A Supervão foi apresentando aos poucos seu reboot 3.0 que vai desde as novas referências no campo sonoro (House, Techno, Minimal, Post-Punk), passando pelo cinema (Bacurau, Gaspar Noé, Lynch), estética a até mesmo sua forma de se apresentar ao vivo. Se Faz Party (2018, Natura Musical) era mais indie e o eletrônico aparecia mais forte em seus shows, agora eles abraçam a rave como um todo mas sem perder as origens experimentais, com referências ao rock e da cultura pop.
Em tempos onde raves estão vetadas, e somente as ilegais estão a todo vapor, os gaúchos de São Leopoldo (RS), nos preparam para um mundo pós-apocalíptico, se é que isso é possível de se dizer. Essa é a aura de Depois do Fim do Mundo.
Se você já assistiu ao filme 24 hour party people onde a Madchester fabril ganha as primeiras festas em galpões e uma cena toda começa a se inspirar em Kraftwerk e New Order você consegue enxergar como a Factory e o elo entre o eletrônico e o indie podem sim coexistir. Essa é a deixa de uma Supervão que aceita os riscos de ser anfitriã de um novo tipo de festa. Ironicamente tudo isso durante uma pandemia.
Claro que o ano de 2020 não passaria em branco na sua narrativa que é carrega essa verve de desesperança entorpecida de niilismo e potencializada pelo caos político e eclosão social.
A Supervão trabalha em todas as pontas do processo, uma prova disso é que a mixagem e masterização foram realizadas por Mario Arruda que também atende pelo nome artístico, arruda_mar. O lançamento é uma parceria entre os selos Neurokat Records e Lezma Records com apoio da Honey Bomb Records. Já a capa e o design de símbolos que acompanha toda a comunicação do projeto é criação do artista gráfico Filipi Filippo.
Pedimos para a Supervão preparar um faixa a faixa exclusivo contando mais sobre essa nova fase da banda que explora novos gêneros como o House e o minimalismo. Vem entender essa brisa toda de Rave e como o coletivo Mamba Negra e a e-music européia influenciou os gaúchos.
arruda_mar: “A base de beat e o bass foram feitos quando chegamos de volta da SIM São Paulo de 2019, ainda no ritmo da Mamba Negra que aconteceu na Casa da Luz como party da feira. Já a letra foi feita na volta do Morrostock 2019, que nos trouxe a utopia de um fim de semana complementado pela distopia de volta ao mundo cotidiano.”
leosera: “Essa foi uma track que conseguimos testar nas últimas performances que fizemos antes da pandemia. Como o Mario já tinha essa cozinha pronta eu ficava testando várias possibilidades, até que veio o isolamento e comecei a pesquisar por synths de acid house e adicionei drum machines com distorções.”
arruda_mar: “É quase um minimal techno com vocais influenciados pelo New Order e pelo Boogarins.
leosera: “Essa música funciona como uma landscape, uma trilha sonora…. O ritmo é o que mais compõe e por isso acho que ela sempre funcionou muito bem nos lives. Eu colocaria ela em qualquer playlist indietronica.”
arruda_mar: “Música de limite, expressão da vontade de sair na rua. É sobre a transformação de um ato cotidiano em uma vontade que pressiona a mente de qualquer um hoje em dia. Sem referência sonora clara, veio mais de um ritmo, de uma intensidade e de um ruído de dentro da cabeça de dentro do peito de dentro do estômago.”
leosera: “Foi a única música que gravei guitarra no EP e além de não querer soar como um instrumento de cordas, queria um timbre que muito distorcido e a minha referência foi Placebo. As notas tocadas não tem importância e sim a frequência que ela ocupa. Foi também uma busca por um timbre mais industrial.”
arruda_mar: “Esse som é composto de synthetizadores circulares de techno com referência em Artbat, em Martinelli e no filme Bacurau (que já tinha gerado a nossa música XXI). A voz é um choramingo no telefone sobre saudade. No fundo tem uns sabiás, que foram adicionados por causa da Canção do Exílio de Gonçalves Dias.”
leosera: “Sdd de aglomeração. Um som que parece uma noite de rolê mas não exatamente uma música para festas.”
arruda_mar: “Um desenvolvimento meio “Heart and Soul”, do Joy Division, com timbres do minimal techno. É uma história geral… A bad faz party em algum momento da vida e, talvez, seja importante lembrar disso pra não cair tão fundo quando alguma treta se apresenta no caminho.”
arruda_mar: “Esse som começou por influência do Clímax, do Gaspar Noé. Se inspira em vídeos de vogue e teve como gatilho de produção a festa de carnaval 2019 do Coletivo Plano, rave de Porto Alegre.
A letra é uma apropriação de um som que aparece em um documentário sobre o início da cena techno de Berlim, na qual o pessoal cantava “My house is your house and your house is mine” se referindo à party socialista da cidade. A adaptação para o momento pandêmico ficou, em um inglês errado, “My house in your house and your house in mine”. Fractal de casas, uma dentro da outra, tipo chamada de vídeo.”
This post was published on 13 de novembro de 2020 11:40 am
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