Nova MPB: Cícero, Pedro Bienemann, Jonas Sá, Valentin Frateschi, Luedji Luna, Flor Gil e mais

 Nova MPB: Cícero, Pedro Bienemann, Jonas Sá, Valentin Frateschi, Luedji Luna, Flor Gil e mais

Pedro Bienemann lança álbum de estreia pela Matraca Records. – Foto Por: Lumanzin

Dia de estreia no Hits Perdidos! Continuando a saga de apresentar as 10 novas editorias, a Nova MPB trará conteúdos em micro-resenhas do que de melhor tem acontecido na música brasileira. Singles, discos e novidades com o radar antenado do Hits Perdidos ganham o palco em um post informativo que acompanha sempre uma playlist!

Sobre a Nova MPB

A música brasileira em permanente reinvenção.

“Nova MPB” olha para artistas que transformam a tradição em novidade, misturando gêneros, territórios e experiências pessoais em obras que falam diretamente ao nosso tempo. Aqui cabe desde o samba torto até o folk psicodélico, passando por eletrônica, afrobeats, indie ou funk. Porque MPB é muito mais do que um estilo – e não parou na década de 70.


Pedro Bienemann - Foto Por: Lumanzin - Nova MPB editoria Hits Perdidos
Pedro Bienemann lança álbum de estreia pela Matraca Records. – Foto Por: Lumanzin

Estreia da Editoria: Nova MPB

Valentim Frateschi “Estreito”

Baixista, compositor e produtor musical na banda paulistana Os Fonsecas, Valentim Frateschi, que já pôde colaborar como músico em projetos como Maria Esmeralda, Agnes Nunes, MONCHMONCH entre outros, lança o single “Estreito”, que estará presente em seu álbum de estreia em carreira solo. Com lançamento programado para setembro pela Seloki Records, o material terá participação de artistas como Nina Maia e Sophia Chablau.

A primeira mostra já vem com a carga das influências de nomes como Vovô Bebê, Ana Frango Elétrico, Arthur Verocai, entre outros, como revela o músico. “A letra da canção traz o pescoço como um estreito geográfico que liga o corpo à cabeça, lembrando que é tudo uma coisa só, algo que muitas vezes esquecemos.”, relembra Valentim, que confessa que foi escrita ainda no período confuso, e incerto, da pandemia.

“Na época da composição estava bem imerso no jeito de compor do Vovô Bebê, que aproxima sua poesia a um jeito de falar cotidiano. Para o arranjo e produção posso citar alguns consagrados como Arthur Verocai, Edu Lobo e Henry Mancini, e também artistas mais novos como Crumb, Sessa e Ana Frango Elétrico”.

O espaço físico, entre o cercamento dos muros e as lacunas provenientes das distâncias do período da composição, servem como referências, contornos e estruturas da fundição dos versos e provocações da música. Tudo isso, em meio a poesia, introspecção, delírios e angústia. Seu tom vanguardista e miragem olha pelo retrovisor para os anos 70, mas sem perder o mix de brasilidade e do frescor do contemporâneo das referências supracitadas.

Jonas Sá “DE SENTIR VOCÊ”

Quem aparece por aqui também é Jonas Sá, que há pouco disponibilizou sua primeira inédita em 7 anos, “DEUS”, viajando pelas ondas do Funk-Soul. Agora próximo de disponibilizar seu quarto álbum de estúdio, _MNSTR_, ele revela “DE SENTIR VOCÊ”, desta vez ele chega com um folk-blues lisérgico.

Em sua companhia ele tem uma super-banda com Alberto Continentino, no baixo acústico, Donatinho no piano, Marcelo Callado na bateria, Thomas Harres e Pedro Fontes, nas percussões, e Thiago Nassif no dobro e violão de aço. Jonas, além de conduzir a canção com seu violão de nylon e cantar, também toca sintetizadores e coros por cima de uma base toda gravada ao vivo no estúdio. A produção é assinada pelo trio Jonas Sá, Ricardo Dias Gomes e Thiago Nassif, enquanto a mix (divina) é novamente assinada por Mario Caldato Jr.

Segundo o músico, a música fala sobre a importância de se cercar de pessoas queridas para lidar com um mundo violento e impiedoso e ressalta sua esperança na cumplicidade, no companheirismo e no amor. Ecos dos anos 1970, e grandes nomes, como Luiz Melodia, serviram como inspiração para a parte lírica. É na sua sensibilidade, narrativa e arranjos que abraçam o ouvinte, que a canção cresce e reflete a engenharia dos tempos bem longe dos algoritmos. Cravando a mensagem que os Beatles lá atrás já ecoavam aos quatro cantos.

