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4° álbum da multiartista Ava Rocha, Néktar, traz letras sincericídas e frescor existencial

Ava Rocha lança Néktar, seu quarto álbum de estúdio

“Baby, é tudo um sonho.” é a faixa que abre e apresenta o álbum novo da grande multiartista Ava Rocha, uma criadora que busca sempre a inventividade e questionamento de padrões em seus projetos. A primeira canção do projeto já te coloca em um delicioso ambiente onírico, um portal para esse universo fabuloso que é o universo artístico de Ava.

Música de baile e música cabeça e, música de baile cabeça também, rezas contemporâneas presenteando os ouvidos. Múltipla e sonoramente inquieta Ava nos coloca em ambiente lisérgico e poético de uma maneira arrebatadora  em cada canção. Néktar transita em diversos estilos e sons, mas nunca perde o cancioneiro da cantora compositora, aliás o álbum privilegia a voz e timbre único de Ava, agora com ainda mais maturidade de boa brincante da música e poesia que vem mostrando em sua trajetória.

A Produção de Néktar

Sempre envolta na construção coletiva e bem acompanhada de músicos-amigos, Ava contou com a produção de Jonas Sá (produtor de Ava Patrya Yndia Yracema [2015] ) e Thiago Nassif.  Néktar é como um hub contemporâneo conectando gêneros ao longo de suas 11 faixas inéditas, explorando arranjos que vão do concreto ao surreal, do orgânico ao eletrônico, e que une e revela diversos e novos elementos do universo artístico de Ava Rocha.

Suas letras e poética navegam do jazz a balada com cancioneiros debochados, pitadas de samba canção e tragédia, a artista lança pela primeira vez um disco quase inteiramente tecido por sua composição, salvo em “Baby é Tudo um Sonho” de Negro Leo, também parceiro de Saulo Duarte em “Disfarce”, além da participação de Iara Rennó em “ Barcos Nos Pés”, de Jonas SáThiago Nassif na faixa-titulo “Néktar” e novamente de Thiago Nassif no samba “Longe de Mim”.


Ava RochaFoto Por: Cacá Meirelles

Entrevista Exclusiva: Ava Rocha

Confira uma breve entrevista exclusiva realizada por e-mail.

Seu disco anterior foi lançado em 2018, como foi a retomada pós pandêmica pra você no mercado musical? Como vem sendo fazer música atualmente pra você no Brasil?

Ava Rocha: “Quando a pandemia começou eu estava iniciando o processo de um novo álbum, que hoje é o Néktar, e indo fazer uma série de shows na Europa, shows do trança que eu lancei em 2018. Então houve uma interrupção em todo o processo, e durante a pandemia ele se renovou, se transformou porque são dois anos né, e eu fiz uma mergulho na pesquisa audiovisual das lives, novos formatos, compus, criei e foi um processo mais solitário também, ou com outros métodos né de parcerias.

Enfim, tudo isso pra dizer que a retomada foi paulatina, primeiramente retomando o disco e me dedicando a ele, ali com Jonas, Thiago e alguns colaboradores. Depois fui pra Portugal tocar no festival de Sines e em Berlim, ao retornar apresentei uma série de shows diferentes entre si na temporada do centro da terra, com curadoria do Alexandre Mathias, chamada “ Femme frame” que foi revigorante para voltar a experimentar o palco, e lançar muitas canções novas que nem estão no Néktar.

em, fiz muita coisa nessa retomada, montei um longa metragem, fiz a trilha de outro, fiz a curadoria da mostra Umbigo do Sonho – O cinema de Paula Gaitán, apresentei alguns shows inéditos, fiz Índia da Gal no Sesc Ipiranga, enfim na verdade acho que minha atividade artística não se resume ao mercado musical brasileiro. Crio em muitas frentes e me mexo de muitas maneiras. Acho que agora com o disco novo é que posso pensar em pensar em retomar em relação ao mercado musical especificamente.”

O que toca no radinho da Ava? Há algum artista que queira indicar pra gente conhecer?

Ava Rocha: “Toca de tudo. Mas assim da galera mais nova, eu amo o Luís Augusto que lançou um disco maravilhoso, ele é parceiro do Léo em Hermética. Escutei o Pelados e gostei deles, a cantora é maravilhosa por sinal. A Ana Frango Elétrico né? A Saskia, o Vovô Bebê, a Bebé Salvego, a Jadsa, Tori, Brune Berle, A Victoria dos Santos, Ana Viss! Tem um cara do rio que vai lançar, o Caxtrinho…Tem muita gente boa, nova, muito boa! Infelizmente também não conheço todos, e vou escutando aos poucos. E devo estar esquecendo outra galera.”

Quais são suas influências hoje? Há artistas mais jovens e contemporâneos que transformam ou transformaram a sua obra? Fique à vontade pra comentar.

Ava Rocha: “Sempre há, pessoas de todas as gerações, né? Tempos e espaços que nos influenciam. Eu não sou muito boa de eleger uma única pessoa, ou qualquer coisa,  ou aspecto, porque muita coisa me atravessa. Mas os citados acima são alguns artistas da música, mais jovens que estão me atravessando de alguma forma. Mas tem muitos outros realmente. Essa geração nova é maravilhosa!”

Quais são as mulheres da música que te inspiram e interessam?

Ava Rocha: “Nossa são tantas. Eu curto muito uma artista colombiana chamada Lucrécia Dalt. Adoro Alzira E. das maiores compositoras brasileiras e cantora e instrumentista fantástica, inspiradora em vida e obra. Curto a Solange, a Kali Uchis.

