LEROCK Fest agita Santiago e destaca a música indie do Chile

 LEROCK Fest agita Santiago e destaca a música indie do Chile

Sistemas Inestables no LEROCK Fest – Foto Por: José Pedro Downey (LEROCK Fest)

O diferenciado LEROCK Fest, que acontece em Santiago do Chile, nos apresenta o que há de mais atual e surpreendente na cena latino-americana experimental, instrumental e alternativa.

LEROCK Fest - Foto Por: José Pedro Downey (LEROCK Fest)
LEROCK Fest. – Foto Por: José Pedro Downey (LEROCK Fest)

Vivemos tempos difíceis, tempos de Guerra. Vivemos tempos duros, de pós-distanciamento social, de pós-pandemia. O mundo parece que mudou, de alguma forma, mesmo que estejamos cada vez mais próximos, estamos mais distantes.

É difícil encontrar bons momentos como antes. É difícil encontrar algo que realmente seja marcante. Foi muito duro, ficar dois anos longe do convívio dos amigos, dos bastidores dos shows, das turnês e dos festivais de música. E, mesmo que as coisas tenham voltado a partir de 2022, elas ainda não são como eram em 2019. Parece que algo ficou suspenso no ar. Um grito calado. Um tempo perdido no tempo.

Eis que surge um convite. Uma mensagem chega no meu WhatsApp, do nada. Era o Javier Hechenleitner, Diretor do LEROCK Fest (site oficial), do selo LEROCK e baterista da incrível banda Sistemas Inestables que estava me convidando para ir participar do festival. Ele e o querido Rodrigo Jarque (Inverness) são os principais organizadores e diretores do LEROCK Fest.

Bom, eles queriam que eu desse uma aula de Booking Internacional de Shows, participasse de uma mesa-redonda sobre Booking e visse os shows, conhecesse o Festival e um pouco mais da cena chilena. Um convite praticamente inegável.

A viagem ao Chile

O que vivenciei nos quase 04 dias que passei em Santiago (Chile), a convite da organização do festival LEROCK Fest, pode ser considerado como um bom momento, um momento bom e marcante, e que estava fazendo falta de viver.

Apesar do começo trágico! Explico: O meu vôo saiu na hora marcada e sem problemas, mas quando estávamos sobrevoando a Argentina ouviu-se um chamado dos comissários a procura de um médico ou médica a bordo. Todos ficaram em pânico!! E começaram a se entreolhar… o que estaria acontecendo?

Por sorte, era apenas uma criança de menos de 02 anos que estava se sentindo mal e a tripulação optou – e muito bem – por descer a aeronave no aeroporto internacional de Córdoba (Argentina), para que a criança pudesse ter atendimento médico imediato, acompanhada de seus Pais. Isso nos custou quase duas horas de espera, dentro da aeronave, no pátio do aeroporto. A fome estava grande e começamos a pedir a comida do avião. Mais tarde isso haveria de ser um desastre para mim.

LE ROCK Fest

Agendado para acontecer nos dias 27 e 28 de setembro, o LEROCK começou mesmo no dia 26 de setembro, com um side show gratuito, como uma forma de boas-vindas para o público indie da cidade, com shows gratuitos de Hombre Memória (Colômbia), Cecimonster vs Donka (Peru) e Floating Witch’s Head (Estados Unidos). Aliás, as três bandas estariam entre os melhores shows que veríamos nos dias seguintes.

Eu não fui ao local do evento nesse dia porque havia combinado de encontrar com os irmãos, Gonzalo e Rienzi, da banda La Ciencia Simple. E fomos para uma pizzaria argentina que tinha no bairro onde eu estava, há menos de 02 quadras de distância. 


SELFIE LEROCK FEST 2024
Foto: Acervo Pessoal

Eu queria ver o jogo do Flamengo contra Peñarol pela Libertadores e, nesse lugar, tinha muitas TVs passando futebol. Afinal, era uma pizzaria argentina, e cheia de flâmulas de todos os times de futebol argentinos decorando as paredes do lugar!

