Selo independente Alagoano Crooked Tree Records lança coletânea de aniversário
A música independente de tempos em tempos tem que se reinventar para ganhar novos ares e maneiras de fazer com que o trabalho artístico chegue aos apreciadores da boa música. Músicos muitas vezes tem dificuldades de divulgar seu trabalho por conta própria por uma série de fatores como não enxergar seu trabalho além da arte ou por puro desconhecimento de como fazer.
O trabalho de coletivos e selos independentes é uma ótima forma de expandir esses horizontes. Como todas relações humanas a troca de experiências faz com que possam ser evitadas várias situações frustrantes. Afinal de contas não é porque algum conhecido passou por poucas e boas que o próximo da fila tem que “comer o pão que o diabo amassou” para aprender. Nada disso. Muito pelo contrário.
De certa forma isso tem mudado. Com a internet o que mais vemos é informações sendo trocadas através de conexões, grupos, coletivos, selos entre outros de maneira muito mais acelerada do que antes. Não é de surpreender ver dicas sendo postadas por selos como Honey Bomb Records, Bichano Records e matérias construtivas como a recente do Update Or Die realizada pelo pessoal do Hacktown com conselhos e dicas para artistas em inicio de carreira.
Depois de 2003 através de redes sociais como o Myspace e o Napster o modo como conhecemos música e descobrimos artistas foi transformado para sempre. Afinal de contas era possível dar a mesma atenção para uma banda enorme consagrada que para um artista que gravou uma demo tape em casa e viu seu conteúdo viralizar. No Brasil talvez o Cansei de Ser Sexy foi a primeira banda a ir direto da internet para as paradas da MTV.
Tudo muito novo, tudo muito louco. Daí para frente muita coisa aconteceu, as majors se viram em um grande pesadelo vendo artistas disponibilizando suas músicas de graça na internet e a venda de discos caindo de maneira assustadora. Com o passar do tempo a industria foi entendendo toda essa movimentação e começaram a se popularizar os serviços de streaming.
É um assunto longo e poderia virar um extenso artigo mas vamos simplificar um pouco. Da mesma forma que a internet ajudou a propagar a música de artistas independentes gerou também a concorrência por espaço e demanda.
Alguns acreditam até que isso deprecie a arte de ouvir um disco do começo ao fim. Um tanto quanto saudosista esse tipo de comportamento. Afinal de contas em outras épocas nos depararíamos com um LP ou uma fitinha K7 gravada e ouviríamos por dias, semanas até decorar e notar todos detalhes da mixagem e masterização.
Hoje ainda vemos artistas surgindo com a internet e de maneira rápida ganhando prestígio e repercussão como a talentosa Mahmundi que tem apenas 20 anos mas muita noção do que está fazendo como podemos ver no artigo do Update Or Die acima.
Todo ano surge algum artista nessa mega explosão e neste acúmulo de informações que temos na web esfera porém vale lembrar que o próximo Hit Perdido está aí em alguma garagem ou quarto escuro se preparando para lançar seu disco com o maior esmero do mundo. E isso leva o que todos temem: tempo.
Tempo não deveria ser visto como uma bruxa, ele ajuda muito também. A amadurecer, a enxergar seu trabalho, a ver que tem que ter estratégia em como divulgar, em produzir figurino, manter boas relações, ter um agente, saber se portar com a imprensa….tudo isso além do principal: produzir boa música. Quando falamos em produzir boa música não é apenas o som ser foda. É caprichar na captação, ter uma mix redonda e uma masterização para deixar todas aquelas camadas perfeitas.
É um esforço que não pode ser desprezado. Acreditar no que faz e sempre querer melhorar, ter humildade de ouvir o que os outros tem a dizer e sempre buscar novas referências. Não adianta ficar parado esperando para que alguém o aponte com o novo Jimi Hendrix. Aliás será que realmente precisamos de um novo Hendrix? Ou seria mais interessante ver um novo artista com uma nova proposta e personalidade?
