Joyce Manor revela segredos e curiosidades antes de embarcar para a primeira turnê no Brasil
Demorou, é bem verdade mas finalmente o Joyce Manor vem ao Brasil pela primeira vez. Uma das bandas que ganhou popularidade ao lado do Tigers Jaw ainda no Tumblr, pelo apelo pop punk/indie rock, vem para celebrar os 10 anos do sucesso do Never Hungover Again (2014). Com eles, a banda de post-hardcore/noise rock Gouge Away, liderado pela vocalista Christina Michelle, se apresenta entre os dias 15 e 17 de novembro no Rio de Janeiro, Curitiba e São Paulo.
A realização é da New Direction Productions junto à Powerline Music Books.
As datas da turnê do Joyce Manor + Gouge Away
- 15/11 no Rio de Janeiro/RJ (Experience Music) com abertura das bandas Faia e Um Quarto;
- 16/11 para Curitiba/PR (Basement Cultural) com abertura das bandas Mitocôndria e Freespirits (
do Reino Unido); - 17/11 em São Paulo/SP (Fabrique Club) com abertura das bandas Gagged e Metade de Mim.
Entrevista: Barry Johnson (Joyce Manor)
Tivemos a oportunidade de conversar por zoom com o vocalista/guitarrista da banda de Torrance (Califórnia/EUA), formada em 2008, Barry Johnson que revelou detalhes sobre as produções dos discos do Joyce Manor, contou mais das parcerias com artistas como Phoebe Bridges, turnê com o The Story So Far e shows ao lado de artistas como Jawbreaker, Mitski, Oso Oso e Weezer.
Queria começar perguntando dessa turnê. É a primeira vez que o Joyce Manor vem ao Brasil, chegando para três shows. Qual a sua expectativa para esses dias?
Barry Johnson: “Bem, as bandas de amigos nossos já foram várias vezes para o Brasil e todos falaram coisas incríveis a respeito do público daí, que é muito entusiasmado. Nós lançamos um disco dois anos atrás e estamos excursionando sem parar desde então. Acho que vai ser muito bom para nós. A essa altura do ciclo de turnês já estamos bem cansados. Depois de umas férias que tiramos, vai ser ótimo tocar em um novo lugar, para novas pessoas que, esperançosamente, estarão muito empolgadas. Isso será muito bom para nós psicologicamente e espiritualmente.”
Nesse ponto vocês já são uma banda há 16 anos. Lançaram seis albuns completos, duas compilações de demos, diversos EPs e Splits. É um catálogo bem grande. Esses shows ainda fazem parte da turnê de “40 oz. to Fresno”, mas o que podemos esperar dos set lists?
Barry Johnson: “Como você disse, temos 6 discos, mas todos eles são bem curtos. Menos de 20 minutos na maior parte deles. Então toda vez que tocamos, pegamos grande parte de todos os discos porque precisamos, sabe? (Risos).
Mesmo que nós toquemos apenas o disco novo, são só 16 minutos. Desde o início, nós tentamos pegar músicas de todo o catálogo. Especialmente sendo a primeira vez que vamos ao Brasil, acho que vamos nos manter abertos ao que o público quer ouvir. Tentar receber pedidos também. E se parecer que o público está se conectando mais com alguma era da nossa carreira, seja do primeiro disco, do Never Hungover Again, do Cody… Então que seja, vamos focar nisso.
Gosto de deixar solto e divertido. Para a maior parte do público vai ser a primeira vez que estarão nos vendo e isso é ótimo. Nós fizemos tantos shows nos Estados Unidos nos últimos anos que eu já reconheço várias pessoas, que nos viram cinco vezes esse ano ou mais. Nesse caso, eu não sinto muita pressão com o setlist, quero mesmo é tocar o que o público brasileiro quer ouvir.”
Eu sou um grande fã do “Million Dollars to Kill Me”, acho que é meu disco favorito de vocês. Espero ouvir algumas músicas desse disco.
