do Foo Fighters, devido ao falecimento do Taylor Hawkins. O baterista sofreu uma overdose no quarto do hotel em Bogotá (Colômbia) a dois dias da apresentação no Brasil; por lá eles se apresentariam no Estéreo Picnic. O Lolla preparou em pouco menos de 24 horas um mega show de rap com direito a Emicida, Planet Hemp, Bivolt, Rael, Mano Brown entre outros artistas em um final apoteótico para o terceiro dia.

Lollapalooza Brasil: Dia 1


Turnstile fez um dos shows mais explosivos do primeiro dia do Lollapalooza BrasilFoto Por: Rafael Chioccarello / Hits Perdidos

Entre as atrações do primeiro dia o Palco Budweiser, maior palco do festival, reuniu: Detonautas, Turnstile, LP, Machine Gun Kelly e The Strokes. O Palco Ônix reuniu: A Balsa, JXDN, The Wombats, Marina e Doja Cat. O Palco Adidas em seu line-up contou com: Edgar, Matuê, Pabllo Vittar, Caribou e Jack Harlow. Pautado pela música eletrônica o Palco Perry’s By Doritos trouxe para seu palco com direito a telão psicodélico: Beowulf, Barja, Meca, Vinne, Jetlag, 070 Shake, Ashnikko, Chris Lake e Alan Walker.

Realizado no Autódromo de Interlagos, a experiência de ir ao Lollapalooza Brasil é ter a certeza de que cada dia te reserva uma longa caminhada. Com palcos distantes e estrutura montada entre as curvas do local, quem atravessa a pista se depara com muitas ativações e opções gourmet para refeições. Aliás este ano o festival teve mais de 20 patrocinadores e muitas das interações focadas na geração z, público-alvo do festival, tinham temas de conscientização social e humanismo. Além disso um espaço educativo com Ong’s mobilizou boa parte do público em recolher latinhas para ganhar brindes.

A arena da cervejaria que patrocina o festival, montada a poucos metros do palco da mesma, contava com apresentações exclusiva de artistas e aparição de influenciadores. Aliás, foi algo bastante comum diversas blogueiras fazerem vídeos andando pelo festival. Em outro espaço era possível sair com um tênis na faixa, já uma marca de refrigerantes que patrocina também o festival dava um copo personalizado para a melhor dancinha de TikTok.

Com direito a Chef’s Stage com diversos menús personalizados o McDonald’s, por exemplo, foi além e montou um complexo com batatas frita gigantes, redes e saquinhos de lanches personalizados para o festival. No primeiro dia, inclusive, por conta do temporal – e destruição de parte da estrutura, a ativação teve suas atividades encerradas mais cedo.

Foi polêmico também o fato de que um lanche por lá custava quase 40 reais e não vinha acompanhado pelo combo. Isso porque por regras do próprio Lollapalooza Brasil, cada stand só pode vender um tipo de produto. Se você vende bebidas, não pode vender comidas, se vende lanche, não pode vender bebidas. Isso por conta das parcerias com os patrocinadores dos respectivos setores.

Turnstile

Com set de 45 minutos o Turnstile sabe o que faz e como administrar bem o tempo. Bastante entrosados no palco Brendan Yates (vocais), Brady Ebert (guitarra, backing vocals), Daniel Fang (bateria, programações, MPC), “Freaky” Franz Lyons (baixo, backin vocals) e Pat McCrory (guitarra, backin vocals) às 14:45h pontualmente subiram no Palco da Budweiser com seus tradicional pano da Ralph Lauren e a bandeira do Glow On.

Aliás o setlist do disco praticamente pauta toda a turnê pela América Latina. Lembrando que dias antes eles subiram no palco do Cine Joia para show com ingressos esgotados. A Lolla Party que teve seus ingressos esgotados em apenas 5 minutos foi marcada em cima da hora depois do cancelamento das apresentações dos psicodélicos do King Gizzard & the Lizard Wizard.

Com figurino que homenageia tanto o hardcore de NY, como o de Boston, o vocalista da banda de Baltimore (Maryland) traz a como maior característica seu carisma. Ele voa alto, faz dancinhas no melhor estilo Gorila Biscuits – que também lembra um pouco Anthony Kiedis (Red Hot Chilli Peppers) –  e parece ter vontade de ir para a galera a cada música mais agitada.

