Pregando que “Amor é liberdade”, Dieguito Reis lança “O Que Chamam de Amor”, seu novo single.

“O Que Chamam de Amor”, single lançado por Dieguito Reis, na última sexta-feira (11/12).

2020 não tem sido um ano fácil, principalmente para que se entenda os próprios sentimentos. Quarentena, isolamento, saudade de quem se ama… São tantos fatores que interferem no que se sente, que fica difícil nomear e dar significados verdadeiros ao que está por dentro.

Mas existe uma coisa que, com toda certeza, salvou a todos nós: a música. E principalmente, quem não parou de produzir e conseguiu, mesmo em momento tão complicado, deixar os sentimentos falarem por nós.

Dieguito Reis é uma dessas pessoas. O músico que integra a banda Vivendo do Ócio, lançou várias músicas solo durante o ano e recentemente assinou contrato com o selo independente Matraca Records, traz agora o novo single de seu projeto: “O Que Chamam de Amor”.

Com voz mansa e melodia que mescla o R&B com uma pitada de música baiana e rap, Diego nos presenteia com uma faixa cheia de nuances, que, embora a princípio possa parecer uma música sobre saudade, você percebe, depois de ouvir várias vezes, que vai muito além: é sobre desapego e liberdade, o que pode servir muito bem como resposta ao título da canção.



Entrevista: Dieguito Reis

O músico bateu um papo conosco sobre a composição do novo single, como tem sido esse momento pandêmico, o impacto sobre a criatividade e os seus próximos planos. 

“O Que Chamam de Amor” é o seu mais recente single e traz muitos elementos da música brasileira, misturados também ao R&B, e ao rap, mas não deixa de ser uma balada, que fala de saudade, principalmente. E é difícil não falar de saudade em 2020, não é mesmo? De onde veio a inspiração para a canção?

Dieguito Reis: “O Que Chamam de Amor” veio de um momento necessário na minha vida, foi quando ligou a chavezinha e percebi que Amor é liberdade.

A música fala dessa transição entre entender e separar o que é apego e o que é amor de verdade, quando abrimos esse portal, tudo acontece de maneira mais leve.”

Mesmo sendo conhecido por transitar muito mais pelo rock, seu projeto tem músicas que passeiam sempre pelo rap. Esse é um jeito de se aventurar por outros ritmos com mais liberdade? Como tem sido o processo de composição de todas essas músicas?

Dieguito Reis: “Sim, costumo utilizar a rima e o flow como um elemento de soma no meu trabalho solo, sou baterista e apaixonado por poesia, é um match perfeito, porém tem músicas como “Verão na cidade sem mar” que são mais “Indie Soul”, sem rima.

Meu processo de composição tem sido bem tranquilo, aberto, entendendo o tempo das coisas e aproveitando cada momento, principalmente as trocas com todos esses parceiros que universo colocou no meu caminho, como Lau, Ibrahim (Aquahertz), Pedro Bienneman, Uiu Lopez, Afolabi, Lazaro Êrê, Alfaia, Galf, Ramon Velasques, Leon, Dio, Tupy, NDK, Bea Oxe, Yannick, Peu Del Rey, Deljay, Thiago Guerra, Luca Bori, Jajá, Davide, Martim Mendez, Gui… É tanta gente que não cabe em texto.”

Falando nisso, o disco está programado para sair no próximo semestre e já conta com diversos outros singles também lançados neste ano totalmente atípico, considerando todo o panorama de pandemia. Como tem sido, pra você como artista, produzir neste período?

Dieguito Reis: “Estamos vivendo um momento muito delicado, principalmente para classe artística que está impossibilitada de exercer o seu trabalho há mais de 8 meses com quase nenhum suporte do governo, isso mexe com a cabeça de muita gente, trabalhamos com criação e muitas vezes esses acontecimentos externos acabam influenciando em nosso rendimento, em nossa criatividade, não tem sido fácil, porém tenho utilizado esse momento para aprender e me expressar de maneira verdadeira dentro do que escolhi que é viver a música.”


Dieguito ReisFoto Por: Anne Santoro

Em um momento em que os shows não são possíveis, você acha que as redes sociais têm ajudado aos artistas a estreitarem os laços com os fãs e as pessoas que consomem sua música?