Comemos uma pizza de Queijo e Lomo, tomei 1 chopp IPA e meio, porque no meio do segundo eu comecei a me sentir mal, a pressão começou a baixar e um enjôo absurdo me tomou conta por inteiro. Uma sensação de que iria vomitar a qualquer momento tomou conta de tudo em mim. Voltamos para o Hotel, comuniquei aos caras da La Ciencia Simple que estava começando a me sentir mal, não conseguia mais andar, meu corpo ficou fraco do nada e comecei a ter calafrios. Não podia ter sido só a pizza. Eu arrotava e só saia “Cup Noodles”… maldito Cup Noodles do avião (e aquela água suspeita que me deram na aeronave).

Na porta do hotel, encontrei o Eric Gilbert e os caras da banda Floating Witch’s Head, eles estavam esperando os caras da KINDER – banda de rock instrumental do Peru – darem entrada no Hostal. Cumprimentei todos rapidamente, falei que não estava me sentido bem e fui direto pro meu quarto, quando abri a porta, mal deu tempo de chegar no banheiro e já estava explodindo numa náusea violenta, acho que vomitei umas cinco vezes seguidas. As duas primeiras muito violentas. Algo que comi não me fez bem. O calafrio aumentou.

De repente, vejo o Gonzalo chegar com uma garrafa de água mineral e um gatorade. Aquilo me salvou. Eu só queria dormir. O agradeci pela gentileza de buscar água e isotônico para mim, fechei a porta do quarto, apaguei a luz e MORRI.

Dia 01 (sexta, viernes, friday)

Acordei, ainda atordoado, mas me sentindo um pouco melhor. O corpo ainda estava fraco, resolvi tomar um banho para rebater um pouco os calafrios da noite passada.

Depois de um breve café da manhã ao lado dos novos amigos da banda La Real Academia e do selo Anomalia Ediciones, parti pro Centro Cultural Matucana e fui logo me credenciar. Cheguei por volta das 11 da manhã, algumas bandas ainda estavam passando o som nos palcos. Eu tinha uma mesa-redonda para participar, que começaria às 12h30, falando sobre Booking Internacional de Shows.


LEROCK Fest 2024 POSTER OFICIAL


Logo ao chegar, encontrei o Javier (organizador do LEROCK Fest e baterista da banda Sistemas Inestables) e ele me deu as boas-vindas e mostrou onde ficava o local da minha mesa-redonda. Olhando bem o poster do evento (acima), eram mais de 40 shows para ver, uma maratona sonora dos estilos mais variados possíveis, condensada em apenas dois dias de evento.

Eu ainda sentia o meu corpo um pouco fraco, depois da avalanche da noite passada, a infecção alimentar que me nocauteou. Fiquei o dia todo tomando água, e chás de ervas, isotônico e comi coisas bem leves.

A mesa redonda da qual participei aconteceu muito bem, mas confesso que a fiz meio que no piloto automático, minha cabeça ainda estava um pouco dispersa, aos poucos fui retomando meu bem-estar outra vez. O clima em Santiago do Chile estava perfeito, o céu azul e uma brisa leve marcando algo em torno de 15 graus.


LEROCK FEST - Estrutura
A estrutura do LEROCK FestFoto: Acervo Pessoal

Depois da palestra, fiz um breve almoço com os caras da Sistemas Inestables (Santi e Tomás) e depois me sentei na mesa com o Eric Gilbert e o cantor Jens Kuross.

Conversei um pouco com o Eric, sobre meus planos para 2025 e 2026 nos Estados Unidos. Sempre bom conversar com o Eric, porque ele entende muito do negócio de shows por lá. Afinal de contas, ele comanda anualmente um dos melhores festivais do pacífico noroeste, o Treefort Music Fest, que acontece todo final de março na cidade de Boise, capital do Idaho.

Os Shows da sexta

O primeiro show que assisti foi da jovem banda chilena QUIVIK, que faz um indie rock bem lo-fi, com um show bem energético e com uma boa plateia a seu favor, parecia que eles tinham convidado vários amigos para assistir à apresentação deles. Deu certo. O show pegou fogo e empolgou a plateia presente.

