Thundercat hipnotiza e Kendrick Lamar mostra seu magnetismo na segunda edição do GP Week
Sofi no show do GP WEEK – Foto Por: Rafael Novak (@novakfotografia)
Quando o line-up da segunda edição do GP Week, muitos se dividiram em relação a exaltar grandes nomes da música mundial e outros em entender a coerência das escolhas. Algo que se refletiu ao longo dos dois dias evento que acontece durante o fim de semana do Grande Prêmio da Fórmula 1. Organizado pela 30e, o festival teve como casa o Allianz Parque, na zona oeste de São Paulo. No sábado (04) o festival recebeu Hodari; Jaden Hossler (JXDN); Machine Gun Kelly, Halsey e Swedish House Mafia. No domingo (05), o line-up era bem mais interessante com Tasha e Tracie; IZA; SOFI TUKKER; Thundercat e Kendrick Lamar.
Saiba como foi a primeira edição
GP Week 2023: Kendrick Lamar e Thundercat Brilham
Estivemos presentes para cobrir o segundo dia do GP Week em sua segunda edição. Se o primeiro dia foi marcado por posts nas redes sociais reportando a falta de público e grandes buracos ao longo da estrutura do Allianz Parque, o segundo teve um público bem mais significativo.
Um dos fatores que contribuiu para isso foi justamente o preço bastante salgado do ingresso (infelizmente ainda precisamos bater nessa tecla), quanto pela pouca coerência de line-up, o que passa por públicos que não se conversam, entre apostas em nomes que vieram muito recentemente e ainda construindo público para encher um estádio. Fico imaginando o quão perdido ficou um fãs de Swedish House Mafia nessa farofa toda.
Ano passado o GP Week teve The Killers e Twenty One Pilots (que são bem conhecidos no Brasil) e chegaram a lotação maxima do Allianz
Esse ano eram atrações que não chamavam tanta atenção do público daqui… que flop. O negócio completamente vazio pic.twitter.com/xEjpo5Mr10
— Mandy (@twitamandyy) November 5, 2023
O segundo dia já fica marcado por uma identidade mais forte no quesito proposta de curadoria. Era o dia de exaltar a música negra. Mesmo assim, colocaram a dupla SOFI TUKKER ali no meio. O que destoou bastante do resto das atrações do dia. Mais cedo tocaram a dupla de hip hop Tasha e Tracie e estrela pop recém premiada com artista do ano pelo Prêmio Multishow, IZA.
SOFI TUKKER
Uma das marcas do festival foi justamente a pontualidade das apresentações, já foi assim na primeira edição, e na segunda se repetiu. A dupla formada em Nova Iorque, SOFI TUKKER subiu já no fim da tarde ao palco mas ainda com um resquício de sol, e calor, o que tem tudo a ver com a apresentação que mesmo caricata em muitos momentos, tem uma entrega especial principalmente pela relação bastante próxima de Sofi com o Brasil. Apaixonada pela música e cultura do país, ela aprendeu português e pesquisa muito quando o assunto é a nossa musicalidade – e estilo de vida.
“Eu falo português um pouquinho e hoje vou tentar falar em português conversar com vocês o tempo todo.”, prometeu Sophie Hawley-Weld, do duo de pop eletrônica logo no começo da apresentação
Bastante populares no TikTok, o duo germano-canadense bastante carismático tratou de levar bailarinos para o palco, com direito a dancinhas e muita cor nos telões e estrutura que levam para o palco. De gira gira, a trapézios, totens e outros artifícios, a proposta minimalista eletrônica ganha experiência e naturalmente esse circo impacta o público, seja por achar legal todo o esforço, como também por achar um exagero tudo isso. E, convenhamos, é do estilo, é a energia farofa de tudo que está no entorno da estética. Nunca foi sobre unanimidade e sim sobre se divertir. E eles parecem se divertir no palco.
Ao longo do show interagem bastante com o público, esse foi o caso de “best friend” que antes de tocar perguntam quem está com seu melhor amigo aqui, convidando para interagirem um com o outro e celebrar a arte dos encontros que a vida trata de fazer. Em “brazilian song”, ela pega o violão e leva os dançarinos para performar. Outro ponto de bastante entrega ao longo do show foi o momento em que chamam duas brasileiras para dentro do palco, uma delas inclusive também se chama Sofia.
O show marca a primeira vez que o single “Veneno” foi apresentado ao mundo, posteriormente foi disponibilizado nas plataformas digitais. A canção é uma versão para “Rodopiado”, do paraense Ronaldo Silva (Arraial do Pavulagem), e a própria Sophie viu o vídeo no TikTok e decidiu convidar elas para gravar e se apresentar, muito legal, né?
Thundercat
A verdade é que ter a oportunidade de ver um artista como o Thundercat já é um privilégio por si só. Seja num palco de um SESC ou numa arena gigantesca, o músico consegue dimensionar a experiência transcendental que ele propõe. Algo que vai muito além da música como expressão e arte. Podemos chamar isso como se fosse uma extensão de quem ele é sem a menor sombra de dúvidas.