Barry Johnson: “Ah, que legal, obrigado por isso! Esse é um disco que eu amo muito também!
Aquela época foi um momento estranho para a banda. Esse disco não se conectou tão bem quanto os outros com o público, ele ainda não ficou mais popular com o passar dos anos, que foi o que aconteceu com os outros discos. Quando Never Hungover Again saiu ele conseguiu resultados razoáveis, mas ao longo dos anos as pessoas parecem gostar mais e mais dele, a mesma coisa com o Cody.
Então eu, de forma um pouco arrogante, pensei: “Ah, as pessoas vão entender o Million Dollars to Kill Me daqui alguns anos”. Mas não. (Risos). Normalmente quando tocamos músicas dele as pessoas não conhecem tanto. Mas garanto que vamos tocar algumas!”
Esse ano vocês estão comemorando o décimo aniversário de Never Hungover Again. Era um momento de muitas mudanças para a banda, foi o primeiro disco lançado pela Epitaph, com mais equipamentos e dinheiro. Qual a sua relação com esse disco em 2024?
Barry Johnson: Eu tive algumas bandas antes do Joyce Manor onde eu estava tentando me descobrir como músico, aprendendo a compor. Então quando finalmente fizemos nosso primeiro disco eu tinha 24 anos. Eu participava de bandas desde os tempos da escola, mas ainda estava aprendendo a minha maneira de escrever músicas. Quando chegou a hora de gravar o primeiro disco, foi quase como um best of de coisas que eu já tinha escrito antes.
Então parece que nós saímos logo de cara com esse conjunto de músicas que deu muito certo, as pessoas gostam muito desse disco de cara. Mas foi muito difícil seguir daí.
O sentimento que eu tinha era que eu fiz um disco e eu tenho isso pra sempre. Eu já podia parar por ali. Era assim que eu me sentia, por algum motivo. Nosso segundo disco, Of All Things I Will Soon Grow Tired, não parece completo. Nós não sabíamos o que fazer depois disso e quando chegou a hora de fazer Never Hungover Again foi um trabalho muito duro para fazer algo que não fosse exatamente uma repetição do primeiro disco, mas que crescesse a partir dali e fosse para um lugar um pouco diferente.
Atingir novos patamares sem perder o que as pessoas gostavam do primeiro disco e o que nós gostávamos dele também. Foi muito difícil chegar lá. Eventualmente nós tivemos um avanço que foi muito animador e conseguimos fechar um álbum que eu gosto mais do que do primeiro, particularmente. Mas foi um processo de escrever músicas e elas não ficarem boas o suficiente.
Acho que finalmente conseguimos quando decidimos seguir com algo que era menos estático nos acordes, que tinha muito movimento acontecendo. Isso foi algo que tivemos que aprender a fazer, principalmente eu e Chase (Knobbe, guitarrista).
Mas assim que chegamos nesse ponto, foi algo muito animador. É nisso que eu penso quando lembro desse disco. Parece que foi uma nova vida para nossa banda. Eu tinha muita ansiedade de ser uma daquelas bandas que só o primeiro disco é bom.
Quantas bandas são assim? Eles aparecem com uma estreia incrível e nunca conseguem seguir completamente. Tem muitas bandas assim. Eu tinha muita ansiedade e insegurança de que nós estávamos destinados a isso. Eu acho que nós conseguimos fugir disso.”
Eu também acho que vocês conseguiram e, na minha opinião, a força tanto desse disco quanto do primeiro é justamente no quão grudentos eles são. Eles são discos Punk, sim. Mas também são muito pop, com melodias marcantes. Mesmo em músicas curtas. Queria saber como vocês abordam a composição. Vocês escrevem as melodias primeiro, ou as letras vem antes, os acordes..
