Novo Rock: Muñoz, Overfuzz, Bella e Olmo da Bruxa, BAD LUV, CATTO e mais

Bella e o Olmo da Bruxa lança seu segundo álbum de estúdio, Afeto e Outros Esportes de Contato. – Foto Por: @lucasexpedidor9
A Novo Rock trará conteúdos em micro-resenhas do que melhor tem acontecido no Rock Nacional. Singles, discos e novidades com o radar antenado do Hits Perdidos ganham o palco em um post informativo que acompanha sempre uma playlist!
Sobre o Novo Rock
“Novo Rock” é onde vivem as bandas e artistas que reinventam o gênero, cruzam influências e quebram rótulos. Se você quer saber por onde anda o rock em 2025, esse é o seu lugar. Lançamentos, listas e estreias exclusivas com a cara do agora de quem não parou no tempo das ondas das FMs. A cada nova lista serão adicionados 10 novos lançamentos, vamos juntos?

Novo Rock #2
Muñoz Twins
O power duo composto pelos irmãos Mauro e Samuel Fontoura, que assina seus projetos como Muñoz, goianos que residem em Florianópolis (SC), tem seu som calcado por uma fusão de stoner rock com influências que vão do blues ao psicodélico. Seis anos após o lançamento de Nekomata (2019), eles retornam com Twins, material que reúne 8 músicas e 36 minutos de duração.
Neste trabalho, a psicodelia se faz presente, sua raiz black-sabbathiana, também, mas agora ganha o adendo do garage rock de nomes de peso como Ty Segall, Oh Sees, White Fence e Jay Reatard. Entre as temáticas retratadas ao longo do disco, o surrealismo, a introspecção, o sarcasmo se dividem entre os temas abordados como o ego, o sonho, a insanidade, o tempo e a solidão. Até por isso, o retorno às raízes é algo apontado.
“Talvez seja o álbum mais fácil de ouvir que já fizemos. O álbum traduz a fase nostálgica que a banda está passando. Voltamos a ouvir referências antigas para criá-lo. Buscamos destacar a dualidade e irmandade da banda tanto na capa, quanto na sonoridade. Músicas mais diretas e expressivas, mostrando nosso entrosamento que vem desde a infância.
Estávamos com saudade de tocar rock’n’roll. Durante a pandemia nosso foco na música mudou bastante. Focamos em outros projetos muito diferentes do Muñoz e isso durou alguns anos. Por um lado, foi muito bom para iniciarmos esse álbum com a cabeça limpa e entendermos melhor o que estamos buscando como banda”, revela Mauro Fontoura.
Overfuzz Três
De Goiânia Rock City, a Overfuzz seis anos após Signs Of Reality, para celebrar seus 15 anos de atividades, lançaram Três, álbum com canções em português. O power trio tem como curiosidade que adotam um modelo interno onde todos são igualmente compositores, instrumentistas e também vocalistas.
Não querendo se prender em estilos, as canções orbitam o universo do rock, tendo diferenças e caminhos de construção distintos a cada nova canção. No campo lírico, o cotidiano, o sonho americano, entre ironias, angústia e a distopia de um mundo hiper conectado aparecem ao longo do material.
FLOR ET “O Corre”
Em setembro, a FLOR ET lançará seu álbum BRAZAPUNK e “O Corre” foi o primeiro single a ser revelado. Na quinta (28), inclusive, sairá o segundo som, “CANSADA”. A faixa que ainda será revelada, por exemplo, segue a linha do que eles chamam de “Tropicalismo Punkeado”, que segundo eles próprios é bastante abrangente: indo do samba e batidas punk, hardcore e breakdown.
Ao ouvir “O Corre”, o que me veio em mente são as bandas de ska/punk do vocalista Toh Kay (Streetlight Manifesto, Catch 22 e Bandits of the Acoustic Revolution) mas sem perder aquela latinidade de contemporâneos como Francisco, el Hombre em seus primeiros dias. Com carga política inflamada, as linhas de baixo perambulam pelo mesmo universo e podem até gerar comparações ao punk energético do The Interrupters. Vamos ficar atentos aos próximos passos!
“A música reflete as questões sociais de como é doido viver num Brasil com tanto moralismo, com tanta mesquinhez e oportunismo em cima de pessoas inocentes. Tudo isso num tom debochado e leve”, comentam os integrantes.