Feito um músico de rua, ele entra no palco querendo mostrar seu talento, e desde suas primeiras movimentações, apresenta o duo de músicos que o acompanha. O baterista com seu capacete brilhante e sua habilidade jazzística de captar timbres e quebrar tempos, o tecladista, não fica muito atrás, não e tem a missão de acompanhar a experiência muitas vezes psicodélica que Stephen Lee Bruner, propõe.
Podemos assim dizer que sua habilidade para mostrar repertório e muitas vezes conduzir jams que estendem a experiência das faixas gravadas em estúdio como uma máquina em movimento gerando novas vibrações. Assistir a uma apresentação de Thundercat é ver um trio que de tanta técnica e domínio dos seus instrumentos, soa como se tivéssemos em frente a um palco com uma orquestra de 10 pessoas.
O setlist é generoso com 16 canções. A experiência vai para muitos universos, da poeira estrelar, passando pelos animes, que ele afirma que ama assistir Dragonball Z, One Piece, Naruto entre outros antes de tocar “Dragonball Durag”, com direito a fazer uma versão para “Black Gold” (Flying Lotus), homenagear um dos seus ídolos que nos deixou recentemente, Aaron Spears, baterista de nomes como Usher e Ariana Grande, e também tocar seus hits. Um show generoso, vistoso, virtuoso e de imersão.
Kendrick Lamar
Dizer que o show do Kendrick Lamar é um ato grandioso por si só seria clichê demais. É nos detalhes minimalistas que o músico criado na periferia de Los Angeles consegue traduzir toda a sua complexidade. E ter a oportunidade de assistir ele durante a confessional turnê do álbum Mr. Morale & The Big Steppers (2022) deixa tudo ainda mais intenso. O registro é o mais pessoal até aqui justamente porque vai de encontro com as suas feridas mais profundas, dos traumas de infância, passando por seus defeitos, pressão do sucesso e de representar tanta gente entre outros dilemas de alguém que venceu na vida. Daqueles temas que muitos tem medo de encostar ou dificuldade em materializar de maneira compreensível.
Para isso ele trata o show como uma grande sessão de terapia, permitindo com que seu lado mais obscuro ganhe terreno. O próprio corpo de bailarinos contribuiu para reviver alguns fantasmas, a iluminação e minimalismo também mostram o caminho para “entrarmos” em sua mente por algumas horas. As artes expostas ao longo do show, inclusive, estão em exposição em um museu norte-americano, no show de Lamar tudo é pensado nos mínimos detalhes.
Se a versão reduzida da turnê The Big Steppers tira os músicos de apoio da frente do palco, ele chama a atenção para si reverenciando sua carreira e quem até então fez parte dela. Se seu show parecia ser focado apenas em sua persona mais fechada, alguns momentos quebraram de maneira doce o protocolo.
Um deles foi quando repara que um fã na plateia segunda uma cópia do vinil de To Pimp a Butterfly, seu maior clássico, ele não titubeia e pega o disco para autografar. O momento da pausa também coincide com o convite para Thundercat subir ao palco. Ele bastante emocionado e entusiasmado pelo encontro conta que nunca havia encontrado ele numa apresentação e que aquele era um momento único. Um privilégio. Visto que o baixista ajudou o músico a produzir aquele álbum que prontamente autografou para o fã Gabriel. Lamar pede aplausos para o fã, abraça e tira uma foto ao lado do amigo em meio a multidão reunida no Allianz Parque. Todos esperaram com que eles tocassem uma música juntos mas isso não acontece.
“Eu não poderia ter feito esse álbum sem meu irmão Thundercat“, disse Kendrick Lamar
SETLIST: Kendrick Lamar em São Paulo (GP WEEK)
N95
ELEMENT.
A.D.H.D (Introdução)
King Kunta
Worldwide Steppers
Nosetalgia (Cover do Pusha T)
Backseat Freestyle
Never Catch Me (Música do Flying Lotus) (Instrumental)
m.A.A.d city (encurtada)
Swimming Pools (Drank)
LOYALTY.
DNA.
Rich Spirit
Rich (Interlúdio) (Instrumental)
HUMBLE.
Sidewalks (Cover do The Weeknd)
Count Me Out
United in Grief (Apenas a introduçÃo, chama Thundercat pro palco)
Money Trees
Bitch, Don’t Kill My Vibe
Die Hard
LOVE.
Savior
Encore:
Alright
SETLIST: Thundercat em São Paulo – GP WEEK
SETLIST: Sofi Tukker em São Paulo – GP WEEK
Drinkee
Best Friend
Original Sin
Summer in New York
Sun Came Up
Matadora
Jacaré
Emergency
TROMPA
Brazilian Soul (Cover do The Knocks)
Veneno (Estreia ao vivo com Sophia Ardessore e Mari Merenda)
Swing
Batshit
Purple Hat