Após ser um dos grandes destaques do último ano, Supervão lançará 1º álbum em 2018
No dia 09/08 – do ano passado – estava todo atarefado em meio a definições de um projeto e acabei perdendo o show que estava programado para ir. Após a reunião, a Joyce do Cansei do Mainstream me avisa que estava indo ver a Supervão no Estúdio Lâmina. Peço para ela explicar do que se tratava o som e ela não soube me definir, disse que era uma “mistura de várias coisas” mas que era bem dançante.
Confesso que só conhecia o single “Vitória Pós-Humana” e tinha visto uma matéria pipocar na timeline falando que era uma banda que tinha envolvimento com a Lezma Records e Honey Bomb Records. Selos que acompanho o trabalho desde que criei o projeto Ruídos Urbanos.
Lembrei deste fato e falei mentalmente: “Nada mais legal que poder ter a oportunidade de conhecer uma banda ao vivo”. Realmente hoje em dia com a internet cada vez mais conectando as pessoas, o contato humano acaba se tornando algo raro e valioso.
Estive até discutindo outro dia quais eram os fatores que esvaziavam os shows, e muitos deles se resumiam a competição com outros tipos de entretenimento – sejam eles passeios ou manifestações artísticas – a competição com o famoso Netflix and Chill.
Era uma quarta-feira a noite quando pegamos o metrô e fomos até a Avenida São João, subimos as escadarias do Edifício Lâmina e em uma das salas nos deparamos com o Mario Arruda, Leo Serafini e Ricardo Giacomoni da Supervão. Quem também estava presente era o Leo Fazio (Molodoys) que foi ver sua ex-banda que também se apresentava naquela noite, Mona e Outros Mares.
Com o lançamento do EP TMJNT no fim de Julho era a primeira apresentação do grupo de São Leopoldo (RS) tocando canções do trabalho em terras paulistanas. Primeiro tivemos a apresentação da Mona e Outros Mares, esta que foi super performática com direito a dramatização, canções que tinham sido compostas dias antes e muito improviso.
No intervalo entre os shows tive a oportunidade de conversar com o Mario e o Leo sobre a sonoridade da Supervão e eles brincando falaram que tinha um pouco a ver com um monte de coisas que eles piram como o LCD Soundsystem e Velvet Underground. Que para tentar explicar eles citavam alguns gêneros que em minha humilde opinião vendem bem a banda: Technopunk, Electroindie e Neu Tropicália.
Mas eles não se prenderam apenas a explicar a sonoridade e mostrando a lojinha de merch contaram um pouco mais sobre as artes, sobre o envolvimento de Ana Paula tanto nas artes como nos videoclipes e sobre o conceito do que seria o TMJNT. Algo que falarei um pouco mais na entrevista que fiz com eles.
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A experiência de ter visto eles pela primeira vez foi bastante inspiradora. O som frenético e eletrônico dá espaço sim para o lado humano do improviso. É bem sensorial e por mais dançante que seja tem seu lado introspectivo e crítico. Há espaço para delírios eletrônicos mas o show em si é bastante rock’n’roll e faz diversas homenagens ao estilo.
Quem também estava presente naquela noite era Lúcio Ribeiro (Popload) que elencou na lista de melhores do ano TMJNT como o melhor disco/EP nacional independente de 2017.
Depois do show mais relaxados pude conversar e soube que se apresentariam no dia seguinte no Breve ao lado da Musa Híbrida de Pelotas (RS). Foi uma experiência igualmente divertida vê-los depois de uma noite bem dormida e já tendo escutado os dois EP’s no Spotify. Comecei a reparar nos detalhes, referências e na performance.
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OS EPS
A banda conta em sua discografia com dois EPS, Lua Degradê (2016) e TMJNT (2017). O primeiro foi produzido e mixado pela Lezma Records, já a masterização ficou com por conta de Bernard Simon Barbosa (Casinha). A arte da capa foi feita por Ana Paula Peroni e a montagem foi realizada por Lucas Carneiro Neves.