Curto muito as minhas contemporâneas: Tulipa, Iara, Anelis, Assucena. Eu curto todo mundo. Cada artista tem coisas únicas para aportar ao mundo.”>Ava Rocha: “Sempre. Jamais abandonei mas hoje meu foco tem sido mais a música ditando o ritmo cinematográfico, mas sigo fazendo. Fiz um filme na pandemia chamado Mãe e outro chamado Lunar em parceria com meu irmão Pedro Paulo Rocha. Realizei também uma série de lives que eu mesma dirigi, fotografei, montei. Todos estão no YouTube . E sempre vou fazer e farei porque é algo que faz parte da minha essência , não é apenas uma profissão.”

Ainda falando em visualidades, como foi a criação da capa do disco junto aos artistas que colaboraram?

Ava Rocha: “Eu convidei minha irmã, a artista plástica Maira Senise, que assina a capa de meus álbuns anteriores, porque além de ser uma artista fantástica, autêntica que realmente me fascina, por ser minha irmã e amiga é desde sempre minha interlocutora visual. Mesmo ela sendo 10 anos mais nova, já adolescente colaborava comigo.

Então a convidei por confiar de olhos fechados e de olhos fechados recebi a capa, quando abri me maravilhei, capa perfeita para o Néktar. Apenas conversamos um pouco sobre o disco, falei algumas ideias desejos que tinha, e ela junto ao seu companheiro, o arquiteto americano John yurchyk realizou a capa. Uma obra prima ao meu ver. Um presente que engrandece o disco a máxima potência.”

Como você imagina o mercado musical daqui 10 anos?

Ava Rocha: “Eu não sei o que imaginar, mas posso desejar. Desejar que todas as fronteiras da música sejam de fato rompidas, que sejamos capazes de promover uma amálgama musical coerente com nossa produção, criatividade e potência. Imaginaria que daqui já 10 anos o tal mercado fosse algo vivo, mais para uma feira viva de trocas e não uma máquina de fast food, ditando tendências muitas vezes tóxicas ou apenas hegemônicas e genéricas.

Diria que o mercado deve investir na produção e inovação de forma geral. Para além do mercado a música vai muito bem é muito viva, e não precisa estar nas prateleiras mas realmente viva em movimento. Diria q o mercado deveria se misturar mais, e ser mais corajoso, sem que a moeda seja apenas o dinheiro, mas o que isso pode mexer na cultura e na formação de um povo, que é o que realmente vale. Não adianta ter dinheiro e não ter essência.”

Sobre Néktar

Gravado quase que inteiramente no estúdio TILT! (RJ) de Jonas Sá, o mesmo construiu com Thiago Nassif um disco majoritariamente tocado e arranjado por eles: teclados, baixos, violões e guitarras, em contraponto a gravações orgânicas na Companhia dos Técnicos (RJ) com banda formada por Alberto Continentino, Pedro Sá, Thiago Nassif e Thomas Harres. À esse incrível time somam-se Victória dos Santos e Cláudio Brito nas percussões, Eduardo Manso nas guitarras, Pedro Dantas no baixo, Bella nos synths/efeitos, os violinos de Pedro Mibieli, e os coros de Analimar Ventapane, Munik Namour, Negro Leo e Jonas Sá. Ava também participa, tendo criado a base e tocado as flautas em “Seringueira da Veia”. Todas as vozes de Ava foram gravadas na YBMusic (SP), assim como algumas sessões extras.

Com capa assinada pela artista plástica Maíra Senise (Ava Patrya Yndia Yracema e Trança) e pelo arquiteto americano John Yurchyk, fotos de divulgação e conteúdos de Cacá Meirelles, em uma produção audiovisual que tem León Gurfein como Hair Styling, os vídeos de Joaquim Castro, figurinos de João Pimenta, Helô Faria e Vitor Hugo Mattos e o apoio do Estúdio O2/ Studios BR, o projeto reúne ainda a gestão da manager Ana Laura Castro e a coordenação de comunicação de Mercedes Tristão, também como estratégia ao lado de Priscila Melo. Ava assina ainda parte do projeto visual com a colaboração do GalopeGalope e Rodrigo Amim na concepção do lettering.

O disco é um lançamento da YBMusic.

Ficha Técnica

Produzido, Arranjado e Gravado Por Jonas Sá & Thiago Nassif No Estúdio TILT! (RJ)
Sessões No Estúdio YB (SP) Gravadas Por Carlos Roberto “Cacá” Lima, Fernando Rischbieter, Pedro Vinci & Diego Techera
Sessões Na Cia Dos Técnicos (RJ) Gravadas Por Duda Mello
Assistente Cia dos Téncicos (RJ) Raphael Rui Castro
Mixado & Masterizado Por Martin Scian No Estúdio Bola De Nieve (Bariloche)
A&R Maurício Tagliari; Label Service Benoni Hubmeier;

Capa: Maira Senise e John Yurchyk

Ava Rocha Néktar


This post was published on 31 de julho de 2023 9:00 am

Cris Rangel

Poeta, arte educadora e multiartista. Produtora cultural há 21 anos, indignada e sincericida por natureza. Gosta de abraços demorados e é aficcionada por música e toda arte que subverte ao óbvio. Ama brincar, rir de si mesma, inventar coisas e fazer planos mirabolantes para os amigos que admira. Tem mania de dividir conhecimento sobre o setor fonográfico e novidades. Diretora Criativa da Lyra das Artes. A&R do selo Lyra Noise. TDAH polivalente. A verdadeira Lôca do Play.

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