Barry Johnson: “No começo eu me sentia muito inspirado, sabe? Quase como quando você tem uma música grudada na cabeça, essas músicas apareciam quase completas pra mim. Ou algumas partes cruciais delas apareciam e eu corria para gravar.
Nessa época nós ainda não tínhamos celulares como os de hoje, então eu ligava para mim mesmo e deixava mensagens na caixa postal com as melodias ou ideias de letra. Constantemente eram as duas juntas. Daí eu começava a trabalhar em cima dessas gravações.
Algumas das melhores músicas que eu escrevi, “Constant Headache” por exemplo, foi toda a letra e a melodia de uma vez. Foi algo insano, eu não estava tentando escrever uma música. Eu estava em um ônibus, olhando pela janela e a música apareceu pra mim. E muito desse começo foi assim.
Raramente eu pensava “vou escrever uma música, aqui vão uns acordes, vamos criar uma melodia”. Não era algo pensado assim. Foi assim até Never Hungover Again. Por isso muitas das músicas até ali parecem remanescentes de outras coisas e eu às vezes só noto depois de muito tempo. “Ah, essa música parece muito com essa outra que eu escutava”.
Essa coisa da inspiração genuína era algo que vinha naturalmente a mim naquela época. Agora é algo que exige mais trabalho e eu tenho que sentar com uma guitarra por um tempo para compor. Mas normalmente é quando eu estou no piloto automático, sem prestar muita atenção, que as melhores ideias vêm. Pra dar uma resposta mais concreta, hoje a melodia vem primeiro, seguida dos acordes e depois da letra.”
É muito interessante que entre esses dois discos vocês lançaram o Of All Things I Will Soon Grow Tired. O álbum dura 13 minutos, as estruturas das músicas são bem diferentes. Realmente parece uma banda que não quer soar com seu primeiro disco, como você disse.
Barry Johnson: “Sim. Eu acho que nós estávamos com muita dificuldade de encontrar esse disco. É assim que ele soa pra mim, sem foco. Na realidade, teve outra sessão de composição depois do Of All Things… que também foi estranha e sem foco.
Foi nossa primeira tentativa de escrever Never Hungover Again. Finalmente na segunda tentativa nós tivemos um avanço e músicas como “The Jerk”, “Falling In Love Again” que soam como o primeiro disco, mas que parecem novas e nos animaram muito. Of All Things, mesmo tendo momentos que eu gosto muito, parece uma banda tendo uma crise de identidade.”
Sim, eu gosto desse disco. Tem músicas muito boas como “If I Needed You There” e “Bride of Usher”, mas é muito interessante como Never Hungover Again é um sucessor incrível do primeiro disco, com essa atmosfera completamente diferente, acho isso muito interessante.
Barry Johnson: “Em retrospecto, eu acho que se nós tivéssemos alguém nos ajudando, uma pessoa de A&R (artistas e repertório), talvez tivesse sido um processo melhor. Nós estávamos na Asian Man Records, um selo maravilhoso e o Mike Park é uma pessoa incrível, mas ele não se envolve muito no processo criativo. Ele deixa isso para suas bandas.
Ele nunca vai te dizer o que fazer e o que não fazer. Mas se nós estivéssemos em um selo com uma pessoa mais ativa que pudesse nos guiar na composição do disco, eu me pergunto se o caminho até Never Hungover Again teria sido tão árduo. O primeiro disco é de 2011 e o segundo de 2012. Nós fomos muito impacientes e não conseguimos chegar lá com o segundo disco, mas hoje isso é irrelevante.”
Nos discos após Never Hungover Again vocês trabalharam com grandes produtores. Cody foi produzido pelo Rob Schnapf, que produziu simplesmente os principais discos do Elliott Smith e outros grandes artistas.
Barry Johnson: “Rob é uma das pessoas mais importantes na minha vida enquanto músico. Trabalhar com Rob Schnapf foi um dos pontos altos da minha carreira, ele abriu minha mente para como funcionam as músicas. Como eu disse, anteriormente meu processo era muito intuitivo. Eu não sabia o que eu estava fazendo e vendo de perto como Rob aborda composições e arranjos, aprendi muito.