Já o mais recente lançamento, TMJNT, teve edição e montagem feitas por Mario Arruda – que também assina ao lado de Ana Paula da Cunha as artes. A mixagem foi feita por Bernard Simon Barbosa (Casinha) e a masterização por Vini Albernaz (Musa Híbrida).
Os EPs fizeram com que o ano deles fosse recheado de shows tendo participado do Festival Bananada, Morrostock, Festival Brasileiro de Música de Rua, Dia da Música, Festival Bolo Fofo e em novembro tendo tido a oportunidade de abrir para o Homeshake em Porto Alegre.
Atualmente eles estão preparando o primeiro álbum full-length da história da banda e enquanto isso não acontece nós vamos falar um pouco mais sobre cada EP lançado.
“Vitória Pós-Humana” já entra com um beat hip-hop e agrega vocais que parecem ter vindo do soul mas que ao mesmo tempo tem aquele aspecto lo-fi e (certa) ginga. Conforme ela vai se desenvolvendo traz recortes de hits como “Take a Walk On The Wild Side” do mestre Lou Reed e acordes que me lembram os primeiros trabalhos do The Cure e Talking Heads.
Já li resenhas que criticavam toda essa mistureba mas esse conceito é a proposta do primeiro EP, então para mim esta que é a graça. Os sintetizadores nos levam para outras dimensões e me lembram um pouco a sonoplastia de séries como Orphan Black (Channel 4 / Inglaterra). Inclusive a New Rave inglesa dos anos 00 é uma das influências dos gaúchos.
“Lua em Gêmeos” faixa que dá nome ao EP já conversa tanto com a New Rave, como com o Bonde do Rolê, Cansei de Ser Sexy a grupos como Primal Scream, Kasabian e Happy Mondays. A letra fala sobre amor, velocidade e conexão instantânea.
No campo da astrologia ter lua em Gêmeos significa:
“Gêmeos é um signo mutável do elemento Ar, regido por Mercúrio, e quem tem a lua posicionada neste signo se expressa emocionalmente de forma curiosa, com grande facilidade de comunicação e com espírito desperto, adaptável e uma irrefreável vontade de aprender.
Quem tem Lua em Gêmeos geralmente irá se sentir mais confortável quando puder explicar suas emoções, ficando mais satisfeito em situações onde possa estar vendo, ouvindo, circulando e trocando ideias.
Essa Lua reage mal à possessividade ou ao descontrole emocional e pode pecar por excessos, provocar desentendimentos, intrigas ou usar da omissão ou deturpação da verdade para não assumir responsabilidades. Por serem muito variáveis e instáveis, pessoas com Lua em Gêmeos podem transmitir pouca confiança.” – Fonte: Astro Centro
Até por isso o mistério, o conflito e a agitação “regem” a canção. É de certa forma a erupção de muitos sentimentos. O que chama a atenção é o papel fundamental das linhas marcantes de baixo que conduzem a canção feito um maestro.
Já flertando com o synthpop e o rock psicodélico temos “Cadillac Olodum”, esta que mostra também a conectividade com os ritmos brasileiros como o axé. Além da forte influência de ritmos caribenhos como o reggae e o ska no litoral do Brasil. Descrever o som deles é um desafio – e talvez seja mesmo – e por isso é necessário ouvir várias vezes cada som.
“O Imperdível Momento da Semana” é uma canção que me lembra bastante o rock gaúcho pelo viés analítico e crítico com a apatia humana. A crítica vai em direção da “preguiça” e comodismo humano com a rotina. Mas para outros por conta do delay pode ser considerada uma canção para alçar voos para bem longe dessa dimensão.
Mais uma vez o oráculo de Lou Reed – e seu Velvet Underground – que Mac Demarco tanto bebe é evocado em “Degradê”. Tem aquele ar mágico do mistério, tem beats fritos e uma influência do rock sessentista. Definitivamente é uma das mais dançantes e feita para a pista de dança. Ideal para interagir em uma festa estranha com gente esquisita.
