Raça voa sobre o horizonte em “Nem Sempre Fui Assim”

 Raça voa sobre o horizonte em “Nem Sempre Fui Assim”

Raça – Foto Por: Fabio Ayrosa

Outro dia até me peguei pensando alto, 10 anos de Hits Perdidos e 10 anos que o Raça lançou seu primeiro disco, Deu Branco. E por esses acasos, que a vida tem, acabou que sempre que escrevia sobre a banda… era de uma forma indireta. Seja sobre um feat. com a brvnks em “sei lá”, ou em uma lista com 100 Hits Perdidos do ano. Eu sei que vocês amam quando ela sai.

Então fica aqui aberto o convite para quando o quarto álbum estiver para sair rolar aquele papo e fazer aquele famoso acerto de contas. Aliás, isso tem tudo a ver com o novo single dos paulistas, que de certa forma faz um grande acerto de contas com a infância e suas memórias.

“Nem Sempre Fui Assim” também consolida a sonoridade que flutua entre o emo e o shoegaze que ganhou ainda mais corpo em seu último álbum de estúdio, Saúde (2019, Balaclava Records) como DNA do grupo formado por Popoto Martins Ferreira (guitarra e vocal), Thiago Barros (bateria), João Viegas (teclado e vocal), Santiago Mazzoli (guitarra) e Novato Calmon (guitarra e vocal). O pontapé do início desse novo ciclo se deu com o show ao lado do Dead Fish e Metade de Mim, no Cine Joia, realizado no último fim de semana.

“Sinto que ela remete a nossa adolescência, me lembra a infância, o aguardado momento de brincar fora de casa com os amigos”, explica Novato Calmon sobre o single que fará parte do novo álbum com previsão de lançamento para o segundo semestre


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RaçaFoto Por: Fabio Ayrosa

Raça “Nem Sempre Fui Assim”

Com uma dose de nostalgia, e outra um tanto de fazer as pazes, a volta ao passado e os ensinamentos de tempos mais leves, conduzem a letra da canção. Para tudo ganhar ainda mais corpo, entre cores, pipas e o ensolarado, a faixa chega acompanhada de um videoclipe dirigido por Isadora Veríssimo e com roteiro do próprio Popoto.

Como locação eles tiveram a cidade de Osasco, mais precisamente o festival de pipa da cidade, que reúne milhares de empinadores de diferentes idades. Esse lado artesanal, todo moleque, de lidar com a identidade dos materiais da banda no modo faça você mesmo também marca o fim de uma era importante dentro do ecossistema do Raça. A despedida do apartamento do baixista, onde as artes dos encartes, flyers, estampas de camisetas e outros artifícios eram confeccionados.

“Compus esse som quando saí do apartamento onde fazíamos tudo da banda – merch, música, reuniões e rolês, então senti que um pedaço de mim ficou naquele lugar.”, completa Novato

Talvez por essa sensação de se perder para se encontrar, a sonoridade traz consigo essa carga nostálgica emocional com direito a guitarras acachapantes e um redemoinho de memórias. O material será o primeiro a ser lançado após amargos anos de uma pandemia, onde muitos sonhos foram esfacelados e isso parece estar somatizado na energia do seu instrumental. Essa vontade de ir para fora, de ver gente e de se conectar com as coisas simples da vida.

“A urgência das letras sinceras, por vezes até ásperas, acompanhadas das guitarras barulhentas, convidam para o show, onde o clima é visceral e o público canta a plenos pulmões.”, conta Popoto 



O novo álbum, 27, foi produzido pelos integrantes, ao lado de Roberto Kramer e tem o conceito do disco elaborado em conjunto do artista plástico e tatuador Lucas Peixe, cuja pesquisa acadêmica sobre pipas e tatuagens ajudou a nortear as canções. Inclusive, a capa do disco e dos singles é assinada por ele.

Letra

“Nem Sempre Fui Assim”
(Lucas Calmon)

Não é fácil então
Me ensina a ser durão
Fala tudo que sempre quis
Nem sempre fui assim
Anos atrás, disse que ia me destruir
Nem sempre minha voz sai como eu quero
Olho pra baixo, quando converso
O aperto no peito
De quem é honesto
Não é fácil então
Me ensina a ser durão
Fala tudo que sempre quis
Nem sempre fui assim
Nem sempre fui assim

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