[Premiere] Stone House On Fire supera os limites da metafísica em Neverending Cycle
Vivemos um período complicado para se viver em sociedade, porém criativamente várias bandas nos quatro campos do país tem lançado discos, não só em quantidade – como se pesquisarmos por ferramentas na internet notaremos – mas principalmente em qualidade.
Algo realmente está acontecendo e vai totalmente na contramão de quem solta comentários sofistas como “O Rock Morreu”. E a cena independente precisa se fortalecer: se unindo. Pode parecer um tanto quanto tanto utópico esse tipo de pensamento, mas sozinhas dificilmente elas irão chegar em algum lugar.
É momento de se desprender do ego para alcançar outros níveis de empatia perante o próximo. Com esse sentimento assimilado conseguimos expandir nossas mentes e trabalhar a lei da atração do universo. Afinal de contas o que fazemos, colhemos. Fazer o bem sem necessariamente esperar algo em troca. A vida lá na frente dá um jeito, a lei do retorno não respeita uma linha temporal exata. Ela é cósmica, poderosa e transformadora.
Hoje com exclusividade lançaremos o segundo trabalho de uma banda que entendeu perfeitamente todo esse elo entre o cosmos e o plano terrestre. Um grupo que já tinha lançado um bom primeiro disco, porém neste superou os limites da metafísica.
Direto do Vale do Paraíba vem a magnitude dos acordes pesados e sublimes que passeiam pelo rock obscuro dos anos 70; a Stone House On Fire e seu Nerverending Cycle.
O álbum é todo conceitual nos mínimos detalhes, apesar de não terem essa pretensão, se analisarmos da maneira digna que o álbum merece ser abordado: ele soa como uma Ópera Rock.
Esta que transpõe as energias cármicas do oriente e de certa forma transcende de maneira quase animal, o espírito da coletividade. Tudo isso através do desprendimento – de alguns dos maiores vilões de nossa sociedade – o ego e a sede pelo poder.
Os absurdos que acontecem em nosso entorno na busca incessante pelo poder, atingem de maneira sistêmica nossa sociedade. É ódio desflorado a todos cantos, corrupção em todos os níveis, falta de compaixão, escândalos sexuais, sentimento de superioridade e menosprezo, egoísmo, opressão, desrespeito, preconceito exacerbado em detrimento de pensamentos ultrapassados entre tantos outros que dão desgosto só de citar.
Problemas que não chateiam apenas nós quanto seres humanos, mas que machucam a alma. Ferem nosso orgulho, fazem acreditarmos que estamos vivendo no meio de uma batalha sem fim, onde não há vencedores: apenas perdedores.
Três anos depois o primeiro disco, Buy This Lie (2013), onde muita coisa se transformou e mudou na história da Stone House On Fire. Entre reconhecimento no cenário nacional e mudanças de integrantes, chega ao público o visceral e mais encorpado segundo release que está sendo lançado pelo selo Dinamite Records (SP): o flutuante, Neverending Cycle.
O álbum que tem tudo para ser um divisor de águas na carreira do grupo fluminense, lida com questionamentos profundos em lidar com temas delicados e que necessitam a cada dia mais reflexão para que nos tornemos pessoas melhores. O ciclo nunca termina literalmente, não adiante enviar para o universo uma boa ação e no dia seguinte ser uma pessoa terrível humilhando e maltratando o próximo.
O tempo as vezes demora mas pune. A lei do retorno, deveria ser estudada inclusive cientificamente para assim quebrar qualquer mito de céticos que pensam que é apenas um alicerce no campo espiritual com cunho religioso. Essas ciências de certa maneira se convergem em vários pontos e se bem utilizado, pode transformar e salvar vidas. Afinal de contas, somos corpo, mente e alma.
Para não desalinhar o conceito do álbum, o baterista André Leal nos explica a obra de arte que ilustra a capa do disco.
André Leal: “Eu surgi com o conceito da colagem com um ouroboros bem cretino e grosseiro por cima de tudo. E junto com o Kleber a gente “empurrou” a ideia do nome do disco ser Neverending Cycle (risos).
Todos elementos embora pareçam desconexos, giram em torno do conceito geral do disco e por forma metafórica ou até literal a gente quis que fossem representados o universo, movimento, vida, morte, passagem.
A gente tentou jogar com o lance do ciclo mesmo, o ourobros em primeiro plano é pra escrachar bem. Tem um rosto bem no meio, que de certa forma representa o homem como centro do universo, ao transcender e se tornar uma figura de onisciência.