O tempo se passou e no dia 28/07/2017 foi a vez do segundo EP da Supervão ganhar vida. Este que chegou com um ar um pouco menos subjetivo e mais forte em termos de engajamento político.
“TMJNT é uma fuga em meio ao caos mental e social causado pelo momento político brasileiro. A partir de uma mistura de sons bastante heterogêneos, a banda produz em TMJNT uma sonoridade que tem sido chamada de technopunk, eletroindie, neu tropicália e vapor rave, gêneros que a Supervão compreende e se influência diretamente. Hoje, juntar diferenças e provocar encontros musicais, cada vez mais, pode ser compreendido como um ato revolucionário tendo em vista os processos de curadoria digital.”
TMJNT começa já com um dos Hits Perdidos do EP, a poderosa “Reunião”. Esta que catalisa uma imensidade de energias cósmicas, batuques de carnaval, samples do house e espírito de Rave.
A energia é boa e ao ouvir pela primeira vez temos aquela sensação de que já ouvimos esta canção antes. Dizem que esse é o segredo de fazer uma canção pop, não é mesmo?
O sentimento e a necessidade de extravasar o sentimento preso na garganta mostra a sinergia com o momento político e social que temos vivido nos últimos 4 anos. A vontade de pertencer ao mesmo tempo que quer se desconectar de tudo isso. É tudo muito contraditório, afinal de contas: lua em gêmeos.
“Tempo Barravento” fala sobre deixar ventar no sentido de coisas ruins virem, passarem mas gerarem uma resistência oposta. Com o mesmo poder de uma usina nuclear. É sobre transformar, construir linhas de pensamento, sofrer para evoluir e prosperar. Para mim com certeza é uma das mais dançantes do EP e que mais tem foco na proposta que foi se moldando desde as origens da banda.
A mais minimalista e monocromática canção do EP definitivamente é “Agradeço ao Povo Brasileiro” que tem cerca de 1:20 de duração. É caótica e tira onda como a “Hora do Brasil”.
Assim chegamos a “VDML” que parece uma trilha sonora de uma Odisseia no Espaço, e nos leva à bordo da Nave Supervão para algum planeta distante. Gosto do experimentalismo rave que se choca com referências pops de artistas como Charli XCX e sua PC Music.
Quem tem a missão de fechar o segundo EP dos gaúchos é a acelerada “Crise Civil”. Tem um pouco de Hot Chip, tem a transgressão do LCD Soundsystem e traz referências modernas – em meio a delays e reverbs.
O viés político se destaca nos trechos: “….Noticiários / Eles só denunciam / Você se expressa / Você… / E agora quem? / Quem tenta…” e em “…Tempos de crise
Ela está dentro de mim (X2) / Criaram-se alguns buracos negros / Eles estão levando
Toda cor”.
Mostrando que a sensibilidade em sentir o momento atual que vivemos e transformar em arte é algo urgente. Talvez por isso também que o discurso tão forte tenha ganho destaque no último ano. Agora é esperar para o tão aguardado primeiro álbum.
Para entender um pouco mais sobre o universo da Supervão conversei com eles e eles contaram um pouco mais sobre os primeiros dias, festivais e planos para 2018.
[Hits Perdidos] Antes de mais nada eu gostaria que contassem dos primeiros dias da Supervão, de onde veio essa piração de somar estilos como technopunk, eletroindie, neu tropicália e vapor rave?
Mario: “Me juntei com o José Fonseca para fazer uns sons, era mais uma ideia de projeto sonoro mesmo. Não tinha nada delimitado, os sons foram vindo ao natural. O José fazia os beats eletrônicos com o Ableton Live, software que em seguida comecei a usar também.
Mas a Supervão tomou forma mesmo com o Leonardo e o Ricardo, foi com essa formação que a gente começou a misturar mesmo. Meio que não deixamos nada de fora, as referências são as coisas que fazem parte da vida de cada um. Temos muito em comum, mas também alguns gostos específicos, percursos e percepções diferentes, isso faz acontecer algo.”
