De Lil Baby a Machine Gun Kelly: artistas da música estão cada vez mais presentes nos jogos

 De Lil Baby a Machine Gun Kelly: artistas da música estão cada vez mais presentes nos jogos

Jingle de COD para TV traz Lil Baby e outros artistas

Participações de artistas da música nos jogos estão cada vez mais comuns

O lançamento de hoje (28/10) de Call of Duty: Modern Warfare II busca exceder seu alcance para além do público já engajado com games. Uma das IPs mais populares da indústria divulga sua sequência também por meio de uma ação envolvendo rappers famosos.

Em “Squad Up”, campanha para TV do jogo, Lil Baby e Nicki Minaj aparecem ao lado de artistas de outros segmentos, como Kane Brown, em um jingle estilo “chamada-resposta” (tradicional em marchas militares) para promover o 19º título da franquia da Activision.

Mais do que atingir um público de outro segmento, Call of Duty reivindica, por meio de ações como esta, uma imagem de jovialidade ao reunir diversas personalidades que simbolizam isso. A estratégia parece funcionar, uma vez que o jogo já havia trazido Snoop Dogg por meio de uma skin em março deste ano, para as versões Warzone e Vanguard. Em 2019, M. Shadows, front do Avegend Sevenfold, se tornou um personagem em COD: Black Ops 4 – Operation Apocalypse Z Blackout.

Outra empresa de olho nessa jogada é a Electronic Arts, que no começo deste mês revelou o próximo título da sua franquia de corrida, Need for Speed: Unbound, por meio de um trailer com participação do A$AP Rocky. Além da trilha original para o game, o rapper faz sua estreia como personagem em um jogo, aparecendo no vídeo como um piloto. 

Também neste ano, em março, o estúdio 2K incluiu Machine Gun Kelly (MGK) como um personagem jogável no título de luta livre WWE 2K22. Esta, talvez, tenha sido uma colaboração menos surpreendente, uma vez que o MGK é produtor executivo da trilha sonora do jogo e tem relação de longa data com a marca, com realizações de performances ao vivo, aparições em programações e outras participações ligadas ao WWE.

No começo de setembro, a empresa também estampou o rapper J. Cole na capa “Dreamer Edition” de seu jogo de basquete, NBA 2K23.

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MGK como lutador no jogo WWE 2K22

Participações dos artistas da música nos jogos de rítmo

Metal: Hellsinger, jogo de tiro em primeira pessoa lançado em 15 de setembro deste ano, apresenta faixas com Serj Tankian (System of a Down), Alissa White-Gluz (Arch Enemy), Matt Heafy (Trivium) e Randy Blythe (Lamb of God).

Embora não estejam no jogo como personagens, suas músicas têm maior impacto na experiência de jogar, uma vez que Metal: Hellsinger possui uma mecânica rítmica. Deste modo, ações como atirar, pular e correr devem ser combinadas com o compasso do som que toca. Conforme o jogador progride, as camadas da música se tornam mais complexas, dificultando e acelerando o jogo.

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Serj Tankian é um dos artistas do rock com faixa no jogo rítmico Metal: Hellsinger

Outro jogo rítmico que tira proveito de músicos é o brasileiro A Lenda do Herói, de 2016. Nele, um cavaleiro deve derrotar monstros e superar obstáculos nas fases para resgatar uma princesa. Essas ações são narradas em tempo real no jogo, e por músicas cantadas por Marcos Castro. As faixas variam para se adaptar à situação que o jogador vive na aventura.

Em 2017, o título recebeu a expansão A Lenda dos Mortos com a voz do Bruno Sutter para o protagonista. Em agosto deste ano, a sequência A Marcha de Malaquias foi anunciada com participação de Lucas Inutilismo, Lucas Silveira (Fresno), Rafael Bittencourt (Angra), Isa Salles e Léo Ramos (Scatolove, Supercombo), Rodrigo Teaser (Michael Jackson tributo), entre outros artistas.

Shows virtuais nos eSports

Nos eSports (esportes eletrônicos), a participação de artistas da música nos jogos é ainda mais ascendente. Com um público cada vez mais praticante desta modalidade e, maior ainda, de espectadores em transmissões de campeonatos entre equipes profissionais, a realização de shows têm ganhado mais espaço nos espetáculos.

Para a final do Mundial de League of Legends, que acontece em 5 de novembro em São Francisco (EUA), a cerimônia de abertura conta com Lil Nas X, além de outros artistas que devem se juntar à performance. O rapper, aliás, se tornou presidente do jogo em setembro deste ano. Ele lançou a faixa STAR WALKIN’ como tema para o mundial e está trabalhando em uma skin especial que chega em 3 de novembro.

