Weezer celebra 30 anos de “Blue Album” em noite histórica no Ibirapuera com Bloc Party, Mogwai e Otoboke Beaver

 Weezer celebra 30 anos de “Blue Album” em noite histórica no Ibirapuera com Bloc Party, Mogwai e Otoboke Beaver

Weezer durante festival no Parque Ibirapuera. – Foto Por: Rafael Chioccarello (Hits Perdidos)

No domingo (02), o Parque do Ibirapuera, por meio do ÍNDIGO — plataforma da produtora 30e — recebeu os shows de Weezer, Bloc PartyMogwaiJudeline e Otoboke Beaver. Entre as apresentações, ainda tivemos sets da Brenda Ramos, DJulia, Linda Green e dos membros do Podcast Vamos Falar Sobre Música?.

A previsão era de chuva durante quase todo o festival — e ela até apareceu nas primeiras horas. Mas, para a alegria geral, ficou nisso. Uma garoa fraca marcou presença durante a abertura e o show das carismáticas japonesas do Otoboke Beaver.

Para se ter ideia, o pôr do sol até ameaçou aparecer durante o show imersivo do Mogwai, mas as nuvens insistentes não deixaram que acontecesse por completo. Teria sido incrível. Fato que aconteceu na Fazenda Maeda, em 2010, durante a apresentação do Sublime & Rome (assista)… tão inesquecível quanto o arco-íris do show do MGMT no Lollapalooza (2012) quando o festival ainda acontecia no Jockey Club de São Paulo.

Em relação ao fluxo do festival, a produção acertou bastante em realizar todos os shows em um palco só com um bom distanciamento entre uma atração e outra. O que facilitava com que os presentes pudessem se deslocar para ir aos banheiros, comprar bebidas e alimentos. O modelo é semelhante ao adotado pelo Festival Turá, que também monta seu palco na Plateia Externa do Auditório Ibirapuera.


Nik Silva e Isadora Almeida, membros do Podcast Vamos Falar Sobre Música?, em DJ Set realizado antes do show do Weezer. - Foto Por: Rafael Chioccarello (Hits Perdidos)
Nik Silva e Isadora Almeida, do Podcast Vamos Falar Sobre Música?, em DJ Set realizado antes do show do Weezer. – Foto Por: Rafael Chioccarello (Hits Perdidos)

Otoboke Beaver

Natural de Kyoto, a Otoboke Beaver é um quarteto de punk rock feminino formado atualmente pela vocalista Accorinrin, a guitarrista Yoyoyoshie, a baixista Hirochan e a baterista Kahokiss. Seu tom debochado vem desde o nome que tem como origem um motel em Osaka, perto de onde as até então estudantes cursavam o ensino médio ainda em 2009.

Com som estridente, escrachado, as referências da cena riot grrrl, do garage rock e hardcore punk se contrapõe ao visual colorido, divertido e a postura gentil. O que, a meu ver, deixa tudo mais interessante.

Na sexta (31), elas se apresentaram no Cine Joia e desde já se mostraram receptivas. Ficaram na porta da casa de shows do bairro da Liberdade, tirando fotos com os fãs e até mesmo fazendo fotos promocionais na fachada icônica de um dos cinemas mais antigos da cidade.

A apresentação por lá foi catártica com direito a stage diving com um inflável e uma excelente resposta do público presente. Segundo Diego Carteiro, repórter do Hits Perdidos, o show foi um dos grandes shows do ano com direito a um pequeno trecho de “Buddy Holly”, do Weezer, antes de fechar com “PARDON?”, do disco Super Champon.


Otoboke Beaver durante festival no Ibirapuera. - Foto Por: Rafael Chioccarello (Hits Perdidos)
Otoboke Beaver durante o festival que aconteceu no domingo (2) no Ibirapuera. – Foto Por: Rafael Chioccarello (Hits Perdidos)

Com um tempo de show mais curto e maior distância da grade, o desafio de abrir o ÍNDIGO foi grande — mas os comentários de quem chegou cedo para ver a banda foram bastante positivos. Até para quem não é muito chegado em estilos mais extremos de um punk rock mais cru pareceu simpatizar com a atitude, brincadeiras e sorrisos que as artistas trocavam com o público.