Leo: “Cada um está sempre fazendo uma pesquisa de referência musical ou estética e trocamos essas ideias de maneira espontânea e partimos de um mecanismo de muita pouca poda e sim de experimentação, acerto e erro. No inicio da banda pensando agora, parece também que tentávamos tirar de cada um uma excentricidade e levar ela a um novo nível, lembro a primeira vez que fui gravar uma música com a Supervão era “Cadilac Olodum” e o José me falou para ligarmos todos os pedais da guitarra que eu sempre carregava e fazer o som mais barulhento que rolava e assim íamos descobrindo e desenvolvendo características e timbres de cada um.”
Mario: “Fazíamos muitas festas de rua em 2013. Elas são bastante responsáveis por pilharmos de juntar esse monte de referências. Quando você tá numa festa na rua, você também se vê um pouco mais livre de rótulos. O lance pra nós foi sempre agrupar pessoas que nunca estiveram juntas. Juntar estilos nos pareceu um modo de fazer isso.O cenário cultural do estado tem crescido muito. Hoje tem bastante show acontecendo, eles não param nunca. São vários focos, vários lugares, várias bandas. A gente fica bastante feliz com isso, porque hoje em dia há um circuito a percorrer mesmo dentro do estado. E o legal é que ao fazer isso dá pra conhecer muita gente fazendo música de muitos estilos.”
Léo: “Sempre que recebemos um convite para participar de um festival ficamos sempre honrados e muito felizes, pois nos identificamos muito com essa ideia de juntar diversos tipos de artistas, artes em um local que estimule essa troca de experiências entre todos os presentes que fizeram aquele dia acontecer, produtores, artistas e público.
Recentemente participamos aqui pelo RS de festivais como Morrostock, Festival Brasileiro de Música de Rua e Festival Enxame, com certeza são shows que nos marcaram e nos desenvolveram muito e que levamos sempre como referência quando tentamos realizar as nossas produções.”
[Hits Perdidos] O trabalho de vocês também tem recortes bastante orgânicos e feito de maneira caseira, como em Lua Degradê (2016) que abriu muitas portas para vocês. Como explicariam todo esse processo?
Mario: “É bem simples, a gente vai compondo e gravando ao mesmo tempo. Grava, grava, grava e depois escolhe o que ficou melhor. E tudo isso acontece aqui em casa, numa sala que rolou de improvisar um estúdio.
Então não tem muito equipamento, mas a gente vai tentando aprender uns modos de ir melhorando o resultado com o que tem. Tanto Lua Degradê quanto TMJNT foram gravados assim. No fim masterizamos com pessoas da cena independente também, o Bernard Simon Barbosa, do estúdio Casinha, e o Vini Albernaz, da Musa Híbrida.”
[Hits Perdidos] Como tem funcionado a parceria com os selos Honey Bomb Records e Lezma Records? E como acreditam que tem ajudado a fazer com que o som circule mais?
Mario: “Nossa parceria é de loonga data. Nos conhecemos desde 2012/2013. Então já fazíamos shows e festas antes de lançarmos a Supervão em parceria. A gente admira muito a Honey Bomb, eles são independentes e muito profissionais ao mesmo tempo.
E acho que o som circula mais simplesmente porque são duas redes sendo acionadas. Cada selo tem uma rede massa, que tem pessoas em comum, mas que também conta com pessoas bem diferentes entre si.”
Leo: “Hoje em dia cada selo trabalha de uma forma diferente. Tem alguns que são mais focados em prensagem, outros em organizar turnês, alguns querem criar um catálogo digital legal e etc…
Então aos poucos você vai entendendo e se aproximando dos selos que você mais se identifica; é também uma forma de como a galera que quer trabalhar com essa nova música brasileira independente encontrou de se organizar para agilizar as produções de cada um e se ajudar mutuamente.”
