Assim como a psicodelia, o cenário de shoegaze, neo-psicodelia, dream pop, synthpop e adjacentes anda super aquecido no país. Não é a toa que por aqui no começo do ano preparamos uma polêmica playlist contendo bandas que passeiam por estes estilos.
Entre as 91 bandas listadas da lista, a Oxy de Brasília estava presente. Pude conhecer o trabalho da banda ainda no ano passado quando pude ler um artigo sobre o EP de estreia da banda. Não lembro bem se foi através do grupo Shoegazer Alive ou se foi após ouvir o material da That Gum You Like, duo conterrâneo que lançou um ótimo registro no ano passado.
Depois disso a banda esteve presente em algumas edições do Dezgovernadoz e teve clipe de “No Shoes” no listão de videoclipes de Agosto (2017) e chegou a passar no Udigrudi da Play TV no dia primeiro de Abril (e não foi mentira!). O vídeo foi produzido e dirigido pelo Enzo Correia.
A Oxy é uma banda brasiliense formada em 2015 ainda como duo – contando com Sara e Blandu. Em sua formação atual o conjunto conta com Sara Cândido (Vocal, produção, composição), Blandu Correia (Guitarra, produção), Lucas Eduardo Pereira (Guitarra), Thiago Neves (Baixo, synth) e Marcelo Vasconcelos (Bateria).
Em março de 2017 veio o primeiro EP, Oxy EP (Ouça no Spotify), com apenas quatro canções mas que já chamou a atenção bastante pelas referências de bandas contemporâneas como Diiv, Tops, Sunflower Bean, Beach House e Cherry Glazerr.
O registro foi gravado ainda em duo mas já com a participação de amigos. Logo depois para dar força para as apresentações ao vivo: os outros 3 membros foram adicionados a banda.
Pouco mais de um ano depois eles estão prontos para lançar seu tão esperado álbum de estreia. Este que já tem um nome que já permite bastantes trocadilhos (como se o nome da banda já não o bastasse), FITA.
Oxy, FITA, podia ser tudo uma droga (risos), mas passa – bem – longe disso. Segundo a própria banda o álbum contará uma história passando seus conceitos.
“Fita sincera ou fita gravada, fitagem cinematográfica. Fitas que se preparam para simular certo fato, para iludir os ingênuos, mó fita; ação para impressionar; mentira; cena fingida: Aquilo foi fita tua. Te fito, te humanizo. A fita que é laço, tape, ribbon, reverberada. Fitas de passagens, filmes que passam por nós e nos envolvem em uma só tape de 10 faixas. Fissura analógica, submersa, dissonante. Conexões. Mó fita.”
Já deu para sentir que a “brisa” – e a viagem – vão ser longas. O registro está previsto para ser lançado em maio e para aquecer eles estão lançando em PREMIERE no Hits Perdidos o primeiro single desta FITA toda.
Depois do clipe de “No Shoes”, agora parece que eles estão todos vestidos com meias rosas. Justifico a piada infâme por conta do primeiro single do disco de estreia do grupo carregar o nome de “Pink Socks”.
Além das influências do primeiro EP, eles trazem ainda mais elementos de bandas que andam ouvindo como Fazerdaze, Land of Talk, Winter, TOPS, Men I Trust, Alvvays, Melody’s Echo Chamber, Castlebeat e Beach Fossils.
Vejo isso com bons olhos pois só mostra como eles estão conectados com o cenário alternativo atual. Fazerdaze por exemplo é uma banda da Nova Zelândia que tem se destacado nos últimos anos (inclusive já tocou no programa do Hits Perdidos na Mutante Radio) e Winter esteve presente no Brasil a pouquíssimo tempo em turnê ao lado do My Magical Glowing Lens com shows na SIM São Paulo, Paraná e Espírito Santo.
“Pink Socks” começa com o barulho do rebobinar de uma Fita, como não poderia deixar de ser. A canção mistura elementos de Dream Pop, Shoegaze, glo-fi, Sinthypop e conta com vocais delicados embalados por sintetizadores vibrantes.