Inclusive, usamos uma figura que é meio que um guru para gente, um exemplo de sapiência. O Marcus pegou todo esse conceito, com a primeira versão da colagem e chegou junto com a gente nessa capa final.”
E nesse clima de paz entre o ser humano e o espírito, no meio de uma meditação, ouvi o Neverending Cycle. Nada melhor como se desconectar de notícias de Bolsonaros, Malafaias, política, casos de violência, tragédias, machismo, opressão, ódio, abuso de poder e impunidade do que entrar densamente em conexão com o outro plano. Transcender muitas vezes é o respiro da alma.
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O disco já se inicia com “Wrath of the Sun” uma canção que tem uma levada que vai encantar fãs de Uncle Acid and the Deadbeats, Eletric Wizard e sem a menos sombra de dúvidas os reis do rock obscuro – e trevoso – dos anos 70: Black Sabbath.
Ela já se inicia te mostrando para que campo de batalha a Stone House On Fire quer te levar, conforme a canção vai sendo executada você se sente sendo abduzido para outro plano. Se estiver desconectado do mundo exterior, você corre o risco de se sentir flutuando feito uma nuvem.
Conforme a música caminha para sua parte final, você sente suas células se movimentarem em seu ectoplasma, é disruptivo, as guitarras alucinantes agem como o ópio que os Beatles usavam para desenvolver discos como Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band (1967), que neste mês completou 39 anos de seu lançamento. Porém ao invés de puxar para a psicodelia, elas são conduzidas para a transgressão do Noise Rock de grupos incríveis como os canadenses do Metz e seus tempos quebrados.
Logo em seguida vem “The Rush” uma canção com uma veia questionadora, complexa onde expõe os sentimentos à flor da pele. O sentimento de empatia e solidariedade é colocado na mesa, será que somos realmente isso ou queremos projetar essa imagem de nós mesmos? Respeitamos mesmo o próximo ou só queremos satisfazer as necessidades do nosso próprio ego?
[Hits Perdidos] As trevas e sua escuridão, o futuro, e os medos parecem ser o grande fantasma em “The Rush”. A canção em sí é um dilema interior sobre o medo pelo que está por vir?
Stone House On Fire: “Ela funciona mais em torno da empatia, ou da falta dela. É mais sobre como a gente se tornou completamente desconectado de emoções em relação aos outros, e ao mesmo tempo somos o reflexo de um ego inflado e ávido por atenção. O fim é um estado de inanição de relações humanas. De certa forma posso concordar que é medo do futuro que está por vir sim, estamos caminhando sempre ladeira abaixo.”
Ela tem uma energia cármica poderosa, você sente ela se magnetizando na epiderme de seu corpo, ela é densa, sensorial e dialoga com a sua essência. É a síntese do desprendimento do ego e como observa o outro lidar com o isso. É um convite para colocar a armadura e lutar em outros planos.
The Mars Volta em discos como Octahedron (2009) através do talento de Omar Rodríguez-López consegue estabelecer uma conexão similar. E observando isso é muito genial ver como tudo converge em sintonia.
Após duas canções densas e pesadas, temos uma canção para quebrar o ritmo e elevalo aos 220 volts. A energizante, coesa, psicodelica e porradeira, “Purge And Purify”. Ela é acelerada e flerta com o melhor dos anos 60 e 70, ela faz você abrir os olhos e visualizar ao real campo de batalha astral: a vida. O tecladinho alá The Doors e The 13Th Floor Elevators vai de encontro com o som xamânico e chapado do Kyuss – em coisa de 10 segundos.
A purgação e a purificação são estados profanos da alma. Não se prendendo apenas a uma seita religiosa ou outra – por mais que muitos tentam associar – elas são estados passageiros onde desintoxicamos e nos renovamos. É como o evaporar da chuva ou a decantação de um rio poluído, um estado em mutação.
E lá vem “Anger” que literalmente pode ser traduzida da língua inglesa como Raiva.
Raiva segundo o dicionário Michaelis: rai.va – sf (lat rabie):
3 Violento acesso de ira, com fúria e desespero.
7 Aversão, Ódio.
E é exatamente esse sentimento de penitência que a canção anterior quer transmitir só que no plano dos sentimentos. A causa x consequência. A canção consegue extrair elementos de Hard Rock – não o farofa, por favor – blues, southern rock sem perder o peso de bandas como Black Sabbath, Corrosion Of Conformity, Fu Manchu, The Obsessed e a classe do Frank Zappa.