Aprendi a olhar para músicas e a tentar deixá-las mais interessantes. Não de uma forma cínica “Ah, quero fazer as músicas serem mais palatáveis”. Na verdade ele constantemente queria deixar as coisas mais esquisitas, ou talvez menos entediantes.
Se você quer fazer uma coisa quatro vezes na música, que é uma convenção aceita, ele simplesmente dizia: faça só três vezes. A principio isso parecia muito esquisito, por que você arbitrariamente quer fazer esse momento acontecer apenas três vezes? E isso tem a ver com criar expectativas no ouvinte.
Se primeiro você faz algo quatro vezes e três vezes na segunda, seu ouvido estava esperando outra coisa. Essas diferenças sutis mantém o ouvinte engajado. Ele é um mestre nessas pequenas mudanças. Você sabe aquelas plantas bonsai, onde você só faz pequenos aparos? Isso é o Rob.
Ele nunca vai mudar completamente a sua ideia, ele só vai fazer pequenas mudanças e então a música inteira é dez vezes melhor. Nós já fizemos dois discos completos com Rob (Cody e 40 oz. to Fresno) e eu amo trabalhar com ele. Amo ele como pessoa, como amigo e sou muito grato por ter esse crédito nos nossos discos. Só de ser mencionado em conjunto com artistas como Elliott Smith e Guided by Voices, é uma honra.”
Já em Million Dollars to Kill Me vocês trabalharam com Kurt Ballou, que é o guitarrista do Converge e produziu várias bandas brutais de metal e hardcore. Eu acho muito curioso que a junção de Converge com Joyce Manor nos deu um baita disco de power pop.
Barry Johnson: “Essa experiência foi sensacional também. Uma das coisas que fez desse disco diferente foi trabalhar com o Rory Phillips, que é o compositor da banda The Impossibles, do Texas. Nós começamos a trocar e-mails onde eu mandava uma ideia e ele voltava com a música finalizada. Foi um processo interessante, inicialmente seria um EP solo meu, uma coisa meio Beatles que eu estava trabalhando.
Eu achava que seria divertido fazer um processo meio The Postal Service, onde ninguém estava no mesmo ambiente, mas estávamos trabalhando em músicas juntos. E eu notei que eu estava muito mais empolgado com a ideia de fazer algo assim do que um disco do Joyce Manor como nós costumávamos fazer até então. Eu falei com o Chase e o Matt e perguntei se eles tinham interesse em trabalhar nesse projeto comigo e com o Rory. É um processo divertido, animador e bem diferente. Eles se animaram bastante com a ideia e a maior parte do disco foi escrita dessa forma. “Wildflowers”, “Silly Games”, algumas outras.
O processo com Kurt Ballou
Rory fazia muitos dos arranjos, aí nos ensaios da banda nós aprendíamos a tocá-los como uma banda. Daí fomos gravar com Kurt Ballou. Minha ideia inicial era pegar essas músicas bem pop e gravar como ele fazia com Orchid ou uma banda brutal assim. Algo bem caótico, barulhento e dissonante. Nós tentamos isso e no fim, ninguém ficou empolgado com a maneira como aquilo soava. Acho que ficamos com medo daquela ideia.
O próprio Kurt estava meio chateado também, ele falava: “Poxa, eu gravo coisas pesadas assim o tempo inteiro e vocês estão me trazendo ótimas músicas pop. Eu quero fazer um disco assim”. Então nós decidimos fazer isso. Ainda tem alguns sons remanescentes dessa ideia original, mas acho que ficou melhor dessa forma.