[Hits Perdidos] Neste ano saiu o segundo EP TMJNT. Em conversa mais informal durante apresentação de vocês no Estúdio Lâmina (SP) vocês contaram que o conceito de TMJNT era de abraçar quem conseguisse captar a mensagem. Queria que contassem mais sobre esta experiência de troca tão intensa que vocês tem com os fãs e interessados pelo som.
Mario: “A gente adora viajar, tocar em lugares fora da nossa região. Tem muita gente nesse brasilsão, nesse mundo, que vale a pena conhecer e trocar experiências. Aí a gente fez o TMJNT pensando em conhecer essas pessoas, em realmente se juntar com elas mesmo que momentaneamente pra aprender.
É um disco de troca. E acho que isso se espalhou pro próprio conceito da banda, hoje imaginamos que a Supervão seja um espaço pras pessoas se conhecerem. Se duas pessoas se virem pela primeira vez em um show, já alcançamos algo incrível ao nosso ver. Acho que isso é a importância cultural de qualquer banda: fazer pessoas se conhecerem, encontrarem motivos pra sair de casa e experimentar outros modos de vida.
Leo: “Nós sempre tentamos conversar o máximo possível com cada pessoa que chega nos shows e entender o que ela está sentindo no rolê. Eu acho muito importante entender as emoções que cada um tem nesses momentos e sempre criar um ambiente massa pra quem chegou no show, para quem está fotografando, para o pessoal da mesa de som, luz, galera do bar e assim vai. Um show é uma experiência coletiva e todxs presentes podem fazer a diferença quando estão vivendo plenamente aquele momento.”
[Hits Perdidos] A narrativa política também é um fato importante dentro da compreensão da obra. Como quiseram retratar esse caos mental do momento de indefinições e crescimento do conservadorismo nos quatro cantos do país?
Mario: “Acho que é um período de bastante mudança. E querer segurar é bastante difícil. Então se as mudanças são conservadoras, a gente não vai ter jeito de segurar, o lance talvez seja se colocar em um movimento mais veloz e potente do que a velocidade e a potência dos movimentos reacionários. Por isso, a gente pensa em deixar ventar mesmo, observar a tempestade e tentar aprender com ela.”
[Hits Perdidos] Recentemente vocês participaram da primeira edição do Festival Enxame, como foi a experiência e como vem a importância dessa movimentação para a serra gaúcha?
Mario: “Vish, foi foda. Festival maravilhoso, sonzeira, lugar maravilhoso. Caxias do Sul é um polo muito forte da cultura do estado hoje. Canela também vem se fortalecendo de novo. O lance é que toda vez que vamos tocar nessas cidades, voltamos bastante energizados e felizes.”
Leo: “O Festival Enxame foi a quarta ou quinta vez que tocamos por Caxias, então foi muito massa que chegaram diversas pessoas que já tinham colado em um desses shows e se criou um ambiente de muito apoio e felicidade por aquele momento estar acontecendo depois de muitos anos de movimentação dessa galera que estava na organização do festival.
Conhecemos bandas que já estávamos a um tempo querendo ver como a Cora de Curitiba e podemos ver uma galera que já cruzamos por aí fazendo shows maravilhosos como a Catavento, Musa Hibrida, Cuscobayo e Descartes. Antes do nosso shows também rolou o Grupo Maracatu Baque dos Bugres em plena lua cheia que também foi pura inspiração.”
[Hits Perdidos] Como tem sido o processo evolutivo de vocês? Em questão de procurar referências, beats e novas texturas. Sei que LCD Soundsystem e Velvet Underground foram importantes no começo mas atualmente após dois EP’s como tem funcionado a pesquisa?
Mario: “Acho que a pesquisa não é muito intencional. Vamos escutando o que rola no momento, adoramos os discos nacionais contemporâneos, mas sempre vamos compartilhando coisas clássicas ou discos obscuros de épocas passadas também.