Depois do QUIVIK, fui até o catering, buscar um pouco de hidratação ou algo para comer. Ainda me senti um pouco fraco e caminhei até o Teatro, onde se apresentavam Delight Lab + Marco Martínez presentan: Volcánica. O show já estava acontecendo e no palco haviam 02 músicos e o artista que fazia projeções ao vivo. A sensação que nos transmitia, era da visão de um vulcão prestes a explodir. Caminhei até o palco Huerta – que ficava na parte dos fundos do Centro Cultural Matucana, atrás do palco principal – e lá, vi um pedaço do show do duo chileno Asmrbrujo, que fazia um rock eletrônico, com boas doses de noise.

Daí, voltei para a sala Patricio Bunster, onde rolava o palco Conecta, e já estavam tocando os Templos Lejanos, e eu gostei muito do que vi. Post-rock duro, com ótimas guitarras, baixo marcando e bateria certeira. Tudo no ponto!!

Confesso que, no primeiro dia, fiquei um pouco perdido nos nomes das bandas que estavam tocando, demorei para identificar um pouco cada show, mas gostei de quase tudo o que vi nesse primeiro dia de LEROCK Fest. Depois do Tempos Lejanos, fiquei zanzando um pouco entre os 03 palcos e vi pedaços das apresentações de Nave (CL), no palco externo, e Debac (CL) no palco Huerta.

A próxima atração que consegui ver o show completo, foi do duo CIUDAD DE TAR, também no palco interno. Formada por Marco Avilez (guitarras, programações) e José Tomás Molina (baixo, programações, synths, percussões e clarinete), eles são uma dupla eletrônica de Santiago, Chile, que mistura post-rock com música eletrônica, criando músicas interessantes com camadas de emoção.


LeRock Fest - CIUDAD DE TAR - dia 1-21
CIUDAD DE TAR no primeiro dia do LEROCK Fest. – Foto Por: José Pedro Downey (LEROCK Fest)

Uma saidinha para a área externa, onde o norte-americano Jens Kuross já estava sentado em seu piano Rhodes e fez um show intimista e muito bonito, inclusive com uma belíssima versão soul para o clássico “Everybody Wants to Rule the World”, do Tears For Fears, além de ter tocado e encantado a plateia com diversos temas autorais. 


LeRock Fest dia 1 - Jens Kuross
Jens Kuross Foto Por: José Pedro Downey (LEROCK Fest)

De volta ao palco interno, vi o também duo Chung Hwa, com um bonito show de indie jazz eletrônico, executado com muita categoria e fluidez, agradando à plateia presente, inclusive eu. Mostraram muita qualidade no palco, o que nos levou a pensar que no Chile as bandas se dedicam muito aos experimentos entre analógico e o digital.

O grande momento da noite e talvez o maior do primeiro dia. O show do Sistemas Inestables no palco externo, para celebrar e comungar com sua plateia. Eles se autointitulam como um Trio de rock pós-progressivo instrumental eletrônico, mas o lance todo vai muito além disso!!


LEROCK Fest - Foto Por: José Pedro Downey (LEROCK Fest)
Sistemas Inestables no LEROCK FestFoto Por: José Pedro Downey (LEROCK Fest)

O show dos caras tem uma potência absurda, é noise psicodélico misturado com post-rock, krautrock e muita aparelhagem eletrônica. Santiago Corvalán toca seu baixo com uma máscara de gás e comanda sintetizadores com disparam efeitos espetaculares, assim como José Tomás Molina (o multi-homem), que toca guitarra, bateria e ainda controla centenas de efeitos, sintetizadores, teclados. Na cozinha, quebrando tudo e mantendo a potência da banda em alto nível, temos a bateria estrondosa de Javier Hechenleitner.