Dieguito Reis: “As redes sociais pertencem aos patrões e estes nunca ajudam ninguém, mas a gente ocupa e faz bom uso das redes. Costumo conversar bastante com as pessoas que entram em contato por lá, aprendo muito e acredito que sim, dá pra estreitar vários laços.”

Em suas músicas, sempre há alguma palavra ou história que nos transporta ao seu bairro de origem, o Uruguai, na Bahia e nos traz, muitas vezes, o sentimento de saudosismo. Morando em São Paulo há tantos anos, como é lidar com essa saudade de casa?

Dieguito Reis: “Passei a maior parte da infância e adolescência no bairro do Uruguai, foi lá que iniciei vários processos que estão se concretizando hoje, o bairro faz parte da minha história.

Minha mãe e meu pai moram lá, antes da pandemia eu ia pelo menos umas 5 vezes por ano, mas com a pandemia ficou mais difícil, sinto muita saudade e essa saudade acaba aparecendo nas músicas, é uma forma de ter a Cidade Baixa sempre por perto. ”

O Que Chamam de Amor” é a sua primeira música lançada pelo selo Matraca Records. Como está sendo a experiência de trabalhar com o selo? Como você acha que os selos independentes impactam na carreira dos artistas atualmente?

Dieguito Reis: “Pra mim tem sido uma honra participar desse time, só camisa 10, colocam muito amor em tudo que fazem e isso é essencial para quem segue o caminho da arte. Atualmente os selos são muito importantes para unirmos forças e quebramos essa barreira do algoritmo que vem silenciando vários artistas independentes incríveis. “

Além dos selos, as plataformas de streaming abrem um leque de grandes possibilidades para os artistas, tornando mais fácil a distribuição de música. Você acredita que isso ajuda os artistas independentes a possuírem mais formas de serem encontrados?

Dieguito Reis:

“As grandes gravadoras são algoritmos do passado, elas só se importam com números, não se importam com o conteúdo, o que me fez assinar com o Matraca Records foi perceber que eles querem fazer diferente, focam na arte.

As plataformas digitais trabalham da mesma forma que as grandes gravadoras, favorecendo sempre quem tá no topo e esmagando quem tá embaixo, é um assunto muito delicado, mas temos que estar atentos para conseguirmos tirar algo desse jogo.”

Thiago Guerra foi o escolhido para a produção desse single e esse não é o primeiro trabalho de vocês juntos. Ter alguém que já se conhece há tanto tempo impacta no resultado final do trabalho? Como foi essa parceria no momento?

Dieguito Reis: Guerra é o irmão que o Universo me deu, nos conhecemos há pelo menos uns 12 anos, vem somando na minha vida há bastantes tempo. Iniciamos a nossa parceria compondo “Na Beira do Mar” para a Vivendo do Ócio, só tenho a agradecer a esse cara que também coloca o coração em tudo que faz.

Ter pessoas como ele envolvida no nosso trabalho traz um impacto muito positivo. Tem sido muito legal essa troca com ele. E já adianto que tem mais músicas guardadas lá no Estúdio Concha <3. ”

Embora passe a sensação de saudade, a capa do single parece fazer com que olhemos para dentro de nós mesmos. Música tem sido a companheira de muitas pessoas neste período que estamos passando. Acha que esse pode ser o melhor remédio para os momentos em que ela aperta?

Dieguito Reis:

“A música parece que fala de saudade, mas na real  fala sobre entender que amor é liberdade, quando entendemos isso, passamos a olhar mais pra dentro de nós mesmos. “

Como falado antes, o disco sai completo em 2021. Quais parcerias e surpresas podemos esperar?

Dieguito Reis: “Tô lançando o disco aos poucos, resolvi dividir ele em singles pois cada música tem muita importância pra mim. Antes de lançar ele completo, vai rolar mais 2 singles, um em parceria com Ibrahim Project e Izy Mistura, do duo “Dois Africanos”, que deve sair em janeiro. E o outro single será em parceria com Vitor Isensee, do Braza, e o baiano “DJ Lerry”. Vai ter clipe de “Planeta Soul” e “Verão na cidade sem mar” também, então fiquem atentos que 2021 vai ter bastante lançamento.”

This post was published on 17 de dezembro de 2020 12:30 am

Sarah Azevedo

Publicitária, mas com alma de jornalista. Sempre gostei de umas bandas com nomes esquisitos, mas sempre gostei muito mais de falar sobre elas.

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