[Hits Perdidos] “Anger” tem um lado Sabático mas ao mesmo tempo tem guitarradas trabalhadas que bebem de outros estilos dentro do rock pesado. Por exemplo clássica banda The Obsessed, que fez um som bem a frente do seu tempo ao meu ver. O que destacariam nessa miscelânea?
Stone House On Fire: “Kyuss encontra The Mars Volta e nasce um filho feio que ninguém quer assumir.”
Em seguida temos a canção mais desconcertante do disco, “Pasaje”. Uma música que você fica perdido se está escutando a uma banda de rock – pesado – ou se está ouvindo algo na linha de Santana e Gipsy Kings. E isso é genial.
Com essa gama de sonoridades “exóticas”, ela cumpre seu papel no ato de transcendência e concentra sua vitalidade no ecoar de sua viagem psicodelica em direção a outro plano.
Ela poderia ter sido feita pelo Metá Metá ou qualquer outro grupo com uma veia mais jazzística/experimental que os norte-americanos insistem em rotular como “World Music”.
O que importa é que ela pode te transportar para algum deserto, para um vilarejo de Sense 8, para uma feira de antiguidades na Índia, para algum subúrbio do México, para um campo de centeio – a céu aberto – ou para outra dimensão imaterial.
[Hits Perdidos] “Pasaje” te transporta tanto para o oriente médio, Índia, México quanto para o deserto do Atacama. Qual foi a viagem transcendental que gerou essa “brisa”?
Stone House On Fire: “Essa música era uma jam instrumental que a gente já arranhava há tempos, e durante o processo de concepção do disco, era pra ser uma introzinha, bem simples.
Mas depois que trabalhamos em cima dela (com os arranjos de percussão, piano e doideiras na mixagem) virou mais uma faixa do que uma simples introdução, virou o ponto de interseção das duas “caras” do disco, o elo entre o início e o fim, a passagem da uma vida anterior pro recomeço, se a gente pensar dentro da ideia de conceito do disco. É total influência de música latina mesmo.”
O caldo volta ferver em “Steam Boat”, a influência citada por eles de Vista Chino consegue transparecer. Eu também chamaria a atenção para a linha de baixo que se sobrepõe e dá o punch que a canção pede e as guitarradas bebem do math rock.
A construção dessa faixa deve ser destacada, os arranjos e pedais criam toda a atmosfera para que como eles explicarão logo abaixo: sintetizar o recomeço. A saída do purgatório, após a purificação se inicia a nova jornada. Onde os novos valores ganham forma e começam a rascunhar asas.
[Hits Perdidos] “Steam Boat” tem uma construção interessante, ela cresce e hipnotiza. Como vocês acham que ela fecha o elo entre o conceito do álbum e o fim do mundo?
Stone House On Fire: “Steam Boat” é o nosso recomeço (risos). É como se você de certa forma tivesse sendo obrigado a passar por toda uma história de novo, mas tendo ciência disso tudo, de que tá vivendo um eterno ciclo, de que tudo não passa de uma grande piada fadada a se repetir eternamente.
É como ter uma epifania mas não saber o que fazer com todo esse conhecimento adquirido. O fim do mundo já chegou, e tá bem explícito, a gente que teima em não aceitar.
Para alinhar e amarrar todo o conceito do álbum, eis que surge o Hit Perdido de Neverending Cycle. Que sinceramente espero que não seja um hit perdido, e sim o single que vai abrir muitas portas para a Stone House On Fire.
Ela é uma canção “diferente”, você sente o potencial pop dela na mesma intensidade e forma com que o ouvinte tem ao ouvir o primeiro trabalho do Red Fang. É renovador, é reconfortante, é rejuvenecedor ao mesmo tempo que te dá um tapa na cara.
Típica canção que sai do suor de uma jam onde tudo se encaixa feito mágica. Aquelas coisas que se você perguntar para os caras da banda: provavelmente não vão saber te explicar com palavras. É tribal, é humano, é sensorial, é instintivo, é de verdade.
Eles captaram tanto que tinham acertado a mão, que sem pestanejar decidiram: essa música precisa não só ser single mas também ganhar um videoclipe.
No clipe sentimos esse apelo heavy psych que a banda incorpora em seu som ser traduzido para a linguagem audiovisual. O derreter de grupos como Cream e a insalubridade dos devaneios epopeicos dos guitar mans dos anos 70 se refletem tanto na gama sonora como no expectro colorido projetado sobre seus integrantes: Kleber Mariano, André Leal, Leonardo Moore e Marcus Oliveira.