Nós então mixamos o disco com uma lenda, o Andrew Scheps. Ele mixou muitas coisas do Rick Rubin. Tinham tantas pessoas talentosas envolvidas com aquele disco: A produção do Kurt foi incrível, ele criou sons maravilhosos; a ajuda do Rory com os arranjos e composições e a mixagem fantástica do Andrew. Eu tenho muito orgulho de como esse álbum ficou, mas me pergunto como teria sido o resultado final se nós tivéssemos ficado na ideia original de fazer um disco muito pesado. Nós arregamos mesmo.”
Quem sabe isso não possa ser um projeto interessante para o seu futuro, não é?
Barry Johnson: “Sim, de fato! E também não é como se nós quisessem ficar gigantes, mas nós estávamos em um selo bem grande que acreditava muito no nosso trabalho e nós tínhamos músicas pop boas, bem grudentas. Tinha muito potencial para esse disco.
Mas se nós tivéssemos decidido fazer um álbum que sonoramente nunca teria apelo para o público em geral, mesmo sendo muito interessante para mim pessoalmente, não tinha a menor chance de alguma dessas músicas nos ajudar, ficar grande. Isso parecia um pouco assustador naquele momento da nossa carreira. Agora eu não me preocupo tanto com isso. Por sorte nossos discos foram muito bem recebidos, eu estou satisfeito, temos ótimos fãs, eu acho que não preciso me preocupar mais com o que o público em geral vai achar.”
Uma coisa que eu acho interessante é como vocês tem uma vasta rede de artistas com quem vocês trabalham consistentemente, seja em participações em músicas ou em turnês juntos. Vocês tem uma participação da Phoebe Bridgers no Cody antes de ela ter lançado o primeiro disco dela, não é mesmo?
Barry Johnson: “Sim, eu a conheci em uma festa de aniversário. Ela era fã de Joyce Manor e veio falar comigo, perguntar se eu era o vocalista da banda. Nós então conversamos e ela foi muito legal. Ela falou que estava trabalhando no disco dela, tinha um single que estava para sair no selo do Ryan Adams (PAX-AM), as coisas estavam acontecendo para ela.
Nós falamos um pouco sobre sermos fãs de Elliott Smith e eu falei que estávamos trabalhando com o Rob Schnapf, que ela aparecesse no estúdio e eu a apresentaria para ele. Sem planos de ela cantar no disco ou algo assim. Enquanto ela estava lá, perguntei se ela queria gravar os backing vocals daquela música (“Do You Really Want to Not Get Better?”) e ela imediatamente gravou essa harmonização linda. A voz dela é maravilhosa.
Sabe, eu estava gravando os vocais e minha voz não é das melhores. Eu conseguia ver o Rob gravando minha voz e não achando nada demais. Assim que ela abriu a boca ele ficou muito empolgado, começou a mexer nos preamps para favorecer a voz dela. Antes disso eu não tinha ouvido nada dela, e ali vi que ela realmente seria uma das maiores artistas do mundo. Ela está no disco da Taylor Swift também, não é? Maluquice!”
Vocês também saíram em turnê com uma variedade de artistas que vai da Mitski ao The Story So Far. Como essa comunidade ajuda a banda?
Barry Johnson: “Essa é a melhor parte do trabalho. Com a Mitski, por exemplo, ela tinha acabado de lançar um disco que eu gostei muito. Eu enviei um e-mail pra ela dizendo que nós deveríamos fazer alguns shows juntos e ela topou. Quando nós vimos a apresentação dela, foi outro caso de nós notarmos ali que ela seria enorme. Ela tem um talento imenso.
Eu me considero muito sortudo de ter tantas pessoas que eu admiro como artistas por perto, e que também curtem o que nós fazemos. É um grande privilégio, seja com artistas como Weezer, Jawbreaker, Mitski, oso oso, que é uma das minhas bandas favoritas, nós tocamos com eles também… Mas é muito legal poder sair desse ambiente mais indie e fazer uma turnê de sucesso com uma banda como The Story So Far, que são maravilhosos e destruidores ao vivo. Esse tipo de show é muito divertido também porque o público normalmente é bem mais jovem e muito empolgado, um público genuinamente pop punk.