LeRock dia 1 - Sistemas Inestables - Foto PorJosé Pedro Downey (LEROCK Fest)
Sistemas InestablesFoto Por: José Pedro Downey (LEROCK Fest)

De lá, migrei rapidamente pro Teatro, onde se apresentava a banda Nader Cabezas, do super querido Nader, que tocava com sua guitarra e um synth armado à sua frente com uma bandeira da Palestina decorando o pedestal. A sonoridade, segundo o próprio Nader (líder da banda) tem uma pegada new wave post-punk que mescla Fleetwood Mac, The Cure, Pet Shop Boys, New Order… mesclando do eletrônico ao eletro-acústico.


LeRock dia 1 - Nader
Nader Cabezas no LEROCK Fest. – Foto Por: osé Pedro Downey (LEROCK Fest)

A festa do primeiro dia terminou com o show do duo norte-americano Floral, que se apresentou no palco externo e agitou a galera com seu math-rock instrumental com fartas doses de jazz de altíssima qualidade. Galera curtiu, o show foi bem legal mesmo, mas confesso que já estava muito cansado da maratona de shows e assisti de longe, sentado numa das marquises do Centro Cultural Matucana, o que me fez ver o show de outra maneira, curtindo pela curtição da galera que se jogou a cada tema.


LeRock dia 1 - Floral
Floral no LEROCK Fest. – Foto Por: José Pedro Downey (LEROCK Fest)

Já eram quase 2 da manhã e, depois dos shows, chamei um uber e fui pro hotel descansar pro dia seguinte de Festival. Sem falar que, no sábado, eu tinha uma aula importante para ministrar no LEROCK Conecta.

Horarios Sexta (viernes) 27/09

ESCENARIO CONECTA | Espacio Patricio Bunster

15 hrs – Quivick

16 hrs – Dhármico

17 hrs – Templos Lejanos

18:30 – Ciudad de Tar

20:30 – Chung Hwa

22 hrs – Hombre Memoria

ESCENARIO LEROCK | Explanada

15:30 hrs – Lilia

18 hrs – Nave

19:30 hrs – Jens Kuross

21 hrs – Sistemas Inestables

23 hrs – Floral

ESCENARIO MODULAR | Huerta

17 hrs – Asmrbrujo

18 hrs – Debac

19 hrs – Francisco Juacida

20 hrs – OAIO

21 hrs – Kyegi

22 hrs – Usted No!

23 hrs – Sofía Pululoz

ESCENARIO M100 | Teatro Principal

16:30 hrs – Delight Lab + Marco Martínez presentan: Volcánica

19:30 hrs – Entrópica

22 hrs – Nader Cabezas

Dia 02 (sábado, saturday)

No sábado, eu já me sentia perfeito. A mente sã e o corpo ativo outra vez. A minha aula de Booking Internacional estava marcada para começar às 13h45, no Cine Matucana. Cheguei por volta das 11h30, fiz algumas reuniões com artistas chilenos nos speed meetings. E depois fui para o Cine Matucana, preparar a aula. O telão já estava pronto, assim como a apresentação, que eu podia manusear pelo laptop do Festival.

O público começou a chegar na sala, tinha algo em torno de 22 pessoas participando da aula, a maior parte formada por bandas, artistas e produtores do Chile e de alguns artistas que estavam no festival. Foi muito legal ver as bandas lá, interessadas em entender os caminhos para realizar turnês pelos Estados Unidos, Europa e outros lugares do mundo.


LEROCK FEST - BOOKING INTERNACIONAL CARLO BRUNO MONTALVÃO
Carlo Bruno Montalvão durante palestra sobre Booking Internacional no LEROCK Fest. – Foto: Leonardo Castro-Pozo

Depois da aula, dediquei alguns minutos para atender as pessoas e tirar as dúvidas delas, depois fui almoçar no catering.

Os Shows do Sábado

Acabei perdendo os primeiros shows, um deles eu queria ver muito era a banda El Significado de las Flores, a galera da banda é muito gente fina, jovens e muito interessados em crescer. O som deles é uma mescla de noise rock/shoegaze e eles acabam de lançar um álbum intitulado El Efecto Nodriza, que já está disponível em todas as plataformas streaming. Fui presenteado com uma fita k7 desse novo trabalho deles, assim como ganhei uma tote bag, alguns bottos e adesivos. Um kit completo da banda!