Me questiono sempre que quando estamos em um show não estamos apenas indo pelo fator da música ser boa mas de toda experiência. Da troca de energias, da produção, do modo que lida com tudo a sua volta. Se preza por seu equipo estar nos conformes, se passa o som antes – acredite tem banda que entre toda desafinada e sem ter trocado palavra com o técnico de som o que joga contra, começa perdendo de goleada – se interage, se prepara algo diferente.
Ser músico também é ser um pouco ator. Tanto que muitos criam uma persona para o palco e isso é deveras interessante. Tudo isso envolve, suor, tempo, investimento e estar rodeado de bons músicos.
O trabalho de curadoria dos selos é algo que também tem que ser observado. É uma espécie de caça talentos que conseguem criar uma identidade. O que mais me perguntam é qual selo é realmente parceiro? É difícil falar, afinal de contas o que um selo tem a oferecer?
Costumo dizer, se você está de acordo com o que ele te oferece e é uma relação saudável de troca: este é o ideal para exibir e distribuir seu trabalho. E isso é de certa forma relativo, varia de artista para artista.
Gosto muito do trabalho de selos independentes como a Banana Records (CE), Crooked Tree Records (AL), Fiasco Records (PB) e Lixo Records (RJ) pois acredito que eles compreendem isto de ter uma estética própria e apoiarem artistas que estão iniciando sua jornada. Muitas dessas gravações são caseiras mas feitas de maneira exemplar. O DIY é um elo que de certa forma os une de forma consistente.
O selo Crooked Tree Records comandado pelo alagoano Mário de Alencar surgiu no fim de 2015 após uma série de reuniões com membros de uma de suas bandas, a Killing Surfers. Aliás Mário também possuí um projeto solo, o Sketchquiet que chegou a estrelar a riquíssima lista feita pelo ótimo New Yeah como um dos “Melhores Discos de 2016 na opinião dos Selos Independentes“.
Ele que já tinha experiência com outro selo independente, porém neste anterior como poderão ler na entrevista atuava apenas como subordinado. Algo que parece não se arrepender afinal toda a experiência é válida para entender o funcionamento da indústria. Lembram quando disse que o tempo não é necessariamente um inimigo? Pois é, assim como Mário, Vinícius Diasz (Hesla_) também já passou por experiência semelhante e atualmente comanda um selo próprio onde lança seus materiais.
Ambos tiveram que aprender a mexer com tudo, da produção a divulgação. Afinal de contas além de tudo isso ter custos altos e como sabemos a cultura no país não tem muitos incentivos, tudo sai do próprio bolso. Isso faz com que aprendam de certa forma a gerenciar a própria carreira e nas tentativas e erros aprenderem muita coisa.
O papo com os dois foi um tanto quanto interessante pois eles tem muito a dizer para quem está tocando trancafiado em seu quarto. Essa foi uma das propostas do selo e da coletânea: dar visibilidade para estes talentos.
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Mário reuniu artistas de diferentes regiões do país nesta coletânea como podemos ver:
Sketchquiet (AL), dpsmkr (RS), Lzu (AL), Eric Iozzi (SP), Mario The Alencar (AL), Sebage (AL), Nonsense Lyrics (AL), Depressa Moço! (RJ), Hesla_ (SP), Botas Batidas (CE), Humbra (RJ), Killing Surfers (AL), Fantasmas de Marte (AL), Wand (AL), The Modem (SP).
Todas eles tiveram materiais lançados pela Crooked Tree Records ao longo de 2016, ainda integram o casting do selo Pormenores (AL), Vera Fauna (Espanha), Jude (AL), Prima Vera (GO), Masm (AL) e Tamura (Filipinas).
Vamos então ao clássico faixa-a-faixa do Hits Perdidos.
Os cariocas do Depressa Moço tem a missão de dar o pontapé inicial da coletânea com a faixa “Primitive Sunds”. Faixa essa que me lembrou os trabalhos do Bob Mould principalmente o Sugar e aquele disco maravilhoso, Cooper Blue (1992). Acredito que quem curtir Mudhill (SP), Superchunk, The Jesus & Mary Chain tem que ir atrás de conhecer mais sobre esse projeto.
