Gabriel Thomaz (Autoramas) cria o selo Maxilar para ajudar artistas independentes

Em 1988 Gabriel Thomaz iniciava sua jornada no mundo da música com o Little Quail & The Mad Birds, projeto este que lançou seu disco pelo selo Banguela Records (aquele mesmo do Miranda e dos Titãs). O músico iria dar início aos Autoramas apenas 9 anos depois e de uma forma ou outra sempre contribuiu para a trajetória e intercâmbio de informações entre muitos artistas independentes, essa proximidade sempre me fez questionar porque ainda não existia um selo sob seu comando. Eis que em 2021 o antigo sonho, como ele mesmo revela em entrevista exclusiva para o Hits Perdidos, sai do papel e nasce o Maxilar.

“Sempre quis ter um selo pra lançar coisas boas. Chegou o momento. O formato digital facilita. Sempre ouvi bandas que eu pensava “eu que devia lançar isso”. Sempre falei de bandas boas pra gente de outros selos q foi lá e lançou.

A Ditto, nossa distribuidora, deu a maior força. Agora é trabalhar com cuidado e amor. Tenho um arrependimento de não ter tido um selo nos anos 90.”, revela Gabriel Thomaz que ao longo da sua jornada até mesmo criou o projeto Lafayette & Os Tremendões para homenagear ainda em vida o mestre Lafayette que nos deixou recentemente.



O Selo Independente Maxilar

Sobre a ânsia pela criação e a importância de um selo independente em 2021 Gabriel Thomaz revela um pouco sobre as dificuldades enfrentadas diariamente por artista independentes no showbizz. “Vejo o povo das bandas bem perdidinho…não sabem nem onde querem chegar…eu quero ajudar no sentido que as pessoas ouçam a música boa que eles fazem.”, desabafa 

Sobre o selo Maxilar atuar 100% como selo digital ele comenta um pouco mais sobre os desafios que teve que viver ao longo dos quase 35 anos de trajetória dentro da música.

“Nossa…eu tô aprendendo…já passei pelo k7, CD, mp3, download, itunes, streaming, vinil…ouço todas as dicas e assimilo coisas diariamente. Quem sabe não venha a ter uma ideia que faça a diferença? Por enquanto acho q o grande lance é saber usar todos o formatos com o objetivo de fazer a música chegar no ouvido das pessoas.”, revela Gabriel.

Em relação ao momento de ter que se reinventar em um meio as incertezas do cenário pandêmico ele comenta: “É o que fiz minha vida inteira. Eu me viro. Mas – como falei antes – vejo a galera meio perdida. Não que a culpa seja deles. Desejo que todo mundo ache uma maneira de sobreviver.”

A Curadoria do novo selo Maxilar

“Musicalmente o que busco no meu gosto pessoal….boas ideias, originalidade, gêneros musicais que curto. E procuro gente que queira trabalhar sério, que se leve a sério e tenha como objetivo se destacar no cenário de maneira efetiva. Ainda não sei qual seria nosso diferencial. Nosso objetivo, que queremos alcançar, é fazer diferença. Estamos trabalhando pra isso.”



O Casting e os lançamentos programados para 2021

“Até agora lançamos Dionisio Dazul, Cheyenne Love, Parallèles e Wallacy Williams. Vamos lançar a sensacional Persie e depois temos mais 7 artistas e bandas. Vamos lançar o novo do Fistt, que está animal e vamos relançar também coisas antigas que não estão disponíveis por aí. São muitos planos.”

Ele ainda comenta um pouco mais sobre os artistas:

Dionisio Dazul é grande guitarrista e compositor, integrante dos Forgotten Boys, faz um rock and roll com um pouco de soul, os singles estão indo superbem.

Cheyenne Love é um nirvaninha com a sensacional Nayana nos vocais femininos, um trio neogrunge com melodias ultra inspiradas.

Parallèles é um quarteto de garotas já veterana na cena garage. “Ferme la Bouche” é hit em todos os programas de rádio garage pelo mundo.

Wallacy Williams é doidaço, o Thee Oh Sees brasileiro, também está tendo destaque lá fora, tocou até no El Sótano da Radio 3 espanhola, o programa de rock mais ouvido da Europa, talvez do mundo. O clip que sai sexta tá sensacional. E o Wallacy tá com uma banda foda, com o Bigu medine no baixo e a Ana Zumpano na bateria.



E vem a Persie, que é sensacional, grande cantora, arranjadora e letrista ímpar e certeira. O disco dela vai arrebentar.”, adianta Gabriel Thomaz, fundador do selo Maxilar

Quando questionado quais artistas vislumbraria para o selo ele comenta: “Gostaria de trabalhar com os mestres do Do It Yourself…bandas que souberam se destacar cuidando do seu trabalho, botando a mão na massa em todos os quesitos. Tem artista assim de todos os gêneros: rock, punk, mpb, etc…adoraria ver como saem as ideais e as ações.”

A estreia do selo sem show foi algo que Gabriel lamenta, perguntamos se estava nos planos um festival do selo Maxilar quando a volta dos shows ser algo viável.

“Sim, se não fosse a pandemia, teríamos feito um show de lançamento do selo, inclusive…Eu tô louco pra voltarem os shows, sempre toquei e viajei muito, é muito estranho não tocar. mas, pelo jeito, só em 2022…”, lamenta Thomaz

Novidades do Autoramas

Com o isolamento os Autoramas não pararam de movimentar e ao longo destes 13 meses de pandemia a banda se virou nos 30 produzindo conteúdos online e reorganizando seu catálogo de lançamentos. Duas partes de uma coletânea de raridades, inclusive, já foram disponibilizadas nas principais plataformas de streaming. Sobre os planos para a banda o carismático vocalista e guitarrista conta:

“Vamos gravar disco novo, material quentíssimo. Organizei toda nossa vida digital – que era uma bagunça – durante a quarentena. Todo nosso catálogo está disponível e ainda vem aí um B-Sides & Extras Vol. 3!!!!

Temos 3 ideias diferentes pra lançamentos. De 3 em 3 semanas tem pelo menos uma música nova (ou antiga) do Autoramas disponível nas plataformas desde o início da pandemia. Tô trabalhando pra cacete e isso é um prazer.”, revela o líder dos Autoramas

Para finalizar perguntamos para o brasiliense sobre quais foram os artistas que inspiraram ele a ter uma banda e quais outros foram uma alegria conhecer na estrada.

“Sou um cara do Rock and Roll…diferentes artistas me fizeram entrar no mundo da música…Rita Lee, o rock nacional, o punk nacional, os Ramones, o B-52’s, meus amigos que tinham banda, o cenário de Brasília, minha cidade natal…depois as garageiras em geral, as bandas dos anos 60…

Conheci na estrada vários ídolos…encontros emocionantes…Kim Shattuck, Cindy Wilson, Erasmo Carlos, Lafayette…lindos e inesquecíveis momentos…não só músicos…também outras personalidades geniais…mas isso é papo pra mesa do bar. Aguardo seu convite pós-vacina :)”


This post was published on 15 de abril de 2021 11:32 am

Rafael Chioccarello

Editor-Chefe e Fundador do Hits Perdidos.

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