Lerock dia 2 - El Efecto Nodriza -
El Efecto Nodriza. – Foto Por: José Pedro Downey (LEROCK Fest)

A primeira banda que consegui ver foram os argentinos La Real Academia com seu post-punk bedroom bem lo-fi, vocais enterrados em efeitos, ótimo jogo de guitarras, baixo e bateria com aquela marcação típica do indie rock argentino. A banda foi formada durante a pandemia, por Joaquín Murray (voz, baixo), e é super indicada para quem curte coisas como Joy Division, Mochat Dolma.


Lerock dia 2 - La Real Academia
La Real Academia no LEROCK Fest. – Foto Por: José Pedro Downey (LEROCK Fest)

Shows e apresentações muito bonitas e de um bom gosto refinado, foi o que vimos praticamente durante todos os shows do LEROCK Fest, uma excelente curadoria por sinal. No palco Huerta, se apresentava o projeto Yadak, onde a artista comanda efeitos sonoros diversos mesclando música eletrônica, ressonâncias sonoras, campos vibracionais e outras parafenálias eletrônicas. A presentação dela se encaixou perfeitamente com o clima bucólico do palco Huerta, numa verdadeira simbiose etérea.


Lerock dia 2 - Yadak
Yadak no LEROCK Fest. – Foto Por: José Pedro Downey (LEROCK Fest).

Yadak é o pseudônimo de Andrea Gama, musicista, artista de iluminação e esteta. Ela desenvolve música especializada em eletrônica ambiente experimental, usando sintetizadores, bem como vários instrumentos de campo vibracional, destacando o instrumento eufórico e os registros de campo sonoro. Uma loucura, muito sensível!

Na sequência, no palco externo, vi os peruanos da KINDER. com seu show instrumental muito potente, com influências de música tradicional peruana e krautrock, música eletrônica, synth e post-rock.


Lerock dia 2 - KINDER
KINDER no LEROCK Fest. – Foto Por: José Pedro Downey (LEROCK Fest).

Corri no palco Huerta e peguei um pedacinho do show da dupla Rocamadour. O duo faz um Alt/R&B/Trip/Electronic com toque de dreampop de excelente qualidade e o show deles é muito bonito, com destaque total para a performance e a voz doce de Pepa Hidalgo.

Outra vez na palco Conecta para assistir um dos melhores shows do festival, com a sala lotada e o público muito interessado, os norte-americanos da Floating Witch’s Head, que apresentou seu punk-stoner psicodélico e animou a galera. A banda de Boise, Idaho se apresenta em trio, com Travis Ward (voz, guitarra), Michael Mitchell (bateria), Eric Gilbert (teclados).


Lerock dia 2 - Floating Witch's Head
Floating Witch’s Head no LEROCK Fest. – Foto Por: José Pedro Downey (LEROCK Fest).

Famosa na cena indie chilena, a cantora Chini.png e sua banda nos presentearam com um bom show, apesar dos diversos problemas técnicos no equipamento dela, no começo do show, a artista conseguiu se concetar com o público e animou a plateia que conhecia a maioria de suas músicas. Chini.png gravou uma session para a KEXP em 2023 (assista aqui) e vai se apresentar no Primavera Fauna, em Novembro 2024.

O show dela é muito divertido e ela tem uma ótima conexão com a plateia, confesso que não a conhecia, mas pude presenciar toda a plateia se divertindo bastante, o que atesta que o negócio tem qualidade.


Lerock dia 2 - Chini.png
Chini.png no LEROCK Fest. – Foto Por: José Pedro Downey (LEROCK Fest).

A farra de shows continuou com outra banda do Peru, os gente-boa da Cecimonster vs Donka bandaça de hardcore melódico, indicada para quem curte Hüsker Dü, Fugazi etc. A banda liderada pelos amigos Sergio Saba (voz, guitarra) e Sebastian Kouri, cona ainda com Richard Gutierrez (baixo) e Mario Acuña (bateria).


