GP Week reúne gerações em sua 1ª edição, festival reuniu The Killers, Twenty One Pilots e Hot Chip no Allianz Parque
Organizado pela 30E– Thirty Entertainment o GP Week é um dos festivais estreantes de 2022. Marcado para o final de semana de um dos maiores eventos esportivos do mundo, a etapa de Interlagos da Fórmula 1, o evento reuniu no Allianz Parque um line-up que contou com bandas do universo do alternativo e pop rock de diferentes gerações.
Tendo como headliner principal o The Killers, grupo de Las Vegas liderado por Brandon Flowers que conquistou sucesso mundial com o álbum Hot Fuss (2004), o festival ainda mirou na geração Z com o duo Twenty One Pilots, que atualmente conta com a presença de novos integrantes para executar faixas novas, tendo um segundo headliner de peso.
Estando em atividade desde 1995 mas alcançando o sucesso já no fim dos anos 00, os londrinos do Hot Chip representaram no line-up a divertida fusão entre o indie e a eletrônica. O festival ainda levou para o estádio do Palmeiras os gaúchos da banda Fresno que poucos meses antes estrelaram no Lollapalooza Brasil, e os ainda desconhecidos The Band Camino, banda de pop rock norte-americana.
GP Week
Semanas antes do GP Week quase todos os setores já tinham seus ingressos esgotados. A produção reforçou que ingressos comprados com meia-entrada que não fosse comprovada com suas devidas especificações (estudante, idoso, PCD…) havia que completar o valor do ingresso no próprio site. Algo que já causou certa tensão nas redes sociais pois a prática já teria acontecido em outros eventos vendidos pela Eventim, como por exemplo da Demi Lovato e no Primavera Sound.
Segundo funcionários da entrada do evento, estudantes com ingressos cuja descrição era “outras meias” não poderiam entrar, mesmo com a carteira de estudante e teriam que complementar o ingresso para adquirir um ingresso de entrada inteira. O que causou confusão como relatado em matéria publicada no Splash.
No entorno do evento era possível encontrar avisos como este:
Agora a Eventim botou pra lascar! Olha essa placa com QRcode do complemento da meia entrada agora nas filas da GPWEEK pic.twitter.com/XGcOG3R35i
— Igor Rogh (@igorogh) November 12, 2022
Em cima da hora também foram anunciados os adiantamentos das apresentações da Fresno e da The Band Camino, algo que foi motivo de reclamação entre os fãs que se programaram para chegar no festival.
Em sua estrutura o evento reunia a área Paddock que sua inteira custava R$1990, muito próxima ao palco ela foi tratada pelos artistas como a área vip. Por mais que a Pista Vip Box (R$990 a inteira) se localizasse logo após. Ao fundo ainda a Pista comum (R$540) tinha visão bastante parcial do palco. Já nos anéis do estádio, estavam disponíveis para venda as cadeiras inferiores (R$680 a inteira) e as cadeiras superiores (R$340).
Entre os pontos positivos estava a agilidade dos pontos de vendas de comidas e bebidas. Entre bares localizados ao longo da estrutura das pistas e da área de acesso ao estádio, além de ambulantes com cerveja, refrigerante e água. O fácil acesso aos banheiros durante as trocas de palco também foram aspectos positivos do evento. Assim como a pontualidade das apresentações.
Hot Chip
Chegamos ao GP Week já no fim do show da The Band Camino, uma espécie de Jonas Brothers da nova geração, em que o som estava estourado, de longe parecendo uma banda de rock mas para os presentes era mais um grupo de pop que poucos conheciam. Não empolgou. Pouco antes a Fresno fez um show trazendo canções do disco mais recente e também clássicos que os revelaram. O show ainda tem espaço para politização em “FUDEU” onde no telão aparece críticas ao agora ex-presidente em exercício.
Às 17 horas em ponto os ingleses do Hot Chip subiram ao palco do Allianz Parque para promover seu novo disco Freakout/Release, lançado neste ano. Dele durante a apresentação tocaram “Down”, “Eleanor” e “Freakout/Release”, praticamente a sequência que abriu a apresentação. Trajados com roupas divertidas, como camiseta de dinossauros, óculos coloridos e camisas soltas, eles fizeram um show reverenciando uma era dançante do indie com direito a cover de “Dance” do ESG, “Ready for the Floor” no miolo da apresentação e “Over and Over” já em sua parte final.
A graça de assistí-los está justamente em ver que ainda se divertem no palco estando prestes a comemorar 30 anos de carreira, o tecladista e guitarrista Owen Clarke, que também atua como DJ, mais tarde ainda fez um SET na Heavy House.
Twenty One Pilots
Não dá para dizer que Tyler Joseph e Josh Dun não sejam mentes bastante criativas e que gostam de elevar o nível quando o quesito é proporcionar entretenimento para a legião de fãs que o Twenty One Pilots tem em suas mãos. Ao chegar ao GP Week era notório notar que a maioria dos presentes estava presente para assistí-los.
Eram tantas camisetas, faixas, bandanas, coros e até mesmo antes da apresentação era perceptível ver a animação das cadeiras a cada movimentação dos roadies. Aliás, estes verdadeiros trabalhadores da música. A coordenação que a equipe da banda tem que ter é algo que vale ressaltar já que são tantas entradas e saídas do palco, pirotecnias, montagem de cenários e investidas de Tyler ao ir de encontro com o público exigem um nível de atenção acima da média e contribuem para uma experiência memorável.