Daí as vezes alguém vem e fala de algo específico. Tipo: “olha esse baixo nessa banda de metal…”, “olha que beat foda desse funk”, “esse timbre de voz”… Acho que temos as percepções recortadas e depois montamos o nosso som a partir da harmonia que entre esses elementos todos.”
Leo: “Acho que não podemos nem chamar o processo de “evolutivo”, é sempre baseado numa imersão nos sentimentos que estamos sentindo.”
[Hits Perdidos] Queria que contassem também da direção artística exercida pela Ana Paula da Cunha e pelo Mario desde as artes dos EP’s, merch até a direção do clipe de “Tempo Barravento”.
Mario: “A capa eu vinha tentando várias ideias, fazia algo e mostrava pro Léo e pro Harry (o Ricardo. A gente chama ele de Harry 😀 ). A ideia sempre foi fazer um lance mais simples que desse pra montar uma serigrafia depois. Mas não estava conseguindo muito bem. Aí pedi ajuda pra Ana, ela deu algumas ideias, fui testando.
Depois nos juntamos algumas vezes e trabalhamos até chegar nesse resultado. Ficamos com duas opções, uma que a estampa era só preta e a outra colorida, que virou a arte oficial.
A ideia da arte simples que desse para virar serigrafia já era pra fazer os merch. Isso veio da conversa entre a banda. Já há algum tempo que vimos que o melhor jeito de financiar coisas em turnê era vendendo cd, camiseta, coisas assim. Então tentamos juntar tudo.
Já o clipe a Ana deu a maior parte das ideias e da concepção estética. Sempre fui de fazer clipes mais carregados plasticamente, com montagem, texturas e cores mais ‘fritas’. A Ana veio com essa ideia de leveza e saímos gravando a vida. Depois propusemos momentos com a banda e com outras pessoas. Foi bem prazeroso fazer, rolou aproveitar momentos, viver coisas mesmo.”
[Hits Perdidos] Além disso o rosa se fez bastante presente na nova capa, o que queriam agregar de significância a ele? Algo legal do processo foi vocês deixarem os fãs escolherem a cor da arte da camiseta, contem para os leitores do Hits Perdidos como foi isso.
Mario: “O rosa primeiro a gente pilhou quando vimos o millenial pink. É a cor dos millenials (risos). Isso tem vários significados, mas pra nós acho que é porque também nos identificamos com essa cultura relacionada á internet… o próprio nome do EP tem esse caráter né, abreviação sem vogais e tal. Tem também o lance de que ouvindo os sons a gente começou a pensar que eram músicas de pôr do sol. Sons de ouvir no sunset (risos).
Já outra referência pro rosa é o trabalho da Ana. Ela nos últimos anos vem fazendo tudo rosa. O rosa é o que unifica o trabalho dela, que conta com pintura, instalação, escultura… Então acho que isso foi causa e consequência pra termos nos juntado nessa capa.
Depois de trabalhar juntos, chegamos em dois resultados finais como comentei na pergunta anterior. Dae ninguém conseguia escolher e achamos que não tinha jeito melhor do que perguntar o que as pessoas da nossa rede achavam. Abrimos uma votação pelo Facebook e a resposta foi muito massa. Acho que o conceito TMJNT foi ali fortalecido, já que foi uma escolha em conjunto. ”
[Hits Perdidos] Até agora foram dois EP’s curtinhos lançados. Vocês pretendem lançar um álbum cheio? Teremos algum lançamento para 2018?
Mario: “Sim. estamos gravando um full album. Acho que vamos fazer um disco com umas 10, 12 músicas. Nossa pilha é lançar ali por junho, tomara que dê! Já está bem avançado o processo.
Acho que o disco vai ser bem diferente só que parecido (risos). Na real, nem a gente sabe ainda o que pensar do que tá saindo, mas o certo é que estamos ficando bem empolgados com as músicas.”
Playlist TMJNT
Para fechar pedi para que eles montassem uma playlist que ajudasse a explicar a mistura louca e revolucionária do som deles. Siga o Hits Perdidos no Spotify!
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