47 EPs Nacionais lançados em 2025
Em tempos onde o formato de compartilhamento da música é posto em discussão nas redes sociais, as bandas tem optado por lançar singles, EPs, remixes, splits e discos. Os motivos são os mais variados, desde não ter um conceito fechado para um disco, passando por fase da carreira e chegando até no ponto do planejamento estratégico.
Sendo assim é a cada dia mais difícil dizer o que é um álbum ou um EP. Temos álbuns de 6 músicas – que seriam na teoria EPs – mas que o artista utiliza a nomenclatura. E tudo bem. Para esta lista de registros que você deveria ter ouvido este ano vamos elencar aqueles carinhosamente apelidados “EPs”.
Recebemos diariamente muitos EPs ao longo do ano, cada um com sua proposta estética, história, contexto, inserido e momento. Há 8 anos fizemos a primeira lista (Confira a de 2018 aqui), em 2019 elegemos pela primeira vez Os 25 Melhores EPs Nacionais de 2019 (Confira a lista), em 2020, tivemos a lista com Os 25 Melhores EPs de 2020, em 2021 tivermos a lista com Os 25 Melhores EPs de 2021, também a lista com os 40 Melhores EPs de 2022, depois listamos 60 EPs lançados em 2023, depois a de 55 EPs lançados em 2024 e agora é a vez de 2025!
O cantor, compositor, multi-instrumentista e integrante da banda Batuc Banzeiro, natural de Manaus, Nando Montenegro lançou o EP Rumo. Sua mistura passa desde sonoridades regionais adicionando também elementos do rock alternativo.
Segundo ele, o material faz uma viagem profunda em direção das memórias, afetos, raízes, sons e silêncios. O cotidiano, em si, sendo sua principal ferramenta de trabalho, onde questiona sobre existencialismo e o sensorial. Bastante imersivo, o resultado explora as ambiências, possibilidades através de arranjos minimalistas e a alma de um contador de histórias.
De Fortaleza, a Infinita Madrugada apresentou seu segundo EP, Madrugada Vazia, com 7 faixas e pouco mais de 22 minutos. Com aura radiofônica, frequências oitentistas, entre o indie, o pop e o R&B, como eles mesmos definem, a estética dançante esconde letras recheadas de melancolia.
Não é difícil ao ouvir a faixa título imaginar um carro antigo andando pela cidade, entre flashes da cidade, memórias e noites viradas adentro de forma desordenada. Ecos de referências de artistas que surfam nesse revival, como Capital Cities e 1975, podem ser avistados no retrovisor.
As percussões, por exemplo, criam camadas mais tropicais, em “Fora do Ar”, que tem um tom mais de desabafo sobre as relações interpessoais. “Vai Embora” deixa tudo um pouco mais acústico, mas não abre mão do lado cintilante, e da percussão criativa, sendo uma das mais confessionais e diretas do registro.
A que mais explora os sintetizadores e experimentos nesse sentido é “Lençóis Azuis”. Dentro do storytelling proposto, guia o ouvinte pela rodovia que permeia o disquinho em direção à sua curva final. A canção ainda faz uma pequena homenagem a “Céu Azul”, do Charlie Brown Jr., em seu riff derradeiro. Quem encerra mesmo é “Amar de Preto” que conta com teclados e um ar de arrependimento, ou delírio, dependendo do ponto de vista do interlocutor. O EP tem uma narrativa, de fato cinematográfica, e até por isso ganhou quatro videoclipes para acompanhar.
Daqueles encontros que a gente gosta, é a melhor forma de falar sobre o EP Sustos, parceria do duo carioca Mundo Video e o niteroiense dadá joãozinho. Com DNA de misturar ritmos, é inevitável não saber o que esperar desses encontros, mas o que podemos adiantar para você que ainda não escutou o primeiro single que abre o registro, “Dourado”, é que tem um pouco de rock, funk, soul, MPB e jazz, com direito a metáforas e jogos de palavras que nos remetem a ecos da vanguarda paulista.
Agora o EP chega completo justamente para juntarmos as peças desse quebra-cabeça envolvendo suspense e mistério. Nele, as emoções, a dança, o erotismo, as ameaças e os conflitos transbordam numa linguagem com toda a atmosfera cinematográfica. Rock, trip hop, rap, soul, poesia, versos ríspidos e intensidade — tudo acaba deixando esse romance fora da curva ainda mais vívido. Sustos é a prova viva de como a cidade cinza e o trip hop do Tricky ganham novas roupagens em um encontro improvável.
