Se em Noites Infinitas (2020) o WRY em suas composições trazia o amargo na garganta e ecoava versos sombrios como “Morreu a Esperança” em alusão ao longo processo de retrocesso que culminou a chegada de Bolsonaro ao poder em 2018. Agora, na semana que pode mudar a rota do país em meio a possibilidade real de não termos mais um candidato que apoia atos antidemocráticos e a barbárie no poder, serve como combustível para o primeiro single do novo disco o sentimento de reencontro com a esperança. É neste espírito que “Sem Medo de Mudar”, lançada há duas semanas, aparece feito uma estrela no horizonte. O material agora ganha um videoclipe dirigido por Alex Batista (NxZero, Fresno, Marília Mendonça, Luis Fonsi e Luan Santana).
Aliás, a faixa é a primeira a ser revelada do primeiro disco totalmente em português do grupo sorocabano em mais de 20 anos de serviços prestados ao indie rock nacional. O material contará com 11 canções inéditas e será o terceiro disco em 3 anos, mostrando o poder de produção e a vontade de continuar contribuindo para o fomento do cenário de rock no país. Inclusive, será o oitavo disco da discografia do WRY que será lançado pelo selo Before Sunrise Records.
O apelo de “Sem Medo de Mudar” ao mesmo tempo que é pop em seus arranjos também faz uma ponte entre o baixo do rock oitentista indo de encontro com o post-punk criativo; que pode abraçar tanto quem curtir novos nomes do post-punk do leste europeu como antigos entusiastas de grupos como Siouxsie And The Banshees, Belgrado e The Damned justamente por sua aproximação estética com a música produzida no oriente médio e norte da África. Podendo servir tanto para a pista de locais como Madame Satã, como também para performances em meio a luzes amarelas, verdes, violetas e vermelhas.
“A ideia fala em reerguer-se apesar do peso do mundo nas costas.”, reflete a banda que não esquece que mesmo em meio a incertezas a tensão política ainda serve como plano de fundo.
A ideia de trazer versos que falam sobre a humanidade na fraqueza e na beleza da transformação como parte do ciclo da vida passa tanto uma mensagem política e sensível ao entorno, como também carrega o sentimento de como envelhecer pode nos mostrar um lado positivo no quesito de saber como melhor aproveitar os bons momentos. A esperança aguerrida para quem se via cansado de lutar no escuro, entre inseguranças e impasses, agora dá luz a tempos de novas safras.
Já o clipe dirigido por Alex Batista apela pela sensibilidade desde utilizar do arquétipo dos fantasmas se contorcendo no escuro, passando pela angústia da solidão ao colorido de poder voltar a ver luz no horizonte. A luz, inclusive, acaba sendo o condutor da história e ir do P/B ao vermelho com brilhos na face mostra como os pequenos indícios da transformação já estão aparecendo nas ruas. O futuro é apenas questão de acreditar.
A faixa foi produzida por Mario Bross e João Antunes, gravada no estúdio Deaf Haus, em Sorocaba (SP) por João e Luciano Marcello. Assistente de estúdio e gravação, William Leonotti. Mixada e masterizada por João Antunes.
Cruzei a linha da morte
Eu sabia que isso ia acontecer
Vou parar de me culpar, porque
Das noites frias eu quero esquecer
Havia solidão
Despedidas já me faziam mal
Seu sorriso me fez voltar a ser
Um aliado
Lembre-se, meu amor
Sou tão humano quanto você
Eu junto os cacos que estão no chão
Estou lutando
Sem medo de mudar
Eu tenho companhia
Numa Era de muita euforia
Estou andando pela escuridão
A procura de uma solução
Será uma nova história
Com as armas que tenho nas mãos
É uma só a sã desilusão
São os extremos da nossa tensão
Lembre-se, meu amor
Sou tão humano quanto você
Eu junto os cacos que estão no chão
Estou lutando
Sem medo de mudar
Eu tiro os pés do chão
Pra conseguir abrir as portas
Das entranhas das lamentações
Que me prendem e me fazem sofrer
Lembre-se, meu amor
Sou tão humano quanto você
Eu junto os cacos que estão no chão
Estou lutando
Sem medo de mudar
Sem medo de mudar
This post was published on 28 de setembro de 2022 10:00 am
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