É o espurgo da alma. O conceito do disco traduzido e materializado através de uma visão distorcida e pixelada. Como se as energias espirituais estivessem em movimento, quase radioativo, há exatos 30 anos após o desastre nuclear da cidade – hoje fantasma – de Chernobyl.
[Hits Perdidos] “Electric Sheep” é um single poderoso e todo envolvente. Inclusive ganhou clipe promocional lançado já a algum tempo. Conte um pouco das inspirações dele e qual a viagem por trás de sua letra.
Stone House On Fire: “Entre a gente da banda, ela é a música que mais define a sonoridade do nosso momento atual, e foi unanimidade como escolha pra um clipe (coisa que a gente já vinha querendo/procrastinando desde o primeiro CD).
Acho que tá também entre as favoritas do disco novo, então foi uma escolha fácil. Ela foi bastante inspirada pelo som do Flying Eyes, que é uma banda que a gente ouviu bastante ultimamente, tem uma pitada de Dead Meadow também, foi um dos primeiros sons que trabalhamos pro disco novo.
A letra é puro pessimismo (risos). Pessimismo esse que tá impregnado por todo o disco e permeia entre a terrível sensação de conformismo com a falsa esperança de que tem coisa melhor em frente se você se despir de toda essa carga negativa, joga ainda com a falsa ideia de nostalgia, de que em alguma época já foi melhor.”
Para fechar o disco mas não o ciclo, temos “Neverending Cycle”. Ela que em sua letra e essência é bem uma conclusão do disco, é a canção que serve de resumo da obra. Ilustra o caminhar da vida, as ações, as repetições, o movimentar da energia. Seus atos e suas consequências. O desequilíbrio humano e o tirar os pés do chão.
O tom é crítico e pessimista e suas ondas são xamânicas e alucinantes. É o reencontrar, o conforto de uma alma perdida calcada em desilusão e destilada através de sonhos e promessas. Ela flerta com as canções do oriente por meio de seus ritmos e batuques tribais.
Quem for mais leigo no tipo de som que eles fazem mas que adorou Like Clockwork (2013) do Queens Of The Stone Age e toda sua pegada conceitual que beira o Ópera Rock, provavelmente não terá dificuldades em conhecer e viajar através do veneno lisérgico da Stone House On Fire.
Para entendermos ainda mais sobre a banda, o lançamento e o cenário em que estão inseridos eu fiz mais algumas perguntas para entrar ainda mais afundo na “brisa” Ópera Rock do conjunto fluminense.
[Hits Perdidos] O Neverending Circle é o segundo álbum do Stone House On Fire. Do primeiro trabalho para cá o que mudou?
Stone House On Fire: “Muitas coisas mudaram. A formação da banda é diferente, amadurecemos muito em relação ao som/sonoridade que queríamos buscar e nos tornamos mais criteriosos em relação ao que entendíamos como um trabalho coeso.
O método de composição foi bem diferente porque saiu de uma coisa mais metódica e centralizada pra um processo mais solto e coletivo, saiu do “trouxe um riff pra gente trampar” e foi pra “jam”. Enfim, a ideia mesmo era soar como um processo de evolução do nosso som e não uma continuação do trabalho anterior.
[Hits Perdidos] O processo de gravação de vocês é bem oldschool “direto na fita” e sem chance de errar. Como isso funciona? Quão afiados tem que estar para sair do jeito que gostariam?
Stone House On Fire: “Funciona principalmente como uma forma de nos podarmos a ponto de ter todas as decisões tomadas antes de gravar, de não abrirmos margem pra dúvidas quanto ao que a gente queria.
Foi preciso muito tempo e dedicação pra que a gente se sentisse preparado pra gravar, mas ao mesmo tempo a gente estipulou um prazo que nos forçou a estar preparados pra essa empreitada. Claro que a gente não tava quando o prazo estourou (risos)… então a gente trabalhou muito em cima da filosofia de que o mais importante era fazer com a que música transmitisse a sensação que a gente sentia ao tocar ao invés de buscar o take perfeito.
Isso já deixou a gente bem relaxado e despreocupado quanto aos erros, já que as imperfeições de certa forma passaram a fazer parte do trabalho. A gente prezou também por uma sonoridade bem mais crua, sem podar as arestas mesmo, e o resultado ficou bem o que a gente buscava.”
[Hits Perdidos] Quais discos vocês ouviram para se inspirar para o Neverending?
