Chimi Churris busca por conexão em “El Interior Hacia Fuera”

 Chimi Churris busca por conexão em “El Interior Hacia Fuera”

Em tempos onde muitos querem falar mas poucos querem ouvir, conseguir estabelecer diálogos: é a cada dia algo mais raro. É tanta energia que poderia ser catalizada sendo dispersa que muitas vezes temos que escolher com quem queremos nos comunicar.

São vários discursos, palavras de ordem, protestos, reclames e ânsias de tirar o que está preso no peito que muitas vezes questionamos quais seriam as reais motivações. E como toda mensagem é passível de diversas interpretações, muitas vezes o mais difícil mesmo é ser de fato compreendido.

Toda essa gama de reflexão está presente em El Interior Hacia Fuera, segundo álbum da Chimi Churris, de São Leopoldo (RS). De certa forma a motivação e a essência do disco permeia a dicotomia entre o interior e a superfície. Tudo isso visto através de um ângulo poético. Deixando sim a interpretação livre, misturando diversas facetas humanas como a discussão, a brincadeira, a confusão e os atos-falhos.

Natural do processo já que este disco está sendo preparado a praticamente 5 anos. As emoções vem de encontro com o cenários dos próximos meses, desde as eleições a até mesmo a euforia de uma Copa do Mundo. Muitas das composições vem do período turbulento que foi o da Copa realizada no Brasil, misturado com o caos político agravado nos últimos 2 anos e tendo até algumas outras mais atuais sobre o sentimento das relações interpessoais e consigo mesmo.

Neste meio tempo os gaúchos tiveram mudanças em seu caminho. Nascia a Supervão, mudanças de integrantes aconteciam. A Chimi versão 2018 conta com membros da banda citada e Paulo H Lange (Gentrificators). As experimentações de softwares e drivers acabaram sim influenciando a miscelânea sonora do novo registro.


Chimi Churris - Foto Braza
Chimi Churris. – Foto Por: Braza

Chimi ChurrisEl Interior Hacia Afuera (23/05/2018)

Foram 5 anos em todo esse processo de imersão que se confunde um pouco com a história do selo Lezma Records e foi sob este contexto que o álbum anterior nasceu. Com muito mais experimentação, amadurecimento e tentativas de trazer mais pulsações das ruas que El Interior Hacia Fuera foi se moldando.

“Talvez o El Interior Hacia Fuera esteja ligado ao desejo de expressar o indizível silencioso, represado, algo estocado com o qual não se sabe lidar. O primeiro passo é o diálogo, e em uma época de contenções sociais, promover eventos em que se podia entrar em contato com diferentes experiências parecia a alternativa mais urgente pra que estas zonas temporárias se permitissem diversas e abertas. Em dado momento, a catarse de tocar as canções pareceu concentrar outras pulsões, de afirmações poéticas.”  – conta a banda

O disco foi gravado no homestúdio de Mario que também foi o responsável pela mixagem e a masterização. As composições foram feitas por Ricardo Giacomoni, Paulo H Lange, Mario Arruda e Leonardo Serafini.

Eles que revelam que nas gravações Mario ficou assumiu as guitarras, baixo, vocais e percussão. Ricardo tocou guitarras, baixo e vocais. Leonardo gravou linhas de baixo e Paulo ficou responsável pela bateria e vocais. O disco ainda conta com a participação especial de Ana Paula da Cunha que canta na faixa “El Interior Hacia Fruteira”.

Sobre o processo do disco Mario ainda complementa: “Voltando no tempo, o conceito do álbum nasceu da nossa primeira festa de rua. El Interior Hacia Fuera: era uma ideia de levar tudo que a gente tinha dentro de casa para fora e tudo que tinha na rua pra dentro de casa. Se mesclar mesmo com o mundo.

A gente levou sofá, luz, instrumentos, tapete e fizemos a festa, e o retorno acho que foi energético, não sei bem. A coisa é que tem essa onda do fora e do dentro. O fora é constituído pelo dentro e o dentro pelo fora. No disco isso se manifestou com músicas bem diferentes umas das outras: umas sérias, outras de brinks; umas introspectivas, outras festivas…”



E de fato o álbum é uma grande viagem por várias dermes. Ele acolhe e dá lugar de fala. Tenta conversar conosco das mais distintas formas. Ele é jovem, não se importa em acertar e errar tanto, ele quer mesmo é te trazer para dentro da roda.