Para quem ainda não conhece, elas têm um disco com 18 músicas e apenas 21 minutos. No palco algumas faixas chegam a durar quando muito 40 segundos. Ou seja, eletrizante e impactante é apenas um complemento para a potência de seus shows. Os 50 minutos de apresentação foram suficientes para impactar e causar estranhamento. No geral, a recepção de um público mais aberto ao novo, foi bastante positiva.



Judeline

De Cádiz, em Andaluzia, na Espanha, Judeline é daqueles fenômenos do pop, com referências que flutuam entre o alternativo, o flamenco e a música latina. Apesar de ser um nome pouco conhecido no Brasil, na Espanha a artista de 22 anos que também tem raízes venezuelanas tem lotado estádios de futebol e chamado a atenção de ícones geracionais como ROSALÍA e Bad Bunny, chegando a abrir a turnê mundial do J Balvin.


Espanhola Judeline no festival da ÍNDIGO. - Foto Por- Rafael Chioccarello (Hits Perdidos)
Espanhola Judeline se apresentou durante a tarde. – Foto Por: Rafael Chioccarello (Hits Perdidos)

Isolada musicalmente do restante das atrações, era notável o esforço do público e um certo distanciamento. Com direito a versão para “La Tortura” da Shakira. Sua estreia no Brasil também contou com a participação da mineira, Mc Morena, para a faixa “TÚ ET MOI”, lançada em maio. Entre as trocas com o público, a artista revelou que Gal Costa é uma das suas artistas favoritas da vida e relembrou as raízes do sul da Espanha. O show ainda conta com danças com um bailarino e interações com o telão. Bastante minimalista, ela veio acompanhada de um tecladista e um baterista.

Mogwai

Com três décadas de carreira celebradas em 2025, o Mogwai consolidou-se como uma das formações mais influentes do post-rock mundial — e seu retorno ao Brasil, pela quarta vez, reforçou o elo afetivo com o público local. A banda escocesa, conhecida por transformar o silêncio em tensão e o ruído em catarse, apresentou um set reduzido de apenas oito faixas, escolha coerente com a natureza expansiva e densa de suas composições.



Com performances que transitam entre a leveza etérea e o peso quase físico das distorções, o Mogwai constrói atmosferas em constante movimento. Um dos momentos mais impactantes da noite veio justamente no contraste: quando o volume diminui até o limite do audível, apenas para, em seguida, explodir em uma muralha sonora repleta de timbres, camadas e reverberações emocionais.

Das oito músicas do repertório, quatro pertencem ao recém-lançado The Bad Fire, divulgado no final de janeiro, evidenciando o vigor criativo de uma banda que segue reinventando sua estética após 30 anos. Ainda assim, ficou a sensação de que um formato mais intimista — em espaços como o Cine Joia ou mesmo na parte interna do Auditório Ibirapuera — teria potencializado a experiência. A apresentação, embora bela e envolvente, sofreu com o som do palco principal, que se manteve baixo durante boa parte do show, um problema que afetou também outras performances do dia.


Escoceses do Mogwai durante o festival da ÍNDIGO. - Foto Por- Rafael Chioccarello (Hits Perdidos)
Escoceses do Mogwai durante o festival da ÍNDIGO. – Foto Por: Rafael Chioccarello (Hits Perdidos)

Bloc Party

De Londres, no Reino Unido, o Bloc Party foi formado na virada dos anos 2000 e fez barulho mundialmente com o álbum Silent Alarm (2005). O vocalista Kele Okereke pode até ser visto mais cedo assistindo à apresentação do Mogwai, durante o show ele ainda revelou que o Weezer é a sua banda favorita.

Puxei da memória a última vinda dos britânicos para cá e a polêmica apresentação no VMB no qual o playback caiu mal para quem foi a premiação. Naquele mesmo ano eles se apresentaram no Planeta Terra, que acontecia na Villa dos Galpões, e no Circo Voador.