Lerock dia 2 - Cecimonster vs Donka
Cecimonster vs Donka no LEROCK Fest. – Foto Por: José Pedro Downey (LEROCK Fest).

O outro show incrível, estava acontecendo no teatro, com o multi-artista José Tomás Molina que apresentou seu show solo, mas no palco do teatro estava acompanhado de um quarteto de cordas e uma dançarina, que nos transmitia o sentimento de cada tema apresentado.

De volta ao palco principal, foi a vez de presenciar o melhor show do festival – DISPARADO! – com a apresentação avassaladora do trio equatoriano MINIPONY.


MINIPONY - LEROCK Fest
MINIPONY. – Foto: Divulgação

Uma apresentação absurda do começo ao fim, fazia tempo que não sentia aquela sensação gostosa de atropelamento ao ver um show. E foi exatamente isso que senti, fui atropelado por aquela música avassaladora e por aquele show potente. Os vocais guturais de Emilia Moncayo, as guitarras afiadas como uma navalha de Amadeus Galiano e a bateria marcada no trash tribal de Carlos Sanches. Estava tudo lá, e estava tudo no ponto.


Lerock dia 2 - MINIPONY
MINIPONY no LEROCK FestFoto Por: José Pedro Downey (LEROCK Fest).

Lerock Fest - MINIPONY - Foto Por José Pedro Downey (LEROCK Fest).
Vocalista da MINIPONY em destaque no LEROCK Fest. – Foto Por: José Pedro Downey (LEROCK Fest).

O show começou pesado, acelerou mais ainda, depois continuou acelerando e explodiu numa cartase de cerca de 40 minutos, que deixou a plateia, todas as outras bandas e convidados absolutamente boquiabertos. Ao final do show, MINIPONY era unanimidade total. Todo mundo dizia: “MELHOR SHOW!!”

Mais um show no palco Conecta, o sexteto chileno Xatarra, que faz uma música eletrônica com fartas doses de músicas clássica (com uma viola e um fagote) e um clima meio Massive Attack. Foi um dos shows mais bonitos da noite. Eles tem uma aparelhagem incrível, principalmente os dois djs, que se alternam mandando as bases eletrônicas que permeiam as músicas da banda.


Lerock dia 2 - Xatarra
Xatarra no LEROCK Fest. – Foto Por: José Pedro Downey (LEROCK Fest).

Antes da última música do Xatarra acabar, corri pro Teatro de novo para pegar o final do show do quarteto chileno Inverness com sua formação inusitada: o queridaço Rodrigo Jarque (voz, guitarra, piano), Angelo Agurto (baixo) e dois bateristas, Patricio Jarpa (bateria e sequências) e Rodrigo Soto (bateria e sintetizadores). O som da banda transita entre o indie pop, shoegaze, post-rock e até um pouco de slowcore. Prato cheio para quem curte esses estilos musicais (como eu, risos).


Lerock dia 2 - Inverness
Inverness no LEROCK Fest. – Foto Por: José Pedro Downey (LEROCK Fest).

Lerock dia 2 - Inverness no LEROCK Fest - Inverness - Foto Por José Pedro Downey (LEROCK Fest).
Inverness no LEROCK Fest. – Foto Por: José Pedro Downey (LEROCK Fest).

O último show do palco principal já estava acontecendo. Marcado para encerrar o festival, com a apresentação da clássica banda Electrodomésticos, representante reminiscente do período da Ditadura e do rock chileno dos anos 80. Com sua sonoridade que lembra muito as bandas inglesas 80’s como New Order, Joy Division, Echo and The Bunnymen.

Depois do show, ainda tivemos a sorte de ter alguns minutos de papo com o Carlos Cabezas Rocuant que deu uma verdadeira aula de como era o rock chileno no início dos anos 80, época ainda da Ditadura, e de como ele criou a banda e começou a testar os experimentos sonoros que extraia dos eletrodomésticos e outras tralhas eletrônicas, que culminaram no rock industrial feito pelos Electrodomésticos.


