“Este mundo do “underground” paulistano é muito doido, bicho!” diz vocal da Muff Burn Grace

 “Este mundo do “underground” paulistano é muito doido, bicho!” diz vocal da Muff Burn Grace

A Muff Burn Grace distila ruídos desde sua fundação em 2011. Tudo começou quando o trio Juninho Bacon, Ricardo Gobar e André Guimarães decidiram celebrar a amizade e montar uma banda de Garage Rock. Papo reto.

Em suas referências eles bebem do rock alternativo, grunge dos anos 90 e muita cerveja – como deixam bem claro na entrevista para o Hits Perdidos. Mas com o amadurecimento eles começaram a incorporar influências do Stoner e do rock setentista.


_DSC0291
Muff Burn Grace agora é um quarteto com as entradas de Roberto Salgado e Felipe Paravani. – Foto Por: Daniely Simões

No começo do ano após 6 anos de banda eles passaram por uma grande reformulação que contou com a saída de Juninho Bacon e as entradas do baterista Roberto Salgado (ex-Mary Chase) e do guitarrista Felipe Paravani. Muito disso se deu também pois eles sempre quiseram ter duas guitarras para dar mais peso para o som, e isso provavelmente se refletirá no próximo lançamento da banda.

Sendo assim atualmente a banda é composta por: André Guimarães (Guitarra e Vocal), Felipe Paravani (Guitarra e Backing Vocal), Ricardo Gobar (Baixo) e Roberto Salgado (Bateria e Backing Vocal).

Até aqui a Muff Burn Grace conta com 1 demo, 2 EPs e o disco de estreia, Urbano, lançado no ano passado pelo selo independente paulistano Dinamite Records. Este que vem recebendo bastantes elogios e é basicamente um petardo atrás do outro (Ouça no Spotify). A faixa que abre o álbum, “Black River” inclusive toca direto na programação do Dezgovernadoz (Programa diária com curadoria Hits Perdidos na Mutante Radio)


URBANO


[Hits Perdidos] Antes um trio, agora um quarteto. Como tem sido a mudança? Como acha que vai transparecer pro público da Muff?

André: “Na verdade nós já havíamos divulgado esta formação de quarteto em janeiro deste ano, mas ainda com o antigo baterista. Não fizemos muitos shows e não lançamos nada com esta formação, por isso ficou no anonimato pra muita gente. A Muff Burn Grace precisava de um segundo guitarrista para a nossa nova proposta de som. E o Felipe Paravani já estava sendo vigiado por nós há muito tempo. Um grande Riff Maker. Com a saída do Juninho Bacon da banda, sem muito respiro nós já chamamos o Roberto Salgado, que tocava na Mary Chase (banda que eu particularmente sou fã). Sinto uma pegada meio Joey Castillo por parte dele. Poderíamos chama-lo de Roberto Hammer! Você vai entender depois que assistir algum show. (risos).”

Roberto: “Foi um desafio absurdo assumir as baquetas que antes eram do Juninho. Ele é um músico insano que definiu o som da Muff Burn Grace. Ele toca com um estilo muito solto, dinâmico. Diferente do meu que é pesadão, com muita pressão. Mas eu e o Ricardo (baixista) temos conversado bastante na cozinha e chegamos numa pegada que encaixou muito bem com essa nova fase da banda, respeitando tudo o que o Juninho construiu.”

[Hits Perdidos] O Urbano saiu no ano passado sendo bastante elogiado, como tem sido a resposta para quem conhece o som nos shows?

André: “Temos um público bem minúsculo, mas dá pra sentir que é uma galera bem 8 ou 80, neste caso 80, porque não economizam nos elogios. Sem palavras, tocamos pra isso. Particularmente nós não saímos 100% satisfeitos com a nossa performance no Urbano, mas gostamos do feedback do público. Faltou mais empenho na divulgação do disco pela nossa parte, mas bola pra frente! ”

[Hits Perdidos] Como vocês avaliariam a trajetória até aqui entre evolução musical e aprendizados?

André: “A gente vem da escola do Nirvana, ou seja, simplicidade sempre. Quanto mais simples melhor. Procuramos não perder esta essência, mas sinto que os sons estão muito mais bem arranjados do que no início da banda e nos projetos anteriores. Nossos aprendizados são muito maiores como pessoas do que como banda, já que sempre conhecemos pessoas maravilhosas nessa trajetória. Como banda a gente só aprendeu a ser um pouco mais esperto, já que este mundo do “underground” paulistano é muito doido, bicho!”


_DSC0292
A cerveja é o combustível oficial da banda. – Foto Por: Daniely Simões

[Hits Perdidos] Como enxergavam o cenário independente quando começaram e como veem hoje em dia?

