Atønito expõe som de resistência ao apresentar o single “Veloce”
Em tempos distópicos todo dia é dia de lançamento. Atønito, projeto instrumental encabeçado por Cuca Ferreira (Sax Barítono) também integrante do Bixiga 70, lançou o single “Veloce”. O conjunto também conta em sua formação com Loco Sosa, na bateria e samples, e Rodrigo Fonseca, baixo e samples.
O trio atípico que foge ao padrão dos power trios tradicionais de jazz, mostra com sua energia e experimentação na última sexta-feira (20/03) seu mais novo single. “Veloce” estará presente no seu segundo e novo álbum AQUI que será disponibilizado em breve e tem produção musical realizada pelo próprio grupo.
Atønito “Veloce”
Ironicamente é uma música que propõe a pressa cotidiana, a metralhadora de informações que o digital nos oferece, as urgências do nosso dia a dia. Mas hoje, soa uma crítica a tudo isso e quem sabe, diante da nossa realidade pedindo para diminuirmos a velocidade…
Pra nos compreendermos como responsáveis por toda essa pressa. Que o imediatismo não existe dentro da natureza que precisa viver ciclos, que para colher qualquer alimento ou trabalho coletivo, é preciso plantar e cultivar a consciência para alcançar os meios de viver numa comunidade afetiva. Onde é possível se colocar no lugar da pressa do outro e puxar o freio, respirar em 4 tempos, olha o sol de pôr, celebrar uma lua cheia.
“Veloce pode também instigar a bailar, ao movimento, a chutar o ar, a imaginar a pressa do nosso sangue em nos curar. Vocês irão balançar o pescocinho ao menos. Respirem e dancem. VELOCE.
A faixa ganhou um videoclipe, no melhor estilo faça você mesmo ,concebido e realizado por Edu Marin. Já o novo álbum, AQUI (2020), foi gravado e mixado e masterizado no estúdio Baticum por Rô Fonseca.
Entrevista: Atønito
Confira entrevista exclusiva feita pelo telefone com o saxofonista Oscar Cuca Ferreira sobre o lançamento do single e a estética do projeto.
Quais as referências e inspirações que vem em sua mente quando nos referimos ao single “Veloce”?
Cuca: A inspiração pra essa música á a vida de São Paulo e a vida no mundo, dentro da narrativa do próximo disco, a faixa sugere esse ambiente de excesso de correria, de necessidade de ser rápido e veloz e colocar o trabalho na frente e atividades produtivas acima de tudo. Essa coisa imposta de que para podermos sobreviver tem que ser assim, colocando o indivíduo a frente do coletivo. É sobre esse momento pré- quarentena onde sofremos um “freio de arrumação”.
Musicalmente falando, a música é a cara da banda. Essa música em especial tem uma descendência de uma banda que estávamos ouvindo muito durante as gravações, que é os discos do Devo, uma banda americana da década de 80 que tem um pé no punk, com humor surrealista, que tem um pé no new wave, e no caso do Atønito, sempre se coloca uma pitada de rock na sonoridade. Então acho que as referencias são Devo, Morphine e bandas similares.”
Como você definiria o estilo de música instrumental que o trio criou?
Cuca: Nós temos sempre dificuldade de definir nosso som quando vamos enviar pras plataformas, é um grande impasse colocar na prateleira.
Tem gente que olha pela ótica do jazz, por ter improvisos e solos, por ser um trio que abre espaço pros integrantes aparecerem e depois tocarem juntos. Tem um pouco de rock, uma pegada punk forte e de agressividade urbana também. E tem uma pegada de free-jazz pelas experimentações de timbres e maluquices de efeitos…
No fundo é um som de São Paulo, urbano, intenso que debate essa relação do indivíduo e do coletivo. É um som de sobrevivência.”
Sobre o Atønito
Cuca Ferreira
O músico e arranjador Cuca Ferreira além de seu trabalho ao lado da Bixiga 70 também participou dos discos A Mulher do Fim do Mundo, de Elza Soares (Grammy Latino 2015), Dancê, de Tulipa Ruiz (Grammy Latino 2015), Donato Elétrico, de João Donato (indicado ao Grammy Latino 2016).
“Cheguei num momento da minha vida musical que tinha mais pra dizer do que os projetos que participo estavam permitindo. Muito influenciado pelo momento que vivemos, absolutamente inimaginável pra alguém da minha geração, que viu o Brasil e o mundo caminharem numa direção positiva por décadas, e de repente questões aparentemente resolvidas começarem a regredir… Senti necessidade de “falar” disso musicalmente, por isso este novo trabalho.”, conta o músico na apresentação da banda
Loco Sosa
Loco Sosa além de membro fundador da Los Pirata, trabalha com artistas como Agridoce, Curumin, Meno Del Picchia, Pélico, Vanguart, Arnaldo Antunes, Lu Horta, Patricia Bastos, Dante Ozzetti, entre outros. É também produtor musical e engenheiro de som formado pela Oxford School of Audio.
Rodrigo Fonseca
Ro Fonseca é músico, compositor e produtor paulistano. Formado pelo Guitar Institute of Technology em Los Angeles, atua como produtor de áudio e fonográfico há mais de 20 anos, com dezenas de discos lançados, prêmios como produtor e trabalhos veiculados. Tradicionalmente um “artista de estúdio”, Ro Fonseca voltou aos palcos ao lado do Atønito.
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