Em seguida o projeto de Mário, Mario The Alencar, entra em cena com “Feeling So Blue”. Com ares mais experimentais ele se aventura a passar texturas noventistas que consagraram artistas como Pavement e Sonic Youth. Gostou do trabalho do Mário? Conheça o The Hexx (SP), Twinpine(s) (SP) e o Chalk Outlines (SP).
O Nonsense Lyrics já mostra o cuidado que Mário tem com a curadoria. O lado mais folk/funk já surge no leque da coletânea com uma faixa interessante e um tanto quanto experimental. Gosto da simplicidade e da good trip que “Long Trip” consegue provocar.
O peso do grunge/college rock e o ar empoeirado dos anos 90 se sobressaí em “O Dia Passou” da banda carioca Humbra. Cheio de vitalidade, bons arranjos e energia como os pernambucanos do Inner Kings (PE), Two Wolves (GO) e do Troublemaker (SP).
Com os dois pés cravados no rock alternativo os alagoanos do Fantasmas de Marte conseguem criar atmosferas sonoras através dos seus acordes. Alguns trechos de “Sinais de Fuga” para mim me lembram um misto de shoegaze e punk rock. Uma combinação um tanto quanto noventista.
A sexta faixa é Sketchquiet projeto solo de Mário onde já flerta com as ondas magnéticas do trip hop e navega por ondas mais eletrônicas. “Há Ventos que Nos Trazem Boas Pessoas” passa uma sensação de densidade e leveza, com samples e guitarras que viajam pelas mesmas ondas que J Mascis.
Para quem gosta de barulho e do trabalho do selo Meia-Vida terá uma grata surpresa ao conhecer o Botas Batidas do Ceará. O som é experimental, suas guitarradas são ensurdecedoras e o caos é refletido na faixa que parece se desintegrar ao longo de seus 3 minutos.
Uma banda que tive o prazer de conhecer durante a curadoria do programa Dezgovernadoz (todo dia às 22 horas na Mutante Radio – www.mutantemecanica.com) é o trabalho do Dpsmkr / Dopesmoker. Gosto da tensão que eles conseguem deixar no ar ao mesmo tempo que usam acordes viajantes em “Matar El Ego, Solo Ser”. Tudo muito sensorial, consigo imaginar até a faixa sendo trilha sonora de algum filme western.
Depois que chega para dar conta do recado é o Wands com sintetizadores e programação que resgatam os anos 80. Aquele lado mais obscuro e perigoso dessa época. De certa forma a canção “Sua Ignorância” flerta com o rock industrial.
“Dança da Chuva” do Sebage já traz o som dos tambores e a atmosfera tropical para um rock um tanto quanto progressivo e cheio de metamorfose. Para quem curtir o rock sessentista e setentista, a faixa é um prato cheio.
O Dreampop é levada do projeto principal do Mário, o Killing Surfers. Ou seja se você gostar de My Bloody Valentine, The Jesus and Mary Chain, Galaxy 500, The Spacemen 3, Slowdive, Spiritualized, Skywave, Ceremony, A Place To Bury Stranges já sabe o que pesquisar para conhecer mais não é mesmo?
“Special Mend” me agrada pela levada The Brian Jonestown Massacre de conduzir a canção com guitarradas mais soltas e estética debochada. De Santa Catarina já falamos de uma banda com essa levada tem algum tempo a Blasè.
Dessa forma chegamos ao The Modem de São José dos Campos (SP). Com uma levada dance music robótica a intensidade lembra o Groove Armada, quem lembra? Os anos 90 foram realmente incríveis e a sensação de nostalgia que ouvir esse nos traz é sensacional. “70 Tons” tem essas vibrações que a levada eletrônica dessa época nos proporciona.
Assim chegamos ao som do Hesla_, projeto atual do Vinícius Diaz que iremos entrevistar com “Darkmark” uma parceria com seu amigo Luis Naressi (Labirinto/Seamus) projeto que ambos intitularam Salvaguardas (SLVGRDS) em que eles consegue explorar programações e beats eletrônicos que te transportam para outro tempo e espaço.