Não tem o elemento de indie rock mais calmo envolvido, que eu também amo. Amo tocar com essas bandas e amo ser reconhecido pelo público indie. Mas me divirto muito tocando pro público de pop punk. Eu amo que com nossa banda conseguimos circular nos dois mundos tranquilamente.”
Você mencionou o Weezer e o Joyce Manor abriu os shows da turnê mais recente da banda pelos Estados Unidos. Você também lançou uma música com eles. Como foi esse relacionamento?
Barry Johnson: “Isso foi muito surreal! Eu sou fã de Weezer provavelmente desde que eu tinha apenas um dígito de idade, desde os 8 ou 9 anos. Foi incrível, uma experiência de outro mundo, poder colaborar com eles. Eles também foram super legais conosco. Eu não tenho nem palavras para falar sobre isso. Ainda não processei tudo.”
Bom, nós já estamos falando aqui há quase meia hora…
Barry Johnson: “Desculpa, eu falo muito, poderia ficar falando horas e horas sobre essas coisas. (Risos).”
E eu agradeço demais pelo seu tempo! Queria falar também sobre o último disco de vocês, o 40 oz. to Fresno. Ele tem músicas mais antigas de vocês, que foram regravadas agora. “NBTSA” foi lançada como demo anteriormente, “Secret Sisters” veio das sessões do Never Hungover Again. Como foi trabalhar nessas músicas de novo depois de tanto tempo?
Barry Johnson: Exatamente. “Secret Sisters” veio daquela primeira tentativa de fazer Never Hungover Again que eu falei e parecia que nós não estávamos chegando onde queríamos. Eu gosto muito dessa música, mas ela era muito parecida com algo do nosso primeiro disco. Era em compasso ¾, com esses acordes bem pesados, tinha essa vibe Weezer um pouco mais agressivo, que era o que nós já tínhamos feito no primeiro disco. Eu naquele momento realmente não queria fazer outro Self-Titled. Queria fazer algo que soasse novo e animador para mim.
O que era maluco porque nós tínhamos apenas um disco lançado. Tudo bem não tentar reinventar a roda no seu segundo disco. “Secret Sisters” então foi uma das que tiramos do disco e deixamos na prateleira. Daí nós lançamos durante a pandemia uma coleção de demos (Songs from Northern Torrance), nós iríamos adicionar essa música e algumas outras também, mas decidimos não. Resolvemos manter só as coisas de antes do primeiro disco. Então só coisas de 2010 ou antes.
Daí eu tive uma ideia: e se colocássemos “Secret Sisters” em um novo disco e tentássemos fazer um novo Self-Titled dez anos depois? E se eu tentasse fazer algo que é um pouco mais agressivo, menos power pop?
A única música do disco que foi feita desse jeito, no final, foi “Gotta Let it Go”. Tínhamos essa vontade de fazer músicas para bater cabeça mesmo, tinha um tempo que não fazíamos isso. Já fazia algum tempo que não revisitavamos esse lugar da banda. Daí juntei com “NBTSA”, que eu queria fazer uma gravação completa também. Essa música também é da época entre Of All Things… e Never Hungover Again e nunca passou da fase de demo. Então eu já tinha algumas peças para construir em volta. Daí me entediei no processo de escrever músicas desse jeito, sendo bem sincero, e deixei meu processo de composição seguir o rumo dele.”
Esse disco tem um cover de “Souvenir”, do Orchestral Manoeuvres in the Dark. Como foi a ideia de adicionar um cover a esse repertório?