André: “Falando especificamente da Muff Burn Grace, eu acho que este “nicho stoner brazuka” tava bem mais aquecido e visível, com o Black Drawing Chalks na linha de frente. Era uma banda reprovada para os Stoners mais “troozão”, mas é o que tinha pra representar em nível mais popular, MTV, coisa e tal. Falando de cena independente de modo geral, acho que não mudou muita coisa não.

[Hits Perdidos] Se a Muff Burn Grace fosse um drink o que levaria nele?

André: “Véi, aqui é tudo cervejeiro. De Conti a Erdinger. Sem crise. (risos).

Roberto: “Têm sons que a gente engata em uma quebradeira que só uma dose Whisky Old Eight consegue explicar. Fora o tema de algumas das composições que são como o Campari, amargo como a vida.”

[Hits Perdidos] Qual foi o melhor e qual foi o pior show que já fizeram?

Ricardo: “Nosso melhor show foi em Sorocaba, no Castelo Fora do Eixo. Chegamos por lá perto do almoço, já que nosso som tava marcado para as 15:00. Logo nos avisaram que o evento iria atrasar e só tocaríamos as 19:00. Não havia nada pra fazer além de irmos pro boteco da esquina começar o aquecimento. Ficamos impressionados com o preço da cerveja, que era metade do preço de Sampa. Juntou a sede e a vontade de beber! Na hora de tocar foi só alegria.

O nosso pior show foi esse também, porque não conseguimos tocar mais que 1 ou 2 minutos de cada música. Pelo menos foi divertido.”

[Hits Perdidos] Quais sons vocês mais gostam de tocar/se orgulham de ter composto?

André: “Isso é um pouco difícil de dizer, pois cada um tem uma particularidade neste sentido, mas tem aqueles sons que nunca saíram do nosso repertório, como “Shake It All” e “Gotta Taste You”. “Hey”, “Just An Illusion” e “My Name Is Junior” tem um carinho especial pela fase da banda também.”

Roberto: “Como parceiro e fã da banda, uma das músicas que estava mais ansioso para tocar era “Self (All The Things I Want)” e foi ela que deu mais trabalho pra sair nessa nova formação. Foi trabalhoso, mas extremamente prazeroso entender o arranjo desse som e fazê-lo funcionar com a banda. É divertidíssima de tocar, do jeito que eu achei que era quando ouvia eles tocarem.”

[Hits Perdidos] Eu acredito que estamos vivendo um momento cheio de novas e ótimas bandas ganhando terreno no Brasil. Do cenário atual, quais bandas destacariam e quais adorariam excursionar junto?

André: “Stone House On Fire, Zonbizarro, Dum Brothers, Riders of Death Valley, Mudhill, Sky Down, The Velociraptors, Porno Massacre, Sonic Dash, Water Rats, Deb & The Mentals, Color For Shane, Hellhound Syndicate, etc. Provavelmente eu esqueci de mencionar alguma(s). A maioria são amigos e já dividem palco conosco ocasionalmente. Agora que estamos de volta, eu acredito que iremos conhecer outras bandas.”

[Hits Perdidos] Como enxergam o modelo de negócio atual da música? Essa transição do CD para streaming, a maneira de se comunicar com o público, os festivais, os selos, etc.

André: “A transição do CD para o streaming foi ótima! Deu uma democratizada no consumo. Eu lembro que chegava a pagar R$ 35,00 em um CD fabricado no Brasil, há 10 ou mais anos atrás. Pra mim sempre foi um absurdo. Acho legal esse novo modelo. Se a pessoa tiver uma identificação maior com determinado artista e quiser o material físico, vai lá e compra um Vinil, que é muito mais bonito e durável.Só tô achando que essa “gourmetizada” no vinil também tá abusiva demais, então particularmente eu acabo ficando no streaming ou torrent.

Sobre os festivais eu acho que os valores tem sido abusivos demais e este é o motivo pelo qual raramente eu piso em algum (a não ser que seja underground e/ou gratuito).

Eu acho este modelo de selos bem interessante, só não sei diferenciar o que era e o que é hoje, porque nós só tivemos envolvimento um pouco antes do lançamento do Urbano, com a Dinamite Records. Sobre a maneira de se comunicar com o público eu já acho um assunto meio complexo, que me faria escrever uma bíblia sobre.”

Playlist Exclusiva no Spotify do Hits Perdidos


Playlist Muff Burn Grace

Para fechar pedi para que a Muff Burn Grace criasse coletivamente uma playlist com sons eles tem pirado e que represente essa nova fase agora como quarteto. A lista conta com artistas como Mano Brown, Dead Pirates, Stone House On FireRed Fang, Radio Moscow, 311Mudhill e Dum Brothers.

1 Comment

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

error: O conteúdo está protegido!!