As surpresas também fizeram parte de um show que abriu com “Guns for Hands”, faixa que não abria shows desde 2015 mas especialmente para os fãs brasileiros eles abriram, já na última parte do show eles ainda brincaram tocando “Aquarela do Brasil” com direito a intervenção de metais e uma vesão de “Halo’s Theme” de Martin O’Donnell.
Entre colocar e tirar sua máscara balaclava, o show alternas músicas mais agitadas, com rap, mas também dá espaço para outros momentos mais intimistas como “Holding on to You” no qual vai para o piano. As luzes, os artifícios e a presença de uma banda de fato dando corpo para o duo, também mostram a nova fase da banda cada vez mais eletrônica mas também com espaço para uma fluidez de gêneros como o funk e a disco music, aliás, essa é uma das marcas da sonoridade da banda que permite muitas possibilidades e não se restringe quando o assunto é experimentar.
Com direito a uma fogueira, violão, cajon e vocais acappella, eles fazem medleys de canções em um momento imersivo onde os fã eram encorajados a ligar as luzes dos celulares. Um dos momentos de quebra de uma apresentação que ainda traria muita emoção e verdadeira entrega ao público presente nos arredores da Barra Funda.
Já na terceira parte do show eles voltam com uma sequência par trazer os fãs ainda mais para perto com uma sequência com “Jumpsuit” e “Heavydirtysoul”, a temperatura volta esquentar logo em seguida com “Ride” no qual pela primeira vez Josh Dun sobe numa estrutura de madeira para tocar bateria em cima da plateia. Algo que voltaria a acontecer em “Trees”, faixa que fechou a apresentação no GP Week.
A situação começa a ficar ainda mais intensa em “Car Radio” onde o vocalista larga o palco, atravessa a plateia e no melhor estilo Kaiser Chiefs começa a escalar a torre de som as próprios punhos. Quando achamos que ele vai parar ele continua até alçar o topo da estrutura ficando a mesma distância de todos os pontos do estádio. Algo que se formos ver é uma forma de democratizar o espaço trazendo para perto de todos o espetáculo. Uma luz, claro, é colocada em sua direção. Quando parece que ele vai descer após terminar de cantar a canção, um roadie sobe e leva para ele um baixo. Lá de cima ele começa a cantar e tocar o hit radiofônico “Stressed Out”.
O show ainda conta com “Heathens”, já com Joseph no palco após pegar um ar, e “Trees”, onde ambos sobem em plataformas e são elevados na plateia onde tocam os tambores, como de costume, voltam ao palco molhados e reverenciam os fãs agradecendo pela arte do encontro.
The Killers
Aos 21 anos de sua estreia o The Killers pode ser considerada uma banda veterana de rock alternativo mas que por beber do synthpop, new wave e pop rock dos anos 80 acaba por si só aproximando um público de outras gerações. O resultado é que o show dentro do GP Week foi capaz de atrair famílias inteiras, muitos já de cabelos grisalhos e grupos de amigos que se conheceram em festas nas últimas décadas cantando hits como “Mr. Brightside”, “Somebody Told Me”, “When You Were Young” e “Smile Like You Mean It”.
O show, inclusive, foi dividido em blocos que contemplaram bastante a carreira do grupo de Las Vegas. Os telões também tiveram papel importante em contar a história dos então meninos que saíram da cidade com o sonho de brilhar nos palcos de todo o mundo. Momentos emblemáticos ficaram de certa forma imortalizados na memória dos fãs como a apresentação no VMA Awards com “Mr. Brightside”.
Quase 20 anos depois daquele momento, o tempo já mostra marcas na fisionomia e a banda continua afiada e faz show praticamente sem erros. A sintonia é tanta que o baterista Ronnie Vannucci Jr. começa a tocar músicas muitas vezes com os olhos fechados e durante “For Reasons Unknown”, na qual a banda convoca o fã brasileiro Raphael, ele fica a beira da bateria dando uma espécie de masterclass ao fãs.
Já no começo do show que abre com “My Own Soul’s Warning” e emenda com “Enterlude”, do Sam’s Tom, a sequência esquenta com a dobradinha do Hot Fuss (“When You Were Young”, “Jenny Was a Friend of Mine” e “Smile Like You Mean It”), a primeira, inclusive foi trilha do jogo Guitar Hero, o que fez com que a música ganhasse ainda mais difusão.
Do Direct Hits (2013) no show tivemos “Just Another Girl”, esta executada durante o BIS e “Shot at the Night”. Do Day & Age faixas como “Human”, “Spacemen” e “A Dustland Fairytale” emocionaram os fãs e trouxeram nostalgia da segunda era de sucesso do grupo estadounidense. Talvez o último da era do The Killers nas rádios de rock “Runnaways”, do Battle Born, antecede “For Reasons Unknown” e “All The Things That I’ve Done”.
O BIS final além das já citadas “Spaceman” e “Just Another Girl”, fechou com a versão para “Mr. Brightside”, quebrada em duas partes, uma mais eletrônica e outra original. Um show que embora em muitos momentos protocolar, extremamente profissional e bem executado. Dias depois em Brasília (DF), o vocalista Brandon Flowers cantou “Sozinho” de Caetano Veloso (veja aqui).
Por volta das 23 horas, com mais de 1h e 40 minutos, o show se encerra no Allianz Parque.
Agora basta entender se o festival que celebra os 50 anos da Fórmula 1 pretende no ano que vem voltar na mesma semana do GP de Interlagos. O saldo da primeira edição do GP Week foi positivo.