Já o carismático “Freaky” Franz Lyons não parava de pedir para o público do Lollapalooza abrir rodinhas, aliás, isso foi algo diferente entre os shows, com público diverso do festival o desafio ali era justamente conquistar novos fãs. Até por isso as rodinhas foram mais comedidas do que na quarta-feira. Já o Brady Ebert veio trajado com a camiseta da banda inglesa de street punk Blitz.

“Mystery”, como de praxe, abriu o set e “T.L. C.”, fechou, ambas com programação, mais calmas e até, digamos assim, indies, são marcantes dentro do set que não deixa de trazer hardcore old school de forma acessível para as grandes massas mas que também flerta com outros estilos dentro do rock. “Underwater Boi”, por exemplo, é um hit que chega a flertar com o emo, “WILD WRLD” é um hardcore casca grossa dentro do set. Já “Alien Love Call”, um momento de respiro para os integrantes dentro do set, neste show, foi abreviada por conta do tempo limitado da banda que costuma fazer show intenso de pouco mais de 50 minutos.

Dos outros álbuns tivemos “Real Thing”, “Big Smile”, “Fazed Out”, “Drop”, “Moon” e “Gravity”. A maior roda se formou já na parte final do show durante “Holiday”, que ao lado de “Blackout” já passa de mais de 8 milhões de plays no Spotify.


Turnstile faz show eletrizante debaixo de sol – Foto Por: Rafael Chioccarello / Hits Perdidos

The Wombats

Tendo recém lançado o disco Fix Yourself, Not The World o The Wombats chegou no Brasil animado depois de uma vinda relâmpago em 2013, em que em entrevista exclusiva para o Hits Perdidos (que será publicada em breve), o baixista Tord Øverland Knudsen nos revelou que não conseguiram ver nada da cidade, apenas tomar umas caipirinhas depois do show – e logo foram para o aeroporto.

Desta vez eles puderam assistir a um jogo do Palmeiras (contra o Ituano pelas quartas de final do campeonato Paulista) e ir nos bares da Vila Madalena, já que conseguiram tirar 3 dias off na cidade. Ele inclusive é torcedor do Manchester United, que segundo ele não vive sua melhor fase.


The Wombats se apresentou no Palco Ônix, show foi abreviado pela tempestade que caiu em Interlagos. – Foto Por: Rafael Chioccarello / Hits Perdidos

A lembrança do show anterior era tão boa que eles estavam empolgados para a apresentação e entraram em alta voltagem tocando “Moving to New York”, do maior clássico da banda, A Guide to Love, Loss & Desperation (2007). Esbanjando energia Matthew, Dan e Tord pareciam estar deslumbrados com a recepção e na terceira música já teceram elogios ao público brasileiro.

A segunda faixa a ser tocada foi “Techno Fan”, música do álbum This Modern Glitch (2011), que estrelou comercial de uma telecom na Europa. Após estas mais antigas eles fizeram uma dobradinha com “This Car Drives All by Itself”, uma das músicas favoritas do último disco segundo o próprio vocalista e tecladista, Matthew Murphy, e “Lemon to a Knife Fight”, do aclamado Beautiful People Will Ruin Your Life (2018), em uma versão com direito a violão.



Quando começaram a tocar o hit “Kill The Director”, e antes de chegar no refrão “This Is No Bridget Jones, This is No Bridget Jones, Kill The Director”, uma chuva torrencial que caiu na transversal começou a molhar todos os equipamentos e caixas de som. Até o momento que o som foi interrompido e tanto os roadies, como a banda correram para salvar os equipamentos. No vídeo acima você confere o momento da pausa do show.

Em post publicado na conta oficial da banda Instagram eles mostram os danos causados nos equipamentos e a promessa de voltar ao país em breve.



LP e Marina

Em uma cobertura solo no Lollapalooza é praticamente impossível conseguir acompanhar todos os shows com a mesma intensidade, e até mesmo chegar nos palcos a tempo de assistir tudo. Porém conseguimos ver trechos do show da LP (leia entrevista exclusiva), no Palco Budweiser e da Marina, no Palco Ônix.