O niilismo ganha ainda mais força em “Planos (O Amor Constrói, O Amor Destrói)”, um hip-hop moderno com ecos da garagem e do universo dos videogames — que acompanha o Mundo Video desde os primórdios. “Rock N Roll” consegue fazer uma ponte entre a beleza plástica do Spiritualized e o som das ruas. Dark, combativo, disruptivo e quase macabro, o groove acaba cadenciando e deixando tudo ainda mais em sinergia com o cinema noir.
Marissol Mwaba apresentou no fim de julho o EP Tu Inteira Nunca é Só, que nasceu em meio à frustração do processo de produção de um novo álbum – atravessado por inúmeras dificuldades e barreiras comuns a quem é artista independente. “Tu Inteira Nunca é Só”, co-autoria entre ela e Natália Sousa, do podcast Para Dar Nome às Coisas, começou com uma carta enviada ao podcast e posteriormente se tornou uma faixa.
Na contramão da dinâmica insana do mercado fonográfico, os arranjos, vozes e instrumentos, tudo feito no tempo do possível. Sem pressa. Sem cobrança. O registro serve como uma espécie de diário audiovisual sobre o que está vivendo durante a produção do vindouro álbum.
Se tornando uma espécie de manifesto em apoio a outros artistas: “É um manifesto sobre o poder de criar com o que se tem, mesmo sem os “recursos ideais”. Um lembrete de que o fazer artístico não precisa ser uma superprodução para ser significativo. Que existe potência na tentativa, na vulnerabilidade, naquilo que é feito à mão, com cuidado, com presença. E que ninguém é pouco.”
Os gaúchos da Supervão disponibilizaram o EP AVGN que reúne, ao todo, quatro versões ao vivo de músicas presentes no álbum Amores e Vícios da Geração Nostalgia (2024) (leia mais) gravadas nos túneis subterrâneos de Porto Alegre.
O material marca também o primeiro registro com a entrada de Rafaela Both (bateria) e Olímpio Machado (baixo e vocais). Além de reoxigenar o catálogo, disponibilizar materiais desta forma também são uma ótima forma de apresentar o trabalho para contratantes e chegar mais próximo de como é uma apresentação do grupo.
O fluminense dadá joãozinho (ROSABEGE) retorna com o EP 1997 lançado pelo selo Innovative Leisure. O material que leva o nome do ano de seu nascimento conta com a participação da carioca Jadidi e dos paulistas da banda Raça. O lado mais cru e visceral aparece em um disco que o músico opta pela espontaneidade com direito a gravações em um único take de voz e violão para captar o momento.
Menos de 7 minutos, é este o tempo do EP do agora septeto brasiliense cool sorcery de algo que eles definem como Rave Punk. Entre as referências do novo material estão estilos como egg punk, rock progressivo, noise e garage rock, além de uma série de temáticas diversas presentes em nossa sociedade doente.
Tem discos que saem de um conceito, de um emaranhado de ideias. Esse veio de uma banda, a Seggs Tape. Então, nunca desconfiem de como uma banda pode mudar a sua vida, ok?
Representantes do que eles intitulam como egg punk, Marcos Assis, pirou ouvindo a ponto de ver a fusão entre o punk e a música eletrônica o futuro do coletivo. A natureza anárquica do artista, que desenvolveu o conceito do projeto após fazer trilhas para videogames, fez com que demos antigas e novas criações se entrelaçassem na hora da escolha do repertório que entraria.
A máquina de liquidificador do cotidiano distópico entram nas temáticas, “Fast Cars” aponta os dedos para a glamorização das casas de aposta online e do vício como promessa de ascensão social. “Funky Rats” critica a falta de ousadia da cena musical contemporânea, e suas fórmulas repetidas. “New Man” e “Pills”, atacam os red pills e sua ode ao ódio disfarçado de coach.
Já “The Reaper” vai no cerne da política de guerra. Tudo contemporâneo, onde não há distinção entre a realidade e as curvas sonoras especiais do projeto que ganha novas camadas a cada novo lançamento. Esta última parece até mesmo fazer uma homenagem a “Technologic”, do Daft Punk. Tudo é rápido, feito uma trilha para jogos dos anos 90, entre bits, riffs ríspidos, atmosfera que deixaria Ty Segall feliz – e curtição ilimitada.
Além da Seggs Tapes, Worldwide, do Snõõper (2025), MG Ultra, do Machine Girl (2020), e o Twister Techno Funk, do Furacão 2000 (2000), entram nas referências do material que não tem medo de cruzar as fronteiras do aceitável. A formação atual conta em sua linha de frente com João Assis (baixo), Guilherme “Naruto” (guitarra), Sonny Heros (bateria), Pedro Omarazul (teclados), Caio Ferraz (técnico de som), além da cantora e produtora Gaivota.
