La Femme: “Agora, com a inteligência artificial, podemos andar mais rápido, fazer mais e criar umas merdas loucas, mesmo que você não tenha técnica”

 La Femme: “Agora, com a inteligência artificial, podemos andar mais rápido, fazer mais e criar umas merdas loucas, mesmo que você não tenha técnica”

La Femme – Foto Por: JD Fanello (@jd_bavenomusic)

La Femme se apresentou em São Paulo e mostrou a maestria de uma banda ao vivo 

A banda francesa La Femme se apresentou ontem em São Paulo e conversamos com Mason Magnee, tecladista e fundador, sobre como é ser uma das últimas bandas a tocar um set inteiramente ao vivo

Na última terça-feira (16) a banda se apresentou na Fabrique Club, em São Paulo, em uma noite cheia, dançante e cheia de hits. Tivemos a oportunidade de bater um papo com o cantor, tecladista e fundador Mason Magnee sobre os 10 anos do lançamento do primeiro álbum Psycho Tropical Berlin, as mudanças do mundo e como isso tem influenciado na trajetória da banda.

O coletivo francês La Femme, ganhou fama ao fundir sua herança francesa com uma gama diversificada de influências musicais de todo o mundo. Essa fusão única resultou em uma mistura cativante de Krautrock, surf rock dos anos 60, rock psicodélico, ondas frias e pop francês clássico, entre muitos outros. Com seu som inovador, continuam a evoluir seu estilo musical a cada lançamento.

“Estou muito feliz com o que está acontecendo agora com a banda. Mas, ainda acho que poderia ter sido melhor e mais rápido. Já se passaram 10 anos e acho que não gravamos o suficiente. Mesmo assim, já estivemos duas vezes no Brasil, o que não é normal, mesmo assim estou um pouco triste porque não podemos fazer coisas suficientes e está demorando um pouco, é um pouco lento para mim”, conta Mason


La Femme - Foto Por JD Fanello @jd_bavenomusic
La FemmeFoto Por: JD Fanello (@jd_bavenomusic)

Os primeiros dias do La Femme

Apesar da perceptível impaciência do fundador, La Femme tem uma carreira bastante consolidada e recheada de sucessos.

A banda foi formada em Biarritz, na França, por Marlon Magnee e pelo guitarrista Sacha Got. A dupla, que se conheceu na escola, e ansiosos para escapar da monotonia da vida em sua pequena cidade turística, decidiram se mudar para Paris. Inicialmente se apresentando sob o nome de SS Mademoiselle, mas rapidamente se tornaram La Femme e começaram sua experimentação musical combinando influências clássicas como Kraftwerk e The Velvet Underground com música underground francesa dos anos 60 e 70.

Em 2010, La Femme lançou seu EP autointitulado, que marcou o início de sua jornada para se tornar um coletivo musical de destaque. Após este lançamento, a banda já embarcou em turnê pelos Estados Unidos, o que gerou interesse de grandes gravadoras francesas.

Em abril de 2013, La Femme lançou seu primeiro álbum, Psycho Tropical Berlin, que contou com os membros adicionais Clemence Quelennec (vocal), Sam Lefevre (baixo) e Noe Delmas (bateria). Psycho Tropical Berlin apresentou a mistura de sons imprevisíveis, mas elegantes da banda, recebendo aclamação da crítica e alcançando um lugar no Top 40 na parada de álbuns francesa. O single cult favorito do álbum,Sur la Planche, solidificou ainda mais seu som único.

A Preocupação em fazer Música ao vivo real

La Femme parece ser uma das últimas bandas a apresentar um show inteiramente ao vivo, sem computadores ou backing tracks pré-gravados para reforçar a atuação. Uma ocorrência rara o suficiente para ser notada, é um dos últimos a apresentarem música ao vivo “real”, uma das únicas bandas francesas que defendem essa energia pura, desenfreada e hipnótica.

Questionado sobre essa característica identitária da banda, Mason refuta: “Acho um pouco triste porque, no final das contas, as pessoas não se importam. Eu me lembro quando comecei com La Femme, estava tão orgulhoso e feliz porque dirigi meu próprio vídeo, fazendo a direção de arte, tudo, e eu queria que as pessoas soubessem, mas no final, as pessoas não dão a mínima”.