Stone House On Fire: “Peace – Vista Chino, Blood Lust/Mind Control/Night Creeper – Uncle Acid and the Deadbeats, Lowlands – The Flying Eyes, Stranded in Arcadia – Mars Red Sky, Climbing! – Mountain, Disraeli Gears/Wheels of Fire – Cream, Electric Muddy – Muddy Waters, Live Pompeii – Pink Floyd”
[Hits Perdidos] Como vem a cena Stoner/Rock psicodélico no país? Tem uma produtora mineira que tem conseguido trazer grandes nomes da cena gringa e os shows tem sido um sucesso. Parece loucura mas da noite para o dia “todo mundo curte Truckfighters desde criancinha…Acredita que é uma moda passageira e os de “verdade” resistirão”?
Stone House On Fire: “Cena sempre soa como um termo muito forte, mas a gente pode dizer que tem rolado bastante movimento entre as bandas de stoner, psych, doom, blues/70’s aqui no brasa.
Acho que a produtora mineira que você citou é a Deserto Elétrico e eles começaram a fazer um trabalho bem legal em MG, movimentando bastante as bandas de lá e sendo um braço nesse movimento todo que vem crescendo. Falando em movimento desse tipo de som, é impossível não citar a Abraxas do RJ, que foram os pioneiros e hoje em dia é a referência do segmento, e além dos shows gringos que eles trazem (Mars Red Sky, Kadavar, The Flying Eyes, Radio Moscow, e outros) eles agitam demais os roles pras bandas daqui, e tão não só movimentando quanto criando interesse nesse tipo de som.
A gente pode dizer que esse estilo de som ultimamente tá passando por um período fértil, e tá virando esse coqueluche do momento. O que não quer dizer necessariamente que os shows das bandas tão sempre lotando de público, mas a gente prefere acreditar que disso aí vão ficar as pessoas que curtem e valorizam todo esse movimento que tem rolado.”
[Hits Perdidos] Eu ouvi o disco meditando. O que recomendaria os ouvintes fossem ler, usar ou fazer enquanto ouvem?
Stone House On Fire: “Recomendaria só desligar o computador, ou celular, ou qualquer distração. Recomendaria simplesmente abrir as portas da percepção e deixar os sentidos guiarem as sensações.”
[Hits Perdidos] Por mais que enxergar a cena independente do lado de fora da cidade sempre passa uma impressão diferente, não é difícil ver que rola uma cena interessante em Volta Redonda. Com bandas como Sasha Grey As Wife, Iguanas, Nãda, Buzz Driver, vocês entre outras. O que acha que falta para o resto do Brasil reconhecer que algo está acontecendo?
Stone House On Fire: “Volta Redonda tem muitas bandas boas que produzem e fazem um trabalho sério e que eu coloco no mesmo patamar de bandas grandes do independente, mas não podemos dizer que existe uma cena.
Apesar da posição geográfica muito favorável (bem no meio do eixo RJ-SP), é meio complicado virar uma movimentação tanto de correria como de público por essas bandas.
No entanto, não vou ser totalmente pessimista e acredito que tem muita gente boa por aqui que corre atrás, faz acontecer, dá o sangue por isso, o DIY reina, e toda essa perseverança uma hora vai ser recompensada.”
[Hits Perdidos] O disco também flerta com outros gêneros do metal e do rock alternativo. Quais bandas vocês poderiam citar como influência indireta que o pessoal ia entortar a cabeça ao ouvir?
Stone House On Fire: “Buena Vista Social Club, Santana, The Mars Volta, Miles Davis, Dave Brubeck Quartet, Bad Brains, Zakir Hussain, Tim Maia, Airto Moreira. Tem também outras bandas como Amplexos (daqui de VR), Hierofante e Deaf Kids de SP.”
[Hits Perdidos] Qual o conceito por trás do álbum e o que pensam sobre Ópera Rock?
Stone House On Fire: “O álbum todo trabalha em cima do Eterno Retorno (daí vem o nome do disco), karma, movimento cíclico. O início e o fim, vida e morte, passagem e purificação, negação e aceitação. A gente se amarra em Ópera Rock, ouçam Tommy (1969) (Obra Prima do The Who).”
[Hits Perdidos] Para fechar, o que seria o “Neverending Cycle” que vocês gostariam que se fechasse?
Stone House On Fire: “A derrota nossa de cada dia, o tapa na cara diário que a vida dá na gente.”
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[…] grunge. Influências estas que também impulsionam outro projeto que Leo e André fazem parte, a Stone House On Fire que em 2016 lançou seu ótimo segundo álbum, Neverending […]