Antonio da Rosa “Mundo de Amor”

O alagoano Antonio da Rosa, que antes assinava seus trabalhos como Yo Soy Toño, apresenta o primeiro de uma série de singles que resultará no disco de estreia do projeto que leva seu nome de nascimento. Composta ainda em 2021, a faixa tem como centro o afeto com o viés além da cura de um coração partido e mais centrado no sentimento de maneira universal. “Como se o eu-lírico da canção fosse o próprio amor ou a vida em si. Então ela fala muito mais sobre esperança”, explica Antonio.

Ele comenta que a ideia inicial veio de um laboratório de composição com o músico Vitor Barros, no qual resultou em um grande processo de imersão e aprendizado. O processo de produção do single aconteceu com Thiago Mata e Nayane Ferreira, do selo alagoano Maná Records. Outros artistas conterrâneos participam da gravação como Robson Cavalcante (teclado), LoreB (vocal), Igor Peixoto (baixo), Fellipe Pereira (bateria) e Pedro Soares (percussão).

Se compararmos com os trabalhos anteriores, podemos sentir uma guinada mais para o pop, assim como uma maior atenção aos arranjos e espírito colaborativo. De pronto, os metais dão essa cara de abraçar outras referências, assim como a percussão marcada, os coros do soul e a maneira que constrói os versos. Se aproximando de uma lógica de mercado que foi se subtraindo ao longo do tempo… a música feita para tocar no rádio.

Pedro Bienemann Ondas de Choque e Calor

Dos lançamentos mais aguardados da nova música brasileiro definitivamente está Ondas de Choque e Calor, do Pedro Bienemann. Para quem acompanha suas outras empreitadas musical, em projetos como a 131, ao lado de Lumanzin, o talento como compositor e arranjador não é uma novidade… e poder ouvir antes este lançamento que acontece no dia 14/08 é um privilégio que tivemos.

A estreia solo vem pelo selo Matraca Records e conta com a produção musical conjunta entre ele próprio e Fernando Rischbieter, com coprodução do baterista Pedro Lacerda. Até por isso a versatilidade em ir com facilidade da MPB para o rock psicodélico, do eletrônico ao analógico, é algo esperado. A construção dos arranjos, transições sonoras e a coesão, por outro lado, chamam bastante a atenção.

“Eu trabalho com música e arte desde muito novo e os meus maiores mestres e mestras sempre foram os amigos e amigas que fiz ao longo dessa caminhada e tive o privilégio de trocar conhecimento. Essa coisa de tocar vários instrumentos se deu a partir daí, dos convites de tocar com pessoas e linguagens novas, instrumentos novos, muitas vezes coisas que nunca tinha feito e isso vira bagagem pra tudo que eu faço no meu trabalho solo, tanto esteticamente como poeticamente falando.”, comenta Pedro

Os timbres, a criatividade e as soluções evocando ambiências, mostram caminhos e experiências sonoras que podemos classificar como etéreas. Entre escalas diferenciadas, construções ricas, suas progressões e letras que miram no pop de outrora. O próprio material questiona o fenômeno da exaustão geracional, a busca por se destacar na multidão, pela autenticidade em um mundo cada vez mais robótico e o amor como refúgio ecoam como temas em um trabalho memorável.

O material conta com duas faixas com participações especiais, “Não Te Falta Nada”, cujo arranjo de cordas foi desenhado por Lumanzin e “Um Sinal”, onde divide os vocais com Curumin.

Luedji Luna Um Mar Pra Cada Um

A baiana Luedji Luna optou por lançar dois álbuns em 2025 e por aqui destacamos: Um Mar Pra Cada Um, seu quarto álbum de estúdio. O refinamento estético e a aproximação é evidente. O projeto encerra a uma trilogia iniciada com os discos Bom Mesmo É Estar Debaixo D’Água, e sua edição deluxe, enquanto passeia por ritmos como jazz e neo-soul.

Entre as participações está a do trompetista japonês Takuya Kuroda, figura proeminente da cena do jazz contemporâneo, conhecido por sua capacidade de fundir o jazz com diversos estilos musicais, como o soul, funk, hip-hop e afrobeat, além de nomes como Liniker, Curumin,  Zudzilla e produtores como Lucs Romero e Duda Raupp.

Desejos, traumas, questões profundas, amar e ser amada, fazem parte do emaranhado de emoções que permeiam o refino do lançamento da artista.