Shaun “Vivienne Westwood”
Em parceria com a Frase Records, o projeto Shaun, misturando viagem, romance e referências pop improváveis, disponibilizaram “Vivienne Westwood”, faixa que carrega o nome da estilista mais famosa da história do punk e que é o segundo single do disco de estreia dos gaúchos de Porto Alegre. Apesar de nova nos streamings, a faixa já vinha sendo tocada ao vivo há alguns anos.
A estilista não é a única famosa do mundo da música a aparecer ao longo da letra da música que parece até mesmo um filme de época. Serge Gainsbourg, Rita Lee, Neil Young, The Kinks, Gilberto Gil e The Smiths também aparecem nas referências. Essa aura viajante e, de certa forma, camaleônica da canção se transmuta ao longo do seu andamento em que vai ganhando contornos e cenários repletos de cores e elementos no imaginário do ouvinte.
“Os gostos que a gente compartilha são um jeito verdadeiro de ir conhecendo uma pessoa, e talvez as citações na letra funcionem também como esse código”, revela João, que completa: “Esse som é tipo um Gorillaz com guitarra, algo que a gente mirou bastante”.
A produção da faixa é assinada pela dupla Bruno Neves e Léo Braga.
Bacará Bichos e Insetos
No dia 15/09 a Bacará lançou seu primeiro álbum de estúdio, Bichos e Insetos, com referências que nos levam para os anos 90, algo entre Alice in Chains e Nirvana. O material foi composto por Patrick Hanser e produzido por Luigi Sucena e teve sua produção feita no melhor estilo pós-anos 2000, com demos gravadas no GarageBand com camadas reconstruídas em estúdio, mas sem aquele exagero de polimento, o que deixa tudo ainda mais nostálgico. Até por isso, faixas como “Palavrazinhas” têm aquele lado mais rudimental de discos como Bleach.
O projeto ainda conta com a participação de Kellii Scott, baterista da banda Failure, sobre o qual Patrick comenta: “Failure é minha banda favorita, então poder ter a participação do Kellii é uma grande honra”.
“O álbum não tem nada de religioso, acho que muito pelo contrário, mas coloquei ele na capa com os insetos porque admiro muito Jesus, mas ele era tão humano quanto todos nós – meros bichos que aprenderam a falar e fazer colheitas”, revela o artista sobre o fato de na capa existir a figura crucificada de Jesus ao lado de insetos numa caixa entomológica.
Bella e o Olmo da Bruxa Afeto e Outros Esportes de Contato
Bella e o Olmo da Bruxa, após rodar pelo circuito independente, retorna com o lançamento do segundo álbum de estúdio, Afeto e Outros Esportes de Contato, de forma totalmente independente.
As referências no disco são bastante abrangentes, do peso em camadas sutis, mas ruidosas do Title Fight à calmaria caótica de Deftones, pelo experimental lo-fi da Lupe de Lupe, pelo pop-punk do Sum 41 e o pop rock nacional de FM (de Fresno e Charlie Brown Jr.).
Até mesmo um samba de surpresa aparece na faixa que encerra o registro. Inclusive, a ausência de medo de assumir seu som como pop rock, ou de soar radiofônico, facilita o diálogo com o público e já abriu portas com audiências bastante diversas. Essas referências fazem faz com que o material não repita fórmulas e fica interessante pensar em como vão trabalhar isso com os novos ouvintes.
Tem música acústica (“Deus, Gay”), mais sentimental da escola Fresno que bebeu da fonte do American Football. American Football (“Eu Sei, É Foda”), guitarras estridentes indie do Title Fight (“briga de irmão e outras cadeias de violência”), através de faixas que contemplam o cotidiano, entre corações partidos, mudanças e aprendizados do amadurecer.
A formação conta com Julia Garcia, Felipe Pacheco, Ricardo De Carli e Pedro Acosta. Ricardo, inclusive ao lado de João Lentino, assina a produção. O material foi gravado em Porto Alegre, nos estúdios Pimenta e Fulminante, e em São Paulo, no Estúdio Lauiz, para a faixa que conta com a co-autoria da banda Sophia Chablau e Uma Enorme Perda de Tempo.
Em setembro, os gaúchos pegam a estrada com mais de 16 datas marcadas, passando pelas regiões sul, sudeste, centro-oeste e nordeste.
BAD LUV “Nós”
Após a entrada de Gee Rocha, do NX Zero, em 2022, e mais recentemente de Caio Weber (ex-Cefa), a BAD LUV que já tinha em sua formação João Bonafé (baixo), Murilo Amancio (guitarra) e Vitor Peracetta (bateria) com passagens em projetos como Matuê, Di Ferrero, Gloria e Day Linns, lançou seu álbum de estreia “NÓS”.