Ao assistir ao clipe que teve produção de um artista audiovisual mineiro, Zé Victor, conseguimos navegar por outros oceanos e a “brisa” consegue chegar a outros patamares. O devaneio synth pop passeia pelo minimalismo e outros subgêneros da música eletrônica. No vídeo a sensação de tempo e espaço se confundem.
“Coisas que Perderam o Sentido” do LZU também tem o apelo pelo synth e foca na experiência sonora que é viajar por outras frequências. A imersão se dá pelo ritmo que a canção evoluí, de maneira lenta e intimista.
“Iozzing” foi a faixa escolhida para fechar a coletânea. E que maneira bela de fechar o disco, hein? Com uma viagem transcendental que passeia pelo jazz e rhythm blues a jam que Eric Iozzi consegue traduzir em pouco mais de 3 minutos consegue nos levar para outros horizontes. Admirável o trabalho e o ritmo que este som consegue nos passar. Um belo fim de coletânea que consegue através de diferentes artistas manter uma qualidade do começo ao fim.
O mais legal de tudo isso é que muitas faixas foram feitas especialmente para a coletânea ou seja: tem muito som inédito autoral na tracklist. Coletâneas como esta são essenciais para conhecermos novos artistas e adicionarmos novas sonoridades ao nosso conhecimento musical.
Na quarta-feira (15) o programa Dezgovernadoz #98 teve o prazer de apresentar a coletânea do começo ao fim em pouco mais de uma hora na Mutante Radio.
Após essa resenha nada melhor do que dar a palavra par o Mário Alencar, organizador, responsável pelo selo e membro de 3 projetos participantes da coletânea para falar um pouco mais sobre sua história, os planos do selo e como sua iniciativa se iniciou. Com vocês Mário!
[Hits Perdidos] Antes de tudo gostaria de parabenizar pelo trabalho tanto do selo como da coletânea. Quando e como surgiu o selo?
Mário Alencar: “Antes de tudo eu tinha um selo de música experimental em meados de 2010, louca, bem esquizofrênica mesmo, na verdade o cabeça era outro e eu apenas um ”ajudante de papai noel”, que apenas recebia ordens e não poderia palpitar, mas as coisas não andaram muito bem e então foi aí que resolvi cair fora e montar a Crooked Tree.
O selo surgiu no final de 2015, com apenas ideias – daí, fiz amizade com caras bem bacanas, que ultimamente tocam na banda que eu faço parte, a Killing Surfers. Nós se juntamos e fizemos reuniões em minha casa, regadas de muito café (risos).
Então, fomos à procura de artistas/bandas independentes (tipo um caça-talentos mesmo hahaha) que tinham a estética precisa para a Crooked, começando pelo gaúcho dpsmkr e o carioca Depressa Moço! que ambos estão conosco até agora – daí então, o selo se dividiu no Rio de Janeiro e São Paulo, com um pessoal que também são artistas e que fazem parte do catálogo do selo, como os caras da banda Humbra e o Edson Codenis, do The Modem.”
[Hits Perdidos] Quais artistas estão no casting e como faz para selecionar?
Mário Alencar: “São no total 19 artistas no casting, temos as bandas de rock Humbra (RJ), Killing Surfers (AL), Pormenores (AL), Fantasmas de Marte (AL), Vera Fauna (Espanha), Jude (AL), Prima Vera (GO) – os projetos de música experimental e de ”singer-songwritters” hehe, Sketchquiet (AL), dpsmkr (RS), Lzu (AL), Eric Iozzi (SP), Mario The Alencar (AL), Sebage (AL), Nonsense Lyrics (AL), Depressa Moço! (RJ), Diaz (SP) que imigrou como Hesla e pretende lançar disco com o selo, Botas Batidas (CE) – e por fim, temos as boas sacadas eletrônicas do The Modem, e um disco de parceria entre o Masm (AL) e Tamura (Filipinas).”
[Hits Perdidos] Como enxerga o cenário musical do Alagoas? Quais nomes destacaria?
