Inspirada nas colunas Release Radar e Achados e Perdidos do editor da Hits Perdidos e entusiasta da música autoral Rafa Chioccarello, resolvi dar vazão a tanta coisa bacana que chega pra nós e nem sempre conseguimos pautar no site exclusivamente. Nasce assim a coluna Audições da Lôca.
Há quem diga que a música brasileira morreu, lamento que estas pessoas desconheçam nossas caixas de e-mails ou até mesmo não utilizem bem ferramentas como buscar no Youtube e vasculhar playlists pessoais onde encontramos tanta riqueza sonora e diversa que é produzida independente no nosso país continental. O que estávamos chamando de midstream há um ou dois anos atrás, mas com a atual conjuntura política pra cultura não sabemos como chamaremos, só sei que lutaremos de alguma forma pra dar vazão a tanta coisa surpreendente e formar novos públicos pra produção musical autoral que continua se movimentando.
Separei algumas faixas e projetos que me chamaram a atenção tanto pela construção do artista, visualidades e quanto de suas pesquisas sonoras, espero que gostem e se permitam ouvir tanta obra e narrativa diferente. Confira a edição #1 das Audições da Lôca!
Lurdez da Luz, nome referência pra muitas meninas que começaram a rimar nos anos 2000 até hoje, traz na sua caminhada uma variação de experimentos e muita produção musical original que se supera continuadamente.
Ela que já gravou com grandes nomes da música e que traz sua marca forte no Hip Hop brasileiro que mistura flow e ritmo, nos apresenta nesse single uma reafirmação de suas raízes, como se houvesse deixado um bilhete pra si mesma na mesa de cabeceira: “da Luz no meu nome é sobre território”.
Além de falar sobre ser mulher no rap, sobre conquista e ocupação de espaço simbólico, relembra também sua trajetória que já ultrapassa os 20 anos de carreira e relata em rima suas referências e memórias. O single estará no novo disco que está previsto para este ano, intitulado Paradísia, que sai em parceria com o selo Amplifica Records.
Samico traz na bagagem duas décadas de bastidores e palcos da música brasileira, acumulando trabalhos com nomes como Lia de Itamaracá, Lula Queiroga, Di Melo, Maciel Salú, Marsa, Anselmo Ralph (Angola) e Lisa Papineau (EUA).
Artista pernambucano, produtor musical e músico Samico lança o álbum Pássaro Blue num ambiente onírico de vozes e participações especiais que valem o play justamente se quiser fugir do clima tenso dos dias pandêmicos.
O projeto que flerta com o pop brasileiro, música popular e o indie evoca um ambiente zen descolado falando de amor e conta com participação de duas cantoras que também dialogam com esse clima em seus projetos, são elas Barbara Eugênia (SP) e Illy (BA).
“Caroço Coração” é som e clipe divertido e íntimo, que já no primeiro play você se imagina atracado com o crush dançando coladinho, se declarando no ouvido do seu bem.
“Caroço Coração” mistura o balanço chiclete do brega à profundidade psicodélica do dream pop sem perder a essência que valoriza a letra como norteadora da produção musical da canção.
Sensações, calafrios, batedeira no peito e impulsos que são típicas das paixões, soa um projeto autêntico e de boas escolhas. A faixa chega nas plataformas de streaming pelo selo Maxilar, que é capitaneado por Gabriel Thomaz (Autoramas) e Henrique Roncoletta (NDK). O som antecipa o álbum de estreia de Persie, previsto para o segundo semestre de 2021
Luiza Sales é cantautora de letras poéticas e melódicas.
“Helena” conta a história real de uma mulher que perdeu a visão aos 30 anos e voltou a enxergar 50 anos depois. Esta mulher é tia-avó da compositora, Luiza Sales, que, impactada pelo fato inusitado, compôs a canção.
O clipe é lindíssimo e a canção nos transporta para um universo sensível de libertação. A animação do projeto é todo feito à mão pela artista carioca Ilana Paterman Brasil, misturando técnicas de desenho em grafite e pintura em aquarela. A artista visual desenhou a cantora frame a frame, totalizando mais de 1000 desenhos para realização do clipe.
Um ano e alguns dias depois do seu primeiro lançamento, Léo da Bodega comemora mais um passo da sua carreira com o novo videoclipe feito para o single “Canto da Sereia”, através do incentivo da Lei Aldir Blanc(PE).
De caboclo de lança no Maracatu Piaba de Ouro, tocando rabeca junto ao mestre Salustiano, por quem foi apadrinhado, Léo da Bodega caminha firme em seu som, vem se afirmando além de poeta fruto de seu tempo um artista que valoriza suas referências e brinca de subvertê-las. Com produção musical de Albano 6c o single é um trap conduzido pela canção.
Piano, beat video-game, Cazuza e jazz. Cecé Pássaro é compositor e cantor queer de Porto Alegre (RS) e apresenta a faixa “Velho Novo Ar” com cronica dançante sobre o tempo existência, isolamento e solidãol. ” No nasce-e-morre das horas Palavras quase sonhadas de lábios que não se veem. Suavemente vibravam. Vontades que não são nada”.
Poesia em spoken word no fim da música é cereja do bolo, apresentando um compositor que obedece a forma mas se mostra inventivo nos jogos vocais e poéticos.
Primeiro lançamento de Kunumi MC pelo selo Let’s GIG, ‘Jaguatá Tenondé’ traz o artista guarani com nova forma do que é conhecido: O MC substitui as rimas por uma canção que ele denomina como música de rezo. Foi lançado também um videoclipe dirigido pela artista visual Dejumatos, realizado pelo festival m-v-f reloaded.
A faixa possui linhas melódicas de coro indígena cantada em várias línguas, o eletrônico permanece presente mais suavemente mesmo que simulando instrumentos orgânicos ou implicando efeitos sobre gravações de vozes e percussão. Na gravação o MC conta com participação de sua companheira, Pará Reté e Maitê Ará da Silva na voz, além de Naara Yakecan na percussão. Rod Krieger inseriu os elementos orquestrais e, com Jander Antunes, que fez a captação, mix e master do áudio, assinando a co-produção da canção.
Thiago Delegado é violonista, arranjador e compositor mineiro de Caratinga. Músico representativo da cena instrumental que circulou nas mais qualificadas salas de show, apresenta a faixa “Chame o Amor”, com violões em levada Bossa Nova e Jazz Contemporâneo e participação de Fernanda Takai (Pato Fu) unindo a voz doce da cantora aos versos da canção que se repetem algumas vezes com uma lindíssima orquestração de instrumentos.
Com direção, collage e animação da multiartista e também musicista mineira Jhê, o clipe é bem lúdico e colorido e um tanto psicodélico. Uma viagem de colagens de imagens e danças de sentidos que ilustram a canção.
Gostou das dicas das Audições da Lôca?
A coluna Audições da Lôca em breve voltará com mais. Não deixe de enviar o seu material, o contato você encontra aqui.
This post was published on 12 de maio de 2021 12:59 am
Da última vez que pude assistir Lila Ramani (guitarra e vocal), Bri Aronow (sintetizadores, teclados…
The Vaccines é daquelas bandas que dispensa qualquer tipo de apresentação. Mas também daquelas que…
Demorou, é bem verdade mas finalmente o Joyce Manor vem ao Brasil pela primeira vez.…
Programado para o fim de semana dos dia 9 e 10 de novembro, o Balaclava…
Supervão evoca a geração nostalgia para uma pistinha indie 30+ Às vezes a gente esquece…
A artista carioca repaginou "John Riley", canção de amor do século XVII Após lançar seu…
This website uses cookies.