Kele, vocalista e guitarrista do Bloc Party, durante sua apresentação no festival. - Foto Por: Rafael Chioccarello (Hits Perdidos)
Kele, vocalista e guitarrista do Bloc Party, durante sua apresentação no festival. – Foto Por: Rafael Chioccarello (Hits Perdidos)

Com referências nítidas de Joy Division e New Order, algo que notei com mais força no álbum mais recente, Alpha Games (2022), foi a influência ainda mais latente de The Cure. No palco, Kele se agiganta. É impressionante a vontade que tem de entregar um show de qualidade e a felicidade que tem em ver a recepção do público que esperou 17 anos para revê-los. Hits atemporais das pistas de Indie Rock, “Banquet”, “Helicopter” e “This Modern Love”, claro, não iam ficar de fora, a última sendo escolhida para encerrar a apresentação.



Weezer

Não era segredo: o Weezer, headliner do dia, era o show mais esperado do público.

A formação que veio ao país também chamava atenção — e tinha um tempero extra. De última hora, o baterista Josh Freese, que recentemente retornou ao Nine Inch Nails, anunciou que se reuniria aos velhos amigos para uma apresentação única no Brasil.

Ele se juntou a Rivers Cuomo (vocalista), Patrick Wilson (bateria), Brian Bell (guitarra) e Scott Shriner (baixo) para o reencontro com São Paulo após seis anos. A última vinda do grupo de Los Angeles tinha sido no Itaipava de Som a Sol, no Ginásio do Ibirapuera, em 2019. A apresentação acontece 20 anos após estreia do grupo no país no extinto Curitiba Pop Festival.

O show começou pouco antes das 20h30 e terminou às 21h45, com um bis curto de seu maior hit, “Buddy Holly”. Com o mote dos 30 anos do lendário Blue Album (1994), o repertório foi puro fan service — e a plateia agradeceu.

Das vinte e uma músicas presentes no set, oito compunham o disco, outras quatro eram do segundo disco mais aclamado dos californianos, Pinkerton, e hits de discos como Make Believe (“Beverly Hills” e “Perfect Situation”) e Green Album (“Hash Pipe” e “Island in the Sun”) não deixam mentir: a banda é realmente uma máquina de hits.


Weezer, durante festival da plataforma ÍNDIGO. - Foto Por- Rafael Chioccarello (Hits Perdidos)
Weezer celebra os 30 anos do Blue Album em noite mágica. – Foto Por: Rafael Chioccarello (Hits Perdidos)

O Impacto na cultura pop e as escolhas do setlist

Muitos deles presentes em trilhas de filmes, jogos e séries. “Island in the Sun”, por exemplo, está presente em filmes como “Quatro Amigas e um Jeans Viajante” e na série “Smallville”. “Lost in the Woods” compõe a trilha de “Frozen 2”, já “My Name Is Jonas” faz parte do jogo Guitar Hero 3. O que faz com que novas gerações conheçam e se conectem com os hits atemporais.

Das músicas comemoradas pelos presentes, que fogem do script dos mega hits, entraram no setlist “You Gave Your Love to Me Softly”, “I Just Threw Out the Love of My Dreams” e “Pork and Beans”, esta última incluída em set recente do grupo no festival When We Were Young. É bem verdade que o som do palco poderia estar melhor, muitas músicas vinham com som abafado para o público, algo que só foi ajustado nas últimas quatro faixas do show. Fato foi bastante comentado entre os presentes.



A sensação era de estar presente em um show que se tornou, na realidade, um grande karaokê de hits de quem cresceu acompanhando a trajetória do conjunto capitaneado por Rivers Cuomo, que como curiosidade tem nome inspirado em jogadores da Copa do Mundo de 1970, entre eles Rivellino. Já que seu pai, o baterista de jazz Frank Cuomo, é amante do futebol e quis homenagear jogadores brasileiros e italianos que se destacaram nas quatro linhas.

Em raro momento de interação com o público “Beverly Hills”, o tímido vocalista troca o refrão nos versos finais, por “Livin’ in São Paulo, Brazil” e é celebrado pelos presentes. Após o bis, feliz com a altura que os fãs cantavam as músicas, Cuomo faz um coração com as mãos retribuindo a todos que faziam com as mãos durante boa parte da apresentação o “W”. Uma daquelas noites memoráveis — de um show comemorativo que raramente temos a sorte de ver por aqui.


Rivers Cuomo do Weezer durante festival no Ibirapuera. - Foto Por- Rafael Chioccarello (Hits Perdidos)
Rivers Cuomo do Weezer durante festival da plataforma ÍNDIGO. – Foto Por: Rafael Chioccarello (Hits Perdidos)

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