Mário Alencar: “O cenário por aqui anda espalhado, mas sempre em grupinhos entre amigos de muitas datas – o lance tá bom, temos artistas e bandas com potencial para sair à fora, mas creio que ainda tem muito a desejar, quando o assunto é esse mesmo, de ”cena”, porque é o que deve tá faltando não só por aqui mas em outros arredores, é a união entre artistas de vários estilos. Enfim, eu poderia passar uma boa lista do que anda se passando por aqui, mas cito apenas três, Sedna (eles vão relançar um álbum com duas faixas adicionais pelo selo no mês que vem), Sebage e Pormenores.”
[Hits Perdidos] De onde veio a ideia para a coletânea? Qual foi o critério para a seleção dos artistas?
Mário Alencar: “Foi apenas para comemorar 1 ano de selo – e os artistas selecionados foram aqueles que lançaram discos durante o ano de 2016.”
[Hits Perdidos] Quais suas faixas preferidas de The Crooked Friends Collective – Vol. 1 até então? Algumas foram até gravadas especialmente para coletânea, quais?
Mário de Alencar: “Eu poderia ficar com todas como preferidas hehe, porque todos estão de parabéns pelas produções, mas, fico com ”Primitive Sounds”, ”Long Trip”, ”O Dia Passou”, ”Matar el Ego, Solo Ser”, ”Dança da Chuva”, ”Special Mend”, ”Darkmark” e ”Coisas Que Perderam o Sentido”.”
[Hits Perdidos] Quais os próximos lançamentos do selo? Vocês organizam ou tem planos de organizar festivais?
Mário de Alencar: ““Diria dois lançamentos que sairão dia 28 de fev e em março (ainda sem data marcada), é o ”Cell Signalling Pathways” do artista Gimu e o relançamento do álbum ”Tyran Sover” da banda Sedna em que citei na terceira pergunta.”
[Hits Perdidos] Para você quais as maiores dificuldades de um selo independente?
Mário de Alencar: “Conseguir um bom status nas divulgações de seus lançamentos, acho que até agora isso pode ser difícil para todos porque nem todos os ouvidos agradam o que proporcionamos e também aquela questão de ter uma união entre todos que estiverem envolvidos.”
[Hits Perdidos] Como observa isto dos artistas estarem conseguindo através da internet propagar demos caseiras de qualidade?
Mário de Alencar: “Eu acho isso um máximo, precisamos mesmo em épocas como estas na música em ter a ousadia de meter a cara nas redes e espalhar o seu nome com gravações de baixa qualidade mas tendo um vigor único, sem precisar investir tanto em “estudiozinhos” caros e que até nem te proporcionam o que você espera.
Eu só tenho a dizer a todos esses ilustres, que continuem a ousar e não ter medo de ser o que você é em sua arte – é cada um no seu galho e ter paciência, porque aparecerá alguém pra te dizer uma crítica construtiva e positiva, e que aquilo que você criou deu a ele algum sentimento especial.”
Além do Mário tive a oportunidade de conversar com o Vinícius Diasz, músico experiente de Taubaté (SP) que além de ter passado por diversos projetos musicais ainda teve a oportunidade de vivenciar a cena de Uberlândia, produzido alguns artistas e trabalhado com divulgação destes. Atualmente ele comanda o Hesla_ seu projeto solo experimental que nos últimos tempos se materializou em um trio e planeja o primeiro registo full em breve.
[Hits Perdidos] Queria que falasse um pouco sobre a faixa “Darkmark”. Quais foram as inspirações? Como surgiu a parceria com o Salvaguardas ?
Vinícius: “Cara, O projeto SLVGRDS foi o primeiro contato que eu tive com música experimental (até mesmo antes de saber tocar algum instrumento (risos) – Em 2008 eu e meu mano Luis Naressi (Labirinto/Seamus) montamos essa brisa.
Agora em 2017 a gente retomou o contato, e resolvemos fazer um som juntos… O Mário da crooked já tinha convidado para participar da coleta, aí achei que seria uma boa chance de acontecer. Sobre as inspirações, da minha parte tenho ouvido muito Tricky e Isaiah Rashad.. Muita coisa que faz essa mistura eletronic/organic caindo mais pro trip hop… Da parte do meu mano Luis, ele já me confessou que define o single como uma mistura de Atticus Ross com Frusciante.”