Barry Johnson: No Of All Things… já tinha um cover de “Video Killed the Radio Star” do The Buggles. Isso é uma coisa meio Joyce Manor, fazer covers pop punk de músicas new wave. É algo bem bobo, meio nerd, desengonçado, mas gostamos. Sabe aquelas coletâneas Punk Goes Pop? É tipo New Wave Goes Pop Punk. (Risos). Por algum motivo isso é algo que gostamos de fazer e eu curto muito esses dois covers. É uma peculiaridade da nossa banda.”
Eu acho que esse cover encaixa muito bem na vibe do disco, ainda mais como a música de abertura.
Barry Johnson: “Sim! Essa é uma música bem “Secret Sisters” também. Ela é meio pesada, tem muita distorção, eu queria fazer o disco inteiro assim. Mas me entediei mesmo.”
Eu li em algum lugar que você escreve músicas curtas porque você está sempre se auto-editando e fica satisfeito com as músicas da forma como elas terminam. Não precisa se alongar. Como você sabe que as músicas estão prontas?
Barry Johnson: “Eu não quero que nada aconteça sem estar contribuindo para o impacto da música, seja lírica ou musicalmente. É assim que eu sou. O próprio Rob Schnapf me ajudou a entender que nem todo momento de toda música tem que ser inovador. Às vezes você quer dar algo que é familiar para o ouvinte para que então você possa subverter isso. Se você sempre está apresentando ideias novas, isso pode ser desorientador.
Às vezes você precisa amarrar um tema familiar para que eles não precisem usar seus cérebros por um segundo. Dê um momento para eles reconhecerem tudo e depois subverta. Então é tipo: “Ok, vou voltar para esse riff inicial, mas quero que a progressão de acordes seja diferente no fundo”. Esse é sempre o meu impulso.
Eu quero sempre adicionar coisas novas, que vão incrementando a música. É assim que meu cérebro funciona e acho que é um pouco fora do padrão porque a maioria das músicas do mundo são um pouco mais longas que as minhas e tem partes que se repetem mais. Mas eu sinto muita dificuldade em escrever assim.”
Serviço turnê de 10 anos de Never Hungover Again no Brasil
Joyce Manor e Gouge Away no Rio de Janeiro
Data: 15 de novembro de 2024
Horário: a partir das 19h30
Local: Experience Music
Endereço: Rua Riachuelo, 20 – Lapa, Rio de Janeiro – RJ,
Ingresso: https://fastix.com.br/events/joyce-manor-e-gouge-away-no-rio-de-janeiro
Lote promo:
R$ 130,00 (meia e meia solidária); R$ 260,00 (inteira)
1º lote: R$ 150,00 (meia e meia solidária); R$ 300,00 (inteira)
2º lote: R$ 160,00 (meia e meia solidária); R$ 320,00 (inteira)
Joyce Manor e Gouge Away em Curitiba
Data: 16 de novembro de 2024
Horário: a partir das 18h30
Local: Basement Cultural
Endereço: Rua Desembargador Benvindo Valente, 260 – São Francisco – Curitiba, PR
Ingresso: https://fastix.com.br/events/joyce-manor-e-gouge-away-em-curitiba
Lote promo: R$ 130,00 (meia e meia solidária); R$ 260,00 (inteira)
1º lote: R$ 150,00 (meia e meia solidária); R$ 300,00 (inteira)
2º lote: R$ 160,00 (meia e meia solidária); R$ 320,00 (inteira)
Joyce Manor e Gouge Away em São Paulo
Data: 17 de novembro de 2024
Horário: a partir das 16h
Local: Fabrique Club
Endereço: Rua Barra Funda, 1071 – Barra Funda, São Paulo – SP
Ingresso: https://fastix.com.br/events/joyce-manor-e-gouge-away-em-sao-paulo
Lote promo: R$ 140,00 (meia e meia solidária); R$ 280,00 (inteira)
1º lote: R$ 160,00 (meia e meia solidária); R$ 320,00 (inteira)
2º lote: R$ 170,00 (meia e meia solidária); R$ 340,00 (inteira)