Apesar de acabar de lançar o EP, o novo disco, Annual Frog Meeting, deve sair ainda neste ano com 10 faixas e explorando ritmos como o prog e jazz punk.
Pouco mais de um ano atrás o duo mineiro Paira lançava sua bem recepcionada estreia pelo selo Balaclava Records – e por aqui falamos em primeira mão (leia mais). Misturando ritmos como UK Garage, experimental, Drum & Bass, Indie Rock ainda mais lo-fi e emo, entre guitarras e breakbeats, a continuação foi gravada logo em seguida em meio ao ritmo de turnê.
Entre as principais influências do novo material, segundo Clara Borges e André Pádua estão nomes como Alex G, Porches e do produtor de funk Rensgo (DF). Além de uma ampla base de referências de uma vida toda contemplada por artistas como Cap’n Jazz, Number Girl, Grouper, American Football, Goldie, Squarepusher, Charlie Brown Jr. e Clube da Esquina.
“Esse EP foi quase todo composto no segundo semestre de 2024, em meio a uma barragem de viagens para fazer e assistir shows juntos com a Balaclava, sem contar que estávamos os dois vivendo relacionamentos a distância nesse período”, diz André Pádua
“Começamos a morar juntos pra tocar a Paira pra frente, mas quase não paramos em casa nesse tempo. Acho que o EP02 vem um pouco desse caos repleto de vivências novas e empolgantes”, complementa Clara Borges.
Com 16 minutos de duração, o mix de faixas mais explosivas e mais contemplativas leva o ouvinte a ter uma experiência energizante em seu instrumental. Já as letras têm seus próprios sinais nas entrelinhas e amplificam os conflitos internos entre saudade e esperança. Tudo isso construído de forma não-linear, que pode, desta forma, gerar identificação por quem esteja vivenciando momentos recheados por questionamentos e incertezas. As melodias servindo como uma espécie de cama para anestesiar os sentimentos.
Com três longas faixas e explorando o black metal que se funde a música brasileira, a Vauruvã, projeto encabeçado pelos músicos Caio Lemos (Kaatayra, Bríi) e Bruno Augusto Ribeiro, lançou o interessante e pesado Mar da Deriva. Tempo, acentralidade, rituais e existencialismo fazem parte do universo que ronda o frutífero terceiro trabalho do duo.
A estreia da dupla Superafim, composta por Adriano Cintra e Clara Lima, ambos ex-integrantes do Cansei de Ser Sexy, têm como referências do indie rock dos anos 2000 vem através de um EP lançado pelo selo Sound Department. Além de participação de Duda Beat na faixa título e colaboração com Marina Gasolina, em “Let Me Go”.
Apesar de curto, o material consegue fazer um elo interessante entre o pop de outros tempos e o indie rock. O que transforma tudo em algo bastante nostálgico e contemplativo, transitando entre a pista de dança e o divã.
Delusis, é o novo projeto de Dimetrius Ferreira (ex-Mahmed), de Natal (RN). Sua estreia aconteceu em julho com o EP Imerso (Carmen Records), material que carrega a melancolia inerente ao antigo projeto, com direito a muitas camadas, efeitos e atmosfera viva, repleta de referências do experimental, shoegaze e pós-punk, tudo isso de forma bastante onírica pronta para trilhas sonoras de filmes. O mini-compacto com três faixas foi gravado em São Paulo por Roberto Kramer (ROKR), com co-produção de Gabriel Arbex e baterias por Lubas (Terno Rei).
É claro que uma lista com 47 EPs Nacionais lançados em 2025 ia contar também com uma playlist no Spotify para você conhecer tudo!
This post was published on 22 de dezembro de 2025 8:00 am
Retrospectiva 2025: 100 Hits Perdidos de 2025 A retrospectiva do Hits Perdidos de 2025 chega…
Os 30 Discos Internacionais Favoritos de 2025 Pela primeira vez faço uma lista única e…
206 Discos Brasileiros que Você Deveria Ter Ouvido em 2025 Recentemente postamos uma lista com…
Loserville Tour encerra 2025 reunindo gerações no Allianz Parque Fechando a agenda de shows internacionais…
Discos fora do Hype para conhecer lançados no segundo semestre (2025) Fim de ano por…
Os Melhores Discos de 2025, Por Diego Carteiro Chega mais um final de ano, e…
This website uses cookies.