A carismática e potente LP, mostrou sua força nos palcos e tranquilidade de quem já está acostumada com grandes plateias. Com uma banda impressionante e com punch de blues, teve até mesmo espaço no set para uma versão para “Dazed And Confused”, do Led Zeppelin. Os destaques ainda ficaram para os hits “When We’re High” e a radiofônica “Lost On You”.

Veja mais fotos do Dia 1 do Lollapalloza Brasil no Instagram do Hits Perdidos

Já a inglesa Marina (Ex-The Diamonds), com mais tempo de apresentação, conseguiu emplacar 15 músicas em show marcado por show de luzes, figurino e pop dançante. Ela até mesmo chegou a puxar um “Fuck Bolsonaro” e “Fuck Putin” inflamando o público presente.

Um dos grandes momentos da apresentação foi justamente a sequência “Man’s World” e “To Be Human”…mas o público vibrou mesmo quando tocou o hit “How to Be a Heartbreaker”. A artista não tem mais a potência que tinha ao lado da antiga banda, e muitas vezes o show soa um pouco monótomo pela própria falta de versatilidade em seu repertório, mas em uma indústria que clama por hits, e perfeição, em seu segmento, é algo até mesmo natural.


LP durante seu show no primeiro dia do Lolla – Foto Por: Rafael Chioccarello / Hits Perdidos

Caribou

O produtor e músico canadense Daniel Snaith veio acompanhado do seu projeto Caribou calcado no experimentalismo e na música eletrônica. Com sintetizadores e percussão afiada a banda ao vivo traz uma experiência inesquecível com muitas luzes e projeções que levam o público para outro mundo. Com repertório imersivo o set contou com faixas tanto do Swim (2010) como do mais recente Suddenly (2020). O set de uma hora contou com 10 músicas.


Caribou traz show de luzes e projeções para o Palco Adidas do Lollapalooza BrasilFoto Por: Rafael Chioccarello / Hits Perdidos

The Strokes

A movimentação do palco da Doja Cat para o show do The Strokes era impressionante. Talvez o da Doja tenha sido o com maior público do dia onde era impossível conseguir ficar minimamente perto para quem chegasse mais em cima da hora. O Strokes chegou com a missão depois de ter se apresentado em um show decepcionante em 2017 (no Lollapalooza) e de outro aquém do que se ouve em discos, como This Is It, em 2011 (no Planeta Terra) mas de longe a melhor apresentação do grupo em território nacional.

Eles entraram para fechar o Palco Budweiser e o set pelas canções em si foi bastante protocolar, e repleto de hits; mesmo deixando seu maior hit “Last Nite” de fora  em teoria agradaria os fãs. Não fosse o fator Julian Casablancas estar totalmente desconectado e visivelmente alterado no palco.

Quando tentou fazer falsete, desafinava de forma constrangedora, quando queria brincar com o baterista brasileiro Fabrício, parecia irritar propositalmente o companheiro de banda. Entre uma piada boba envolvendo genitália e um pouco caso com o público chegou a dizer “I will not gonna say I love this city” – o que fez com que os presentes começassem se exaltar, já outros chegando a abandonar o festival.

Canções como “Bad Decisions”, “Brooklyn Bridge to Chorus”, “The Adults Are Talking” e Ode to the Mets”, do último disco estiveram presentes no set, assim como hits icônicos como “You Only Live Once”, “Juicebox”, “Reptilia” e “Hard to Explain”.

A parte final chegou a ser melancólica com “Take It or Leave It” em total descompasso e o bis com “New York City Cops” já visivelmente irritados com a resposta do público. É triste ver uma banda que tem discos tão bem produzidos mas que ao menos no Brasil nunca entregou o show que os fãs merecem. Na saída era comum ver os presentes brincarem querendo o reembolso pela apresentação.

Seria interessante num próximo ano o primeiro dia coincidir com um feriado para que um público maior  pudesse estar presente desde o começo do festival. Visto que nem todos podem utilizar um atestado no trabalho para curtir o Lolla.


The Strokes decepciona os presentes em show que fechou o primeiro dia do Lollapalooza. – Foto Por: Rafael Chioccarello / Hits Perdidos

This post was published on 28 de março de 2022 10:20 pm

Rafael Chioccarello

Editor-Chefe e Fundador do Hits Perdidos.

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