“El Interior Hacia Fruteria” consegue transitar entre Velvet Underground, Mutantes, tropicalismo, shoegaze e a surf music. Tudo isso de maneira pop e de fácil assimilação. Tem espaço para brincadeira na letra que faz uma “salada de frutas”, até lembrei da banda Trombone de Frutas ao ouvir as citações. O conceito de superfície e o interior é trabalhado de maneira leve. Consigo até imaginar um clipe em animação com muitas cores, luzes e frutas se distorcendo.

O tom lo-fi das influências dos primeiros dias da Chimi são perceptíveis na introdução de “Radinho”. Tem sim um pouco de Daniel Johnston, Guided By Voices, Moldy Peaches, Twin Peaks, Tame Impala e até mesmo Mac Demarco. Ao meu ver a canção é o hit perdido do registro pois dialoga tanto com as frequências como com o momento do rock alternativo internacional. Chill Wave na veia.

Segundo os músicos “a ideia talvez se relaciona com aquilo que temos nas possibilidades de emissão e captação de uma onda dos encontros. Em certo sentido não se restringe à tecnologia e o instrumento de se encontrar, mas um jogo de disponibilidades e tentativas de fazer contato, estar em sintonia.”

Em um mundo onde temos tanta desinformação, fake news e ódio sendo espalhado para todos os cantos….realmente estar em sintonia é cada dia mais difícil fazer contato e adentrar a superfície. É aquele paradoxo entre querer se enquadrar em algo mas ao mesmo tempo não se sentir parte daquilo. Talvez um dos maiores dilemas dos millennials.

Na sequência chega de mansinho mas com uma carga de ancestralidade e espiritualidade intensa, “Jahnaína”. Ela funciona quase como um mantra e cataliza uma energia forte. A busca por tentar buscar a paz através da abstração da meditação ou de encontros espiritualizados que permeia a canção.

Parte do processo de composição veio da experimentação e tentar interagir com várias culturas e ritmos que seus amigos os traziam. Tudo isso enriquece e nos leva para outros horizontes. Me agrada a ousadia em criar toda uma órbita própria para a canção que por sua longa duração nos permite entrar em transe.

Como fã de Big Star e da soul music, “Déjà Vu” me abraçou de bate pronto. Sua letra carrega o medo de o passado estar se repetindo mais uma vez, é como se um mal presságio estivesse a caminho. Carregando em si medos, insegurança e instabilidade. Tanto é que eles cantam de forma desesperada e sem pegar muito fôlego.

De certa forma “SMS” serve como continuação para a anterior. Com acordes mais delicados que me remetem a bandas como The XX, Slowdive, The Underground Youth, My Bloody Valentine e Cigarettes After Sex. Sim, o dream pop e imersão no mundo dos sonhos é sentida. Ao mesmo tempo que faz o resgate da garagem e a mixagem traz recursos que a deixam ainda mais flutuante. Então se somarmos as músicas temos quase 15 minutos de som na dobradinha.

A nave volta a alçar voo em “Fuerza de Los Cosmos”, essa que traz elementos do nosso tão brasileiro baião e sertanejo de raíz logo em sua introdução. Conforme ela vai se expandindo vemos elementos novamente do dream pop sendo incorporados. Sua composição por outro lado vai beber em Caetano Veloso, Gilberto Gil e O Terço. E essa conexão entre tanta coisa diferente que dá o tom multicolorido do espectro solar do álbum. Toda essa energia cósmica e expansão de horizontes me leva direto para o Cosmos do My Magical Glowing Lens.

A levada mântrica volta a aparecer na faixa título, “El Interior Hacia Fuera”, esta que traz um ar mais lunar do post-punk oitentista. Ela é mais gelada, e de certa forma traz a dualidade do lado sombrio do ser humano a tona. Os vocais me lembraram o jeito de cantar do grande Arnaldo Antunes.