O território do rock alternativo/metalcore de artistas como Bring Me The Horizon e Bad Omens, além do universo já construído em próprias bandas anteriores, como Gloria e Cefa, ajudam a entender o momento das composições do grupo, que apresentou no dia 05/08 um disco com oito faixas. O material, que ainda conta com a participação do rapper Luccas Carlos tem uma clara tentativa de fazer um equilíbrio entre o peso e o pop.
“Além da primeira pessoa do plural, que eu acho que tem tudo a ver com o disco em vários aspectos, ‘NÓS’ pode ter um significado irônico à primeira vista, o que também faz um certo sentido, já que pode significar o plural de ‘nó’. Essas músicas são os ‘nós’ que nos unem, esse álbum é sobre a nossa conexão, tanto entre os cinco, quanto com a música. Entre aspas, o título significa algo que queremos destacar dentro das nossas histórias, aquilo que julgamos importante hoje em dia”, explica Caio.
Catto CAMINHOS SELVAGENS
A produção musical é assinada por Catto ao lado de Fabio Pinczowski e Jojo Inácio, parceiros de longa data. Toda a carga dramática e suas ambiências são resultado de um longo processo que começou com demos gravadas em seu próprio celular, amadurecendo até alcançar a intensidade orquestrada da versão final.
Esse cuidado contribui para a jornada do álbum, trazendo cores esperançosas, mesmo após uma trajetória marcada por dores, transformações, distanciamentos e as cicatrizes deixadas pela pandemia.
As referências sonoras vêm diretamente do rock alternativo dos anos 90, com guitarras sinuosas e atmosferas etéreas que guiam essa guinada mais pesada em relação aos lançamentos anteriores. É possível associar o álbum a nomes como The Smashing Pumpkins, The Cranberries, R.E.M. e Radiohead, cujas influências teatrais são incorporadas neste novo trabalho.
Compositora de praticamente todas as faixas, Catto imprime intensidade nos versos, que ganham vida própria. Para quem já assistiu a suas performances ao vivo, sabe como a interpretação nos palcos eleva ainda mais o trabalho. A única faixa composta em parceria é a que dá título ao álbum, “CAMINHOS SELVAGENS”, escrita em colaboração com César Lacerda.
CAMINHOS SELVAGENS foi gravado no Estúdio 12 Dólares (SP), por Fabio Pinczowski, Tofu Valsechi e Pedro Serapicos, o disco contou com participações de músicos como Michelle Abu, Felipe Puperi (Tagua Tagua) e Gabriel Mayall, Bruno Silveira e Magno Vito. A mixagem é de Tiago Abrahão (Make Love Studio – SP) e a masterização de Brian Lucey (Magic Garden Mastering – Los Angeles).
Leia Resenha Completa no Hits Perdidos
Continue Imenso Nada
Quem também disponibilizou seu álbum de estreia foi a banda Continue, do ABC Paulista, trazendo influência de hardcore, pop punk, indie e emocore. Eles comentam que as letras vão desde questões políticas a assuntos do cotidiano.
“Este é o primeiro full álbum da banda e é o retrato mais fiel do que, como uma banda, gostaríamos de comunicar com a nossa música em termos de poesia e experiência sonora.
Música nunca é só música, o processo criativo sempre envolve outras condicionantes que extrapolam o universo musical. Diariamente somos atravessados pelas demandas do dia a dia e pelas surpresas da vida, tudo isso é material para criação artística”, diz a vocalista Natália Zanellato.
Completam a banda Bruno Molino (baixo), Diogo Marino (bateria), Alê Kaimer (guitarra) e Rafael Fernandes (guitarra).
The Mönic, MC Taya “Bitch Eu Sou Incrível”
A canção que estreitou o laço entre MC Taya e The Mönic, “Bitch Eu Sou Incrível”, hit da MC, ganhou uma versão após a apresentação conjunta das artistas. A releitura, com direito a feat, ganhou referências de peso que passam por estilos como metal, punk, rock e rap.
“Juntas nos encontramos na vontade de derrubar essa cerca invisível que segura o rock de abraçar outros gêneros e furar a bolha. Esse som é sobre isso. Sobre a mistura de referências e estilos musicais não limitantes”, comentou Dani Buarque durante o lançamento.