Lerock dia 2 - Electrodomésticos
Electrodomésticos no LEROCK Fest. – Foto Por: José Pedro Downey (LEROCK Fest).

Fechando o festival, fui curtir o show Potênciometro no palco Huerta. Um trio de música eletrônica, com diversos aparelhos eletrônicos à disposição dos músicos DJs que iam se revezando e soltando as batidas mais legais. A apresentação deles levantou a plateia e fez todo mundo dançar. Um belo encerramento, para um festival maravilhoso, com um público muito atento e curioso por descobrir novas bandas e artistas.


Lerock dia 2 - Potênciometro
Potênciometro no LEROCK Fest. – Foto Por: José Pedro Downey (LEROCK Fest).

Viva a música e Viva o Chile e sua cena musical. Longa vida ao LEROCK Fest e ao LEROCK Conecta.

E um entusiasmado parabéns aos guerreiros Rodrigo Jarque, Javier, Tomás e Santi, por organizarem um festival tão especial e particular como o LEROCK Fest. Agora já tenho um grande motivo para visitar o Chile de novo no ano que vem.

Horários sábado 28/09

ESCENARIO CONECTA | Espacio Patricio Bunster

15 hrs – Cami Cuesta

16 hrs – El Significado de las Flores

17 hrs – La Real Academia

18:30 – Floating Witch’s Head

20:30 – Cecimonster vs Donka

22 hrs – Xatarra

ESCENARIO LEROCK | Explanada

15:30 hrs – 8Frogs

16:30 hrs – Isla Sorna

18 hrs – Kinder

19:30 hrs – Chini.png

21 hrs – Minipony

23 hrs – Electrodomésticos

ESCENARIO MODULAR | Huerta

17 hrs – Yadak

18 hrs – Rocamadour

19 hrs – Sonda

20 hrs – Valentina Villarroel

21 hrs – Concon

22 hrs – Alisú

23 hrs – Potenciómetro

ESCENARIO M100 | Teatro Principal

17 hrs – Joel Inzunza Co presenta: Morpho

20:30 hrs – José Tomás Molina

22 hrs – Inverness

Dia 03 (domingo, sunday)

O Domingo começou bem preguiçoso. Acordei por volta das 9h e fui tomar o café da manhã na companhia dos meus novos amigos peruanos das bandas KINDER e Cecimonster vs Donka. Depois os caras da KINDER se prepararam para ir embora, eu arrumei minha coisas, deixei a mala no Hostel e saí com os caras da Cecimonster por volta do meio-dia para passear por Santiago. Era domingo, fazia um sol gostoso e o céu estava azul e límpido. Perfeito para um passeio! Caminhamos até umas 15h, e depois voltamos ao hotel para um breve cochilo.

Por volta das 16h, saímos do Hostel, paramos numa adega para comprar uns vinhos e fomos caminhando até a casa onde fica a sede do LEROCK – eles tem um estúdio muito maneiro lá, onde gravam as bandas do selo – onde haveria um “Assado” de confraternização entre os músicos, bandas e a galera que trabalhou no Festival. O clima era o melhor possível, muitas amizades ganhando e tomando forma, altos papos rolando e uma confraternização deliciosa que contou com gente do Chile, Peru, Colômbia, Equador, Argentina, Estados Unidos e Brasil. Isso é lindo, muito bonito ver a #INDIEAMÉRICA unida!!

Fui embora do churrasco por volta das 21h, pois meu vôo estava marcado para sair às 23h50 e eu ainda tinha que buscar minha mala no Hostel.

Obrigado Javier e Rodrigo Jarque, pelo convite para participar e conhecer o LEROCK, e muito obrigado a todos que me receberam tão bem e compartilharam tanto amor comigo em Santiago. Até ano que vem, Chile!


LEROCK Fest - Bolo
Bolo comemorativo do festival. – Foto: Acervo Pessoal
error: O conteúdo está protegido!!