[Hits Perdidos] “Darkmark” inclusive ganhou um vídeo também um tanto quanto experimental. Como chegaram nele? Tinha alguma preocupação estética ou conceitual?
Vinícius: “O vídeo foi uma grande parceria com brother Joze Vitor Araújo lá de Uberlândia (MG). Ele é videomaker (Já fez clipes pra Udischool/Organismo Rap/Tiago Bits – todos projetos de Rap de lá) Eu sempre mostro meus sons pra ele, o alemão conhece muito de som e a gente sempre troca ideias por horas e horas… Mostrei a master pra ele, e ele curtiu demais. Como tem o sampler dos astronautas no final do som, soltei uma ideia bem rasa e ele pensou em tudo! Deu nisso, não consigo mais ouvir esse som sem ver o vídeo junto!”
[Hits Perdidos] Queria que comentasse um pouco sobre sua trajetória musical. Do Sin Ayuda para o Hesla_ o que mudou? Tanto na sua visão de cena como de inspirações.
Vinícius: “Comecei em 2008 justamente no slvgrds, entrando em 2009 montei thee roman`s field (fizemos alguns shows e acabou) em 2010 eu já rascunhava o que ia ser o Sin ayuda. Lancei 2 eps só que mais ligado ao folk. Em 2011 o projeto tinha se transformado em uma banda onde lançamos 4 eps (evergreen/boat/your sound is what you are/homonimo) e 1 full (Noise Reminders) todos pela Popfuzz Records (AL).
Viajamos bastante e em 2012 tocamos em dois dos melhores festivais do circuito NE, o Dosol e o Maionese (Organizado pelo selo) – Em 2014 a banda encerrou suas atividades, mas desde 2013 eu já tinha o projeto DIAZ (já que a sin ayuda tinha ficado elétrica, eu precisava externar minha faceta folk). Em 2014 lancei um single e um full pela transtorninho records (PE) ~ single:não é por isso e o full: Nuances Bizarras sobre condições Adversas.
Após isso fiz a alguns shows e acabei deixando o projeto de lado. Em 2016 fiz o registro derradeiro pela crooked e parti de vez para a música eletrônica (sem deixar as 6 cordas de lado). Hesla foi surgiu no final do ano passado. Lancei um single e chamei meu brother Ike costa para fazer os lives… já fizemos 3 gigs.
Muita coisa mudou mas tudo continua na mesma merda. Acredito que Natal/RN é o rolê mais adiantado do país… Tanto na originalidade das bandas, quanto no profissionalismo. Independente do estilo, as bandas saem com uma visão pra frente, mostrando que seja lofi ou seja mainstream, elas acreditam em suas canções. Uberlândia é outro lugar muito prolífico. Morei lá pouco mais de um ano e tbm vi bandas ótimas.
Minhas inspirações musicais estão muito abertas. To ouvindo muito Anderson Paak, Childish gambino.. No Brasil: Sick instrumental, Moblins.. Mas também estou ouvindo muito CAN, Portishead.. Hehe 360 graus.”
[Hits Perdidos] Para você quais são os maiores desafios de um artista independente?
Vinícius: “Mostrar seu som sem ser ridicularizado. Toda produção sincera merece respeito.”
[Hits Perdidos] O EP do Hesla_ deve sair ainda esse ano. O que podemos esperar?
Vinícius: “Esse EP vai marcar a formação em trio do projeto. Além de mim (guitarra/voz/produção), o Hesla agora conta com Ike costa (programações/guitarra/sampler) e Alex Ferreira (baixo/guitarra) – Nós vamos focar nas canções que estão no live. O que posso adiantar, é que tem dois beats meus puxando mais pro lado trip hop (um deles vai ganhar o vocal do Victor Meira – Godasdog/Bratislava), e as bases que o Ike desenvolveu nós estamos lapidando para gravar em definitivo.”
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