WRY revela com exclusividade 11 curiosidades por trás do álbum “Aurora”
Recentemente o WRY, de Sorocaba (SP), lançou Aurora, seu oitavo álbum de estúdio. O disco é um marco dentro da carreira do grupo que lançou seu primeiro disco Direct, em 1998 ainda em inglês, e neste apresenta seu primeiro totalmente em português. O novo material também marca a estreia dos paulistas no selo Before Sunrise Records e suas temáticas evocam otimismo em meio ao cenário de caos vivido nos últimos anos no Brasil.
“Quando estávamos pensando no título, a gente analisou as letras, uma a uma, e vimos que tinha um fio de esperança reacendendo no que estávamos propondo com cada faixa. Juntando isso com a época em que o disco seria lançado, em plena eleição presidencial brasileira, não poderíamos pensar em outro senão ‘Aurora’, o que pra gente soou perfeito.
O primeiro clarão da aurora indica um novo dia, traz o sentimento de esperança, talvez até o otimismo, mas não nos diz exatamente como o dia será. Isso a gente vai descobrir conforme o tempo vai passando. Acho que o álbum é isso, uma meia esperança, um otimismo com cautela”, conta o vocalista e guitarrista Mario Bross.
WRY Aurora
Conversamos com Mario Bross para saber mais detalhes e curiosidades por trás de Aurora. Além dele a banda é composta por Lu Marcello (guitarra), William Leonotti (baixo e backing vocal) e Italo Ribeiro (bateria).
O lançamento conta com os clipes para “Sem Medo de Mudar” e “Contramão“.
Confira as 11 Curiosidades por trás do álbum
O Aurora teve versões caseiras gravadas no Ableton em casa, de 9 das 11 faixas do disco. Trocamos muitos riffs, beats, letras e até ideias inteiras, gravadas em celular, no WhatsApp; e eu montava tudo, editava, cortava, colava e salvava em mp3 e mandava no grupo de volta para as considerações. Foi bem divertido.
A “Labirinto Mental” foi a última a ser composta. Essa foi no violão mesmo, daí levei direto no ensaio. Mas se transformou de uma forma impressionante junto com todo mundo. A letra sim veio do grupo. Já com a ideia sobre o que eu queria escrever, num sábado à tarde eu mandei uma pergunta no grupo que dizia “palavras que remetem a labirinto”. E com as respostas nasceu a letra.
Já a “Coração Sem Educação” foi composta por um amigo, o Rái Mein, que me deu de presente via messenger. A versão original é bem gótica e grave. A gente a transformou num glam punk com riffs estilo post punk pop mid-80s. Eu lembro se estar no carro indo gravar essa música, aquela guitarra que começa o som. Eu estava na dúvida, pois estava achando ela diferente do restante. Tanto que ela só iria sair no vinil até aquele momento. Mas daí tocou Men At Work na radio do carro. Acho que era Men at Work. E dai me inspirei. Pensei em fazer um riff pop anos 80. Acho que seu certo. Depois o Luciano colocou uma guitarra glam meio trilha sonora daquele filme Velvet Goldmine de 1998. Dai casou tudo.
A primeira faixa, “Sem Medo de Mudar”, só pegou quando a gente subiu 5 tons. Sim, 5 tons (risos)! A versão original gravada em casa é bem legal também. Não tem o refrão e lembra a vibe de “March of the Pigs” do Nine Inch Nails de 1994. Mas com o vocal em tonalidade baixa. Por isso a necessidade de subir o tom. Precisava de mais agressividade. Quando eu cantava no ensaio tinha a impressão de cantar pra dentro e não conseguia escapar disso sem subir a tonalidade. No segundo estrofe, logo após o primeiro refrão, ainda consegue perceber o NIN. O synth gravado em casa ficou, só subi o tom no próprio programa.
“Contramão” também subimos a tonalidade. E do beat reto e simples da demo, virou meio dub, meio drum and bass, ou algo assim.
Teve um dia que o Luciano mandou a letra de “Carta às Moscas”. Era realmente uma carta. Achei tão genial que não quis mudar quase nada. Devo ter tirado uma palavra e mudado uma outra. Nada mais. Dai quis fazer uma música como se fosse numa nota só. Algo marcado, marchando, para combinar com a letra sem rima e sem métrica convencional.
Às vezes eu encomendava uma linha de baixo pro William. Um dia pedi um baixo no clima de Echo and the Bunnymen. Eu queria falar sobre grandes mudanças, morte, despedidas e recomeços. “Nasceu Quero Dizer Adeus”, que não mudou muito da demo pra versão do álbum. Apenas criei uma nova linha de guitarra e o Luciano gravou as linhas que já estavam na demo. Alguns synths da demo permaneceram também.
A versão original de “Vivendo no Espelho” ficou muito alegre, muito pra cima. Era um ska autêntico. A minha guitarra começava com um riff bem pra cima, cheio de notas e nos refrões eu fazia aquelas batidas típicas de ska. Muito boa a música, por sinal. Mas descolava demais do disco. Essa a gente desceu a tonalidade, pra se transformar num dark-dub. Se prestar atenção, consegue ouvir uma voz alta junto com a voz principal, pra ter uma noção da mudança. Achamos perfeita para fechar o disco.
“Pra Onde Eu Vou” na demo lembrava uma balada noise folk ou quando o Sonic Youth fazia músicas mais próximas do convencional. Gostava da demo, mas sabia que iria mudar bastante. O tempo dela não é normal, basta reparar no refrão. Acho que só o solo ficou como está na demo. O synth que parece ter na música é na verdade a minha guitarra, pois usei o Synth9 da Electro-Harmonix.
Aliás, na “Temos Um Inimigo” e “Universo Jogador” também uso o Synth9 o que traz um estilo moderno pra elas. Com exceção da linha vocal, essas faixas mudaram consideravelmente da versão demo.
Pra fechar algumas das curiosidades que me lembro do disco, a versão original de “Não Posso Respirar” lembrava muito Pin Ups ou The Biggs do começo. Tanto que nos ensaios a gente falava, “vamos tocar a biggs”. No disco ela está bem diferente. Acho meio The Cure. Duas pessoas que gostam de emo, me disseram que ela é meio… wait for it… emo.
This post was published on 7 de dezembro de 2022 11:00 am