Ela é sensorial, tem uma percussão tribal e experimenta sem medo de errar. Em uma geração em que tem focado no poder das apresentações ao vivo, a curiosidade para saber como todas estas texturas funcionarão ao vivo só aumenta.

Cuidado para não tomar um caldo! Já que a seguinte é “Haole Music”. Eles vão atrás de Dick Dale e dos grandes Beach Boys para resgatar o estilo que não consegue deixar ninguém parado. Cheia de ironias a letra tenta nadar contra a corrente da good vibes. Ela literalmente tira onda e faz várias brincadeiras em seus versos através de trocadilhos. De certa forma ela faz com que nos sintamos à beira da prancha – do barco do Capitão Gancho.

“Stace” encerra o disco de certa forma o sintetizando. Ela mistura todas as camadas, tem ritmos tribais, eletrônica, acordes da surf music, arranjos “tortos”, psicodelia, lo-fi, progressões e profundidade. Ela deixa o plano aberto e a inquietação, e incertezas com o futuro, se alastram do começo ao fim.


CAPA CHIMI


O segundo álbum da Chimi Churris, El Interior Hacia Fuera, chega como um sopro no meio do horizonte e busca aproximar e conectar o atual mundo em que vivemos. Na era onde tudo se dissipa e perde o significado em poucas horas, ele vem para abraçar e dizer: “Te entendo, vamos conversar?”. Essa ânsia por transformação vem em contraste com a era da velocidade e desinformação em que vivemos. Muita raiva e vontade de mudar mas sem estabelecer conexão com nosso interior. O dilema entre a superfície e o interior.

Em um ano de eleição, e Copa do Mundo, o sentimento de insegurança e aflição paira no ar e de certa forma o disco vem para nos abraçar. Reunindo experimentações dos últimos 5 anos da carreira do grupo, o disco passeia por estilos como o shoegaze, psicodelia, surf music, ritmos regionais, baião, sertanejo raíz, dream pop e tudo que eles puderam incorporar mediante o contato com as ruas.

Entrevista

[Hits Perdidos] Primeiro gostaria que contassem um pouco sobre o surgimento da banda que se confunde com o da Lezma Records. Acredito que é uma história que pode motivar outros músicos a sonhar mais alto.

Chimi Churris: “O segundo EP foi lançado quase que na simultânea da Lezma, que foi o primeiro lançamento do selo. Mas a motivação também parte de uma história com o animal mesmo, que aconteceu no apartamento que gravamos o primeiro disco, o episcoférias, que era uma casa meio entreaberta para rua, a fronteira era um pouco determinada.

Daí, certo dia, no corredor que ficávamos tocando para compor em um reverb de planeta, uma Lezma apareceu, e mesmo pelos movimentos lentos, aquilo nos deu uma pilha que era a hora de gravar. A ideia do selo talvez tenha partido de uma pilha tipo assim, que nem essa, de querer fazer algo no sentido de reunir as bandas, que já estavam reunidas de alguma maneira, mas de coletivizar os lançamentos e produções, os rolês que aconteciam na cidade e também no Brasil.”

[Hits Perdidos] Com o passar do tempo a banda passou com transformações, surgiu a Supervão, e cada vez mais testes com softwares e experimentações eletrônicas e até a entrada do Paulo H Lange (Gentrificators) na banda. Contem um pouco mais sobre esse processo e tudo o que foi agregando nesse meio tempo.

Chimi Churris: “São contágios que vão se produzindo, tem relação inclusive com essa permeabilidade que se tem entre o dentro e o fora enquanto conjunto de um litoral. O Paulo H Lange entrou desde o início da banda praticamente, tocando canetas em um bloco de desenhos, imagens de percussão que foram se agregando e compõe, sem antes nem depois, o som. E seu processo de criação na Gentrificators também atravessa, a certo modo, como tocamos e compomos as músicas.

Em relação à interface de afetação com a Supervão, talvez também acontece essa zona de porosidade de causas e efeitos simultâneos. Por exemplo, em relação às experimentações, desde o inicio da Chimi se tinha uma ideia de experimentação, sobretudo na maneira das captações e “mixagem” das músicas.