Para ele, o público geral só quer ter um bom vídeo ou um bom disco, mas não dão a mínima para quem fez. E desabafa: “mesmo que façamos tudo ao vivo, é um pouco mais sobre a arte para nós. Não é fácil fazer tudo do palco. Outras bandas só têm computadores, apertam o play e têm um bom som, então é muito mais duro. E às vezes eu fico tipo, foda-se. O público não dá a mínima. Eles não veem a diferença no final”

O Lado Colaborativo do La Femme

Outro ponto fundamental sobre o La Femme são os colaboradores. Eles costumam sempre estar adicionando instrumentos e artistas aos seus sons. Em seu segundo álbum, La Femme contou com a ajuda do tecladista e percussionista Lucas Nunez Ritter. Com o desejo de explorar um som e clima mais sombrios, a banda optou por um estilo mais eletrônico. Lançado em setembro de 2016,Mystère foi um sucesso e rendeu ao La Femme uma indicação de Melhor Álbum de Rock no Victoires de la Musique 2017.

Em 2018, La Femme lançou o EP Runway, que trazia a música de sua colaboração com o estilista Hedi Slimane. Essa parceria criativa mostrou ainda mais a versatilidade e capacidade da banda de adaptar seu som único a diferentes meios artísticos.

Em 2020, La Femme lançou o single “Paradigme”, primeira faixa de seu terceiro álbum. O álbum completo, intitulado Paradigmes, foi lançado em abril de 2021 e apresentou uma ampla gama de influências, incluindo new wave, stoner rock e big band, demonstrando ainda mais o compromisso da banda com a evolução constante.

Esse álbum também resultou em um dos grandes projetos da banda: “Paradigmes: Le Film”, um longa-metragem com as canções do álbum.

Durante a conversa, o tecladista explicou um pouco sobre o processo criativo da banda quando se trata das capas dos álbuns e videoclipes. “Usamos muitos artistas, mas nós que fazemos a direção de arte. E então, a partir dali, escolhemos um artista e decidimos o que queremos exatamente. Por exemplo, eu desenho antes e dou para a uma ilustradora e digo, faça isso com seu estilo”.

O que pensa sobre Inteligência Artificial na hora de criar música?

Ele afirma ser uma das partes que mais gosta na produção, e ainda acrescenta sua curiosidade com as novas tecnologias.

“Eu acho muito legal essa jornada. Agora, com a inteligência artificial, podemos andar mais rápido, fazer mais e criar umas merdas loucas, mesmo que você não tenha técnica”.

A Conexão com a Latinidade

Em novembro do ano passado, a banda lançou seu quarto álbum, Teatro Lúcido, inspirados por suas experiências na turnê pela Espanha e América do Sul, bem como pelos estilos musicais nativos dessas regiões. Mason conta: “Não fizemos isso com a arte, foi com o tempo. Durante a turnê, nós escrevemos algumas músicas, depois escrevemos mais algumas e no final ficamos tipo, ok, temos o suficiente para o álbum”.

Teatro Lúcido incorpora estilos como pasodoble, reggaeton, MPB e andaluz, apresenta vocais totalmente em espanhol, mostrando ainda mais a versatilidade criativa da banda e a vontade de explorar novos territórios musicais.

A banda está em turnê, que conta com 130 datas em 25 países, e aproveitou os shows para revelar o volume 2 de sua Collection Odyssée, Paris-Hawai, que será lançada na próxima sexta-feira, dia 19 de maio. Mason adianta que buscaram capturar o espírito das ilhas e a essência das praias ensolaradas do Havaí. O primeiro single retirado do álbum Aloha, Baby foi a última música antes do bis e deu um gostinho de quero mais.

Com sua evolução contínua e dedicação para explorar novos estilos musicais, o futuro do La Femme promete ser tão empolgante e inovador quanto seu passado. À medida que continuam lançando novas músicas e fazendo turnês pelo mundo, seu som único e abordagem criativa para fazer música garantem que eles continuem sendo uma força a ser reconhecida na indústria da música.


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