Flor Gil “Chegou pra Ficar”

Após lançar em abril, CINEMA LOVE, Flor Gil apresenta o single “Chegou pra Ficar”, faixa que integra a trilha sonora da novela Êta Mundo Melhor!, da TV Globo. Nela a artista que canta e toca violão interpreta uma canção escrita por Monique Kessous e Mú Carvalho.

O produtor musical, inclusive, já pode trabalhar com Gilberto Gil, com quem teve a oportunidade de tocar teclados durante a passagem do músico pelo Festival de Montreux. Cancioneira, a canção tem referências da música caipira, tanto em seu tema como na leveza que a artista imprime ao interpretá-la.

Cícero “Uma Onda em Pedaços”

Após 5 anos, Cícero compartilhou seu primeiro álbum de inéditas em 5 anos, Uma Onda em Pedaços. O material chega com participações de artistas como Duda Beat, Tori e Vovô Bebê com composições em diferentes idiomas. Ele mesmo revela que entre os temas, os finais e recomeços aparecem tanto nas letras como nas estéticas diferentes que se propõe no novo registro.

Sua aura pop vai ao choque do experimental, tanto no campo lírico, como nas escolhas sonoras. Jazz, Pop, MPB, Música Clássica, Indie, Experimental, tudo tem espaço em sua odisseia que chega a citar até mesmo Fernando Pessoa em “No rebanho dos meus pensamentos”.

Tereu Música Pra Enxergar de Novo

Através do selo TRUQ Música do Brasil, Tereu experimenta timbres, sonoridades brasileiras e flutua pelo tempo em Música Pra Enxergar de Novo. O compositor, pesquisador e multi-instrumentista Matheus Andrighi, é de Santa Catarina, mas está radicado em São Paulo desde a última década.

O amadurecimento e as questões millennials permeiam o seu trabalho, entre suas mudanças tanto geográficas como no campo emocional que permeiam sua biografia. Entre as mudanças tecnológicas, os comportamentos nas relações interpessoais e o mistério da vida.

A música de artistas como Belchior, Jorge Ben, Beatles e Joni Mitchell e o realismo fantástico de escritores latinos como Guimarães Rosa e Gabriel García Márquez, sincronizam com os fragmentos de suas memórias. A MPB, o samba, o jazz e outros estilos entram no emaranhado de referências e pequenos poemas sobre o cotidiano.

Gustavo Glaser “De outra vez”

O músico Gustavo Glaser, de Belo Horizonte (MG), é conhecido por ser co-fundador d’O Cerne e agora se aventura em carreira solo em seu primeiro lançamento, “De outra vez”. O single que chega hoje pelo selo Melado estará presente em seu EP homônimo com previsão de lançamento ainda para este ano.

Segundo o compositor, a música fala sobre ressignificar um relacionamento romântico passado sob uma nova luz. Entre as referências sonoras como base ele cita a música brasileira, o folk, indie rock e até mesmo o shoegaze. As influências do projeto são bastante contemporâneas, Tim Bernardes, Sophia Chablau E Uma Enorme Perda De Tempo, Exclusive Os Cabides, Bruno Berle, Radiohead, Mac DeMarco e The Microphones.

O lado lo-fi, e com atmosfera caseira, nos remete até mesmo as referências de artistas como as melodias simples de Daniel Johnston, o vocal sussurado de Tim Bernardes e a dor transformada de Nick Drake.

Pai Guga O Tumulo do Mergulhador

Conhecido pelo trabalho ao lado da banda Amplexos, projeto que liderou por mais de 18 anos, o músico fluminense Eduardo Valiante, que assina seus projetos como Pai Guga, lançou no começo do ano seu álbum de estreia solo, O Túmulo do Mergulhador.

Trabalho este que se coloca na posição de vulnerabilidade e que serve de recomeço em sua carreira artística. Ele mesmo cita referências que vão desde o rock, jazz, funk, drum & bass até o afrobeat, sem deixar de lado claro referências da música brasileira. É neste quesito que o material se destaca como estudo de caso. Afinal de contas, o que é gênero musical nos dias de hoje? Vivemos em meio a uma locomotiva infreável de lançamentos e referências que vão do som do boteco da esquina às curvas sem fim da internet.

Tudo isso através de colagens sonoras, ambiências e experimentações. Ao todo o material reúne 10 faixas com participações de artistas como Fernando Catatau (ex-Cidadão Instigado, Nação Zumbi, Los Hermanos) e o trio Marlon Sette, Jorge Continentino e Diogo Gomes, que já trabalharam com Caetano, Gil, João Donato e Bala Desejo.

Playlist: Nova MPB

Siga a Playlist no Spotify


error: O conteúdo está protegido!!