Mas vamos dizer que era algo, não tão perto do engenhoso, e não tão longe do enjambre, (risos), mas que tinham a ideia de tentar gravar, apesar de tudo, e depois tentar fazer algo com aquilo em um software de editar vídeo, por exemplo. A ideia com o tempo era de ir vendo como ficava melhor, e por isso mesmo a banda talvez também foi se contagiando pelo processo de produção que foi se construindo através e pela Supervão, com uso de softwares de mixagem mais específicos por exemplo.

Isso teve efeito em relação à um resultado mais próximo do que queríamos como sonoridade, ao invés de um resultado que estivesse mais estritamente relacionado só à experimentação.”

[Hits Perdidos] Como tudo na história de vocês, tudo parece ir sempre somando e o que era para ser uma festa de rua, acabou se tornando uma experiência que levou ao disco. Como creem que as origens do El Interior Hacia Fuera, a troca de energias e o momento de abrir o diálogo com diferentes visões de mundo fez bem para o resultado do álbum?

Chimi Churris: “Talvez o El Interior Hacia Fuera esteja ligado ao desejo de expressar o indizível silencioso, represado, algo estocado com o qual não se sabe lidar. O primeiro passo é o diálogo, e em uma época de contenções sociais, promover eventos em que se podia entrar em contato com diferentes experiências parecia a alternativa mais urgente pra que estas zonas temporárias se permitissem diversas e abertas. Em dado momento, a catarse de tocar as canções pareceu concentrar outras pulsões, de afirmações poéticas.

As letras do início da Chimi eram escritas numa espécie de método surrealizante da linguagem, assim como os textos de eventos no facebook, e, quando oportuno, nas conversas ao vivo. Trocadilhos, atos-falhos e associação livre tornavam o disco e o discurso mais conotativo, mais torto, ambíguo. A ideia implícita era a de que a linguagem não é conexão direta, mas tentativa de tradução e propagação de si.”

[Hits Perdidos] Neste processo, vocês gravaram o disco em casa e o Mário fez a mixagem e a masterização. Como acham que isso agregou para o resultado final? Já tinham feito isso antes ou foi um aprendizado tentar dominar todos os processos?

Chimi Churris: “Pelas músicas terem a maioria das captações feitas em casa, os sons trazem a atmosfera de algo que se tem como território conhecido e caseiro, e também se movimentam com a corrente desses ventos, de levar essa música para um exterior da onde ela mesma foi feita. Seria como trazer para o pátio algo que se tem e produz ali dentro, no canto do quarto.

Talvez os mecanismos que fazem esse movimento nos ventos são os processos de mixagem e masterização, que agem ao produzir as alegorias desses sons para que eles ecoem e ressoem na distância do quarto até a campainha do portão, a calçada e o meio fio, da rua até uma cascata ou cachoeira próxima.

A imersão do Mario na mixagem da Supervão, e o que consequentemente esta experiência agregou na sonoridade da Chimi, diz de um de processo de aprendizagem constante e incansável do Mario, na íntima relação da insistência em encontrar o resultado que converse com uma vontade do que o som quer esteticamente transmitir pela sonoridade, e também a espacialidade de um local.”


Chimi Churris - Divulgação (Foto Ana Bassani) (2)
Chimi Churris dialoga com o interior em seu segundo álbum. – Foto Por: Ana Bassani

[Hits Perdidos] Podemos interpretar o título do álbum como a necessidade de mostrar um pouco mais do nosso cosmos interior em um mundo que glamouriza tanto o status e a aparência? Seria uma forma de resistir?

Chimi Churris: “Interpretações podem existir ilimitadas, e cada uma delas guarda sua força. Mas nessa força que se tensiona entre um dentro e um fora que estão em composição, tem um jogo de que o interior também está na superfície, como o que está em uma aparência também está em relação com o interior.

Uma forma de empuxo entre os aparentes contrários, que apesar da contrariedade só existem mutuamente na relação, interior e exterior, profundidade e superfície. Acho que uma resistência que está mais próxima da insistência pelas diferenças, um questionamento em relação à uma essencialização que pode-se observar em alguns discursos que reduzem ações e gestos à uma substância inerte e interior.”