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Lil Nas X é presidente do League of Legends desde setembro deste ano

Fortnite, outro título popular da modalidade de eSports, tem parcerias marcantes com músicos. O jogo realiza shows virtuais regularmente, e já teve artistas como Ariana Grande, o grupo BTS e Travis Scott nos seus palcos. Este último, realizado em 2021, registrou audiência de quase 15 milhões de pessoas, entre espectadores dentro jogo e das transmissões ao vivo no YouTube e na Twitch. Rumores que surgiram em agosto apontam que o próximo show virtual no jogo pode ser de Eminem.

Nesses formatos de apresentações, além de viver o espetáculo virtualmente, os jogadores também recebem itens de brinde do jogo, geralmente temáticos ao artista em questão. O battle royale Free Fire, por exemplo, realizou seu primeiro show virtual em agosto deste ano, com Justin Bieber. Na ocasião, o cantor pop foi representado no game com um personagem e trajes dedicados. Ele também lançou a faixa Beautiful Love com exclusividade para comemorar os 5 anos do jogo.

Pouco antes de Justin, em junho o Free Fire firmou parceria com Anitta e lançou a personagem da brasileira no jogo, chamada “A Patroa”, além da faixa exclusiva Tropa.

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Personagem de Anitta em Free Fire

Não direcionado a um eSport específico, o show virtual do Post Malone, realizado em fevereiro de 2021, é outro destaque deste formato de participação. Realizada em comemoração aos 25 anos da franquia Pokémon — que meses depois se lançou no cenário competitivo, com Pokémon UNITE —, a apresentação mostra o rapper como um personagem animado, que canta seus hits em meio a diversos Pokémons.

Fã declarado de Magic: The Gathering, Malone também firmou parceria neste ano com a Wizards of the Coast, empresa responsável pelo cardgame, para o lançamento de uma edição limitada de cartas com artes e textos relacionadas ao artista.

Outras participações de músicos nos jogos

Embora a colaboração de artistas da música nos jogos pareça ganhar cada vez mais espaço nos últimos anos, essa prática já existia antes mesmo dos conceitos de transmídia e cultura da convergência ganharem maiores estudos na academia. 

Em 1988, o rei do pop teve um jogo exclusivo da SEGA: Michael Jackson’s Moonwalker (ou só Moonwalker). Baseado no filme do mesmo nome, ele apresenta fases inspiradas em clipes do artista e foi um sucesso no console Mega Drive.

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Capa do jogo Michael Jackson’s Moonwalker (1988)

Cabe mencionar os diversos jogos da série Guitar Hero (2005-2015), que a partir do seu terceiro título, começou a trazer estrelas reais do rock como personagens jogáveis, como os guitarristas Tom Morello e Slash. Isso sem contar as edições especiais para bandas, que levou os integrantes do Aerosmith, Metallica e Van Halen aos palcos do jogo.

Outro clássico da sexta geração (PS2, Xbox e Game Cube), Def Jam: Fight for NY (2004) é um jogo de luta com temática de hip hop. Os personagens para a porradaria são artistas do rap, como Snoop Dogg, Method Man, Redman, Fat Joe, Mobb Deep, Ice-T e outros. O título foi uma continuação de Def Jam Vendetta (2003) e recebeu a sequência Def Jam: Icon (2007), mas nenhuma delas alcançou o mesmo sucesso de Fight for NY.

Por fim, em Brütal Legend (2009), jogo de ação e aventura com temática de heavy metal, artistas como Ozzy Osbourne, Lemmy Kilmister (Motörhead), Rob Halford (Judas Priest) e Lita Ford (The Runaways) foram representados nos jogo com personagens animados. O protagonista do jogo, Eddie Riggs, um roadie que acaba transportado para um mundo de fantasia forjado pelo heavy metal, é interpretado por Jack Black.

Recruta Zero, banda independente paulistana também entra na onda dos games

Nesta semana, a banda de rock paulistano As Menarcas disponibilizou o jogo “RECRUTA ZERO” para promover sua nova canção de mesmo nome. A ativação é uma parceria com a Subsolo Games, pequeno estúdio de Santo André (SP) que produz jogos com temáticas pretas e periféricas, além de advergames e campanhas publicitárias em estilo retrô (16-bits).

A música foi lançada dentro do game antes de ser disponibilizada oficialmente nas plataformas de streaming, na terça-feira (25/10). O jogo está disponível e pode ser jogado de forma gratuita no site oficial do grupo.

O quarteto, formado em 2021 por Bia Santos (guitarra), Carol Cagnini (bateria), Gabe Halencar (baixo) e Letty (guitarra e voz), define a canção como “o retrato sonoro de uma era desgovernada, mentirosa e letal. Um punk político e latinoamericano que acompanha as nuvens sombrias que cobrem o Brasil, vendando os olhos do povo; e é a trilha sonora, assim espera-se, do fim dessa era.”

Sob o calor da semana decisiva para as eleições, o game criado pelo designer de jogos Rafael Braga é um combativo jogo temático cujo objetivo é derrotar o governo.

Recruta Zero - Artistas da Música nos Jogos

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