Ela é imersiva e vai embalando o ouvinte aos poucos. Irá agradar fácil a fãs de Depeche Mode, S.E.T.I., Fazerdaze, Dum Dum Girls, Melody’s Echo Chamber e até mesmo Björk. Ao mesmo tempo que a faixa te leva para um sonho distante, ela te puxa para a pista de dança e te deixa reflexivo.
É como ouvir um som do Happy Mondays e permitir-se ser sugado por um buraco negro. Você sente a necessidade de sentir cada nota reverberar pelo ambiente que estiver, feito uma droga alucinógena. Talvez por isso que ela seja hipnotizante feito os chicletudos – e cativantes – hits dos norte-americanos do Cherry Glazerrr.
O curioso é que a energia cósmica de “Pink Socks” além do shoegaze conversa com o post-punk britânico e até mesmo a (massacrada) New Wave. Fãs de New Order vão tranquilamente adicionar a música em uma playlist.
São pouco mais de 5 minutos de canção e dependendo de como ouvir pode ter uma good ou bad trip. Então nada de misturar a faixa com álcool se for ouvir longe das pistas de dança, hein?. Que fita, amigos, que fita!
Para entender mais sobre a expectativa e o momento vivido pela banda conversei com a vocalista da Oxy, Sara Cândido que contou mais sobre o single, o disco que está por vir, influências e o cenário brasiliense.
[Hits Perdidos] Antes de mais nada gostariam que comentassem mais sobre a energia cósmica do single.
Sara: “Pink Socks” sintetiza bem os limites que nós propusemos para o álbum. Indo da vibe do final dos anos 80 ao dreampop, passeando pelo shoegaze e beirando certos aspectos da psicodelia, até o noise: barulho, distorção, não apenas na faixa, mas também do visual, um conceito que estamos propondo no FITA. “Pink Socks” introduz um melhor uso de synths, guitarras reverberadas, e até dançantes.”
[Hits Perdidos] Eu queria também que contassem um pouco mais sobre a expectativa para o primeiro álbum depois do lançamento do EP, Oxy EP, que particularmente gostei muito.
Sara: “Estamos ansiosos pelo lançamento, pois além de dar continuidade à proposta do Oxy EP, traz elementos que até então não tínhamos explorado musicalmente enquanto banda.
Tem um pouco de cada integrante em cada faixa. Foi um processo íntimo, desafiador, e produtivo – tiveram músicas compostas em um dia só, foi o caso de “Carriage”. A todo tempo pensamos no FITA como uma experiência sonora e visual; o Enzo Correia ajudou bastante nessa parte. Esse mesmo conceito também se desenvolve para os palcos.”
[Hits Perdidos] O que vocês andam ouvindo que inevitavelmente acaba influenciando o som de vocês?
Sara: “Como tudo é produzido por nós, sempre tentamos pegar exemplo de quem faz o mesmo, ou pelo menos de quem começou assim.
Da galera de fora ouvimos muito Fazerdaze, Land of Talk, Winter, TOPS, Men I Trust, Alvvays, Melody’s Echo Chamber, Castlebeat, Beach Fossils, Beach House, Ride, Yuck, DIIV.
No time brazuca curtimos muito Bike, Boogarins, El Toro Fuerte, Justine Never Knew the Rules, Lava Divers, Frabin, Cora. Dos lançamentos recentes curtimos muito o novo álbum da Marrakesh.
[Hits Perdidos] Pode parecer até clichê mas os leitores do Hits Perdidos sempre perguntam: e como está o cenário independente na região das bandas. Nada melhor que a visão de uma banda local. No caso de vocês, como têm enxergado a cena de Brasília.
Sara: “O cenário alternativo brasileiro vem ganhando mais atenção. Aqui em Brasília, por exemplo, tem muita gente produzindo material fino, como a galera da That Gum U Like, Supervibe, Aiure, Transquarto, Palamar.
O importante é o público escutar, incentivar, compartilhar, ir aos shows, fortalecer uma cultura que já existe mas que esteve fraca durante muito tempo. Recentemente descobrimos a galera da terraplana de Curitiba, e daqui de Brasília a Corvalis, que faz um som genial, pouquíssimo conhecido.”
Ouça e Siga a Playlist com 91 bandas brasileiras do independente que passeiam pelo universo da OXY.
This post was published on 23 de abril de 2018 4:57 pm
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