[Hits Perdidos]  “Radinho”, o primeiro single a ser lançado, provoca e faz o paralelo da frequência de quem se isola das redes sociais. O ideia era subverter e provocar? Veio de um processo interno de autodescoberta?

Chimi Churris: “Isolamento talvez se refira à uma posição um pouco extrema do de não achar a frequência, a ideia talvez se relaciona com aquilo que temos nas possibilidades de emissão e captação de uma onda dos encontros. Em certo sentido não se restringe à tecnologia e o instrumento de se encontrar, mas um jogo de disponibilidades e tentativas de fazer contato, estar em sintonia.

[Hits Perdidos]  “Jahnaína” tem um lado místico, de fé e viaja pelos ritmos africanos / batuques do candomblé mas misturando influências de vocês e experimentação. Queria que contasse mais sobre essa conexão espiritual que vocês com a música.

Chimi Churris: “Desde o início da Chimi Churris, buscávamos pela investigação metafísica da experiência musical. As músicas d’El Interior Hacia Fuera são tessitura de atmosfera coletiva, direcionados a uma espiritualidade no sentido do transbordamento do mundano, do mistério em sentimento.

“Jahnaína” é um mantra. E ela é assim como os mantras são. Não houve direcionamento em sua criação. Ela aconteceu. Carrega as referências assim, as letras, os instrumentos porque uma coisa foi chamando a outra. Se a gente for buscando origem, provavelmente não acharemos, mas certamente ela aponta ao mesmo tempo pra uma ancestralidade e um futuro por vir ao mesmo tempo.”

[Hits Perdidos] Consigo ver também uma aproximação de vocês com a surf music mas com um ar mais lo-fi / cibernético, de onde vem essa inspiração?

Chimi Churris: “A ideia de praia acho que sempre esteve próxima, apesar da praia de água salgada estar distante geograficamente. A associação que também pode existir é em relação à maresia emprestada pelo Paulo H Lange que veio de Torres, cidade litorânea do estado, e que se junta com o território que percorremos e vivemos em porto alegre que talvez o mais próximo de surfar seja tocar.

Mas sabe que essa junção e aproximação de paisagens sonoras parecem dialogar bem com o que temos na ideia de uma geografia sonora, como uma radio AM de surf music, em uma cidade cibernética, de dispositivos lo-fi. Talvez essa seja uma superfície do que experienciamos na construção e composição do disco.”


Chimi Churris - Foto Ana Paula da Cunha
O som do disco por horas é cibernético e tenta nos conectar. – Foto Por: Ana Paula da Cunha

[Hits Perdidos] O disco também sinto que procura abraçar influências do sertanejo de raíz, axé, ritmos regionais, psicodelia, shoegaze e muitas outras coisas, o que inspira vocês a ir para estes caminhos?

Chimi Churris: “Parte bastante dos encontros que temos entre nós, entre amigues, no shows que vamos, discos que ouvimos, e compartilhamos. As motivações parecem vir nessa inevitabilidade do que acontece quando se reúne com pessoas e situações. Mas para tanto, também a um estado de estar atento e sensível para o que se produz nessa junção, que está para além de algo que apenas se queira enquanto sonoridade apenas, mas aquilo que se sente como sendo pertencente ao processo, que está apenas por um convite de entrar na composição.”

[Hits Perdidos] Em um ano tão complicado de eleições vocês sentem como se estivessem tendo um “Dejavú”?

Chimi Churris: “Além das eleições, essa aparição nova de algo que já se viveu, talvez tenha sua simetria com a copa do mundo. Essa coincidência parece não ser apenas um acaso, afinal a produção do disco tem uma relação próxima com a época que as músicas foram compostas, lá por 2013/2014.

O intervalo desses anos, que contou com vários acontecimentos importantes de manifestação nas ruas, e que tinham bastante relação com a copa do mundo que se aproximava e o cenário político do momento.

Possivelmente muito do que assistimos e vivemos naquela época está de alguma maneira marcado na atmosfera das composições. Apesar de “Dejavú” ter sido feita depois desse período, ela talvez tenha uma aproximação inconsciente dessa repetição que se produz na atmosfera de um sonho, um receio do que vai acontecer, por mais que tenha seu indício incerto.”

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